segunda-feira, 31 de maio de 2021

Aquecimento global já é responsável por uma em cada três mortes relacionadas ao calor



Aquecimento global já é responsável por uma em cada três mortes relacionadas ao calor

Entre 1991 e 2018, mais de um terço de todas as mortes em que o calor desempenhou um papel foram atribuídas ao aquecimento global induzido pelo homem

Novas estimativas sugerem as regiões mais afetadas da América Central, do Sul e do Sudeste Asiático

Entre 1991 e 2018, mais de um terço de todas as mortes em que o calor desempenhou um papel foram atribuídas ao aquecimento global induzido pelo homem, de acordo com um novo estudo na Nature Climate Change .

O estudo, o maior de seu tipo, foi liderado pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM) e pela Universidade de Berna, dentro da Rede de Pesquisa Colaborativa Multi-Country Multi-City (MCC). Usando dados de 732 locais em 43 países ao redor do mundo, ele mostra pela primeira vez a real contribuição da mudança climática causada pelo homem no aumento dos riscos de mortalidade devido ao calor.

No geral, as estimativas mostram que 37% de todas as mortes relacionadas ao calor nos últimos períodos de verão foram atribuídas ao aquecimento do planeta devido a atividades antropogênicas. Esta porcentagem de mortes relacionadas ao calor atribuídas à mudança climática induzida por humanos foi maior na América Central e do Sul (até 76% no Equador ou na Colômbia, por exemplo) e no Sudeste Asiático (entre 48% a 61%).

As estimativas também mostram o número de mortes por mudanças climáticas induzidas pelo homem que ocorreram em cidades específicas; 136 mortes adicionais por ano em Santiago do Chile (44,3% do total de mortes relacionadas ao calor na cidade), 189 em Atenas (26,1%), 172 em Roma (32%), 156 em Tóquio (35,6%), 177 em Madrid (31,9%), 146 em Bangkok (53,4%), 82 em Londres (33,6%), 141 em Nova York (44,2%) e 137 na cidade de Ho Chi Minh (48,5%).

Os autores dizem que suas descobertas são mais uma evidência da necessidade de adotar políticas de mitigação fortes para reduzir o aquecimento futuro e implementar intervenções para proteger as populações das consequências adversas da exposição ao calor.

O aquecimento global está afetando nossa saúde de várias maneiras, desde impactos diretos ligados a incêndios florestais e condições climáticas extremas, até mudanças na propagação de doenças transmitidas por vetores, entre outros. Talvez o mais impressionante seja o aumento da mortalidade e morbidade associada ao calor. Os cenários das condições climáticas futuras preveem um aumento substancial nas temperaturas médias, com eventos extremos, como ondas de calor, levando a aumentos futuros na carga de saúde relacionada. No entanto, nenhuma pesquisa foi realizada em que extensão esses impactos já ocorreram nas últimas décadas até agora.

Este novo estudo enfocou o aquecimento global causado pelo homem por meio de um estudo de ‘detecção e atribuição’ que identifica e atribui fenômenos observados a mudanças no clima e tempo. Especificamente, a equipe examinou as condições meteorológicas anteriores simuladas em cenários com e sem emissões antrópicas. Isso permitiu aos pesquisadores separar o aquecimento e o impacto na saúde relacionado às atividades humanas das tendências naturais. A mortalidade relacionada ao calor foi definida como o número de mortes atribuídas ao calor, ocorrendo em exposições superiores à temperatura ideal para a saúde humana, que varia entre os locais.

Embora, em média, mais de um terço das mortes relacionadas ao calor sejam causadas por mudanças climáticas induzidas pelo homem, o impacto varia substancialmente entre as regiões. As vítimas de calor relacionadas ao clima variam de algumas dezenas a várias centenas de mortes por ano por cidade, conforme mostrado acima, dependendo das mudanças locais no clima em cada área e da vulnerabilidade de sua população. Curiosamente, as populações que vivem em países de renda baixa e média, que eram responsáveis ??por uma pequena parte das emissões antrópicas no passado, são as mais afetadas.

No Reino Unido, 35% das mortes relacionadas ao calor podem ser atribuídas às mudanças climáticas induzidas pelo homem, o que corresponde a aproximadamente 82 mortes em Londres, 16 mortes em Manchester, 20 em West Midlands ou 4 em Bristol e Liverpool a cada temporada de verão.

O professor Antonio Gasparrini da LSHTM, autor sênior do estudo e coordenador da Rede MCC, disse: “Este é o maior estudo de detecção e atribuição sobre os riscos atuais das mudanças climáticas para a saúde. A mensagem é clara: as mudanças climáticas não terão apenas impactos devastadores no futuro, mas todos os continentes já estão experimentando as terríveis consequências das atividades humanas em nosso planeta. Devemos agir agora. ”

Os autores reconhecem as limitações do estudo, incluindo a impossibilidade de incluir locais em todas as regiões do mundo – por exemplo, grandes partes da África e do Sul da Ásia – devido à falta de dados empíricos.

Referência:

Vicedo-Cabrera, A.M., Scovronick, N., Sera, F. et al. The burden of heat-related mortality attributable to recent human-induced climate change. Nat. Clim. Chang. (2021). https://doi.org/10.1038/s41558-021-01058-x


Henrique Cortez, tradução e edição, a partir de original da London School of Hygiene & Tropical Medicine

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/05/2021






Autor: Henrique Cortez
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 31/05/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/05/31/aquecimento-global-ja-e-responsavel-por-uma-em-cada-tres-mortes-relacionadas-ao-calor/

Pesquisadores investigam impactos da introdução do tucunaré em outros ecossistemas

O tucunaré é um dos principais recursos pesqueiros da Amazônia. Chegando a medir cerca de um metro de comprimento, ele possui uma mancha arredondada perto da cauda, conhecida como ocelo. Com grande apelo na pesca esportiva, a espécie conhecida como tucunaré-amarelo (Cichla ocellaris) foi sendo introduzida ao longo das últimas décadas, de forma indiscriminada, em reservatórios e açudes de outras regiões brasileiras e fora do País, gerando impactos ambientais inesperados. Um estudo conduzido pelos pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) Ana Clara Sampaio Franco e Luciano Neves dos Santos investigou os desequilíbrios causados pela introdução dessa espécie de peixe sobre as comunidades de peixes nativos, analisando de forma abrangente esses impactos em diversos países da América do Sul.

A pesquisa teve como desdobramento a publicação de um artigo na revista científica internacional Science of the Total Environmental, uma publicação do grupo Elsevier. Intitulado Ecological impacts of an invasive top predator fish across South America, o artigo é assinado pela dupla de pesquisadores da UniRio em colaboração com Emili García-Berthou, da Universidade de Girona, na Espanha, reconhecido pela sua expertise no estudo de espécies invasoras. Ana Clara recebe apoio da FAPERJ para o desenvolvimento de suas pesquisas, por meio do programa Pós-Doutorado Nota 10, enquanto o professor Luciano Santos, supervisor da pós-doutoranda e atual coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Neotropical (PPGBIO), da UniRio, foi contemplado pela Fundação com o programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE).



O tucunaré é originalmente uma espécie típica da região amazônica e da Bacia Tocantins-Araguaia, mas ele foi sendo introduzido pelo homem, até a década de 1990, em várias regiões brasileiras. “Existiam programas oficiais do governo brasileiro, já nos anos 1950, que preconizavam a introdução do tucunaré em represas recém-construídas, com o objetivo de repor numericamente as espécies de peixe afetadas pelo represamento. Porém, não se sabia na época que ele causaria impactos negativos sobre as espécies de peixes nativas. A partir dos anos 2000, o tucunaré foi deixando de ser introduzido em reservatórios por programas oficiais e começou a ser disseminado, furtivamente, em ambientes aquáticos para pesca esportiva, em todo o País”, contextualizou Ana Clara. Com uma capacidade de dispersão muito alta, a expansão dos tucunarés introduzidos nesses locais ocorre em detrimento de outras espécies que já habitavam o mesmo ecossistema. “No Panamá, um estudo comprovou que eles dominaram o lago Gatún, no vale do rio Chagres, o que acarretou na predação de espécies de peixes menores, usadas para a alimentação dos tucunarés e que, por sua vez, se alimentavam de larvas de mosquitos. Como consequência, a malária voltou a assolar a região”, citou Santos.

O estudo fluminense se destaca pela abrangência com que o tema foi investigado. “É o primeiro projeto de pesquisa que considerou dados sobre a introdução do tucunaré Cichla ocellaris em toda a América do Sul”, destacou Santos, que é o coordenador no Laboratório de Ictiologia Teórica e Aplicada (LICTA) da UniRio. “Analisamos uma escala geográfica ampla, incluindo rios, lagos e reservatórios, e não apenas um desses ambientes aquáticos, como costuma ocorrer em outros estudos. Foram 62 áreas analisadas ao todo, sendo 30 em áreas nativas e 32 sistemas em áreas onde o tucunaré foi introduzido. Avaliamos também dados secundários, com base na literatura, de países como Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru e Guiana”, detalhou Ana Clara.


Os pesquisadores da UniRio Luciano Santos e Ana Clara Franco analisaram dados sobre a introdução do tucunaré em ecossistemas de países de toda a América do Sul (Foto: Divulgação)


O trabalho aponta que o barramento de rios e a introdução de espécies não-nativas representam, na atualidade, as principais ameaças à diversidade de peixes nativos de ambientes de água doce. “A construção de barragens e a introdução de espécies não-nativas, como o tucunaré-amarelo, geram impactos comprovados sobre a diversidade taxonômica e funcional da ictiofauna nativa”, disse Ana. A introdução do tucunaré nesses ambientes gera desequilíbrios em todo o ecossistema. Eles agem como uma espécie invasora e passam a competir com as espécies nativas por alimentos, e a serem predadores de outras. “Em locais onde o tucunaré foi introduzido há mais tempo, como por exemplo no reservatório de Lajes, localizado entre os municípios de Piraí e Rio Claro, no Sul Fluminense, os impactos negativos são mais evidentes. Lá, que foi um dos primeiros locais onde ele começou a ser introduzido fora da Amazônia, nos anos 1950, observamos uma quantidade bem menor de espécies nativas, que foram sendo substituídas por outras espécies invasoras, além do tucunaré, como a tilápia e a pescada”, disse Santos.

Segundo a pesquisa, os impactos da introdução do tucunaré nas áreas pesquisadas foram maiores em reservatórios do que em rios. “Comparamos os tipos de sistema e a introdução do tucunaré como espécie invasora gera um efeito negativo maior em reservatórios do que em rios, pois os primeiros são ambientes lênticos, de água parada, que favorecem o surgimento de populações mais numerosas de tucunarés, e, em consequência, uma menor riqueza de espécies nativas. Nos rios há uma abundância relativa menor de tucunarés invasores, eles não chegam a se tornar dominantes na comunidade e uma maior riqueza de espécies é preservada”, explicou Santos.

Os pesquisadores esperam que o estudo ajude a nortear a formulação de políticas públicas mais adequadas para o setor pesqueiro. “Nesse momento presenciamos algumas políticas públicas elaboradas sem o respaldo do conhecimento acadêmico, que naturalizam a presença de espécies invasoras, como a Lei do Tucunaré, que proíbe o abate de tucunaré nas águas da represa da usina hidrelétrica de Paraibuna, em São Paulo, ignorando os impactos que eles podem gerar sobre a comunidade de espécies nativas”, ponderou Ana Clara. “Esperamos que a pesquisa seja uma fonte de informações para subsidiar a implantação de medidas de manejo e mitigação sustentáveis das atividades potencialmente impactantes no setor, por parte dos órgãos responsáveis por esses sistemas”, concluiu.







Autor: Débora Motta
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 21/05/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4212.2.4

Pesquisa identifica marcadores que contribuem para diagnóstico precoce de câncer de esôfago

Pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (Inca) participam do primeiro estudo multicêntrico sobre alterações epigenéticas de pacientes com câncer de esôfago de diferentes países com baixo/médio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). De acordo com os pesquisadores, a pesquisa abre a possibilidade de desenvolvimento de novas terapias e avanços nos métodos de detecção precoce da doença. Participam do estudo, pelo Inca, os pesquisadores Luis Felipe Ribeiro, chefe do Programa de Carcinogênese Molecular e coordenador de Pesquisa do Instituto, e Sheila Coelho Soares. Ambos contam com apoio da FAPERJ para a realização de seus estudos. Ribeiro foi contemplado nos programas de fomento à pesquisa da Fundação intitulados Cientista do Nosso Estado e Programa de Apoio a Projetos Temáticos no Estado do Rio de Janeiro. Sheila, por sua vez, recebe apoio por meio do programa Jovem Cientista do Nosso Estado.

O estudo resultou no artigo Genome-Wide DNA Methylation Profiling of Esophageal Squamous Cell Carcinoma from Global High-Incidence Regions Identifies Crucial Genes and Potential Cancer Markers (Caracterização do Perfil de Metilação do DNA Genômico de Carcinoma Epidermodie de Esôfago de Regiões de Alta Incidência Identifica Genes Cruciais e Potenciais Biomarcadores), publicado na revista Cancer Research, da American Association for Cancer Research Publications. Ao longo de cinco anos, foram analisados 240 pacientes de diferentes países, sendo 28% do Inca. O Instituto representa o Brasil nesse trabalho e integra um grupo com membros de diferentes países, coordenado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês).





Epigenética é a área da biologia que estuda as alterações do DNA que não modificam a sua sequência, mas afetam a atividade de um ou mais genes. Essas alterações podem gerar efeitos negativos ou positivos para o organismo. No caso do câncer, a epigenética é importante porque nos ajuda a entender como o comportamento da célula tumoral é diferente do comportamento da célula normal. A partir do estudo, foi possível identificar que as alterações epigenéticas estão entre as mais relevantes para o desenvolvimento do câncer de esôfago, já que o mesmo padrão é observado em pacientes de diferentes países. Sheila destaca que uma das contribuições mais significativas dessa pesquisa é que, a partir da identificação desses marcadores, podem ser praticados métodos menos invasivos para o diagnóstico do câncer de esôfago. “Um exemplo é a biópsia líquida, que é pouco invasiva e com boa relação custo-efetividade, esse método permite investigar os marcadores da doença a partir do sangue do paciente”, explica a bióloga.

De acordo com Ribeiro, já é possível a utilização de medicamentos capazes de reverter alterações epigenéticas dos pacientes. “Alguns remédios até mesmo já são utilizados no tratamento de outros tipos de câncer. Assim, poderemos avaliar o potencial de incorporação dessas drogas no tratamento de pacientes com câncer de esôfago”.


Luis Felipe Ribeiro, chefe do Programa de Carcinogênese Molecular e coordenador de Pesquisa do Inca, e Sheila Coelho Soares: pesquisadores contam com apoio da FAPERJ para a
realização de suas pesquisas (Foto: Divulgação/Inca)


Segundo os pesquisadores, as alterações epigenéticas costumam ser frequentes nos pacientes oncológicos e determinam como o código genético é lido. Essa avaliação, relatam, ainda não tinha sido feita de forma tão profunda em câncer de esôfago e nem mesmo em algumas das populações mais afetadas pela doença no mundo. Por isso, o estudo traz observações que permitem entender como esses tumores se formam e quais são as mudanças epigenéticas que participam do desenvolvimento e da evolução da doença. Dessa forma, será possível revelar os sinais do câncer de esôfago em estágio inicial, possibilitando um tratamento mais precoce, dando maiores chances de controle da doença para esses pacientes.

Outro diferencial do estudo é examinar populações pouco estudadas e em que o câncer de esôfago é mais prevalente, como a da Ásia, incluindo a Índia e a China, o Leste da África e a América do Sul, com os dados do Brasil. A pesquisa analisou mais de 850 mil alterações epigenéticas em câncer de esôfago.

Os pesquisadores ressaltam que a maior dificuldade para o tratamento do paciente com a doença é o seu diagnóstico tardio. “O mais comum é que os pacientes somente procurem ajuda médica quando não conseguem mais engolir líquido ou alimentos, já estando num estágio muito avançado para que o tratamento seja eficaz. Esse estudo traz a possibilidade de um avanço da saúde para esses pacientes”, diz Sheila.

De acordo com dados disponíveis no site do Inca, o número de casos novos de câncer de esôfago estimados para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 8.690 casos em homens e de 2.700 em mulheres. Esse tipo de câncer afeta principalmente populações mais pobres, como as do Leste da África, Ásia e América do Sul, devido a fatores ambientais e alimentares. A detecção tardia e a falta de opções de tratamento são os principais motivos da alta taxa de letalidade. Ribeiro destaca que esse tipo de câncer atinge, na maioria dos casos, populações de baixa e média rendas. “Essa é uma doença negligenciada. Por isso, esse estudo tem papel fundamental porque vai ajudar populações que necessitam de atenção”, completa.

No Brasil, segundo dados reunidos pelo Inca, o câncer de esôfago, entre os homens, é o sexto mais incidente e o quinto de maior mortalidade – sem considerar os tumores de pele não-melanoma. Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento da doença são o uso de álcool e tabaco.

* Com informações da Assessoria de Comunicação do Inca





Autor: Ascom Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 27/05/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4233.2.2

Pesquisas na UniRio visam alternativas para a alimentação humana

Estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) mostram que o desafio futuro das economias será alimentar a população mundial, que deverá atingir de 10 bilhões de pessoas em 2050. Para atender à crescente demanda por alimentos frente ao aumento da população mundial, não basta o emprego de tecnologias de ponta e o aumento da produtividade das lavouras. Dados do Banco Mundial mostram que a proporção de terras agricultáveis em 1960 era de 38 hectares por pessoa, frente a uma população de 3 bilhões de habitantes. Em 2019, com a população mundial de 7,6 bilhões, essa relação caiu para 19,6 hectares por pessoa.

Especialistas acreditam que para vencer esse desafio é necessário um modelo que priorize não só a produção, mas também a utilização de alimentos orientadas pelo conhecimento científico acerca dos recursos biológicos disponíveis, bioprocessos e princípios inovadores que forneçam, de forma sustentável, alternativas para a alimentação humana. Várias áreas da ciência relacionadas à saúde, alimentação, nutrição, tecnologias e sustentabilidade vêm se dedicando ao estudo dos compostos bioativos em alimentos funcionais para a promoção da melhoria da qualidade nutricional dos alimentos. Isso porque fibras alimentares, antioxidantes, peptídeos, probióticos, isoflavonas, entre outros, são capazes de prevenir e reduzir o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer, além de promoverem o aumento da imunidade.

Docente do Departamento de Ciência de Alimentos da Escola de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da universidade, Mariana Simões Larraz Ferreira vem se dedicando ao estudo sobre alimentos funcionais, liderando ou colaborando com diferentes grupos de pesquisa. Dentre os diversos núcleos e laboratórios da UniRio, ela integra o Núcleo de Bioquímica Nutricional, onde coordena o Laboratório de Cromatografia e o Laboratório de Química e Composição de Alimentos. Suas duas principais linhas de pesquisa se inserem no contexto da Bioeconomia, com a temática da “Valorização de resíduos agroindustriais para o desenvolvimento de biomateriais e de ingredientes para alimentos” e “Análise proteômica e metabolômica de alimentos, coprodutos e resíduos”, estudos desenvolvidos com apoio de diversos programas de fomento à pesquisa da FAPERJ, tais como Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE), Apoio a Instituições Sediadas no Estado do Rio de Janeiro, além de programas de bolsas para o grupo de pesquisa como Treinamento e Capacitação Técnica (TCT), Iniciação Científica (IC) e Doutorado Sanduíche.




Pesquisadoras preparam amostras para experimentos no Laboratório de Bioativos do Centro de Espectometria de Massas


Formada em Engenharia de Alimentos pela Universidade de São Paulo (USP), em seu último ano de faculdade teve a oportunidade de fazer um estágio supervisionado na École Montpellier SupAgro, na França, onde foi aprovada para o doutorado em Química, Bioquímica e Tecnologia de Alimentos no Instituto Francês de Pesquisa para Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente, ou Institut National de Recherchepour l’Agriculture, l’Alimentation et l’Environment (INRAE). Ao retornar ao Brasil, em 2011, aprimorou suas habilidades em um pós-doutorado na UniRio, na área de desenvolvimento de alimentos funcionais e embalagens à base de resíduos agroindustriais. Após passar em concurso para a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), retornou definitivamente para a UniRio, onde é docente desde 2013.

Vivendo as emoções intensas após o nascimento do primeiro filho, há menos de um mês, a pesquisadora, entre uma mamada e outra do recém-nascido, explica que a aplicação de ferramentas como a espectrometria de massas e a cromatografia líquida na análise de alimentos permite o estudo detalhado da qualidade nutricional e tecnológica dos alimentos para a caracterização e obtenção de compostos bioativos de interesse econômico e sua aplicação biotecnológica na indústria de alimentos, farmacêutica e de cosméticos.

Atualmente, seu principal foco de pesquisa são os cereais. A aplicação dessas tecnologias de ponta no estudo das proteínas de cereais, permitem, por exemplo, melhor compreender a alergenicidade, principalmente relacionada à doença celíaca. Com a espectrometria de massas é possível caracterizar o conjunto de proteínas e peptídeos que podem desencadear alergia em portadores da doença celíaca. Mariana explica que o estudo de diferentes genótipos de cereais e da aplicação de processamentos como a extrusão termoplástica, permite avaliar o efeito na digestibilidade das proteínas e até mesmo na obtenção de variedades ou de produtos alimentícios – como macarrão e biscoitos – de menor toxicidade para pacientes celíacos. O objetivo da pesquisa, que conta com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é investigar se o processamento do alimento é capaz de diminuir – ou até eliminar – o potencial alergênico do trigo, por meio da reorganização das proteínas.

“A espectrometria de massas é a tecnologia mais avançada que existe para este tipo de estudo. É uma pesquisa bastante pioneira, poucas pessoas no mundo se dedicam a esse tipo de análise, que conta ainda com a parceria de pesquisadores da Alemanha”, conta a engenheira de alimentos. Ela destaca que o Centro de Inovação em Espectrometria de Massas do Laboratório de Bioquímica de Proteínas (IMasS-LBP), criado em junho de 2013, é reconhecido internacionalmente pela Waters, uma das maiores companhias mundiais no ramo científico de equipamentos analíticos. É um dos 21 Centros de Inovação Waters no mundo, com excelência na área de espectrometria de massas. “O Centro de Inovação em Espectrometria de Massas da UniRio é dotado de um conjunto de equipamentos que compõem uma plataforma analítica robusta que permite todo o tipo de análise para estudo da qualidade nutricional, funcional e tecnológica de qualquer tipo de alimento. E o apoio da FAPERJ tem sido fundamental para manter esta estrutura funcionando”, afirma a pesquisadora.


Grupo de pesquisadoras durante o IV Simpósio de Alimentos e Nutrição, promovido pelo PPGAN-UniRio em 2019


Mariana e sua equipe pesquisam, além do trigo, outros cereais como arroz, sorgo, aveia, cevada e centeio, incluindo o estudo dos metabólitos dessas plantas, principalmente os compostos fenólicos, presentes nas diferentes frações dos cereais, tais como o farelo, a farinha integral ou refinada. A pesquisadora destaca o potencial bioativo do sorgo. Bastante usado para a alimentação animal no Brasil, este cereal é não alergênico e se apresenta como um excelente substituto para o trigo, além de possuir, em média, 10 vezes mais compostos bioativos que os demais cereais. Tais compostos contribuem para reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas, como citado anteriormente. Ao valorizar esse cereal para uso na alimentação humana, a pesquisa também contribuirá para a segurança alimentar e nutricional.

“Com o uso da espectrometria de massas é possível mapear e estudar diferentes genótipos do sorgo e caracterizar o perfil dos compostos bioativos para a obtenção de genótipos com maior potencial funcional para ser usado como alimento”, esclarece Mariana. Ela também ressalta o fato de o sorgo contribuir para a superação de desafios ambientais, por ser uma planta que tolera o calor e a seca, e que por isso requer menos água, além de não ser exigente em recursos agronômicos, como fertilizantes. “Por tudo isso é uma alternativa de cultivo mais sustentável para a alimentação humana, com a vantagem de agregar propriedades funcionais benéficas à saúde”, resume. A pesquisadora aponta que a desvantagem do sorgo é sua baixa digestibilidade. Mas ressalta que o laboratório já vem se dedicando, em parceria com o INRAE da França, ao estudo proteômico (análise do conjunto de proteínas) por espectrometria de massas, no qual são aplicados processamentos como a germinação do grão para avaliar a capacidade de hidrólise das proteínas para torná-las mais digeríveis, além do uso da extrusão para avaliar a solubilidade das proteínas nos extrudados.

“Os resultados são bem promissores, alguns genótipos – brasileiros e franceses – apresentam excelente potencial para serem usados na alimentação humana”, revela Mariana sobre a pesquisa, que conta com a parceria da Embrapa Milho e Sorgo, localizada em Sete Lagoas (MG), e da Embrapa Agroindústria de Alimentos, com sede em Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro.


Mariana Ferreira: para a pesquisadora, resultados da pesquisa são promissores e alguns genótipos apresentam potencial para serem usados na alimentação humana


Outra linha de pesquisa conduzida no laboratório visa ao aproveitamento de resíduos agroindustriais. Em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi conduzido um projeto na área de filmes biodegradáveis, para aproveitamento de resíduo do óleo de café verde (torta e borra), cujos compostos bioativos produziram um filme biodegradável capaz de proteger contra os raios ultravioleta (UV). O artigo, em fase de revisão para ser publicado, aborda a aplicação do material desenvolvido para a proteção contra oxidação de óleos comestíveis e aponta também para uma possível aplicação cosmética. Ainda nesta linha, o laboratório possui projetos que objetivam o aproveitamento de resíduos de cervejarias, como bagaço de malte, além de outros resíduos vegetais decorrentes do preparo de alimentos em unidades de alimentação e do processamento de frutas e verduras em supermercados e hortifrutis do Rio. Após a coleta, estes resíduos são transformados em farinha, a partir da qual são extraídos os compostos bioativos que, após caracterização, podem ser aplicados como aditivos naturais em alimentos, como por exemplo uma alternativa aos antioxidantes sintéticos.

Na entrevista concedida para a produção dessa reportagem, Mariana, já preocupada com o momento de o bebê acordar, explica que só conseguirá dar continuidade às pesquisas em andamento porque conta com uma rede de apoio familiar e profissional. “Além de contar com colegas parceiras que se dispuseram a assumir algumas de minhas funções e dar andamento a alguns projetos enquanto estou de licença maternidade, conto também, com um grupo grande de pesquisadoras em formação, que vão desde bolsistas de iniciação científica até o pós-doutorado, que são muito dedicadas e ajudarão muito na continuidade da pesquisa”, finaliza.







Autor: Paula Guatimosim
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 27/05/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4226.2.2

Pesquisa identifica porque inflamações sistêmicas aumentam o risco para Doença de Alzheimer

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) acaba de ter um artigo aceito para publicação em no prestigioso periódico internacional Brain, Behavior and Immunity. No artigo, descrevem como a sepse – uma resposta inflamatória sistêmica, com alta mortalidade – pode impactar no desenvolvimento de memória (ou déficit cognitivo) associado à doença de Alzheimer.

A equipe, liderada por Claudia Figueiredo, da Faculdade de Farmácia da UFRJ, procurou compreender desfechos tardios da sepse, avaliando se animais que sobrevivem a quadros infecciosos graves teriam maior susceptibilidade ao desenvolvimento de déficit cognitivo associado à doença de Alzheimer.

Os resultados, segundo Claudia, mostram que inflamações sistêmicas, como por exemplo as que ocorrem nas infecções bacterianas ou na Covid-19, podem ativar o treinamento imunológico, aumentando o risco para desenvolvimento de prejuízo de memória e alterações neuropatológicas semelhantes as que ocorrem na doença de Alzheimer.

"A memória imunológica é um importante traço evolutivo que promove a adaptação do organismo frente a reexposição a diferentes insultos. Entretanto, este treinamento por estar associado com maior risco para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas", explica Claudia. Os autores identificaram, pela primeira vez, que uma inflamação sistêmica grave, induzida pela sepse, condiciona as células de defesa do cérebro a reagir de maneira exagerada a um pequeno acúmulo de proteínas relacionadas com a doença de Alzheimer. Este mecanismo é o treinamento imunológico ou memória imune inata.



Claudia Figueiredo: grupo de pesquisa liderado por ela teve artigo publicado no periódico Brain, Behavior and Immunity (Foto: Divulgação)


O estudo foi desenvolvido em camundongos de laboratório. Os sobreviventes à sepse foram submetidos a um modelo brando de doença de Alzheimer após recuperação do quadro infeccioso. O modelo consiste em uma injeção no cérebro de camundongos de baixas concentrações uma substância associada à origem da doença de Alzheimer em seres humanos. A substância consiste em pequenos fragmentos (oligômeros) da proteína beta-amiloide, os quais são precursores dos danos celulares em áreas do cérebro relacionadas a formação de memória.

"Nossos achados abrem novos caminhos para o desenvolvimento de estratégias capazes de prevenir e/ou diminuir o risco para o desenvolvimento de doenças neurodegeneraticas", ressalta Claudia. "Este estudo enfatiza a importância de um acompanhamento neuropsicologico prospectivo dos pacientes acometidos por doencas inflamatórios graves, como a sepse e a covid-19", acrescenta.

O trabalho é fruto da dissertação de mestrado da aluna Virginia L. De Sousa, do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, e o estudo foi realizado por pesquisadores de Núcleo de Neurociências da Faculdade de Farmácia da UFRJ com a colaboração de pesquisadores dos institutos de Biofísica Carlos Chagas Filho e Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da mesma universidade, e recebeu auxílios da FAPERJ para a sua realização. Para a surpresa dos pesquisadores, camundongos sobreviventes à sepse e que receberam doses não tóxicas de oligômeros de beta-amiloide no cérebro apresentaram maior susceptibilidade ao déficit cognitivo quando comparados com animais que não foram submetidos a sepse.

O artigo já está disponível online (In press, journal pre-proof) e pode ser consultado em https://bit.ly/3ahemqC.



Células da imunidade inata do cérebro, denominada microglia (vermelho), atacam proteínas sinápticas
(verde) no sistema nervoso central de animais submetidos à um modelo de sepse grave (CLP)



Autor: Claudia Jurberg
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 06/05/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4213.2.0


quarta-feira, 26 de maio de 2021

Eclipse lunar e superlua: as fotos incríveis dos fenômenos pelo mundo




CRÉDITO,EPA/DEAN LEWINS
Legenda da foto,

Uma rara "superlua sangue" em meio a eclipse lunar pode ser vista no céu acima de Wollongong, na Austrália, em 26 de maio


Na madrugada desta quarta-feira (26/05), partes do mundo observaram o primeiro eclipse lunar de 2021, que também foi uma superlua e uma "lua de sangue".


Um eclipse lunar total ocorre quando a Terra passa entre a Lua e o Sol, lançando uma sombra na lua. Os três corpos celestes devem estar perfeitamente alinhados para que isso aconteça.


Uma superlua ocorre quando uma lua cheia ou nova coincide com uma maior proximidade do satélite da Terra. Isso faz a Lua parecer maior.


A lua cheia desta quarta-feira é a maior "superlua" do ano e aconteceu na mesma noite do primeiro eclipse lunar total em mais de dois anos.



CRÉDITO,EPA/ETIENNE LAURENT
Legenda da foto,

O eclipse da superlua visto em Los Angeles, nos EUA



CRÉDITO,EPA/BAGUS INDAHONO
Legenda da foto,

Eclipse lunar é observado sobre a cúpula da Mesquita Al Azhar em Jacarta, na Indonésia



CRÉDITO,REUTERS/MARCO GARCIA
Legenda da foto,

Uma superlua, a maior e mais brilhante lua cheia do ano, coincide com um eclipse lunar total, fazendo com que a lua pareça vermelha no céu de Honolulu, Havaí, nos EUA



CRÉDITO,REUTERS/PILAR OLIVARES
Legenda da foto,

A superlua brilha atrás da estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro


A órbita da Lua é elíptica e um lado (apogeu) está cerca de 50 mil km mais distante da Terra do que o outro mais próximo (perigeu).



CRÉDITO,REUTERS/LOREN ELLIOTT
Legenda da foto,

A superlua surge atrás da Sydney Opera House em noite de eclipse lunar, em Sydney, na Austrália


Portanto, uma lua cheia que ocorre perto do perigeu é chamada de superlua.



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A lua cheia é vista sobre o Anitkabir, o mausoléu do fundador da Turquia moderna Mustafa Kemal Ataturk, em Ancara


Durante o eclipse, a Lua aparece avermelhada porque a luz do sol não chegará diretamente a ela, mas parte dessa luz será filtrada pela atmosfera da Terra e as cores avermelhadas e laranja serão projetadas em nosso satélite.


Este efeito misterioso é popularmente conhecido como "lua de sangue".



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A superlua surge em nuvens acima da cidade de San Diego, Califórnia, EUA



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A superlua surge sobre o farol Makapuu no leste de Oahu, Honolulu, Havaí, nos EUA



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Vista da lua cheia entre as duas torres do prédio do Congresso Nacional, em Brasília, na noite do dia 25



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Na Inglaterra, a superlua foi fotografada em Stonehenge, monumento pré-histórico famoso







Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 26/05/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-57253832

As câmeras que ajudarão a salvar espécie rara de roedor que vive isolada em ilha de SC

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Na ilha, vivem apenas 50 preás-de-moleques-do-sul e algumas espécies de aves que se reproduzem por ali


Eles estão isolados em uma pequena ilha do litoral de Santa Catarina há cerca de 8 mil anos. E, quase por todo esse tempo, viveram sem grandes riscos, mantendo uma comunidade de apenas 50 membros.


Como companhia tinham apenas pássaros que, durante o ano, ali aterrissam para se reproduzir. Porém, recentemente esse cenário de tranquilidade mudou: o ser humano virou sua maior ameaça.


Os preás-de-moleques-do-sul, um mamífero da família da capivara e do porquinho-da-índia, existem em um só lugar no mundo: uma ilha de 10 hectares no Arquipélago de Moleques do Sul, a cerca de 10 km da costa de Florianópolis.


O baixo número de indivíduos e seu isolamento no oceano fazem dos preás um dos animais mais raros do planeta - também é um dos que mais correm riscos de serem extintos.


Neste ano, porém, um grupo de biólogos e ambientalistas decidiu instalar câmeras de monitoramento na ilha para tentar salvar a espécie.


"Esse tipo de preá foi classificado como criticamente ameaçado em todos os níveis possíveis, do estadual ao mundial. Além do baixíssimo número de indivíduos, cerca de 50, uma alteração mínima no habitat pode extermina-lo", explica Carlos Salvador, biólogo do Instituto Tabuleiro e coordenador do projeto que nos próximos meses vai instalar por volta de 15 câmeras pela ilha.


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A pequena ilha onde vivem os preás fica a cerca de 10 km da costa de Santa Catarina


A função será estudar o comportamento dos preás, verificar as condições da cobertura vegetal e principalmente monitorar a presença ilegal de seres humanos no arquipélago, processo que tem colocado a vida da espécie em risco.


A ilha onde os roedores vivem, a maior das três do arquipélago, faz parte do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. A área é classificada como "zona intangível", ou seja, com visitação proibida.


Na prática, porém, a proibição nem sempre é respeitada. Desembarques ilegais ainda acontecem nas ilhas, mesmo com o monitoramento da costa pela Polícia Militar Ambiental.


"As ilhas da região têm certa visitação ilegal ao longo do ano. A do preá, em especial, é inóspita e não tem praia. Mas mesmo assim algumas pessoas contratam embarcações e atracam no arquipélago. Às vezes, passam o fim de semana, algo totalmente desnecessário", diz Salvador.


A presença de pessoas na ilha pode causar uma série de problemas ao animal, explica o biólogo. "Já houve casos de pequenos incêndios. O fogo pode rapidamente destruir a vegetação que serve de alimento para o preá", diz.


"Outro problema é que as pessoas podem levar animais como gatos e cachorros, que, além de serem predadores para o preá, podem transmitir algum tipo de vírus, bactéria ou fungo para os roedores", afirma Salvador.



CRÉDITO,LUCIANO CANDISANI
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Qualquer doença ou vírus levados por seres humanos pode exterminar os preás-de-moleque-do-sul


Carlos Cassini, coordenador do parque da Serra do Tabuleiro, conta que recentemente sua equipe encontrou vestígios de um churrasco em uma das onze pequenas ilhas que compõem a unidade de conservação, a maior de Santa Catarina com 84 mil hectares.


"A presença de pessoas não preocupa por sua intensidade, porque ela é pequena. Mas, como qualquer alteração no ambiente pode afetar o preá, temos que tomar precauções", explica.


Recentemente, a direção do parque colocou placas informando ser proibido desembarcar no local e incluiu a ilha dos preás na carta náutica, ressaltando a restrição. "Depois dessas placas, não tivemos mais informações de desembarques sem autorização", aponta Cassini.


As câmeras para monitorar a ilha devem ser instaladas nos próximos meses. Segundo Cassini, o parque e os pesquisadores ainda estão tentando solucionar questões técnicas, como a energia para abastecer o equipamento e a transmissão das imagens para o continente em tempo real.

Isolamento


O preá-de-moleques-do-sul (Cavia intermedia) só foi descrito pela ciência em 1999, após especialistas em aves marinhas encontrarem o roedor na ilha de Santa Catarina. Em seu nome científico, o termo intermedia foi posto porque ele tem características morfológicas intermediárias entre duas espécies de roedores do continente.


Existem apenas hipóteses para explicar como um roedor tão pequeno foi parar em uma ilha isolada no oceano. Uma delas suspeita de que alguém possa ter espalhado os animais pelo local em algum momento, mas essa opção não é muito bem aceita pelos cientistas.


Segundo o biólogo Carlos Salvador, as três ilhas que compõem o arquipélago, na verdade, estão conectadas debaixo d'água. "É como se fosse um iceberg. O que vemos é apenas a ponta, mas há uma porção de terra conectada", explica.



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A espécie está isolada há cerca de 8 mil anos, segundo biólogos


"Pela característica do animal como uma espécie diferente de outros preás, acreditamos que ele possa ter ficado na ilha quando o nível do oceano subiu e cobriu parte do arquipélago", explica Salvador.


Ou seja, há cerca de 8 mil anos, quando a água do oceano avançou e criou várias pequenas ilhas na região, um grupo de preás ficou preso em uma delas. Eles acabaram evoluindo separadamente, tornando uma espécie à parte: têm coloração, pele, tamanho e o número de cromossomos diferentes do preá do continente.


"Essa espécie é única. É impressionante como ela conseguiu se manter saudável por 8 mil anos tendo uma população que varia apenas entre 30 e 60 indivíduos", diz Salvador.


Depois de uma gestação de 60 dias, o preá-de-moleques-do-sul nasce sempre como "filhote único", com quase 20% do peso da mãe, tamanho considerado grande para um mamífero. Precoce, já nasce preparado para se locomover e procurar grama para comer, além do leite materno.


Segundo o biólogo, a competição por comida é grande na ilha, e um animal vive cerca de 400 dias, mas há alguns mais fortes que conseguem chegar a cinco anos.


Na ilha, eles só têm a companhia de quatro espécies de aves que usam o local para se reproduzir.

Dever moral


Em 2020, biólogos e pesquisadores criaram um plano de ações para conservar o preá. Entre os 28 objetivos, há a colocação de placas, câmeras de monitoramento e conscientização da população local sobre a importância do animal.


"O plano tem ações específicas para engajar a sociedade e mostrar o papel da população nesse processo de conservação de uma espécie tão especial e única. Já na escola, as crianças precisam aprender a importância do preá e o que devemos fazer para preservá-lo", diz Karynna Tolentino, especialista em ciência da conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, entidade que financia o projeto de monitoramento da ilha.


Já Fabiano de Melo, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), explica que ações de conservação não dão certo sem a participação ativa da sociedade. "A parte mais difícil do trabalho é convencer as pessoas de que temos o dever moral e ético de proteger a natureza. Como seres humanos não temos o direito de extinguir uma espécie", diz.






Autor: Leandro Machado
Fonte: BBC News Brasil em São Paulo
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 26/05/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57208421

Covid-19: 10 perguntas e respostas sobre a variante da Índia, que teve 1º caso detectado em SP



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A variante B.1.617 foi descrita há quase oito meses e já está presente em mais de 40 países


A linhagem B.1.617, detectada pela primeira vez em outubro de 2020 na Índia, foi encontrada na maior cidade da América Latina: o Instituto Adolfo Lutz confirmou o primeiro caso em São Paulo de um paciente com covid-19 provocada por essa nova versão do coronavírus.


Trata-se de um indivíduo de 32 anos, que desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos após uma viagem à Índia e chegou a ser identificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que monitora os passageiros e trabalhadores no local.


O problema é que o homem foi liberado para seguir viagem antes que os resultados do seu teste estivessem disponíveis: ele embarcou num voo doméstico, para Campos dos Goytacazes (RJ), onde mora.

Sem esse isolamento, há uma chance razoável de ele ter tido contato e transmitido o vírus para muitas pessoas, o que dificulta ainda mais o acompanhamento da evolução dessa nova variante pelas cidades brasileiras.


Essa é a sétima confirmação de covid-19 causada pela B.1.617 no país: as outras seis estão no Maranhão e foram detectadas na semana passada. Todos são tripulantes do navio MV Shandong da Zhi e estão sob monitoramento das autoridades de saúde locais.


Há ainda outros casos suspeitos que são analisados em Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal.


Enquanto as primeiras confirmações sobre a nova linhagem no Brasil começam a evoluir, o interesse das pessoas pelo tema também cresce exponencialmente.


Prova disso é um levantamento feito pelo Google Trends, ao qual a BBC News Brasil teve acesso com exclusividade: as buscas pelo termo "cepa indiana" tiveram um crescimento de 6.840% entre os dias 21 e 25 de maio.


No Maranhão, local onde ocorreram as primeiras detecções do vírus, essas palavras-chave entraram para o ranking das 50 mais populares no Google durante o período.


Nessa última semana, as cidades de São Luís (MA) e Marabá (PA) apresentaram o maior volume de buscas pela palavra "variante" em todo o mundo.


A partir do relatório do Google, a BBC News Brasil separou as perguntas mais frequentes sobre a variante e foi buscar as respostas com a ajuda de especialistas em virologia e infectologia, que você confere a seguir.

1. O que é 'cepa indiana'?


Antes de mais nada, vale começar essa explicação com um breve recado: assim como "vírus chinês" e "variante brasileira", o termo "cepa indiana" não é o mais adequado, porque cria uma visão preconceituosa e xenófoba que não corresponde à realidade. As autoridades públicas e cientistas preferem utilizar o nome técnico, B.1.617, para descrever a variante encontrada na Índia a partir de outubro de 2020.


Segundo as análises, essa linhagem apresenta três versões, com pequenas variações entre elas: a B.1.617.1, a B.1.617.2 e a B.1.617.3.


Elas já foram encontradas em quase 50 países (incluindo o Brasil) e se tornaram dominantes não apenas na Índia, mas também em algumas regiões do Reino Unido.



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A linhagem B.1.617 foi originalmente encontrada na Índia


A cepa apresenta algumas mutações importantes nos genes que codificam a espícula, a estrutura que fica na superfície do vírus e é responsável por se conectar aos receptores das células humanas para dar início a uma infecção.


Com base no conhecimento acumulado e na observação do que acontece em lugares onde a pandemia está fora de controle (como a Índia), há o temor de que a B.1.617 seja mais transmissível em comparação com as outras versões.


Mas isso ainda precisa ser melhor estudado para entender e quantificar esse maior potencial de contaminação.


"Será necessário determinar se a B.1.617 é mais transmissível ou mais transmitida. Até que ponto ela se tornou dominante por características próprias ou pelo comportamento do hospedeiro, ou seja, dos seres humanos que seguem aglomerando sem as medidas de prevenção?", questiona o virologista Paulo Eduardo Brandão, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP).


2. O que se sabe sobre essa nova variante?


Em resumo, ela foi descoberta há quase oito meses e, nas últimas semanas, dominou as cadeias de transmissão na Índia e "pulou" a fronteira de dezenas de países.


Além dos temores de maior transmissibilidade obtidos a partir da observação do que ocorre em alguns lugares, não se sabe muito mais sobre a B.1.617 ou sua contribuição para o agravamento da pandemia.


Ainda não foi publicado nenhum estudo que comprove que essa linhagem esteja relacionada a uma maior taxa de casos graves ou óbitos em decorrência da covid-19.


Também não há 100% de certeza se essa linhagem "escapa" de uma resposta imune obtida a partir de uma infecção prévia ou da vacinação (os imunizantes, inclusive, serão tema de uma próxima questão de nossa lista).


3. O que a variante da Índia causa?


Assim como as outras versões do vírus, a B.1.617 pode invadir nosso organismo e causar a doença conhecida como covid-19.


A infecção começa a partir do contato com pequenas partículas da saliva de alguém contaminado, que invadem as células da superfície dos olhos, do nariz ou da boca.


Após a invasão, o vírus começa a usar o maquinário celular para produzir novas cópias de si mesmo, que atacam outras células.


O quadro progride aos poucos e novas partes do organismo são atingidas: o coronavírus pode avançar até alcançar os pulmões ou outros órgãos.


Aos poucos, aparecem os sintomas típicos da doença, sobre os quais falaremos mais adiante.


No meio disso tudo, a resposta do sistema imunológico pode causar uma reação inflamatória exagerada, que complica ainda mais a situação.


Esse "caminho" é praticamente o mesmo, não importa qual a variante do coronavírus responsável por essas ações.


Na prática, uma linhagem ou outra pode apresentar algumas características que a tornam mais transmissível, o que facilita a primeira etapa de todo esse processo. Isso tem um efeito importante.


Com as versões anteriores, era necessário ter contato com uma quantidade considerável de vírus para ficar doente.


Agora, com as novas variantes, essa carga viral necessária para desenvolver a covid-19 fica um pouco mais baixa, o que certamente representa um perigo.

4. Ela é mais perigosa?


A resposta para essa pergunta depende de como a análise é feita.


Por um lado, não há evidência alguma de que a variante B.1.617 leve a uma covid-19 mais grave. Por outro, o potencial de ela ser mais transmissível pode significar um aumento na quantidade de pessoas infectadas.


Isso, por tabela, cria novas cadeias de transmissão e eleva o número de pacientes que precisarão de um atendimento nos hospitais — o que, por sua vez, aumenta a exigência por leitos nas enfermarias e nas unidades de terapia intensiva (UTI).


Para Brandão, a chegada dessa variante ao Brasil desvela um perigo ainda mais amplo que muitas vezes passa despercebido: o da nossa incapacidade de barrar a entrada dessas novas versões do vírus pelas nossas fronteiras.


"Essa linhagem só foi encontrada depois que já havia sido introduzida no país. Isso demonstra a falta de controle das barreiras sanitárias", analisa.

5. Ela é mais letal?


Por ora, não há nenhum estudo que comprove uma maior letalidade após a covid-19 provocada pela linhagem B.1.617.


De forma indireta, um aumento na mortalidade pode até acontecer pelo aumento da procura por atendimentos hospitalares: afinal, a falta de profissionais qualificados, leitos, equipamentos, medicamentos e demais recursos causa um colapso no sistema de saúde.


Com isso, muitos pacientes que poderiam ser recuperados morrem pela ausência dos cuidados básicos.


Esse cenário, aliás, já foi observado recentemente, nos primeiros meses de 2021: em vários estados do Brasil, a taxa de ocupação nos hospitais ficou bem acima da capacidade e levou a um cenário caótico.

6. Quais as formas de prevenção?


As formas de prevenção a variante B.1.617 seguem exatamente iguais, como você confere na lista a seguir:

Se possível, fique em casa e sem contato próximo com pessoas que não fazem parte do seu convívio diário.
Se precisar sair, use uma máscara que cubra bem o topo do nariz, a boca e o queixo, sem deixar frestas onde o ar pode entrar e sair. Dê preferência aos modelos profissionais, que conferem maior proteção, especialmente a PFF2 ou a N95.
Na rua, mantenha uma distância mínima de 1,5 metro de outros indivíduos.
Ao sair, prefira sempre lugares abertos, ao ar livre. Se for para um local fechado, veja se ao menos há uma boa circulação do ar, com as janelas abertas.
Evite manter contato próximo e por muito tempo com pessoas que não fazem parte do seu dia a dia.
Lave sempre as mãos com água e sabão ou álcool gel.
Quando chegar a sua vez, vá até o posto de saúde mais próximo para tomar a vacina.



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Usar máscaras fora do ambiente doméstico é uma das atitudes essenciais para evitar a covid-19


7. Quais são os sintomas da infecção pela variante detectada na Índia?


"Não há nenhuma diferença dos sintomas provocados por essa linhagem em comparação com as outras", esclarece o médico Leonardo Weissmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.


Portanto, siga atento aos sintomas clássicos de covid-19. Os mais comuns são:

Febre
Tosse seca
Cansaço


Os menos frequentes são:

Dores e desconforto espalhado pelo corpo
Dor de garganta
Diarreia
Conjuntivite
Dor de cabeça
Perda de paladar ou olfato
Problemas na pele
Descoloração dos dedos dos pés e das mãos


Há ainda a lista dos sintomas graves:

Dificuldades para respirar
Falta de ar
Dor ou pressão no peito


Se os sintomas aparecerem e persistirem por alguns dias, a recomendação é buscar uma avaliação profissional seguida pela realização de um teste para confirmar o diagnóstico.

8. O tratamento da covid-19 causada por essa nova variante é igual?


Até segunda ordem, sim. As recomendações das instituições nacionais e internacionais seguem as mesmas.


Na maioria dos casos, fazer repouso, caprichar na hidratação e tomar remédios para febre e dor (com a orientação médica) são suficientes: o quadro evolui de forma favorável e sem grandes intercorrências.


Outro ponto importante é permanecer em casa nesse estágio inicial: o isolamento evita que você transmita o coronavírus para outras pessoas.


Vale lembrar que não existe tratamento precoce contra a covid-19 e que remédios ou suplementos como hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina ou vitamina D não têm efeito algum nessa doença, de acordo com as melhores pesquisas realizadas até o momento e os consensos entre especialistas da área.


Uma boa ideia, recomendada por algumas sociedades médicas, é ter em casa um aparelhinho chamado oxímetro.


Ele mede a oxigenação do sangue e pode antecipar a evolução da doença para estágios mais graves: se a taxa fica abaixo de 94%, a orientação é procurar por um pronto-socorro.


O mesmo recado vale para os casos em que aparecem aqueles sintomas mais preocupantes, como aperto no peito e dificuldade para respirar: nessa hora, é importante buscar atendimento médico para uma avaliação mais aprofundada e, eventualmente, até a realização de tratamentos comprovadamente eficazes, como a oxigenação suplementar e o uso de alguns remédios anti-inflamatórios.

9. As vacinas disponíveis protegem contra a nova variante?


Tudo aponta que as vacinas testadas e aprovadas continuam a funcionar contra a linhagem B.1.617.


Os primeiros indícios sobre isso foram publicados na semana passada: um estudo feito pelo sistema de saúde público da Inglaterra (Public Health England) descobriu que os imunizantes Cominarty (Pfizer/BioNTech) e AZD1222 (AstraZeneca/Universidade de Oxford) são efetivos contra a covid-19 sintomática provocada por essa variante.


A pesquisa até observou uma queda de eficácia, mas nada que justificasse a interrupção das campanhas de vacinação em curso.


Essas mesmas duas vacinas, inclusive, são utilizadas no programa de imunização brasileiro.



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Investigações recentes indicam que as vacinas de Pfizer/BioNTech e AstraZeneca/Oxford continuam efetivas contra a variante B.1.617


No nosso contexto, porém, ainda não existem informações publicadas a respeito da efetividade da CoronaVac (Sinovac/Instituto Butantan).


Mas especialistas chamam a atenção para a necessidade de proteger o maior número de pessoas possível e pedem que todos tomem as suas doses quando for a sua vez.


"A chegada da nova variante não significa nenhuma contraindicação às vacinas. É importante que todo mundo faça sua parte e se proteja", diz Weissmann, que também faz parte da Sociedade Brasileira de Infectologia.

10. Ela vai causar uma terceira onda no Brasil?


Segundo um relatório divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz, ao menos oito Estados do Brasil apresentam um aumento na taxa de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o que sugere um novo repique na pandemia.


Em outros Estados, onde o número de novas hospitalizações vinha caindo, a tendência é de estabilização nos números, o que certamente é algo negativo.


Essas observações indicam uma coisa: após um tímido e breve período de melhora na pandemia, tudo indica que a covid-19 vai voltar a crescer país adentro.


Detalhe importante: tudo isso acontece num cenário em que a linhagem originária da Índia ainda dá seus primeiros passos em território brasileiro, e não se sabe ao certo como ela vai se comportar por aqui.


"A terceira onda já estava se armando antes mesmo da chegada da B.1.617. A variante não é essencial para que a tal onda aconteça, mas tudo indica que ela vai fazer parte disso", avalia Brandão.


Portanto, é hora de redobrar os cuidados preventivos para proteger a si, a família e toda a comunidade ao redor, reforçam os especialistas.





Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 26/05/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57263381

terça-feira, 25 de maio de 2021

Principais impactos que a desnutrição acarreta para eficiência do sistema imunológico: uma visão fisiológica de um problema multidimensional, artigo de Lázaro Araújo Santos




É evidente que a nutrição adequada está atrelada diretamente e intimamente ao desempenho do sistema imunológico

Lázaro Araújo Santos¹
¹Programa de Pós Graduação em Educação Científica e Formação de Professores – UESB

Que a má alimentação, bem como a privação de nutrientes, sejam eles macro ou micro, está diretamente relacionado com a diminuição da sobrevida e ao aumento na probabilidade de um acometimento patológico de diferentes etiogêneses, não é novidade para ninguém.

Contudo, o que é preciso clarificar é como a deficiência de moléculas vitais influenciam negativamente o sistema imunológico.

A nutrição deficiente acarreta diretamente ao declínio das respostas imunológicas, levando a uma diminuição da função do timo, depauperamento da atividade das células T – grande mediadora dos processos de defesa –, além do decaimento da efetividade do sistema complemento.

Entre as principais carências alimentares que assolam o meio que nos cerca, a deficiência de Ferro, Zinco e vitamina A, são as que mais se destacam (JORDÃO; BERNARDI; BARROS-FILHO, 2009; MACÊDO et al., 2010; SARNI et al., 2010; LIMA; NUNES, 2015).

Em uma revisão sistemática realizada por no início do dos anos 2000, foi constatado que 53% dos brasileiros apresentam significativa deficiência de Ferro, sendo a maioria crianças menores de 2 anos (SARNI et al., 2010). Ao não possuir concentrações adequadas de Ferro o organismo sofre uma série de consequências, ao enfatizarmos o sistema imune, é possível analisar que a falta desse elemento leva a uma ineficiência das células T, redução da produção e liberação de mediadores imunogênicos, queda na capacidade das células brancas destruírem microrganismo extracelulares e ineficiência na eliminação de células infectadas por vírus (JORDÃO; BERNARDI. BARROS-FILHO, 2009; SARNI et al., 2010).

Outro elemento cuja carência tem levado significativa parte da população brasileira a desenvolver imunodeficiências é o Zinco. A falta desse elemento no organismo está diretamente associada a, também, uma menor eficiência da atividade das células T, tanto auxiliares quanto citotóxicas, assim como a diminuição da capacidade do individuo recuperar-se de um processo patogênico, além de acarretar a inviabilização da maturação dos linfócitos B (SARNI et al., 2010). Estima-se que algo entorno de 20,5% da população mundial sofra com a falta de Zinco na dieta (MACÊDO et al., 2010).

Cabe salientar que tanto o Ferro quanto o Zinco são fundamentais para a ação correta de enzimas com quais eles se associam. Dessa forma, muito dos sinais e sintomas que caracterizam a ausência desses elementos na dieta estão diretamente associados com a ação das proteínas que se tornam disfuncionais, haja vista a pouca disponibilidade zinco ou de ferro (MACÊDO et al., 2010). Para via de exemplo, proteínas como metaloproteases, anidrase carbônica, hemoglobina, alguns receptores intermediários dos mensageiros imunogênicos, carboxipeptidase e fosfatase alcalina (MACÊDO et al., 2010; SARNI et al., 2010).

Ademais, para além das deficiências em elementos tais como os já citados, observa-se uma crescente preocupação da comunidade científica a deficiências de vitaminas, dentre elas é mais enfatizada na literatura as deficiências da vitamina A e D (MACÊDO et al., 2010).

Em um indivíduo que em sua dieta não esteja presente quantidade mínimas de vitamina A ocorrerá, além da conhecida cegueira noturna, uma depleção da atividade das Natural Killer, e uma desregulação na produção e liberação dos mediadores inflamatórios, assim como de substancias antivirais. Outra decorrência advinda da ausência da vitamina A é o desbalanço na atividade inflamatória de células T denominadas de Th7, levando, por exemplo, a corrobora para o surgimento de doenças autoimunes tal como artrite reumatoide (MACÊDO et al., 2010; SARNI et al., 2010).

No que concerne a ausência da vitamina D e as reverberações no sistema imunológico, é necessário que mais estudos sejam realizados a fim de serem criados consensos. Contudo, é bem sabido para a comunidade científica que a ausência dessa vitamina está relacionada ao surgimento de doenças autoimunes (LIMA, NUNES 2015).

No mais vale destacar que muitas vitaminas e elementos são utilizados por diferentes proteínas como cofatores, coenzimas ou grupos prostéticos, sendo que a ausência desses elementos, por exemplo, selênio, vitamina C e as vitaminas que formam o complexo B, levam ao mau funcionamento dessas proteínas. Corroborando para perda da capacidade de controlar o processo inflamatório, ou, indo ao outro extremo, não conseguir desempenhar as funções imunológicas básicas (LIMA; NUNES, 2015).

Frente a isso é evidente que a nutrição adequada está atrelada diretamente e intimamente ao desempenho do sistema imunológico no combate aos diferentes tipos de injúria (SARNI et al., 2010).

Assim, e partindo de um ponto de vista profilático, é necessário que estruturemos maneiras que viabilizem a alimentação de com nutrientes básicos para a grande população, haja vista que dessa maneira iríamos diminuir o numero de pessoas doentes por infecções que facilmente seriam combatidas por um sistema imunológico apto.

Lázaro Araújo Santos; formado em Ciências Biológicas pelo Instituto Federal da Bahia (IFbaiano), especialista em Neurociências pela Faculdade Venda Nova imigrante (FAVENI), e atualmente mestrando do programa de pós graduação em educação científica e formação de professores da Universidade do sudoeste da Bahia (UESB)
Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/9405066243024092

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JORDÃO, R. E; BERNARDI, J. L; BARROS-FILHO, A. A. Prevalência de anemia ferropriva no Brasil: uma revisão sistemática. Rev Paul Pediatr, v.27, n. 1, p. 90-8, 2009.

SARNI, R. O.; SOUZA, F. I.; COCCO, R. R.; MALLOZI, M. C.; SOLÉ, D. Micronutrientes e sistema imunológico. Rev Bras Alerg Imunopatol, v. 33, n. 1, p. 8-13, 2010.

MACÊDO, É. M. C. D.; AMORIM, M. A. F.; SILVA, A. C. S. D.; CASTRO, C. M. Efeitos da deficiência de cobre, zinco e magnésio sobre o sistema imune de crianças com desnutrição grave. Revista Paulista de Pediatria, v. 28, n. 3, p. 329-336, 2010.

LIMA, A. C. B.; NUNES, I. F. de. O. C. O Papel da Vitamina D na Dermatite Atópica. Journal of Health Sciences, v. 17, n. 4, 2015.


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/05/2021



Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 25/05/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/05/25/agricultores-familiares-utilizam-tecnicas-de-manejo-sustentavel-na-amazonia/


Agricultores familiares utilizam técnicas de manejo sustentável na Amazônia



O programa Florestas de Valor leva técnicas de sistemas agroflorestais e outras como o Roça sem Fogo, promovendo o manejo do solo sem o uso do fogo, evitando incêndios e reduzindo emissões de gases do efeito estufa

Programa Florestas de Valor, do Imaflora, apoia 150 famílias no Pará com o desenvolvimento de sistemas agroflorestais

O Dia do Trabalhador Rural, comemorado na data de 25 de maio, busca reconhecer o trabalho feito por milhões de agricultores em todo o Brasil. E uma parcela importante desses trabalhadores são formados por produtores da agricultura familiar. Segundo dados da mais recente edição do Censo Agropecuário, de 2017, cerca de 3,8 milhões de estabelecimentos agropecuários são classificados como sendo da agricultura familiar, o que representa 77% do total.

Em termos de área, na época da pesquisa a agricultura familiar ocupava 80,9 milhões de hectares, ou 23% da área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros. São mais de 10 milhões de famílias nessa atividade, que é responsável por gerar renda para 67% dos brasileiros que trabalham no campo.

Valdenilton Lopes de Nina é um desses agricultores. Ele possui um lote de 20 hectares no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PSD) Paraíso, um assentamento de colonização e reforma agrária localizado em Alenquer, no Pará. Com 48 anos de idade, sua vida toda foi no campo, lidando com a terra. Mas, há 11 anos, estimulado pelo programa Florestas de Valor, do Imaflora, desenvolve seu plantio seguindo o sistema agroflorestal (SAF), que reúne espécies agrícolas e florestais.

Nesse modelo, é possível diversificar a produção, gerando uma maior opção de renda para os agricultores, além de promover a soberania alimentar das famílias, que têm acesso a uma variedade maior de alimentos. Além disso, a plantação próxima de árvores gera benefícios econômicos e ambientais. As frutas das árvores podem ser comercializadas, e as árvores sequestram o carbono contribuindo com a regulação climática do planeta.

O Florestas de Valor leva técnicas de sistemas agroflorestais e outras como o Roça sem Fogo, promovendo o manejo do solo sem o uso do fogo, evitando incêndios e reduzindo emissões de gases do efeito estufa. As ações beneficiam cerca de 150 famílias nos municípios de Oriximiná, em comunidades quilombolas, e Alenquer, no PDS Paraíso, na região conhecida como Calha Norte do Rio Amazonas, no norte do Pará. Cerca de 150 hectares de terra já foram preparados com técnicas de sistemas agroflorestais e Roça sem Fogo desde o início do programa, em 2010.

Vadenilton consegue tirar sua renda da plantação de mandioca e da coleta e comercialização de sementes de cumaru, e produz também espécies como laranja, limão, cacau e feijão que, durante dois anos, forneceu para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Ao mesmo tempo que produz, Vadenilton garante a conservação do meio ambiente, ressaltando a importância do modelo de agroflorestas e também de Roça sem Fogo. “Com certeza melhorou muito após os SAFs. Com o projeto a gente conseguiu trabalhar com áreas mecanizadas, e dá para reaproveitar a mesma área. A gente fica mais tranquilo pra plantar cumaru e ir variando o plantio, porque sabe que no ano seguinte não vai ter fogo”, explica o agricultor. Quando não havia o sombreamento dos SAFs, todo ano era preciso abrir uma nova área para o plantio. “Agora parou. Mais da metade do terreno é floresta, e a gente vai botando outras espécies”, conta Valdenilton. O forte da produção é a mandioca e o cumaru, e as demais plantações servem para a variação de cultura.

O trabalho do Imaflora envolve também subsídios, treinamentos, fornecimento de mudas e sementes para a produção. Com isso, a experiência de agricultores como Valdenilton pode servir de exemplo e alcançar outros produtores. “Com os treinamentos, muitos agricultores tornam-se multiplicadores, passando as técnicas adiante”, explica Leonardo Ferreira, Coordenador de Projetos do Imaflora.

Florestas de Valor

O programa Florestas de Valor, do Imaflora, busca fomentar atividades agroextrativistas e agrícolas de base ecológica na Amazônia para consolidar áreas protegidas, conservar recursos naturais e valorizar as populações tradicionais e agricultores familiares. O programa atua em mais de 4 milhões de hectares de áreas protegidas da Amazônia, nos territórios da Calha Norte do Rio Amazonas e no município de São Félix do Xingu, no Pará, contando com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e recursos do Fundo Amazônia/BNDES. O território da Calha Norte no Norte do estado do Pará concentra o maior bloco de áreas protegidas de floresta tropical do mundo, abrangendo uma área superior a 20 milhões de hectares, abrangendo grande diversidade biológica e social, com povos indígenas, comunidades tradicionais e extrativistas.

Fonte: Imaflora, http://www.imaflora.org


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/05/2021





Autor: EcoDebate
Fonte: Imaflora
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 25/05/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/05/25/agricultores-familiares-utilizam-tecnicas-de-manejo-sustentavel-na-amazonia/

Coletivo Jovem Albatroz está com inscrições abertas para curso inspirado na Década do Oceano




No total, são 20 vagas para integrar o coletivo e participar do curso sobre cultura oceânica. Podem se inscrever jovens de todo o Brasil.

Até o dia 1º de junho (terça-feira), jovens de todo o Brasil poderão se inscrever para a seleção do Coletivo Jovem Albatroz (CJA), iniciativa de educação ambiental e protagonismo juvenil do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras. No total, há 20 vagas abertas para integrar as atividades do grupo e participar do curso gratuito “Década do Oceano: a juventude na transformação da sociedade”. Pela primeira vez, o curso acontecerá de forma remota e contará com a participação de pessoas de todas as regiões do país (confira o edital completo neste link).

Estamos na Década do Oceano, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para sensibilizar a população global sobre a importância do oceano e mobilizar atores públicos, privados e da sociedade civil organizada em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares e sua biodiversidade. De acordo com a responsável pelo Coletivo, Thaís Lopes, o curso propõe uma reflexão sobre a importância do oceano para a vida na terra e o papel das juventudes para sua conservação.

“Até 2030, a ideia é que todos possam aprender mais sobre o oceano, suas particularidades, riquezas e como protegê-lo, propagando, também, a cultura oceânica. No curso deste ano, vamos propor reflexões sobre o papel do oceano e nosso relacionamento com ele, utilizando a arte como fio condutor e contando com a participação de pesquisadores do Projeto Albatroz e de outras instituições para enriquecer esta jornada”, explica.

Os encontros do Coletivo Jovem Albatroz serão semanais, entre os meses de junho e setembro, às quintas-feiras, das 19h às 21h, em conferências virtuais na plataforma Zoom. As aulas contarão com apoio pedagógico da plataforma Google Classroom.

Pré-requisitos
Para participar da seleção, é necessário ter entre 18 e 29 anos e se interessar por processos artísticos, trabalhos colaborativos e conservação marinha. Não é preciso estar matriculado no ensino superior para se inscrever. No CJA, todos podem contribuir com seus conhecimentos e experiências para a criação de atividades para a conservação de ambientes marinhos e costeiros.

Os interessados devem enviar uma carta de interesse com apresentação pessoal, justificativa do interesse no curso, disponibilidade de tempo e acesso à internet, comprovante de residência e número de telefone para o e-mail tlopes@projetoalbatroz.org.br. O assunto do e-mail deve conter “PROPOSTA EDITAL 2021 – CURSO DÉCADA DO OCEANO”.

Seleção

As inscrições recebidas serão analisadas pelos responsáveis do Coletivo Jovem Albatroz e, no dia 8 de junho, os jovens selecionados serão contatados por telefone para que possam comparecer à atividade inaugural do curso.

A atividade inaugural do novo curso do CJA será realizada através de uma live no dia 10 de junho, às 19 horas, no Instagram do Projeto Albatroz. Os encontros seguintes acontecerão por meio de conferências virtuais na plataforma Zoom.

Últimas turmas do Coletivo Jovem Albatroz

Criado em 2015, o Coletivo Jovem Albatroz é um espaço de formação de jovens de 18 a 29 anos da região da Baixada Santista, para que possam se tornar lideranças na conservação marinha e costeira. Neste processo educador, os jovens são protagonistas, propondo e realizando projetos de intervenção para a transformação da realidade. Os integrantes do Coletivo realizam diversos cursos, oficinas e visitas técnicas; participam ativamente de reuniões de órgãos colegiados para criação de políticas públicas; e marcam presença em eventos ligados à Juventude e Meio Ambiente, apresentando suas experiências.

Mais de 80 jovens já foram envolvidos nas ações e cursos do CJA, que abrangeram temas como: políticas públicas, educação ambiental, captação de recursos para projetos ambientais, educomunicação e produção audiovisual.


Projeto Albatroz

Reduzir a captura incidental de albatrozes e petréis é a principal missão do Projeto Albatroz, que tem o patrocínio da Petrobras. O Projeto é coordenado pelo Instituto Albatroz - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que trabalha em parceria com o Poder Público, empresas pesqueiras e pescadores.

A principal linha de ação do Projeto, nascido no ano de 1990, em Santos (SP), é o desenvolvimento de pesquisas para subsidiar Políticas Públicas e a promoção de ações de Educação Ambiental junto aos pescadores, jovens e às escolas. O resultado deste esforço tem se traduzido na formulação de medidas que protegem as aves, na sensibilização da sociedade quanto à importância da existência dos albatrozes e petréis para o equilíbrio do meio ambiente marinho e no apoio dos pescadores ao uso de medidas para reduzir a captura dessas aves no Brasil.

Atualmente, o Projeto mantém bases nas cidades de Santos (SP), Itajaí e Florianópolis (SC), Itaipava (ES), Rio Grande (RS) e Cabo Frio (RJ).

Mais informações: www.projetoalbatroz.org.br





Autor: Albatroz 
Fonte: Albatroz 
Sítio Online da Publicação: Albatroz 
Data: 21/05/2021
Publicação Original: www.projetoalbatroz.org.br

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Pesquisadores investigam impactos da introdução do tucunaré em outros ecossistemas


Exemplares do tucunaré-amarelo (Cichla ocellaris): espécie causa desequilíbrios ambientais quando disseminada em outros ecossistemas (Foto: Divulgação)

O tucunaré é um dos principais recursos pesqueiros da Amazônia. Chegando a medir cerca de um metro de comprimento, ele possui uma mancha arredondada perto da cauda, conhecida como ocelo. Com grande apelo na pesca esportiva, a espécie conhecida como tucunaré-amarelo (Cichla ocellaris) foi sendo introduzida ao longo das últimas décadas, de forma indiscriminada, em reservatórios e açudes de outras regiões brasileiras e fora do País, gerando impactos ambientais inesperados. Um estudo conduzido pelos pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) Ana Clara Sampaio Franco e Luciano Neves dos Santos investigou os desequilíbrios causados pela introdução dessa espécie de peixe sobre as comunidades de peixes nativos, analisando de forma abrangente esses impactos em diversos países da América do Sul.

A pesquisa teve como desdobramento a publicação de um artigo na revista científica internacional Science of the Total Environmental, uma publicação do grupo Elsevier. Intitulado Ecological impacts of an invasive top predator fish across South America, o artigo é assinado pela dupla de pesquisadores da UniRio em colaboração com Emili García-Berthou, da Universidade de Girona, na Espanha, reconhecido pela sua expertise no estudo de espécies invasoras. Ana Clara recebe apoio da FAPERJ para o desenvolvimento de suas pesquisas, por meio do programa Pós-Doutorado Nota 10, enquanto o professor Luciano Santos, supervisor da pós-doutoranda e atual coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Neotropical (PPGBIO), da UniRio, foi contemplado pela Fundação com o programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE).

O tucunaré é originalmente uma espécie típica da região amazônica e da Bacia Tocantins-Araguaia, mas ele foi sendo introduzido pelo homem, até a década de 1990, em várias regiões brasileiras. “Existiam programas oficiais do governo brasileiro, já nos anos 1950, que preconizavam a introdução do tucunaré em represas recém-construídas, com o objetivo de repor numericamente as espécies de peixe afetadas pelo represamento. Porém, não se sabia na época que ele causaria impactos negativos sobre as espécies de peixes nativas. A partir dos anos 2000, o tucunaré foi deixando de ser introduzido em reservatórios por programas oficiais e começou a ser disseminado, furtivamente, em ambientes aquáticos para pesca esportiva, em todo o País”, contextualizou Ana Clara. Com uma capacidade de dispersão muito alta, a expansão dos tucunarés introduzidos nesses locais ocorre em detrimento de outras espécies que já habitavam o mesmo ecossistema. “No Panamá, um estudo comprovou que eles dominaram o lago Gatún, no vale do rio Chagres, o que acarretou na predação de espécies de peixes menores, usadas para a alimentação dos tucunarés e que, por sua vez, se alimentavam de larvas de mosquitos. Como consequência, a malária voltou a assolar a região”, citou Santos.

O estudo fluminense se destaca pela abrangência com que o tema foi investigado. “É o primeiro projeto de pesquisa que considerou dados sobre a introdução do tucunaré Cichla ocellaris em toda a América do Sul”, destacou Santos, que é o coordenador no Laboratório de Ictiologia Teórica e Aplicada (LICTA) da UniRio. “Analisamos uma escala geográfica ampla, incluindo rios, lagos e reservatórios, e não apenas um desses ambientes aquáticos, como costuma ocorrer em outros estudos. Foram 62 áreas analisadas ao todo, sendo 30 em áreas nativas e 32 sistemas em áreas onde o tucunaré foi introduzido. Avaliamos também dados secundários, com base na literatura, de países como Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru e Guiana”, detalhou Ana Clara.


Os pesquisadores da UniRio Luciano Santos e Ana Clara Franco analisaram dados sobre a introdução do tucunaré em ecossistemas de países de toda a América do Sul (Foto: Divulgação)


O trabalho aponta que o barramento de rios e a introdução de espécies não-nativas representam, na atualidade, as principais ameaças à diversidade de peixes nativos de ambientes de água doce. “A construção de barragens e a introdução de espécies não-nativas, como o tucunaré-amarelo, geram impactos comprovados sobre a diversidade taxonômica e funcional da ictiofauna nativa”, disse Ana. A introdução do tucunaré nesses ambientes gera desequilíbrios em todo o ecossistema. Eles agem como uma espécie invasora e passam a competir com as espécies nativas por alimentos, e a serem predadores de outras. “Em locais onde o tucunaré foi introduzido há mais tempo, como por exemplo no reservatório de Lajes, localizado entre os municípios de Piraí e Rio Claro, no Sul Fluminense, os impactos negativos são mais evidentes. Lá, que foi um dos primeiros locais onde ele começou a ser introduzido fora da Amazônia, nos anos 1950, observamos uma quantidade bem menor de espécies nativas, que foram sendo substituídas por outras espécies invasoras, além do tucunaré, como a tilápia e a pescada”, disse Santos.

Segundo a pesquisa, os impactos da introdução do tucunaré nas áreas pesquisadas foram maiores em reservatórios do que em rios. “Comparamos os tipos de sistema e a introdução do tucunaré como espécie invasora gera um efeito negativo maior em reservatórios do que em rios, pois os primeiros são ambientes lênticos, de água parada, que favorecem o surgimento de populações mais numerosas de tucunarés, e, em consequência, uma menor riqueza de espécies nativas. Nos rios há uma abundância relativa menor de tucunarés invasores, eles não chegam a se tornar dominantes na comunidade e uma maior riqueza de espécies é preservada”, explicou Santos.

Os pesquisadores esperam que o estudo ajude a nortear a formulação de políticas públicas mais adequadas para o setor pesqueiro. “Nesse momento presenciamos algumas políticas públicas elaboradas sem o respaldo do conhecimento acadêmico, que naturalizam a presença de espécies invasoras, como a Lei do Tucunaré, que proíbe o abate de tucunaré nas águas da represa da usina hidrelétrica de Paraibuna, em São Paulo, ignorando os impactos que eles podem gerar sobre a comunidade de espécies nativas”, ponderou Ana Clara. “Esperamos que a pesquisa seja uma fonte de informações para subsidiar a implantação de medidas de manejo e mitigação sustentáveis das atividades potencialmente impactantes no setor, por parte dos órgãos responsáveis por esses sistemas”, concluiu.




Autor: Débora Motta
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 21/05/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4212.2.4


Sai 2ª edição do edital voltado para as Ciências Forenses

Por Ascom Faperj

A partir desta quinta-feira, dia 20 de maio, a FAPERJ recebe inscrições para o programa Apoio a Projetos de Inovação no Campo da Segurança Pública – Ciências Forenses – 2021. Em sua segunda edição, o edital busca estimular projetos de inovação no Campo das Ciências Forenses, que possam contribuir no Campo de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. O programa tem como foco as seguintes áreas: Química Forense, Antropologia Forense, Física Forense, Cromatografia, Espectroscopia, Papiloscopia, Datiloscopia, Ciência Forense Computacional, Balística, Medicina Legal, Direito e Ciências Sociais entre outras áreas do conhecimento que contribuam para a elucidação de crimes, em especial o de homicídios, além de promover a interação da academia com a indústria e órgãos de segurança pública, e também de auxiliar para que os resultados de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) originem inovações na área de Ciências Forenses.

De acordo com o diretor de Tecnologia e Inovação da FAPERJ, Maurício Guedes, com a iniciativa, a Fundação busca fortalecer a capacidade de investigação criminal com a adoção de inovações baseadas em conhecimento científico. “Dessa forma, estaremos contribuindo para o enfrentamento de alguns dos principais problemas que afligem a população, a violência e a falta de segurança”, disse.








Para o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Dr. Serginho, combater à violência é uma das grandes metas do Rio de Janeiro. “A tecnologia tem se mostrado, cada vez mais, um forte aliado na resolução dos casos criminais. Esse edital da FAPERJ, por meio de investimentos em inovação e ciência, vai contribuir para dar maior celeridade e melhor infraestrutura ao combate a violência", comemorou o titular da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).

Para se inscrever é necessário que a pessoa esteja vinculada a uma instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) e que possua grau de doutor. No caso de submissão por empresas, estas precisam atuar em áreas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em Segurança Pública e/ou fornecimento de insumos (bens ou serviços) para o campo das Ciências Forenses e o responsável pelo projeto possuir, no mínimo, grau de mestre.

Os projetos deverão ter duração de 24 meses e serão avaliados pela experiência e capacidade técnica do proponente e da equipe do projeto, viabilidade, adequação e clareza do orçamento aos objetivos e metas propostas, impacto para o desenvolvimento tecnológico e científico da Ciência Forense do estado do Rio de Janeiro, capacidade de inserção de novos bens e serviços no mercado, resolução de um problema, claramente definido na proposta, no campo das Ciências Forenses.

Confira a íntegra do edital abaixo:

Apoio a Projetos de Inovação no Campo da Segurança Pública – Ciências Forenses – 2021




Autor: Ascom Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 21/05/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4227.2.8

FAPERJ anuncia edital inédito voltado para projetos de geração e armazenamento de energia




Por Ascom Faperj

A FAPERJ anunciou nesta quinta-feira, dia 20 de maio, o lançamento de seu 12º edital em 2021, intitulado Apoio a Projetos Científicos e Tecnológicos em Geração e Armazenamento de Energia. O programa visa induzir a formação de grupos de pesquisadores numa área capital para o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, propondo projetos tanto em pesquisa básica, quanto na Engenharia e desenvolvimento tecnológico e inovação.

Serão investidos até R$ 30 milhões para o financiamento de projetos em dois tópicos principais, a serem liberadas em três parcelas anuais. No tópico “Formas e tecnologias para geração de energia” serão avaliados projetos com os seguintes temas: energia eólica, energia solar, energia do oceano, energia nuclear, captura e sequestro de carbono, bioenergia, hidrogênio e células de combustível, e técnicas híbridas. Já no tópico “Armazenamento de energia” podem ser apresentadas propostas nos temas de armazenamento de energia gerada por gases, armazenamento de energia gerada por fontes intermitentes e técnicas de baixo custo para armazenamento de energia elétrica em dispositivos portáteis, dispositivos transportáveis e em dispositivos de grande porte.

Para o presidente da FAPERJ, Jerson Lima Silva, o edital em Geração e Armazenamento de Energia "é uma ação de fomento portadora de um futuro de inovação sustentável para o estado do Rio de Janeiro, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU”.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Dr. Serginho, avalia que o edital cumpre o papel de incentivar as pesquisas de fontes energéticas mais sustentáveis, sendo fundamental para o desenvolvimento científico. “A geração de energia no futuro precisa ter menor impacto ambiental, ser focada em produtividade e em alta tecnologia. E a Secretaria assume aqui um papel de alavancar estudos e projetos nessa área. Certamente, quem ganha é o estado do Rio de Janeiro", ressalta o secretário.

Segundo a diretora científica da FAPERJ, Eliete Bouskela, os desafios, de ordem técnica ou econômica, enfrentados por toda a população e governos, no que se refere a oferta e o consumo energético são amplamente conhecidos. "Somente o investimento em pesquisas científicas será capaz de sanar tais desafios e proporcionar a utilização de fontes renováveis de energia através de tecnologias e práticas energeticamente eficientes" afirmou.

Podem se candidatar ao edital, como pessoa física, grupos de pesquisadores ou empreendedores vinculados a ICTs e/ou empresas públicas brasileiras sediadas no estado do Rio de Janeiro. Além disso, na qualidade de pessoa jurídica, serão aceitas propostas de empresas privadas brasileiras de pequeno e médio porte, ou de microempreendedores individuais, desde que residentes e/ou sediados no estado do Rio de Janeiro. Todas as propostas devem apresentar carta de anuência das ICTs ou empresas envolvidas. Além disso, os proponentes pessoa jurídica devem comprovar faturamento nos últimos doze meses, tomando-se como referência a data de publicação do edital.

Os projetos serão avaliados, conforme explicita o item 2.1.4 do Edital, a partir do seu enquadramento no nível de maturidade tecnológica (TRL), métrica empregada na avaliação e na comparação da maturidade de tecnologias.

Propostas com TRL de 1 a 3 devem se enquadrar na Faixa A, na qual serão contemplados até dez projetos com valor máximo de R$ 1 milhão de reais. Nesta faixa as equipes devem ser compostas por um mínimo de 5 pesquisadores ou engenheiros, devendo conter obrigatoriamente pelo menos dois integrantes com bolsa de produtividade nível 1 do CNPq.

A Faixa B é destinada a equipes enquadradas em TRL de 4 a 8, com um mínimo de 3 pesquisadores ou profissionais da área de tecnologia. O coordenador da proposta deve ter pelo menos o grau de mestre concluído. Nesta Faixa, serão contemplados até 5 projetos com uma valor máximo de R$ 2,5 milhões de reais. As propostas devem apresentar contrapartida de no mínimo 20% do valor solicitado.

A Faixa C destina-se também a projetos com TRL de 4 a 8, mas a equipe tem de ser coordenada por pesquisador com grau de doutor concluído e ser composta por um mínimo de 10 pesquisadores ou profissionais da área de tecnologia. As propostas devem comprovar vinculações institucionais que incluam pelo menos uma ICT e uma empresa, e serem organizadas em forma de rede de pesquisas com governança definida e capacidade de captação do investimento necessário para a condução das etapas posteriores do projeto. Esta Faixa contemplará até dois projetos com um valor máximo de R$ 10 milhões de reais. Também nesta faixa será necessário aos proponentes apresentarem 20% de contrapartida, além da capacidade financeira de execução das etapas posteriores.

O prazo para submissão de propostas vai de 20 de maio a 20 de junho de 2021. Confira a íntegra do Edital e seus anexos no endereço a seguir:

Edital FAPERJ Nº 12/2021 – Programa de Apoio a projetos científicos e tecnológicos em Geração e Armazenamento de Energia





Autor: Ascom Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 20/05/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4228.2.3