Segundo Vieira e Parizotto (2013) a gestação é um período de mudanças na vida da mulher, entre elas físicas, psicológicas e sociais. A mulher pode se torna mais sensível e emotiva nesta fase da vida e precisa receber orientações eficientes para tornar o período gravídico mais tranquilo para si e para a família. Para Martins et al. (2012) o pré-natal é essencial para que a mulher se prepare para ser mãe, e é por meio das consultas e outras ações desenvolvidas no âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF) que a gestante é acompanhada quanto ao desenvolvimento de sua gestação e as condições do bebê. Dessa forma, a assistência da equipe de saúde pode ser considerada como uma ferramenta para a prevenção de complicações clínicas e obstétricas no decorrer da gestação e parto. No pré-natal a gestante é acolhida e conduzida por meio da assistência de uma equipe multiprofissional de saúde, que realiza ações que visam prepará-la para vivenciar a gestação e o parto com tranquilidade e saúde (DIAS et al., 2015a).
Conforme Cunha et al. (2009) a atuação do enfermeiro é importante no pré-natal, assim, é necessário que este profissional seja qualificado para atender as necessidades da mulher durante o ciclo gravídico-puerperal com conhecimentos adequados e atualizados, de forma a oferecer uma assistência eficaz. Os profissionais de enfermagem desempenham uma função fundamental em relação à orientação na consulta da gestante no pré-natal, assim sana as dúvidas, mantêm a mulher orientada quanto à importância das consultas e exames necessários na gestação. Neste sentido, o enfermeiro precisa realizar ações de maneira eficaz, resguardando a gestante de negligências, imperícias e imprudências, atuando de forma ética e responsável, para assegurar o nascimento de um concepto saudável (LEMES, 2012).
Diante dessas considerações, acredita-se que as ações do enfermeiro são importantes no pré-natal, uma vez que por meio da assistência prestada, é possível identificar intercorrências precocemente e monitorar as gestantes que se encontram em situações de riscos. Além disso, as gestantes podem se sentir mais acolhidas diante das descobertas advindas em cada semana de gestação, proporcionando assim, uma gravidez mais segura. Assim, este estudo teve como objetivo identificar a importância atribuída pelas gestantes às ações do enfermeiro no pré-natal e responder ao questionamento norteador deste estudo: qual a importância que as gestantes atribuem às ações realizadas pelos enfermeiros durante o pré-natal? MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo descritivo de natureza qualitativa, realizado com 13 gestantes cadastradas na ESF Vila Serranópolis, da cidade de Porteirinha, Minas Gerais. Foram inclusas as gestantes da área de adscrição da Unidade Básica de Saúde (UBS), cadastradas no Sisprenatal com idade igual ou superior a 18 anos.
Autor: Ernandes Gonçalves Dias, Gisele Brito dos Anjos, Luciene Alves, Sayonara Nayranne Pereira e Lyliane Martins Campos
Fonte: SUSTINERE
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Janeiro a Junho de 2018
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/31722/25719
terça-feira, 31 de julho de 2018
Educação permanente em saúde e interface com a gestão do cuidado
O modelo administrativo, essencialmente burocrático, vigente na maioria das instituições de saúde, parece ocasionar resistência às mudanças necessárias à efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS) o qual prima por modelos democráticos e participativos em sua gestão (KLERING; PORSSEB; GUADAGNIN, 2010). Destaca-se que, para a efetivação da gestão participativa, o profissional de saúde, em especial o enfermeiro, necessita adotar modelos gerenciais inovadores. Constata-se que alguns profissionais já o utilizam, contudo ainda existem profissionais que recorrem aos modelos tradicionais, nos quais a garantia do controle é maior quanto mais pessoas estiverem sob supervisão direta (BERNADES et al., 2011).
Essa situação não condiz com a realidade do cotidiano na Enfermagem que anseia por abordagens flexíveis em que, às atividades de gerência e de assistência se complementam para resultar em cuidados integrais e efetivos. (NEEDLEMAN et al., 2011; CHRISTOVAM; PORTO; OLIVEIRA, 2012) Acredita-se que modelos de gerenciamento/administração mais flexíveis, como aqueles denominados de gestão colegiada ou compartilhada, permitem linhas de comunicação abertas entre gerentes e trabalhadores, de modo que os profissionais responsáveis pelo cuidado direto são consultados para a tomada de decisões que os envolvem (BERNARDES et al., 2011; DUBOIS et al., 2013).
Verifica-se em um estudo realizado no Canadá que, enfermeiros que participam de decisões gerenciais, apresentam melhores resultados assistencial, se comparados àqueles que atuam com base em modelos tradicionais que têm como características, a centralização do poder e a verticalização na tomada de decisões (DUBOIS et al., 2013). Para o enfermeiro gerenciar com flexibilidade, algumas dificuldades aqui entendidas também como fragilidades, comuns ao trabalho nas instituições de saúde precisam ser resolvidas como: limitação do trabalho em equipe; quadro de pessoal insuficiente; excesso de burocratização, este considerado do ponto de vista disfuncional da burocracia; falta de autonomia do enfermeiro; presença de estrutura hierarquizada, rígida, pouco interativa e; também, utilização inadequada das informações para a tomada de decisões (CHRISTOVAM et al., 2012; ACIOLI; DAVID; FARIA, 2012; DUBOIS et al., 2013;).
Algumas das dificuldades apontadas podem se relacionar às lacunas na formação do enfermeiro, em especial aquelas ligadas aos aspectos administrativos/gerenciais, os quais prejudicam o enfrentamento efetivo dos problemas do cotidiano. Dentre as lacunas, no campo do ensino em especial, destaca-se a abordagem utilizada que, em muitos casos, centra- se apenas na transmissão de conhecimentos, na perspectiva de que os estudantes/aprendizes são agentes passivos. Essa forma ensino/educação sem práxis é contraproducente porque, há negação da criatividade e; pelo fato de não promover transformações, culmina em conformismo e carência de saber (BRASIL, 2007; FREIRE, 2013).
Autor: Maria Antonia Ramos Costa, Verusca Soares de Souza, Gabriella Michel dos Santos Benedetti, Elen Ferraz Teston, Laura Misue Matsuda e Verônica Francisqueti
Fonte: SUSTINERE
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Janeiro a Junho de 2018
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/30708/25718
Essa situação não condiz com a realidade do cotidiano na Enfermagem que anseia por abordagens flexíveis em que, às atividades de gerência e de assistência se complementam para resultar em cuidados integrais e efetivos. (NEEDLEMAN et al., 2011; CHRISTOVAM; PORTO; OLIVEIRA, 2012) Acredita-se que modelos de gerenciamento/administração mais flexíveis, como aqueles denominados de gestão colegiada ou compartilhada, permitem linhas de comunicação abertas entre gerentes e trabalhadores, de modo que os profissionais responsáveis pelo cuidado direto são consultados para a tomada de decisões que os envolvem (BERNARDES et al., 2011; DUBOIS et al., 2013).
Verifica-se em um estudo realizado no Canadá que, enfermeiros que participam de decisões gerenciais, apresentam melhores resultados assistencial, se comparados àqueles que atuam com base em modelos tradicionais que têm como características, a centralização do poder e a verticalização na tomada de decisões (DUBOIS et al., 2013). Para o enfermeiro gerenciar com flexibilidade, algumas dificuldades aqui entendidas também como fragilidades, comuns ao trabalho nas instituições de saúde precisam ser resolvidas como: limitação do trabalho em equipe; quadro de pessoal insuficiente; excesso de burocratização, este considerado do ponto de vista disfuncional da burocracia; falta de autonomia do enfermeiro; presença de estrutura hierarquizada, rígida, pouco interativa e; também, utilização inadequada das informações para a tomada de decisões (CHRISTOVAM et al., 2012; ACIOLI; DAVID; FARIA, 2012; DUBOIS et al., 2013;).
Algumas das dificuldades apontadas podem se relacionar às lacunas na formação do enfermeiro, em especial aquelas ligadas aos aspectos administrativos/gerenciais, os quais prejudicam o enfrentamento efetivo dos problemas do cotidiano. Dentre as lacunas, no campo do ensino em especial, destaca-se a abordagem utilizada que, em muitos casos, centra- se apenas na transmissão de conhecimentos, na perspectiva de que os estudantes/aprendizes são agentes passivos. Essa forma ensino/educação sem práxis é contraproducente porque, há negação da criatividade e; pelo fato de não promover transformações, culmina em conformismo e carência de saber (BRASIL, 2007; FREIRE, 2013).
Autor: Maria Antonia Ramos Costa, Verusca Soares de Souza, Gabriella Michel dos Santos Benedetti, Elen Ferraz Teston, Laura Misue Matsuda e Verônica Francisqueti
Fonte: SUSTINERE
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Janeiro a Junho de 2018
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/30708/25718
Tecnologia indica qual composto inibe vírus da febre amarela
Laboratório Phenotypic Screening Platform foi reformado por meio de uma parceria com a empresa Eurofarma – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Há um ano e meio, o Brasil enfrentou um surto de febre amarela. Neste período, o grupo de pesquisa Phenotypic Screening Platform, coordenado pelo professor Lucio Freitas-Junior, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, em São Paulo, descobriu que drogas utilizadas no tratamento da hepatite C poderiam funcionar para combater o vírus causador da febre amarela.
Essa descoberta foi realizada graças à tecnologia de triagem fenotípica, conhecida como High Content Screening, na qual moléculas químicas ou fármacos já existentes são identificados como possíveis combatentes de um determinado patógeno, como vírus, parasitas ou bactérias.
De acordo Freitas-Junior, um dos órgãos mais afetados pelo vírus da febre amarela é o fígado. Por isso, os pesquisadores utilizaram as células humanas derivadas do órgão para fazer os testes e descobrir quais compostos impediriam a infecção pelo patógeno.
Em uma placa de ensaio com 384 poços foi colocada cultura de células infectadas com o vírus. Cada uma delas ainda recebeu diferentes compostos químicos com ação desconhecida contra o causador da febre amarela e, em algumas divisórias, foram colocados fármacos com atividade antiviral conhecida.
“Esses fármacos são utilizados como controle, ou seja, a análise automatizada feita pelo instrumento identifica qual dos compostos apresentou atividade semelhante ao antiviral já utilizado contra o vírus”, explica o pesquisador.Grupo de pesquisa Phenotypic Screening Platform, do ICB, onde são realizadas as análises de triagem fenotípica – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
A diferenciação é feita pela máquina a partir de um software adaptado pelo grupo de pesquisa do ICB, que distingue as células humanas infectadas das não infectadas.
“A triagem fenotípica torna possível determinar de forma automatizada quais das novas substâncias teve desempenho semelhante, ou melhor ao dos fármacos conhecidos”, disse Freitas-Junior.
Ele ressalta que com essa tecnologia se economiza muito tempo para colocar uma droga no mercado. “Geralmente, são cerca de 10 anos, com a triagem, esse número reduz para três ou quatro. Reposicionamento de fármacos é uma estratégia que pode ter muito sucesso.”
Freitas-Junior ainda completa: “Quando a gente pensa em uma doença como a febre amarela, com letalidade de até 50%, dezenas de pessoas nos hospitais morrendo, essa tecnologia traz uma esperança muito grande.”
A triagem fenotípica pode ser aplicada para outras doenças humanas e de animais, como infecções por nematoides intestinais em bovinos. Giovana Cintra, uma das alunos do grupo de pesquisa, utilizou a técnica para descobrir quais compostos poderia matar um verme de vida livre muito parecido com o patógeno bovino.
“Incubamos os vermes e dois corantes diferentes indicam se ele está vivo ou morto. Após analisar qual composto é mais interessante, são feitas diversas melhorias na molécula para deixá-la mais seletiva ou mais potente”, explica Giovana.Placa de ensaio com os 384 poços para analisar a reação de compostos ao vírus da febre amarela – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Triagem fenotípica no Brasil
O pesquisador Lucio Freitas-Junior teve contato com a técnica na Coreia do Sul, onde trabalhou por oito anos com a indústria farmacêutica internacional. Em 2016, ele trouxe a triagem fenotípica para o Brasil por ver o potencial para o estudo de doenças negligenciadas, como dengue, zika, febre amarela e chikungunya.
As doenças negligenciadas são causadas por agentes infecciosos e são consideradas endêmicas, principalmente, em populações de baixa renda. Essas enfermidades também apresentam baixos investimentos, seja em pesquisas, produção de medicamentos e em seu controle.
Há um ano e meio, o Brasil enfrentou um surto de febre amarela. Neste período, o grupo de pesquisa Phenotypic Screening Platform, coordenado pelo professor Lucio Freitas-Junior, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, em São Paulo, descobriu que drogas utilizadas no tratamento da hepatite C poderiam funcionar para combater o vírus causador da febre amarela.
Essa descoberta foi realizada graças à tecnologia de triagem fenotípica, conhecida como High Content Screening, na qual moléculas químicas ou fármacos já existentes são identificados como possíveis combatentes de um determinado patógeno, como vírus, parasitas ou bactérias.
De acordo Freitas-Junior, um dos órgãos mais afetados pelo vírus da febre amarela é o fígado. Por isso, os pesquisadores utilizaram as células humanas derivadas do órgão para fazer os testes e descobrir quais compostos impediriam a infecção pelo patógeno.
Em uma placa de ensaio com 384 poços foi colocada cultura de células infectadas com o vírus. Cada uma delas ainda recebeu diferentes compostos químicos com ação desconhecida contra o causador da febre amarela e, em algumas divisórias, foram colocados fármacos com atividade antiviral conhecida.
“Esses fármacos são utilizados como controle, ou seja, a análise automatizada feita pelo instrumento identifica qual dos compostos apresentou atividade semelhante ao antiviral já utilizado contra o vírus”, explica o pesquisador.Grupo de pesquisa Phenotypic Screening Platform, do ICB, onde são realizadas as análises de triagem fenotípica – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
A diferenciação é feita pela máquina a partir de um software adaptado pelo grupo de pesquisa do ICB, que distingue as células humanas infectadas das não infectadas.
“A triagem fenotípica torna possível determinar de forma automatizada quais das novas substâncias teve desempenho semelhante, ou melhor ao dos fármacos conhecidos”, disse Freitas-Junior.
Ele ressalta que com essa tecnologia se economiza muito tempo para colocar uma droga no mercado. “Geralmente, são cerca de 10 anos, com a triagem, esse número reduz para três ou quatro. Reposicionamento de fármacos é uma estratégia que pode ter muito sucesso.”
Freitas-Junior ainda completa: “Quando a gente pensa em uma doença como a febre amarela, com letalidade de até 50%, dezenas de pessoas nos hospitais morrendo, essa tecnologia traz uma esperança muito grande.”
A triagem fenotípica pode ser aplicada para outras doenças humanas e de animais, como infecções por nematoides intestinais em bovinos. Giovana Cintra, uma das alunos do grupo de pesquisa, utilizou a técnica para descobrir quais compostos poderia matar um verme de vida livre muito parecido com o patógeno bovino.
“Incubamos os vermes e dois corantes diferentes indicam se ele está vivo ou morto. Após analisar qual composto é mais interessante, são feitas diversas melhorias na molécula para deixá-la mais seletiva ou mais potente”, explica Giovana.Placa de ensaio com os 384 poços para analisar a reação de compostos ao vírus da febre amarela – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Triagem fenotípica no Brasil
O pesquisador Lucio Freitas-Junior teve contato com a técnica na Coreia do Sul, onde trabalhou por oito anos com a indústria farmacêutica internacional. Em 2016, ele trouxe a triagem fenotípica para o Brasil por ver o potencial para o estudo de doenças negligenciadas, como dengue, zika, febre amarela e chikungunya.
As doenças negligenciadas são causadas por agentes infecciosos e são consideradas endêmicas, principalmente, em populações de baixa renda. Essas enfermidades também apresentam baixos investimentos, seja em pesquisas, produção de medicamentos e em seu controle.
O pesquisador Lucio Freitas Junior analisa material no laboratório – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
“O Brasil é endêmico para as doenças as quais pesquiso, mas carente de pesquisa biomédica aplicada em interação com a indústria”, segundo o cientista
O grupo de pesquisa coordenado por Freitas-Junior ganhou um novo espaço para dar continuidade aos estudos com a tecnologia. No dia 28 de junho, em parceria com a Eurofarma, o ICB inaugurou olaboratório Phenotypic Screening Platform. “Não tínhamos financiamento público disponível para financiar a reforma do espaço, então precisávamos da iniciativa privada. Ter um comprometimento desses da indústria farmacêutica é fantástico.”
A parceria com a Eurofarma ocorreu por meio de um programa chamado Parceiros do ICB. Além da reforma do laboratório, o grupo de Freitas-Junior também está desenvolvendo um projeto de pesquisa de descoberta de fármacos em parceria com a mesma empresa. “Esperamos que este seja o primeiro de muitos projetos em parceria com a indústria.”
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 30/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/universidade/tecnologia-indica-qual-composto-inibe-virus-da-febre-amarela/
“O Brasil é endêmico para as doenças as quais pesquiso, mas carente de pesquisa biomédica aplicada em interação com a indústria”, segundo o cientista
O grupo de pesquisa coordenado por Freitas-Junior ganhou um novo espaço para dar continuidade aos estudos com a tecnologia. No dia 28 de junho, em parceria com a Eurofarma, o ICB inaugurou olaboratório Phenotypic Screening Platform. “Não tínhamos financiamento público disponível para financiar a reforma do espaço, então precisávamos da iniciativa privada. Ter um comprometimento desses da indústria farmacêutica é fantástico.”
A parceria com a Eurofarma ocorreu por meio de um programa chamado Parceiros do ICB. Além da reforma do laboratório, o grupo de Freitas-Junior também está desenvolvendo um projeto de pesquisa de descoberta de fármacos em parceria com a mesma empresa. “Esperamos que este seja o primeiro de muitos projetos em parceria com a indústria.”
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 30/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/universidade/tecnologia-indica-qual-composto-inibe-virus-da-febre-amarela/
segunda-feira, 30 de julho de 2018
Conhecimento sobre a vacinação contra o HPV em estudantes de medicina no Rio de Janeiro
Assunto de tamanho interesse da ginecologia, atual, de abrangência médica, econômica e mundial, o papiloma vírus humano (HPV) é um vírus de DNA extremamente prevalente em todo o mundo (SILVAet al., 2012; RODRIGUES et al., 2014). Atualmente existem mais de 200 tipos identificados, dos quais cerca de 45 acometem a área anogenital e são divididos principalmente em dois grandes grupos, o de baixo (6 e 11) e o de alto risco oncogênico (16 e 18) (ANGUIANO et al., 2013). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), destacam que mais de 630 milhões de homens e mulheres (1:10 pessoas) estão infectados por este vírus no mundo (BAKOGIANNI , 2010).
O estudo, tratamento e prevenção do HPV é de vultosa importância, pois o mesmo é identificado em mais de 99% dos carcinomas do colo uterino e além disso, a infecção está também potencialmente associada carcinomas de outros territórios anatômicos como orofaringe, ânus, pênis e região vaginal (GIULIANO et al., 2011). O câncer cervical corresponde a aproximadamente 10% de todos os casos de câncer em mulheres no mundo e é a segunda causa mais comum de morte por neoplasia, depois do câncer de mama.
Atualmente é um importante problema de saúde pública, em especial nos países menos desenvolvidos como no Brasil onde ocorrem cerca de 20.000 novos casos e 4.000 mortes por ano (FREGNANI et al., 2013; COELHO et al., 2015). O principal elemento para desenvolvimento de lesões precursoras e do câncer do colo do útero é a infecção pelo HPV e dentre os fatores de risco considerados para infecção pelo vírus e possível evolução neoplásica estão principalmente a idade, maior prevalência entre adolescentes e adultas jovens, início precoce de vida sexual, múltiplos parceiros sexuais e presença outras doenças sexualmente transmissíveis.
Desde a década de 1940, a colpocitologia oncótica ou exame de Papanicolau constitui o método de triagem e prevenção para as lesões precursoras do câncer do colo uterino. Exame este sensível, seguro, barato e de especificidade relativamente boa (GIULIANO et al., 2011). Além dos exames preventivos, a vacinação contra o HPV tem ganhado espaço como ferramenta na prevenção, sendo a possibilidade de redução do câncer de colo uterino com a utilização da vacina profilática contra o HPV uma grande perspectiva médica mundial (GIRALDO et al., 2008). Em 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (ANVISA) regulamentou a comercialização da vacina quadrivalente recombinante contra o Papilomavírus Humano (6, 11, 16 e 18). Mais recentemente também foi aprovada a vacina bivalente contra HPV16 e HPV18, considerados os dois tipos mais comuns nos cânceres cervicais; ambas são semelhantes e apresentam alta eficácia (LINHARES e VILLA, 2006).
Muitos estudos apontam com entusiasmo o papel das vacinas profiláticas na redução do câncer de colo uterino, sugerindo a incorporação desta nova tecnologia ao serviço público de saúde (MEDEIROS, 2009). Uma das principais barreiras à informação sobre a detecção precoce e prevenção da infecção por HPV são a disponibilidade, precisão das informações dadas e incentivo dos profissionais de saúde para a prática dos exames de prevenção e vacinação por parte da população (COSTA et al., 2017). A estratégia requer um aumento das ações para fortalecer programas através de um pacote de serviços integrados: informação e educação em saúde; rastreamento e tratamento pré-câncer; tratamento para câncer cervical invasivo e cuidados paliativos; além de decisões políticas baseadas em evidência sobre como se introduzir a vacina contra o vírus HPV (GIRALDO et al., 2008).
Autor: Gilda Maria Sales Barbosa, Daniel Pereira Barbosa, Elizabeth Zaroni Megale, Eduarda Karenn Ferreira da Silva, Elaine Alves dos Santos e Cassio do Nascimento Florêncio
Fonte: SUSTINERE
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Janeiro a Junho de 2018
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/33130/25717
Análise de Emissões Aeronáuticas: Estudo de caso em um aeroporto da cidade do Rio de Janeiro
A poluição atmosférica, conceituada como a ocorrência de gases e materiais particulados em níveis superiores aos naturalmente encontrados, é uma circunstância gerada e incrementada pela ação antrópica ao longo dos séculos. Segundo Gaffney e Marley (2009), desde que o homem descobriu e começou a manipular o fogo para se aquecer e alimentar, ele teve que lidar com os subprodutos originados da combustão, incluindo dióxido de carbono, vapor d’agua, e uma diversidade de gases traço e aerossóis, que provocam inúmeros impactos na qualidade do ar, no clima e na saúde humana. Recentemente, Guxens et al. (2018) estudaram a poluição atmosférica e sua relação com mudanças no desenvolvimento cerebral e cognitivo em crianças.
O estudo mostrou que concentrações de poluentes atmosféricos, mesmo dentro dos limites considerados seguros a saúde humana causaram alterações cerebrais. Gavinier e Nascimento (2014) avaliaram a associação entre poluentes atmosféricos e hospitalizações por acidente vascular encefálico (AVE) em indivíduos com idade igual ou superior a 50 anos, sendo possível especificar associação entre dióxido de nitrogênio e internações por AVE.
Barbosa et al. (2015) investigaram a associação da poluição atmosférica em relação aos atendimentos pediátricos de emergência a portadores de anemia falciforme onde constataram entre outros, que dióxido de nitrogênio e monóxido de carbono estiveram associados a um incremento de 19% e 16,5% respectivamente, nos atendimentos totais. Até o final da idade moderna, onde se deram os primeiros movimentos industriais, o homem contribuiu pouco a pouco com o aumento do nível de poluentes na atmosfera e consequentemente agravando os problemas de saúde das populações. Todavia, com o advento da Segunda Revolução Industrial, ocorrida entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do XX, os níveis de emissões de poluentes atmosféricos foram incrementados, devido ao desenvolvimento de motores a combustão interna e externa, visto que, tais equipamentos operam pelo uso de combustíveis fósseis.
Em consonância, surgiram os primeiros projetos de aeronaves, que após anos de aprimoramento, possibilitaram a realização do transporte de pessoas e cargas por vias aéreas, de forma mais rápida e segura, principalmente, com o desfecho da segunda guerra mundial, que de acordo com Fajer (2009), em sua tese “Sistemas de investigação dos acidentes aeronáuticos da aviação geral – uma análise comparativa”, tal fato, fez com que parte da indústria aeronáutica passasse a se dedicar à aviação civil. Além da rapidez e segurança, os transportadores aéreos, à época, requeriam da indústria, aeronaves com maiores capacidade de transporte, tecnologia e autonomia de voo.
Como solução a estas requisições, a indústria desenvolveu e produziu aeronaves com novas tecnologias de navegação, motores e aerodinâmica mais eficiente (FAJER apud CROUCH, 2008). Os motores aeronáuticos encontram-se incluídos na categoria de motores térmicos, por utilizarem como combustíveis, substâncias derivadas da destilação do petróleo, conhecidos como Gasolina de Aviação (AVGAS) e Querosene de Aviação (JET A-1). Além disto, devem possuir qualidades que envolvem a segurança contínua do funcionamento, ausência de vibrações, facilidade de manutenção, necessitam ser duráveis, econômicos e termicamente eficientes (HOMA, 2006).
Autor: Rafael Vaz Fernandes Moreira, Simone Lorena Quiterio de Souza e Sergio Machado Corrêa
Fonte: SUSTINERE
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Janeiro a Junho de 2018
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/33346/25716
O estudo mostrou que concentrações de poluentes atmosféricos, mesmo dentro dos limites considerados seguros a saúde humana causaram alterações cerebrais. Gavinier e Nascimento (2014) avaliaram a associação entre poluentes atmosféricos e hospitalizações por acidente vascular encefálico (AVE) em indivíduos com idade igual ou superior a 50 anos, sendo possível especificar associação entre dióxido de nitrogênio e internações por AVE.
Barbosa et al. (2015) investigaram a associação da poluição atmosférica em relação aos atendimentos pediátricos de emergência a portadores de anemia falciforme onde constataram entre outros, que dióxido de nitrogênio e monóxido de carbono estiveram associados a um incremento de 19% e 16,5% respectivamente, nos atendimentos totais. Até o final da idade moderna, onde se deram os primeiros movimentos industriais, o homem contribuiu pouco a pouco com o aumento do nível de poluentes na atmosfera e consequentemente agravando os problemas de saúde das populações. Todavia, com o advento da Segunda Revolução Industrial, ocorrida entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do XX, os níveis de emissões de poluentes atmosféricos foram incrementados, devido ao desenvolvimento de motores a combustão interna e externa, visto que, tais equipamentos operam pelo uso de combustíveis fósseis.
Em consonância, surgiram os primeiros projetos de aeronaves, que após anos de aprimoramento, possibilitaram a realização do transporte de pessoas e cargas por vias aéreas, de forma mais rápida e segura, principalmente, com o desfecho da segunda guerra mundial, que de acordo com Fajer (2009), em sua tese “Sistemas de investigação dos acidentes aeronáuticos da aviação geral – uma análise comparativa”, tal fato, fez com que parte da indústria aeronáutica passasse a se dedicar à aviação civil. Além da rapidez e segurança, os transportadores aéreos, à época, requeriam da indústria, aeronaves com maiores capacidade de transporte, tecnologia e autonomia de voo.
Como solução a estas requisições, a indústria desenvolveu e produziu aeronaves com novas tecnologias de navegação, motores e aerodinâmica mais eficiente (FAJER apud CROUCH, 2008). Os motores aeronáuticos encontram-se incluídos na categoria de motores térmicos, por utilizarem como combustíveis, substâncias derivadas da destilação do petróleo, conhecidos como Gasolina de Aviação (AVGAS) e Querosene de Aviação (JET A-1). Além disto, devem possuir qualidades que envolvem a segurança contínua do funcionamento, ausência de vibrações, facilidade de manutenção, necessitam ser duráveis, econômicos e termicamente eficientes (HOMA, 2006).
Fonte: SUSTINERE
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Janeiro a Junho de 2018
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/33346/25716
Hepatites Virais
Neste artigo:
- O que é a Hepatite
- Hepatite A
- Hepatite B
- Hepatite C e E
- Outros Tipos de Hepatite
- Como é Feito o Diagnóstico
- O Tratamento da Doença
- Como Evitar a Hepatite
- Veja Outros Artigos Relacionados ao Tema
"Milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelos vírus da hepatite. Os portadores crônicos de infecção por vírus da hepatite geralmente são assintomáticos e grande parte deles permanece assim. Entretanto, essa inexistência de sintomas não pode ser entendida como reflexo de um curso benigno, pois vários casos evoluem para cirrose e carcinoma hepatocelular, além de prosseguirem contaminando outras pessoas".
O que é a Hepatite
Hepatites Virais são processos infecciosos (causados por vírus) e que podem comprometer em graus variáveis a capacidade de funcionamento do fígado. O fígado é um órgão extremamente importante para a nossa saúde. Denomina-se órgão vital por ser imprescindível para a manutenção da vida. São conhecidos na atualidade cinco tipos de hepatites virais, assim classificadas como tipos A, B, C, D e E. As mais frequentes em nossa população são as hepatites virais do tipo A e B, embora a hepatite do tipo C já tenha alcançado cifras significativas trazendo preocupação por suas consequências.
Hepatite A
É a hepatite mais comum entre nós, a que ocorre mais frequentemente em crianças e é a de evolução mais benigna, ou seja, quando o paciente se cura, deixa o menor índice de consequências no fígado. O indivíduo se contamina com esse tipo de hepatite através da água, sangue, secreções humanas e em concentrações de público (balneários, praias). A incubação demora poucas semanas e, independentemente desse tempo, a doença se torna mais infectante nos dias que antecedem o aparecimento da icterícia e se prolonga em média por 10 dias. Geralmente é assintomática em crianças, mas geralmente sintomática em adultos. A transmissão da hepatite segue a via orofecal, ou seja, no contato com esta via podemos nos contaminar, por exemplo: alagamentos, enchentes, águas servidas. Também pode ser transmitida pela via sexual e sanguínea. A infecção na maioria das vezes tem caráter benigno, evoluindo para cura em um ou dois meses; os casos que podem levar a morte são raros e não existe ocorrência de doença crônica.
Hepatite B
É uma hepatite que do ponto de vista clínico é bem tolerada, assim como a hepatite A, mas pode acarretar consequências para o organismo (artrite, erupções cutâneas, glomerulonefrite, periarterite nodosa) e para o fígado e outros órgãos anexos (hepatite crônica, cirrose, hipertensão do sistema venoso portal, hiperesplenismo, deficiência da coagulação sanguínea, etc). O indivíduo se contamina por tatuagens; relações sexuais com indivíduos portadores do vírus; em atividades de alto risco (médicos, dentistas, paramédicos, pessoas que se submetem a diálises, doentes que necessitam de transfusões sanguíneas frequentes, pessoas em contato com material médico hospitalar usado, entre outras). O período de incubação varia entre um mês e seis meses (30 a 180 dias). De um modo geral, cerca de 90% dos infectados pelo vírus da Hepatite B se recuperam de sua fase aguda e os restantes 10% sofrem consequências graves como: morte na fase aguda, aparecimento de cirrose, insuficiência hepática e câncer hepático.
Hepatite C e E
Já teve vários nomes, mas atualmente é conhecida como Hepatite C. É uma hepatite transmitida por via sanguínea, não havendo evidências seguras de sua transmissão salivar ou pelo sêmen. Suas manifestações ocorrem entre duas semanas a seis meses, embora sua incubação atinja, em média, oito semanas. Em 45% dos pacientes a hepatite C torna-se crônica e metade deles evoluem para cirrose, se não tratados a tempo. A exemplo da Hepatite B, a hepatite C também pode levar ao câncer hepático após longos anos de evolução. Já a Hepatite E é de transmissão intestinal e geralmente é epidêmica, principalmente em países de baixa cultura e higiene. Sua mortalidade se associa mais às mulheres.
Outros Tipos de Hepatite
Trata-se da hepatite com CMV ou Hepatite por Citomegalovírus. Os indivíduos se contaminam em contato com alagados ou com pessoas contaminadas. Hepatite por mononucleose é geralmente congênita, mas também pode ser transmitida pelo sangue e, nesse caso, seu período de incubação dura em média doze semanas. Evolui de modo benigno e é autolimitada.
Como é Feito o Diagnóstico
Na fase aguda da doença o paciente pode apresentar desde sintomas inespecíficos, tais como febre, mal-estar, cefaléia, dores musculares, náuseas, vômitos e até sintomas como icterícia (pele e olhos amarelados), colúria (urina escura) ou hipo e acolia fecal (fezes esbranquiçadas). A suspeita de hepatite depende de boas informações que o paciente poderá fornecer ao médico, seus sintomas e sinais. Uma vez confirmada a possibilidade de ser hepatite, o médico deverá fazer o diagnóstico laboratorial, através de exames de sangue específicos para hepatites virais e outros exames correlacionados com as repercussões no organismo.
O conjunto de resultados poderá levar à conclusão diagnóstica de hepatite aguda viral. Alguns pacientes (ou algumas outras hepatites) necessitarão de mais ou menos exames em intervalos que ficarão a critério de seu médico assistente, o qual tomará como base às evoluções do quadro laboratorial e clínico. Outros exames do tipo: ultra-sonografia, biópsia hepática etc, poderão ser necessários em alguns casos mais raros.
O Tratamento da Doença
De um modo geral as hepatites virais agudas são suporte e complementação de necessidades. Quando elas ficam crônicas são necessários vários recursos para seu tratamento, que tem como elemento mais importante a utilização de "Interferons", que são medicamentos que atuam nos vírus, diminuindo sua duplicação e, portanto, diminuindo a gravidade da infecção, podendo até mesmo curar o indivíduo, no aspecto infeccioso. Devemos salientar que, por ocasião do tratamento antiviral, a função hepática se estabiliza, mas as lesões hepáticas causadas pelos vírus permanecem estáveis; portanto, quanto mais precoce o diagnóstico para o início do tratamento, mais chance teremos de preservar a função hepática e a saúde do paciente. O tratamento com os Interferons possui alguns efeitos colaterais que na grande maioria são de pouca importância. Para a hepatite causada pela mononucleose e pelo CMV há medicações específicas.
Como Evitar a Hepatite
A prevenção das Hepatites está baseada em: evitar locais se risco, evitar atitudes e procedimentos de risco, cuidados higiênicos–dietéticos, cuidados sexuais e vacinação. Como medidas profiláticas temos algumas vacinas, que de modo geral não possuem contra indicações e sim épocas adequadas para aplicação. As vacinas existentes no mercado possuem poucos efeitos colaterais de importância e os pacientes devem se vacinar só com aconselhamento médico.
Copyright © 2018 Bibliomed, Inc. 25 de julho de 2018.
Autor: Equipe Editorial Bibliomed
Fonte: Bibliomed
Sítio Online da Publicação: Boa Saude
Data de Publicação: 25/07/2018
Publicação Original: http://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3881/-1/hepatites-virais.html?newsid=811&utm_source=boletim_BS_811&utm_medium=email&utm_campaign=hepatites-virais
- O que é a Hepatite
- Hepatite A
- Hepatite B
- Hepatite C e E
- Outros Tipos de Hepatite
- Como é Feito o Diagnóstico
- O Tratamento da Doença
- Como Evitar a Hepatite
- Veja Outros Artigos Relacionados ao Tema
"Milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelos vírus da hepatite. Os portadores crônicos de infecção por vírus da hepatite geralmente são assintomáticos e grande parte deles permanece assim. Entretanto, essa inexistência de sintomas não pode ser entendida como reflexo de um curso benigno, pois vários casos evoluem para cirrose e carcinoma hepatocelular, além de prosseguirem contaminando outras pessoas".
O que é a Hepatite
Hepatites Virais são processos infecciosos (causados por vírus) e que podem comprometer em graus variáveis a capacidade de funcionamento do fígado. O fígado é um órgão extremamente importante para a nossa saúde. Denomina-se órgão vital por ser imprescindível para a manutenção da vida. São conhecidos na atualidade cinco tipos de hepatites virais, assim classificadas como tipos A, B, C, D e E. As mais frequentes em nossa população são as hepatites virais do tipo A e B, embora a hepatite do tipo C já tenha alcançado cifras significativas trazendo preocupação por suas consequências.
Hepatite A
É a hepatite mais comum entre nós, a que ocorre mais frequentemente em crianças e é a de evolução mais benigna, ou seja, quando o paciente se cura, deixa o menor índice de consequências no fígado. O indivíduo se contamina com esse tipo de hepatite através da água, sangue, secreções humanas e em concentrações de público (balneários, praias). A incubação demora poucas semanas e, independentemente desse tempo, a doença se torna mais infectante nos dias que antecedem o aparecimento da icterícia e se prolonga em média por 10 dias. Geralmente é assintomática em crianças, mas geralmente sintomática em adultos. A transmissão da hepatite segue a via orofecal, ou seja, no contato com esta via podemos nos contaminar, por exemplo: alagamentos, enchentes, águas servidas. Também pode ser transmitida pela via sexual e sanguínea. A infecção na maioria das vezes tem caráter benigno, evoluindo para cura em um ou dois meses; os casos que podem levar a morte são raros e não existe ocorrência de doença crônica.
Hepatite B
É uma hepatite que do ponto de vista clínico é bem tolerada, assim como a hepatite A, mas pode acarretar consequências para o organismo (artrite, erupções cutâneas, glomerulonefrite, periarterite nodosa) e para o fígado e outros órgãos anexos (hepatite crônica, cirrose, hipertensão do sistema venoso portal, hiperesplenismo, deficiência da coagulação sanguínea, etc). O indivíduo se contamina por tatuagens; relações sexuais com indivíduos portadores do vírus; em atividades de alto risco (médicos, dentistas, paramédicos, pessoas que se submetem a diálises, doentes que necessitam de transfusões sanguíneas frequentes, pessoas em contato com material médico hospitalar usado, entre outras). O período de incubação varia entre um mês e seis meses (30 a 180 dias). De um modo geral, cerca de 90% dos infectados pelo vírus da Hepatite B se recuperam de sua fase aguda e os restantes 10% sofrem consequências graves como: morte na fase aguda, aparecimento de cirrose, insuficiência hepática e câncer hepático.
Hepatite C e E
Já teve vários nomes, mas atualmente é conhecida como Hepatite C. É uma hepatite transmitida por via sanguínea, não havendo evidências seguras de sua transmissão salivar ou pelo sêmen. Suas manifestações ocorrem entre duas semanas a seis meses, embora sua incubação atinja, em média, oito semanas. Em 45% dos pacientes a hepatite C torna-se crônica e metade deles evoluem para cirrose, se não tratados a tempo. A exemplo da Hepatite B, a hepatite C também pode levar ao câncer hepático após longos anos de evolução. Já a Hepatite E é de transmissão intestinal e geralmente é epidêmica, principalmente em países de baixa cultura e higiene. Sua mortalidade se associa mais às mulheres.
Outros Tipos de Hepatite
Trata-se da hepatite com CMV ou Hepatite por Citomegalovírus. Os indivíduos se contaminam em contato com alagados ou com pessoas contaminadas. Hepatite por mononucleose é geralmente congênita, mas também pode ser transmitida pelo sangue e, nesse caso, seu período de incubação dura em média doze semanas. Evolui de modo benigno e é autolimitada.
Como é Feito o Diagnóstico
Na fase aguda da doença o paciente pode apresentar desde sintomas inespecíficos, tais como febre, mal-estar, cefaléia, dores musculares, náuseas, vômitos e até sintomas como icterícia (pele e olhos amarelados), colúria (urina escura) ou hipo e acolia fecal (fezes esbranquiçadas). A suspeita de hepatite depende de boas informações que o paciente poderá fornecer ao médico, seus sintomas e sinais. Uma vez confirmada a possibilidade de ser hepatite, o médico deverá fazer o diagnóstico laboratorial, através de exames de sangue específicos para hepatites virais e outros exames correlacionados com as repercussões no organismo.
O conjunto de resultados poderá levar à conclusão diagnóstica de hepatite aguda viral. Alguns pacientes (ou algumas outras hepatites) necessitarão de mais ou menos exames em intervalos que ficarão a critério de seu médico assistente, o qual tomará como base às evoluções do quadro laboratorial e clínico. Outros exames do tipo: ultra-sonografia, biópsia hepática etc, poderão ser necessários em alguns casos mais raros.
O Tratamento da Doença
De um modo geral as hepatites virais agudas são suporte e complementação de necessidades. Quando elas ficam crônicas são necessários vários recursos para seu tratamento, que tem como elemento mais importante a utilização de "Interferons", que são medicamentos que atuam nos vírus, diminuindo sua duplicação e, portanto, diminuindo a gravidade da infecção, podendo até mesmo curar o indivíduo, no aspecto infeccioso. Devemos salientar que, por ocasião do tratamento antiviral, a função hepática se estabiliza, mas as lesões hepáticas causadas pelos vírus permanecem estáveis; portanto, quanto mais precoce o diagnóstico para o início do tratamento, mais chance teremos de preservar a função hepática e a saúde do paciente. O tratamento com os Interferons possui alguns efeitos colaterais que na grande maioria são de pouca importância. Para a hepatite causada pela mononucleose e pelo CMV há medicações específicas.
Como Evitar a Hepatite
A prevenção das Hepatites está baseada em: evitar locais se risco, evitar atitudes e procedimentos de risco, cuidados higiênicos–dietéticos, cuidados sexuais e vacinação. Como medidas profiláticas temos algumas vacinas, que de modo geral não possuem contra indicações e sim épocas adequadas para aplicação. As vacinas existentes no mercado possuem poucos efeitos colaterais de importância e os pacientes devem se vacinar só com aconselhamento médico.
Copyright © 2018 Bibliomed, Inc. 25 de julho de 2018.
Autor: Equipe Editorial Bibliomed
Fonte: Bibliomed
Sítio Online da Publicação: Boa Saude
Data de Publicação: 25/07/2018
Publicação Original: http://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3881/-1/hepatites-virais.html?newsid=811&utm_source=boletim_BS_811&utm_medium=email&utm_campaign=hepatites-virais
sexta-feira, 27 de julho de 2018
Novo curso da USP forma especialistas em computação aplicada à educação
Novidade atende demanda por formação de especialistas na área de tecnologias educacionais – Imagem: Divulgação
Propiciar um contato direto com diferentes tecnologias computacionais que têm potencial para revolucionar a educação brasileira. Esse é o principal objetivo do primeiro curso de pós-graduação a distância lançado pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos: uma especialização em computação aplicada à educação. Qualquer pessoa com formação universitária pode se inscrever na iniciativa, já que não é necessário possuir conhecimento prévio na área de computação e programação.
Durante os 23 meses do curso os participantes conhecerão as técnicas, práticas e ferramentas mais avançadas na área de computação que dão apoio aos processos de ensino e aprendizagem. Entre os tópicos que serão abordados estão, por exemplo, métodos motivacionais que podem ser utilizados no ambiente computacional para reduzir a evasão de alunos e técnicas da computação que permitem personalizar a aprendizagem, de acordo com as necessidades dos estudantes e dos professores.
Além disso, serão apresentadas tecnologias abertas, colaborativas, de imersão – tais como as que já são utilizadas em jogos e as que possibilitam criar realidade aumentada ou virtual – e técnicas e ferramentas baseadas em inteligência artificial.
Todas essas tecnologias têm potencial para mudar radicalmente a interação do estudante com o ambiente educacional, aumentando a interação com o conteúdo que é ensinado. Consequentemente, é possível aprimorar a qualidade do ensino, os resultados de aprendizagem em todos os âmbitos, quer seja no ensino fundamental, médio ou superior”, explica o professor Seiji Isotani, do ICMC, coordenador do novo curso.
O professor ressalta que o campo de trabalho e pesquisa na área de computação aplicada à educação tem crescido no Brasil e no mundo. Segundo o The Boston Consulting Group, só em 2015 foram mais de R$ 4,5 bilhões investidos em tecnologias educacionais apenas no setor privado.
Atualmente, centenas de startups (empresas de base tecnológica) com foco em desenvolvimento de tecnologia atuam nesse setor e grandes empresas também estão investindo a fim de propor, desenvolver e aplicar tecnologias computacionais para apoiar as atividades de ensino e aprendizagem.
“O próprio Ministério da Educação tem atuado fortemente para criar políticas públicas que fomentem o desenvolvimento e uso adequado das tecnologias, principalmente na educação básica. Cito como exemplo o edital do Guia de Tecnologias e a Plataforma Integrada MEC de Recursos Educacionais Digitais”, completa Isotani.
Como participar
Para se inscrever na especialização, basta realizar o cadastro no sistema on-line de inscrição disponível no site do curso até dia 30 de setembro. A taxa de inscrição é de R$ 150,00. Serão selecionados, no máximo, 300 candidatos de todo o Brasil. O processo seletivo consistirá na análise dos documentos enviados durante a inscrição e o resultado final será informado via e-mail.
Após a divulgação do resultado o candidato aprovado deverá manifestar interesse na vaga, também via e-mail, e efetuar o pagamento da taxa de matrícula (R$ 390,00) em até sete dias. O valor da taxa é idêntico ao da mensalidade do curso, que totaliza 23 parcelas de R$ 390,00.
Serão oferecidas algumas bolsas de estudos para os alunos matriculados, os quais terão isenção total no pagamento da matrícula e das mensalidades. A seleção dos bolsistas também será realizada por meio da análise dos documentos enviados na inscrição. Haverá prioridade para a concessão de bolsas professores, gestores e funcionários de rede pública que trabalham no ensino fundamental e médio (veja os demais critérios de seleção no site).
Todas as informações referentes ao acesso ao ambiente on-line de aprendizagem e também ao primeiro encontro presencial serão enviadas aos selecionados após a confirmação da matrícula. As aulas no ambiente on-line começarão dia 15 de outubro e o primeiro encontro presencial está agendado para os dias 20 e 21 de outubro no ICMC, no campus da USP, em São Carlos.
Conhecida como a capital da tecnologia, São Carlos está localizada no centro do Estado de São Paulo, a apenas 244 quilômetros da capital paulista, 146 quilômetros de Campinas e 101 de Ribeirão Preto.
Propiciar um contato direto com diferentes tecnologias computacionais que têm potencial para revolucionar a educação brasileira. Esse é o principal objetivo do primeiro curso de pós-graduação a distância lançado pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos: uma especialização em computação aplicada à educação. Qualquer pessoa com formação universitária pode se inscrever na iniciativa, já que não é necessário possuir conhecimento prévio na área de computação e programação.
Durante os 23 meses do curso os participantes conhecerão as técnicas, práticas e ferramentas mais avançadas na área de computação que dão apoio aos processos de ensino e aprendizagem. Entre os tópicos que serão abordados estão, por exemplo, métodos motivacionais que podem ser utilizados no ambiente computacional para reduzir a evasão de alunos e técnicas da computação que permitem personalizar a aprendizagem, de acordo com as necessidades dos estudantes e dos professores.
Além disso, serão apresentadas tecnologias abertas, colaborativas, de imersão – tais como as que já são utilizadas em jogos e as que possibilitam criar realidade aumentada ou virtual – e técnicas e ferramentas baseadas em inteligência artificial.
Todas essas tecnologias têm potencial para mudar radicalmente a interação do estudante com o ambiente educacional, aumentando a interação com o conteúdo que é ensinado. Consequentemente, é possível aprimorar a qualidade do ensino, os resultados de aprendizagem em todos os âmbitos, quer seja no ensino fundamental, médio ou superior”, explica o professor Seiji Isotani, do ICMC, coordenador do novo curso.
O professor ressalta que o campo de trabalho e pesquisa na área de computação aplicada à educação tem crescido no Brasil e no mundo. Segundo o The Boston Consulting Group, só em 2015 foram mais de R$ 4,5 bilhões investidos em tecnologias educacionais apenas no setor privado.
Atualmente, centenas de startups (empresas de base tecnológica) com foco em desenvolvimento de tecnologia atuam nesse setor e grandes empresas também estão investindo a fim de propor, desenvolver e aplicar tecnologias computacionais para apoiar as atividades de ensino e aprendizagem.
“O próprio Ministério da Educação tem atuado fortemente para criar políticas públicas que fomentem o desenvolvimento e uso adequado das tecnologias, principalmente na educação básica. Cito como exemplo o edital do Guia de Tecnologias e a Plataforma Integrada MEC de Recursos Educacionais Digitais”, completa Isotani.
Como participar
Para se inscrever na especialização, basta realizar o cadastro no sistema on-line de inscrição disponível no site do curso até dia 30 de setembro. A taxa de inscrição é de R$ 150,00. Serão selecionados, no máximo, 300 candidatos de todo o Brasil. O processo seletivo consistirá na análise dos documentos enviados durante a inscrição e o resultado final será informado via e-mail.
Após a divulgação do resultado o candidato aprovado deverá manifestar interesse na vaga, também via e-mail, e efetuar o pagamento da taxa de matrícula (R$ 390,00) em até sete dias. O valor da taxa é idêntico ao da mensalidade do curso, que totaliza 23 parcelas de R$ 390,00.
Serão oferecidas algumas bolsas de estudos para os alunos matriculados, os quais terão isenção total no pagamento da matrícula e das mensalidades. A seleção dos bolsistas também será realizada por meio da análise dos documentos enviados na inscrição. Haverá prioridade para a concessão de bolsas professores, gestores e funcionários de rede pública que trabalham no ensino fundamental e médio (veja os demais critérios de seleção no site).
Todas as informações referentes ao acesso ao ambiente on-line de aprendizagem e também ao primeiro encontro presencial serão enviadas aos selecionados após a confirmação da matrícula. As aulas no ambiente on-line começarão dia 15 de outubro e o primeiro encontro presencial está agendado para os dias 20 e 21 de outubro no ICMC, no campus da USP, em São Carlos.
Conhecida como a capital da tecnologia, São Carlos está localizada no centro do Estado de São Paulo, a apenas 244 quilômetros da capital paulista, 146 quilômetros de Campinas e 101 de Ribeirão Preto.
Seiji Isotani é o coordenador do novo curso oferecido pelo ICMC- Foto: Denise Casatti/ICMC
Ambiente diferenciado
O ambiente de ensino a distância em que a especialização será oferecida está em total sintonia com a proposta da iniciativa. Personalizado, o ambiente oferecerá uma ampla gama de atividades, tais como videoaulas, atividades de leitura, avaliação pelos pares, trabalhos em grupo, discussões em fóruns, webinários, escrita de resenhas, criação de conteúdos educacionais, desenvolvimento de projetos e provas.
Os títulos de algumas das disciplinas que serão oferecidas dão pistas sobre o conteúdo que será abordado em cada uma: Gamificação da aprendizagem, Inteligência artificial na educação, A revolução das tecnologias da computação e o potencial de aplicação na educação.
Além do professor Seiji Isotani e da professora Ellen Francine, ambos do ICMC, o corpo docente do curso é multidisciplinar e agrega profissionais qualificados, todos com doutorado, que atuam em diferentes centros de pesquisa e ensino como a Escola Politécnica (Poli) da USP, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
A especialização conta, ainda, com o apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) e da Fundação de Apoio à Física e à Química (FAFQ).
Denise Casatti / Assessoria de Comunicação do ICMC
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 25/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/universidade/ingresso/novo-curso-da-usp-forma-especialistas-em-computacao-aplicada-a-educacao/
Ambiente diferenciado
O ambiente de ensino a distância em que a especialização será oferecida está em total sintonia com a proposta da iniciativa. Personalizado, o ambiente oferecerá uma ampla gama de atividades, tais como videoaulas, atividades de leitura, avaliação pelos pares, trabalhos em grupo, discussões em fóruns, webinários, escrita de resenhas, criação de conteúdos educacionais, desenvolvimento de projetos e provas.
Os títulos de algumas das disciplinas que serão oferecidas dão pistas sobre o conteúdo que será abordado em cada uma: Gamificação da aprendizagem, Inteligência artificial na educação, A revolução das tecnologias da computação e o potencial de aplicação na educação.
Além do professor Seiji Isotani e da professora Ellen Francine, ambos do ICMC, o corpo docente do curso é multidisciplinar e agrega profissionais qualificados, todos com doutorado, que atuam em diferentes centros de pesquisa e ensino como a Escola Politécnica (Poli) da USP, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
A especialização conta, ainda, com o apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) e da Fundação de Apoio à Física e à Química (FAFQ).
Denise Casatti / Assessoria de Comunicação do ICMC
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 25/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/universidade/ingresso/novo-curso-da-usp-forma-especialistas-em-computacao-aplicada-a-educacao/
Revista em quadrinhos conta como é estudar na USP em Pirassununga
Detalhe da capa da revistinha USP na Escolinha – Foto: Reprodução
Eles ainda estão no ensino fundamental, mas já estão tendo a oportunidade de entender o que é uma universidade e como ela funciona. O projeto USP na Escolinha atendeu mais de 1.500 alunos desde que foi criado, em 2013, por Delaine Rocha, funcionária da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP em Pirassununga.
A proposta é aproximar as crianças do ensino fundamental do universo da USP e dos cursos oferecidos na FZEA por meio de visitas monitoradas. Entre as ações do projeto está uma revista em quadrinhos, lançada em junho.
Nas 28 páginas do material, as crianças podem conferir uma história falando sobre a USP, em Pirassununga, como os cursos de graduação, o espaço físico, explicação sobre profissões. “Para a revistinha ficar mais atrativa, fizemos passatempos e incluímos as informações do próprio campus e atividades oferecidas à comunidade: oficinas de línguas, oficinas de música – tudo gratuito – e como eles podem se inscrever”, explica Luciane Martello, professora da FZEA e coordenadora do USP na Escolinha.
A revista foi feita colaborativamente entre docentes, funcionários e alunos de graduação e pós-graduação da FZEA. Foram impressos 1.300 exemplares para serem distribuídos entre os estudantes que participam das visitas monitoradas organizadas pelo projeto e o excedente será enviado a alunos de escolas participantes que não realizarão a visita.
Além disso, foram destinadas revistas para as bibliotecas de todas as escolas municipais em Pirassununga, independente de terem participado do projeto ou não. O público pode conferir a versão digital que está disponível on-line.
“A cada edição da revistinha, que ainda não sabemos se será bienal ou anual, gostaríamos que ela tivesse um tema diferente”, disse Luciane. Ela afirma que, dessa forma, poderiam abordar diversos aspectos dos cursos oferecidos no campus, como sustentabilidade, posse responsável de animais e uso de tecnologias no dia a dia.
USP na Escolinha
O projeto está em sua sexta edição e aproveita o processo de formação das crianças para apresentar conceitos, além de inspirá-las ao desejo, à curiosidade pelas profissões relativas aos cursos da FZEA e divulgar o campus de Pirassununga para a comunidade local.
Eles ainda estão no ensino fundamental, mas já estão tendo a oportunidade de entender o que é uma universidade e como ela funciona. O projeto USP na Escolinha atendeu mais de 1.500 alunos desde que foi criado, em 2013, por Delaine Rocha, funcionária da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP em Pirassununga.
A proposta é aproximar as crianças do ensino fundamental do universo da USP e dos cursos oferecidos na FZEA por meio de visitas monitoradas. Entre as ações do projeto está uma revista em quadrinhos, lançada em junho.
Nas 28 páginas do material, as crianças podem conferir uma história falando sobre a USP, em Pirassununga, como os cursos de graduação, o espaço físico, explicação sobre profissões. “Para a revistinha ficar mais atrativa, fizemos passatempos e incluímos as informações do próprio campus e atividades oferecidas à comunidade: oficinas de línguas, oficinas de música – tudo gratuito – e como eles podem se inscrever”, explica Luciane Martello, professora da FZEA e coordenadora do USP na Escolinha.
A revista foi feita colaborativamente entre docentes, funcionários e alunos de graduação e pós-graduação da FZEA. Foram impressos 1.300 exemplares para serem distribuídos entre os estudantes que participam das visitas monitoradas organizadas pelo projeto e o excedente será enviado a alunos de escolas participantes que não realizarão a visita.
Além disso, foram destinadas revistas para as bibliotecas de todas as escolas municipais em Pirassununga, independente de terem participado do projeto ou não. O público pode conferir a versão digital que está disponível on-line.
“A cada edição da revistinha, que ainda não sabemos se será bienal ou anual, gostaríamos que ela tivesse um tema diferente”, disse Luciane. Ela afirma que, dessa forma, poderiam abordar diversos aspectos dos cursos oferecidos no campus, como sustentabilidade, posse responsável de animais e uso de tecnologias no dia a dia.
USP na Escolinha
O projeto está em sua sexta edição e aproveita o processo de formação das crianças para apresentar conceitos, além de inspirá-las ao desejo, à curiosidade pelas profissões relativas aos cursos da FZEA e divulgar o campus de Pirassununga para a comunidade local.
Clique na revistinha para ler
Ele ocorre em cinco etapas: as escolas são selecionadas por ordem de inscrição. Selecionada a escola, é apresentado o portfólio de palestras com temas/datas para que a escola verifique se há interesse. A instituição escolhe uma data, conforme as disponibilidades apresentadas. Nesse período, é entregue um questionário para os pais e, assim, traçado um perfil dos alunos.
Na quarta etapa, ao receber os questionários dos pais, as escolas também ganham pôsteres para exposição às crianças antes da visita à USP. É recomendado que os professores apresentem aos alunos atividades livres (arte, redação, frase, desenho) com o tema O que eu espero da USP. Essa atividade dos alunos deve ser entregue no dia da visita, juntamente com os pôsteres.
A última etapa é a visita no campus de Pirassununga. Podem se inscrever escolas públicas e particulares, com crianças entre seis e dez anos. Para participar, a coordenação das escolas deve acompanhar o calendário no site do projeto.
“Percebemos que, principalmente, crianças de escolas municipais ou estaduais não têm uma aproximação com a Universidade. A ideia desse projeto é aproximar as crianças da Universidade e cultivar nelas a ideia de que elas podem vir a estudar na USP”, afirma Luciane.
Mais informações: site http://uspnaescolinha.blogspot.com/
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 23/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/universidade/extensao/revista-em-quadrinhos-conta-como-e-estudar-na-usp-em-pirassununga/
Ele ocorre em cinco etapas: as escolas são selecionadas por ordem de inscrição. Selecionada a escola, é apresentado o portfólio de palestras com temas/datas para que a escola verifique se há interesse. A instituição escolhe uma data, conforme as disponibilidades apresentadas. Nesse período, é entregue um questionário para os pais e, assim, traçado um perfil dos alunos.
Na quarta etapa, ao receber os questionários dos pais, as escolas também ganham pôsteres para exposição às crianças antes da visita à USP. É recomendado que os professores apresentem aos alunos atividades livres (arte, redação, frase, desenho) com o tema O que eu espero da USP. Essa atividade dos alunos deve ser entregue no dia da visita, juntamente com os pôsteres.
A última etapa é a visita no campus de Pirassununga. Podem se inscrever escolas públicas e particulares, com crianças entre seis e dez anos. Para participar, a coordenação das escolas deve acompanhar o calendário no site do projeto.
“Percebemos que, principalmente, crianças de escolas municipais ou estaduais não têm uma aproximação com a Universidade. A ideia desse projeto é aproximar as crianças da Universidade e cultivar nelas a ideia de que elas podem vir a estudar na USP”, afirma Luciane.
Mais informações: site http://uspnaescolinha.blogspot.com/
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 23/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/universidade/extensao/revista-em-quadrinhos-conta-como-e-estudar-na-usp-em-pirassununga/
USP elabora documento com propostas para a educação
Documento produzido por pesquisadores da USP traz propostas efetivas para a educação brasileira – Foto: Reprodução / TV USP
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Senso comum, interesses econômicos e o resultado chocante das avaliações criam a fantasmagoria de que a educação brasileira é uma terra arrasada: nada funciona, não existem experiências inspiradoras e tudo está perdido.
Diante desse cenário apocalíptico, é fácil o surgimento de soluções mágicas, fantasiosas e fadadas ao limbo. Para se pensar ações capazes de transformar a educação brasileira, entretanto, é preciso distinguir os desafios reais das dificuldades aparentes.
Essa foi a tarefa assumida pelo Grupo de Estudos sobre a Educação Básica Brasileira do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, coordenado pelo professor Nílson José Machado. Entre agosto de 2017 e março de 2018, o grupo realizou um ciclo de seminários para discutir pontos centrais do tema, que compreende educação infantil, ensinos fundamental e médio, ensino técnico e educação para jovens e adultos.
Em cinco encontros, professores da USP, educadores e gestores públicos analisaram a situação do magistério, a qualidade da educação, o uso das tecnologias em sala de aula, o papel dos documentos oficiais e experiências inovadoras no ensino básico. O acúmulo dos debates resultou num relatório finalizado em junho deste ano e entregue à diretoria do IEA. O relatório está disponível neste link.
“Em um País com tantas carências como o nosso, a expectativa de plena suficiência de recursos em áreas como saúde e educação não parece razoável”, registra o documento. “A carência é a regra, mas tal fato não inviabiliza ações significativas e transformadoras. O problema real a ser enfrentado, no caso, é a inexistência de projetos bem fundamentados, com objetivos bem definidos, nos diversos níveis de ensino.”
Problemas aparentes
Dentre os principais problemas aparentes investigados pelos seminários e registrados pelo documento está a ideia de que a crise da educação tem causas na falta ou despreparo de professores e na insuficiência de recursos financeiros. A leitura de que o sistema educacional brasileiro é um completo fracasso também é questionada. Segundo o relatório, o desafio real é “o de encontrar caminhos e estratégias para que as boas escolas sejam reconhecidas e sejam arquitetadas formas de articulação de ações coletivas, de modo a que seus exemplos possam inspirar outras escolas”.
O texto também se detém sobre o papel da regulamentação das ações docentes por meio de documentos oficiais. Diretrizes, deliberações, planos e currículos são instrumentos que, ao longo da história, não impediram os problemas educacionais. “Pelo menos 23 Estados brasileiros apresentam currículos em vigência que, inclusive, foram parcamente utilizados na construção da atual Base Nacional Comum Curricular, mas problemas estruturais persistentes têm impedido que conduzam a melhorias efetivas”, destaca.
O entusiasmo e o ceticismo em torno das novas tecnologias também mereceram atenção dos pesquisadores. “As tecnologias contribuem para a criação de novos meios de aproximação entre educadores e educandos”, consta no documento, “mas é essencial que não se perca de vista seu caráter de meio para atingir fins que se situam muito além delas.”
A questão do magistério
Urgência de melhorias nas condições de trabalho, desencontro entre formação do professor dos anos iniciais e dos anos avançados e formação continuada são algumas questões que nortearam o primeiro debate do ciclo. Mecanismos para incentivar a permanência em sala de aula, criação de uma carreira de Estado para o professor e mais liberdade e responsabilidade dos docentes também pautaram as discussões.
Melhores condições de trabalho são exigência para a criação e persistência do interesse pela profissão docente, atesta o relatório. Na atual situação, “quanto mais qualificado é o professor, mais ele se afasta da sala de aula da escola básica”. A transformação da carreira do magistério em carreira de Estado é uma das propostas mais incisivas do texto.
A regulação da atuação docente apenas pelo governo ou pelo mercado também é objeto de questionamento. Segundo o texto, a autorregulação é uma medida importante para trazer melhorias às condições de trabalho. “O papel que a Ordem dos Advogados do Brasil desempenha na regulação do exercício do profissional do direito ou o papel correlato que os conselhos de medicina representam para os profissionais da saúde precisaria ser desempenhado pelos conselhos de educação, em seus diversos níveis. O compromisso público que é inerente ao exercício adequado de uma profissão enraíza-se justamente na existência de tal autorregulação.”
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Senso comum, interesses econômicos e o resultado chocante das avaliações criam a fantasmagoria de que a educação brasileira é uma terra arrasada: nada funciona, não existem experiências inspiradoras e tudo está perdido.
Diante desse cenário apocalíptico, é fácil o surgimento de soluções mágicas, fantasiosas e fadadas ao limbo. Para se pensar ações capazes de transformar a educação brasileira, entretanto, é preciso distinguir os desafios reais das dificuldades aparentes.
Essa foi a tarefa assumida pelo Grupo de Estudos sobre a Educação Básica Brasileira do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, coordenado pelo professor Nílson José Machado. Entre agosto de 2017 e março de 2018, o grupo realizou um ciclo de seminários para discutir pontos centrais do tema, que compreende educação infantil, ensinos fundamental e médio, ensino técnico e educação para jovens e adultos.
Em cinco encontros, professores da USP, educadores e gestores públicos analisaram a situação do magistério, a qualidade da educação, o uso das tecnologias em sala de aula, o papel dos documentos oficiais e experiências inovadoras no ensino básico. O acúmulo dos debates resultou num relatório finalizado em junho deste ano e entregue à diretoria do IEA. O relatório está disponível neste link.
“Em um País com tantas carências como o nosso, a expectativa de plena suficiência de recursos em áreas como saúde e educação não parece razoável”, registra o documento. “A carência é a regra, mas tal fato não inviabiliza ações significativas e transformadoras. O problema real a ser enfrentado, no caso, é a inexistência de projetos bem fundamentados, com objetivos bem definidos, nos diversos níveis de ensino.”
Problemas aparentes
Dentre os principais problemas aparentes investigados pelos seminários e registrados pelo documento está a ideia de que a crise da educação tem causas na falta ou despreparo de professores e na insuficiência de recursos financeiros. A leitura de que o sistema educacional brasileiro é um completo fracasso também é questionada. Segundo o relatório, o desafio real é “o de encontrar caminhos e estratégias para que as boas escolas sejam reconhecidas e sejam arquitetadas formas de articulação de ações coletivas, de modo a que seus exemplos possam inspirar outras escolas”.
O texto também se detém sobre o papel da regulamentação das ações docentes por meio de documentos oficiais. Diretrizes, deliberações, planos e currículos são instrumentos que, ao longo da história, não impediram os problemas educacionais. “Pelo menos 23 Estados brasileiros apresentam currículos em vigência que, inclusive, foram parcamente utilizados na construção da atual Base Nacional Comum Curricular, mas problemas estruturais persistentes têm impedido que conduzam a melhorias efetivas”, destaca.
O entusiasmo e o ceticismo em torno das novas tecnologias também mereceram atenção dos pesquisadores. “As tecnologias contribuem para a criação de novos meios de aproximação entre educadores e educandos”, consta no documento, “mas é essencial que não se perca de vista seu caráter de meio para atingir fins que se situam muito além delas.”
A questão do magistério
Urgência de melhorias nas condições de trabalho, desencontro entre formação do professor dos anos iniciais e dos anos avançados e formação continuada são algumas questões que nortearam o primeiro debate do ciclo. Mecanismos para incentivar a permanência em sala de aula, criação de uma carreira de Estado para o professor e mais liberdade e responsabilidade dos docentes também pautaram as discussões.
Melhores condições de trabalho são exigência para a criação e persistência do interesse pela profissão docente, atesta o relatório. Na atual situação, “quanto mais qualificado é o professor, mais ele se afasta da sala de aula da escola básica”. A transformação da carreira do magistério em carreira de Estado é uma das propostas mais incisivas do texto.
A regulação da atuação docente apenas pelo governo ou pelo mercado também é objeto de questionamento. Segundo o texto, a autorregulação é uma medida importante para trazer melhorias às condições de trabalho. “O papel que a Ordem dos Advogados do Brasil desempenha na regulação do exercício do profissional do direito ou o papel correlato que os conselhos de medicina representam para os profissionais da saúde precisaria ser desempenhado pelos conselhos de educação, em seus diversos níveis. O compromisso público que é inerente ao exercício adequado de uma profissão enraíza-se justamente na existência de tal autorregulação.”
Nos cinco encontros promovidos pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, professores da Universidade, educadores e gestores públicos analisaram a situação da educação no Brasil – Foto: picjumbo_com via Pixabay – CC
Para enfrentar o desencontro entre as formações do professor dos anos iniciais do ensino fundamental e dos anos avançados do fundamental e do ensino médio, o relatório aponta a necessidade de se considerar estruturalmente o abismo que as separam. A raiz profunda da divisão remontaria à década de 1960, com a distinção entre o antigo curso primário e o ginasial, o primeiro com formação do professor em nível secundário e o segundo com docentes de nível superior.
Já a formação continuada, destaca o texto, passa pela distinção do que é fundamental dentro de cada tema disciplinar. “Os currículos dos cursos de formação de professores precisariam incorporar tal perspectiva, evitando uma ampliação cada vez maior no número de disciplinas e/ou de horas de atividades. Longe de significar uma diminuição ou uma simplificação exagerada: não é preciso nem possível aprender tudo enquanto estamos na escola.” Dessa maneira, formação durante horários especiais de trabalho, orientação de professores mais experientes e retorno periódico à sala de aula em cursos de aperfeiçoamento seriam parte do aprendizado contínuo do docente.
Incentivos à permanência em sala de aula e em apenas uma escola são outros itens analisados no documento. É preciso evitar jornadas acumuladas, com número excessivo de estudantes por professor, para que o docente possa se dedicar à tutoria e à participação na gestão da escola. Isso abriria caminho para a escola integral, na qual espaços além da sala de aula são considerados na proposta pedagógica, com aumento da liberdade e da responsabilidade do professor em sintonia com o acréscimo de sua autoridade e responsabilidade na gestão da escola.
Uma atuação pautada nesses princípios deveria nortear as avaliações docentes. “A concentração das atenções apenas na melhoria de indicadores numéricos do desempenho não parece uma perspectiva adequada”, destaca o texto. Uma avaliação mais efetiva, ressalta, pressuporia “uma gestão da escola que esteja aberta, incentive e valorize a participação do professor e que existam as condições de trabalho para viabilizar que os docentes efetivamente vistam a camisa da escola”.
Qualidade da educação básica
O segundo eixo do documento analisa a qualidade da educação básica, tema do segundo seminário. Torná-la uma política pública estratégica e prioritária, deslocar a ênfase do ensino para a aprendizagem e implementar a certificação dos professores são propostas apresentadas no texto. “O desafio da qualidade se enfrenta com política curricular consistente, gestão escolar eficaz e docência qualificada”, aponta.
Para enfrentar o desencontro entre as formações do professor dos anos iniciais do ensino fundamental e dos anos avançados do fundamental e do ensino médio, o relatório aponta a necessidade de se considerar estruturalmente o abismo que as separam. A raiz profunda da divisão remontaria à década de 1960, com a distinção entre o antigo curso primário e o ginasial, o primeiro com formação do professor em nível secundário e o segundo com docentes de nível superior.
Já a formação continuada, destaca o texto, passa pela distinção do que é fundamental dentro de cada tema disciplinar. “Os currículos dos cursos de formação de professores precisariam incorporar tal perspectiva, evitando uma ampliação cada vez maior no número de disciplinas e/ou de horas de atividades. Longe de significar uma diminuição ou uma simplificação exagerada: não é preciso nem possível aprender tudo enquanto estamos na escola.” Dessa maneira, formação durante horários especiais de trabalho, orientação de professores mais experientes e retorno periódico à sala de aula em cursos de aperfeiçoamento seriam parte do aprendizado contínuo do docente.
Incentivos à permanência em sala de aula e em apenas uma escola são outros itens analisados no documento. É preciso evitar jornadas acumuladas, com número excessivo de estudantes por professor, para que o docente possa se dedicar à tutoria e à participação na gestão da escola. Isso abriria caminho para a escola integral, na qual espaços além da sala de aula são considerados na proposta pedagógica, com aumento da liberdade e da responsabilidade do professor em sintonia com o acréscimo de sua autoridade e responsabilidade na gestão da escola.
Uma atuação pautada nesses princípios deveria nortear as avaliações docentes. “A concentração das atenções apenas na melhoria de indicadores numéricos do desempenho não parece uma perspectiva adequada”, destaca o texto. Uma avaliação mais efetiva, ressalta, pressuporia “uma gestão da escola que esteja aberta, incentive e valorize a participação do professor e que existam as condições de trabalho para viabilizar que os docentes efetivamente vistam a camisa da escola”.
Qualidade da educação básica
O segundo eixo do documento analisa a qualidade da educação básica, tema do segundo seminário. Torná-la uma política pública estratégica e prioritária, deslocar a ênfase do ensino para a aprendizagem e implementar a certificação dos professores são propostas apresentadas no texto. “O desafio da qualidade se enfrenta com política curricular consistente, gestão escolar eficaz e docência qualificada”, aponta.
“O problema real a ser enfrentado é a inexistência de projetos bem fundamentados, com objetivos bem definidos, nos diversos níveis de ensino”, segundo o documento produzido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP – Foto: Divulgação / Prefeitura Municipal de Itapevi
Assumir que a boa escola é a boa escola em suas circunstâncias é outra recomendação. “Alfabetizar crianças de comunidade e famílias analfabetas começa por suas professoras mostrarem o gosto pela leitura, o que seria dispensável para crianças já ambientadas a livros e textos de toda sorte.” Essa visão local também surge na consideração do diretor como a alma da escola. “Mesmo em uma fase de penúria, de restrição orçamentária, temos escolas que funcionam perfeitamente”, indica o relatório, referindo-se à rede estadual de São Paulo. “Um diretor entusiasta faz com que a escola funcione, tenha uma equipe coesa, conversa com pais e mestres, estimula os grêmios estudantis.”
A incorporação de recursos digitais e do empreendedorismo também constam nas propostas. “Precisamos sair da sala de aula, fazer estágios, sair para a cidade. Precisamos permitir que o aluno escolha trilhas de acordo com suas inclinações, dar voz e vez ao estudante dentro da escola.” Pesquisas sobre evasão e o reconhecimento de que a escola precisa inovar e oferecer perspectiva aos estudantes também são indicadas como medidas importantes para se pensar a qualidade.
Tecnologias: entre o entusiasmo e a recusa
O documento traz ainda reflexões e recomendações sobre o uso das novas tecnologias na educação. Salienta que as tecnologias são meios, e não fins das ações educacionais, e que resolvem problemas antigos ao mesmo tempo em que criam novos.
“A tecnologia está aí e o elogio de suas potencialidades educativas não pode dispensar a explicitação de seus limites no que se refere à consideração dos fins da vida humana”, ressalva o texto. “Seu uso adequado pode contribuir para a criação de condições favoráveis ao exercício da cidadania, constituindo um auxílio importante na tomada de decisões. Mas é preciso uma conscientização sobre as implicações associadas, as consequências inerentes a seu uso como instrumento educacional.”
Assumir que a boa escola é a boa escola em suas circunstâncias é outra recomendação. “Alfabetizar crianças de comunidade e famílias analfabetas começa por suas professoras mostrarem o gosto pela leitura, o que seria dispensável para crianças já ambientadas a livros e textos de toda sorte.” Essa visão local também surge na consideração do diretor como a alma da escola. “Mesmo em uma fase de penúria, de restrição orçamentária, temos escolas que funcionam perfeitamente”, indica o relatório, referindo-se à rede estadual de São Paulo. “Um diretor entusiasta faz com que a escola funcione, tenha uma equipe coesa, conversa com pais e mestres, estimula os grêmios estudantis.”
A incorporação de recursos digitais e do empreendedorismo também constam nas propostas. “Precisamos sair da sala de aula, fazer estágios, sair para a cidade. Precisamos permitir que o aluno escolha trilhas de acordo com suas inclinações, dar voz e vez ao estudante dentro da escola.” Pesquisas sobre evasão e o reconhecimento de que a escola precisa inovar e oferecer perspectiva aos estudantes também são indicadas como medidas importantes para se pensar a qualidade.
Tecnologias: entre o entusiasmo e a recusa
O documento traz ainda reflexões e recomendações sobre o uso das novas tecnologias na educação. Salienta que as tecnologias são meios, e não fins das ações educacionais, e que resolvem problemas antigos ao mesmo tempo em que criam novos.
“A tecnologia está aí e o elogio de suas potencialidades educativas não pode dispensar a explicitação de seus limites no que se refere à consideração dos fins da vida humana”, ressalva o texto. “Seu uso adequado pode contribuir para a criação de condições favoráveis ao exercício da cidadania, constituindo um auxílio importante na tomada de decisões. Mas é preciso uma conscientização sobre as implicações associadas, as consequências inerentes a seu uso como instrumento educacional.”
O desafio real, segundo o documento do IEA, é “o de encontrar caminhos e estratégias para que as boas escolas sejam reconhecidas e sejam arquitetadas formas de articulação de ações coletivas, de modo a que seus exemplos possam inspirar outras escolas” – Foto: Divulgação
Tendo essas orientações como ponto de partida, o documento propõe que a polarização entre o fascínio da tecnologia e sua recusa sejam superados e seu papel enquanto meio, e não fim, seja reiterado. “Na escola básica, as tecnologias são meios fundamentais para que sejam atingidos os fins educacionais, mas não há vento que ajude um barco sem rumo. Na ausência de projetos norteadores das ações educacionais, por mais interessantes e expressivos que sejam os recursos tecnológicos, a sensação inevitável é a de inversão de perspectivas.”
Nesse sentido, o relatório põe em relevo que velocidade, simulação e pessoalidade, itens da pauta sobre utilização das tecnologias, precisam de análises cuidadosas. “Um dos mais fecundos espaços criados pelas tecnologias é o das simulações”, exemplifica. “No exercício de um número cada vez maior de profissões, sistemas como os CAD (Computer-Aided Design) adquirem importância crescente. O merecido valor atribuído a tal recurso não pode conduzir a desvios do tipo substituição: nas relações humanas, por exemplo, não se pode abdicar do ser em função do mero parecer. A realidade virtual, por mais vivas que sejam as suas cores, não pode assumir o lugar da realidade concreta, do mundo que habitamos, e pelo qual somos responsáveis.”
Documentos oficiais
Abordando os documentos oficiais, tema do quarto seminário, o relatório destaca que a abundância de detalhes é um dos problemas para sua aplicação. “Caracteristicamente, os documentos reguladores incluem excesso de minudências. Um exemplo eloquente é a extensão da Base Nacional Comum Curricular, quase 600 páginas, com pormenores fixados desnecessariamente nas listas de competências a serem desenvolvidas – mais de 100 – por meio de nada menos do que 1.571 habilidades específicas.” Além disso, seja qual for a orientação educacional seguida pelas escolas, estas encontrarão grandes dificuldades para implementá-la sem recursos adequados para pessoal, instalações e equipamentos, frisa.
A autonomia das escolas surge no relatório como uma saída para os desafios reais da educação. É recomendada maior representatividade nos conselhos de educação e a retomada da orientação descentralizadora da LDB, que fortalece a autonomia do corpo docente.
“De modo a dar consequência à perspectiva de que as escolas busquem seus próprios formatos e caminhos, os órgãos técnicos do poder público precisam dedicar-se a subsidiar as comunidades escolares para elaborarem as propostas pedagógicas, fortalecerem a representatividade dos conselhos de escolas e avaliarem o cumprimento de suas propostas”, sugere o relatório.
Experiências inovadoras
Pondo em xeque a visão de que o sistema educacional brasileiro é um completo fracasso, o documento ainda reserva espaço para discutir experiências inspiradoras e criativas, destacando suas inovações, assunto do quinto e último seminário do ciclo.
Dessas observações, o texto propõe o fomento da autonomia das escolas para a construção de seus projetos políticos pedagógicos e a valorização das escolas inovadoras, tornando-as polos de formação. Além disso, a experiência da educação inovadora, recomenda, deveria estar presente desde os programas de formação de professores, em sua própria estrutura, “organizando os grupos, os conhecimentos e os processos de avaliação de modo coerente com as teorias mais avançadas sobre aprendizagem e educação”.
Professor destaca importância de carreira mais atrativa para docentes
Tendo essas orientações como ponto de partida, o documento propõe que a polarização entre o fascínio da tecnologia e sua recusa sejam superados e seu papel enquanto meio, e não fim, seja reiterado. “Na escola básica, as tecnologias são meios fundamentais para que sejam atingidos os fins educacionais, mas não há vento que ajude um barco sem rumo. Na ausência de projetos norteadores das ações educacionais, por mais interessantes e expressivos que sejam os recursos tecnológicos, a sensação inevitável é a de inversão de perspectivas.”
Nesse sentido, o relatório põe em relevo que velocidade, simulação e pessoalidade, itens da pauta sobre utilização das tecnologias, precisam de análises cuidadosas. “Um dos mais fecundos espaços criados pelas tecnologias é o das simulações”, exemplifica. “No exercício de um número cada vez maior de profissões, sistemas como os CAD (Computer-Aided Design) adquirem importância crescente. O merecido valor atribuído a tal recurso não pode conduzir a desvios do tipo substituição: nas relações humanas, por exemplo, não se pode abdicar do ser em função do mero parecer. A realidade virtual, por mais vivas que sejam as suas cores, não pode assumir o lugar da realidade concreta, do mundo que habitamos, e pelo qual somos responsáveis.”
Documentos oficiais
Abordando os documentos oficiais, tema do quarto seminário, o relatório destaca que a abundância de detalhes é um dos problemas para sua aplicação. “Caracteristicamente, os documentos reguladores incluem excesso de minudências. Um exemplo eloquente é a extensão da Base Nacional Comum Curricular, quase 600 páginas, com pormenores fixados desnecessariamente nas listas de competências a serem desenvolvidas – mais de 100 – por meio de nada menos do que 1.571 habilidades específicas.” Além disso, seja qual for a orientação educacional seguida pelas escolas, estas encontrarão grandes dificuldades para implementá-la sem recursos adequados para pessoal, instalações e equipamentos, frisa.
A autonomia das escolas surge no relatório como uma saída para os desafios reais da educação. É recomendada maior representatividade nos conselhos de educação e a retomada da orientação descentralizadora da LDB, que fortalece a autonomia do corpo docente.
“De modo a dar consequência à perspectiva de que as escolas busquem seus próprios formatos e caminhos, os órgãos técnicos do poder público precisam dedicar-se a subsidiar as comunidades escolares para elaborarem as propostas pedagógicas, fortalecerem a representatividade dos conselhos de escolas e avaliarem o cumprimento de suas propostas”, sugere o relatório.
Experiências inovadoras
Pondo em xeque a visão de que o sistema educacional brasileiro é um completo fracasso, o documento ainda reserva espaço para discutir experiências inspiradoras e criativas, destacando suas inovações, assunto do quinto e último seminário do ciclo.
Dessas observações, o texto propõe o fomento da autonomia das escolas para a construção de seus projetos políticos pedagógicos e a valorização das escolas inovadoras, tornando-as polos de formação. Além disso, a experiência da educação inovadora, recomenda, deveria estar presente desde os programas de formação de professores, em sua própria estrutura, “organizando os grupos, os conhecimentos e os processos de avaliação de modo coerente com as teorias mais avançadas sobre aprendizagem e educação”.
Professor destaca importância de carreira mais atrativa para docentes
O professor Nílson José Machado: “As avaliações são abundantes, o planejamento é um pouco limitado e o projeto não existe. Esse é o grande problema: gasta-se muito, sem resultado” – Foto: Jorge Maruta / USP Imagens
Segundo o professor Nílson José Machado – coordenador do Grupo de Estudos sobre a Educação Básica Brasileira do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP -, as narrativas mais sedutoras sobre a crise da educação básica desviam o foco dos pontos decisivos que precisam de atenção.
“A falta de professores ou de professores de qualidade na educação básica é um discurso muito presente no senso comum. Eu discordo radicalmente. Bons professores nós sempre tivemos e continuamos a ter. O que há é falta de boas condições de trabalho. Isso inclui salário, mas não se esgota aí. Cansei de ver alguns dos meus melhores alunos da licenciatura, todo ano, fugindo da sala de aula.”
De acordo com o relatório elaborado pelo grupo, existem atualmente 2,2 milhões de professores em atividade e 1,5 milhão de estudantes em cursos de formação de professores no País. Segundo o documento, 20% do total de pessoas matriculadas no ensino superior frequentam cursos de licenciatura. Tais números indicam que não há desinteresse pela profissão. A questão salarial, contudo, representa forte desestímulo ao professor. A remuneração dos profissionais da educação básica é cerca de 52% por cento menor que a correspondente de atuantes em outras áreas, aponta o relatório. Um professor da rede pública ganha, em média, 3,8 mil reais por 40 horas de trabalho, enquanto a média entre profissionais de todas as áreas com nível de formação similar é de 7,3 mil reais.
Segundo o professor Nílson José Machado – coordenador do Grupo de Estudos sobre a Educação Básica Brasileira do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP -, as narrativas mais sedutoras sobre a crise da educação básica desviam o foco dos pontos decisivos que precisam de atenção.
“A falta de professores ou de professores de qualidade na educação básica é um discurso muito presente no senso comum. Eu discordo radicalmente. Bons professores nós sempre tivemos e continuamos a ter. O que há é falta de boas condições de trabalho. Isso inclui salário, mas não se esgota aí. Cansei de ver alguns dos meus melhores alunos da licenciatura, todo ano, fugindo da sala de aula.”
De acordo com o relatório elaborado pelo grupo, existem atualmente 2,2 milhões de professores em atividade e 1,5 milhão de estudantes em cursos de formação de professores no País. Segundo o documento, 20% do total de pessoas matriculadas no ensino superior frequentam cursos de licenciatura. Tais números indicam que não há desinteresse pela profissão. A questão salarial, contudo, representa forte desestímulo ao professor. A remuneração dos profissionais da educação básica é cerca de 52% por cento menor que a correspondente de atuantes em outras áreas, aponta o relatório. Um professor da rede pública ganha, em média, 3,8 mil reais por 40 horas de trabalho, enquanto a média entre profissionais de todas as áreas com nível de formação similar é de 7,3 mil reais.
“Quanto mais bem preparado é o professor, quanto mais bem formado, mais vai fazer outra coisa”, comenta Machado. “Na melhor das hipóteses, ele sai da escola básica e vai trabalhar no ensino superior.”
Uma das formas de enfrentar esse desafio, indica, seria a transformação da carreira do magistério em uma carreira de Estado, como acontece no Ministério Público, reunindo docentes de todos os níveis de ensino. O projeto de lei 2 286/2015, do senador Cristovam Buarque, representa um passo nessa direção. Aprovado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados em abril de 2017, prevê a federalização gradual da educação básica, com a criação de uma carreira nacional.
A partir do projeto de lei, o relatório do grupo de estudos sugere que tal carreira poderia incluir o nível superior. Isso permitiria ao professor da universidade pública dedicar períodos de sua atividade à sala de aula da educação básica mantendo a remuneração correspondente ao ensino universitário. O documento aponta também que um professor da educação básica, ao concluir mestrado ou doutorado em sua área de atuação, poderia automaticamente passar a receber salário correspondente à sua titulação, permanecendo na sala de aula.
Uma das formas de enfrentar esse desafio, indica, seria a transformação da carreira do magistério em uma carreira de Estado, como acontece no Ministério Público, reunindo docentes de todos os níveis de ensino. O projeto de lei 2 286/2015, do senador Cristovam Buarque, representa um passo nessa direção. Aprovado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados em abril de 2017, prevê a federalização gradual da educação básica, com a criação de uma carreira nacional.
A partir do projeto de lei, o relatório do grupo de estudos sugere que tal carreira poderia incluir o nível superior. Isso permitiria ao professor da universidade pública dedicar períodos de sua atividade à sala de aula da educação básica mantendo a remuneração correspondente ao ensino universitário. O documento aponta também que um professor da educação básica, ao concluir mestrado ou doutorado em sua área de atuação, poderia automaticamente passar a receber salário correspondente à sua titulação, permanecendo na sala de aula.
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 25/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/cultura/usp-elabora-documento-com-propostas-para-a-educacao/
Tecnologia pode ajudar a combater crise alimentar prevista pela FAO
Pesquisas buscam análises mais rápidas e assertivas – Foto: Rodrigo Trevisan
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou o alerta alguns anos atrás: para alimentar uma população mundial estimada em 9 bilhões de pessoas em 2050, seria necessário duplicar a produção agrícola. Desde então, uma geração de jovens pesquisadores vem se capacitando para produzir mais ocupando menor área, em tempo mais curto e de forma sustentável, mitigando os impactos ambientais. Eles utilizam técnicas de análise genômica e bioinformática para gerar novos cultivares e subsidiar com dados precisos as decisões dos agricultores.
Uma dessas pesquisadoras é a melhorista e geneticista Júlia Silva Morosini, doutoranda no programa de Genética e Melhoramento de Plantas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. Ela trabalha com ferramentas como a predição genômica para fazer o melhoramento genético de milho. No segundo semestre, deve realizar uma série de análises focadas em tornar mais eficiente o uso de nitrogênio.
“Na minha pesquisa, temos informações dos marcadores para estimar quanto uma planta ou população vai produzir ou qual será o desempenho de uma dada característica com base em dados moleculares, antes mesmo da planta ir para o campo”, conta Júlia. “Nosso objetivo é selecionar uma planta que seja capaz de demandar a metade do nitrogênio para ter o mesmo rendimento”, completa ela.
Júlia é orientada pelo professor Roberto Fritsche Neto, do Departamento de Genética da Esalq. O docente coordena o Laboratório de Melhoramento de Plantas Alógamas. As pesquisas do laboratório tem dois objetivos: compreender a genética e o melhoramento de plantas em condições de estresse abiótico – ligado principalmente às condições ambientais – e desenvolver um banco de material genético de milho tropical que seja mais eficiente no uso de nitrogênio.
“Buscamos desenvolver modelos e métodos de predição genética, os quais irão auxiliar no desenvolvimento de cultivares mais adaptados (produtivos e estáveis) aos ambientes atuais e futuros. Consequentemente, aumentar seguridade alimentar e reduzir custos de produção”, detalha Fritsche Neto.
Agricultura de precisão
Durante o mestrado em Engenharia de Sistemas Agrícolas na Esalq, o engenheiro agrônomo Rodrigo Gonçalves Trevisan atuou com a eficiência de nitrogênio no cultivo do algodão. Agora, no doutorado na University of Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, ele se aproxima das técnicas de seleção genômica, buscando aprimorar o conhecimento sobre doses, momentos e ferramentas adequadas para aplicar o nitrogênio à planta. Tudo isso com ajuda da bioinformática.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou o alerta alguns anos atrás: para alimentar uma população mundial estimada em 9 bilhões de pessoas em 2050, seria necessário duplicar a produção agrícola. Desde então, uma geração de jovens pesquisadores vem se capacitando para produzir mais ocupando menor área, em tempo mais curto e de forma sustentável, mitigando os impactos ambientais. Eles utilizam técnicas de análise genômica e bioinformática para gerar novos cultivares e subsidiar com dados precisos as decisões dos agricultores.
Uma dessas pesquisadoras é a melhorista e geneticista Júlia Silva Morosini, doutoranda no programa de Genética e Melhoramento de Plantas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. Ela trabalha com ferramentas como a predição genômica para fazer o melhoramento genético de milho. No segundo semestre, deve realizar uma série de análises focadas em tornar mais eficiente o uso de nitrogênio.
“Na minha pesquisa, temos informações dos marcadores para estimar quanto uma planta ou população vai produzir ou qual será o desempenho de uma dada característica com base em dados moleculares, antes mesmo da planta ir para o campo”, conta Júlia. “Nosso objetivo é selecionar uma planta que seja capaz de demandar a metade do nitrogênio para ter o mesmo rendimento”, completa ela.
Júlia é orientada pelo professor Roberto Fritsche Neto, do Departamento de Genética da Esalq. O docente coordena o Laboratório de Melhoramento de Plantas Alógamas. As pesquisas do laboratório tem dois objetivos: compreender a genética e o melhoramento de plantas em condições de estresse abiótico – ligado principalmente às condições ambientais – e desenvolver um banco de material genético de milho tropical que seja mais eficiente no uso de nitrogênio.
“Buscamos desenvolver modelos e métodos de predição genética, os quais irão auxiliar no desenvolvimento de cultivares mais adaptados (produtivos e estáveis) aos ambientes atuais e futuros. Consequentemente, aumentar seguridade alimentar e reduzir custos de produção”, detalha Fritsche Neto.
Agricultura de precisão
Durante o mestrado em Engenharia de Sistemas Agrícolas na Esalq, o engenheiro agrônomo Rodrigo Gonçalves Trevisan atuou com a eficiência de nitrogênio no cultivo do algodão. Agora, no doutorado na University of Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, ele se aproxima das técnicas de seleção genômica, buscando aprimorar o conhecimento sobre doses, momentos e ferramentas adequadas para aplicar o nitrogênio à planta. Tudo isso com ajuda da bioinformática.
Rodrigo Trevisan e Julia Morosini em campo experimental do Departamento de Genética – Foto: Cristiano Ferrari
Ele trabalha com experimentos instalados direto nas fazendas e utiliza sensores acoplados em drones que simulam a demanda de um insumo em cada planta. “Após a colheita, tenho a resposta com relação à dose aplicada, ao rendimento da planta, com informações que podem ser cruzadas de acordo com fatores diversos como clima, por exemplo”, explica Trevisan.
Dispor de informações sobre cada planta significa trabalhar em uma escala de análise mais refinada, que permite aos engenheiros agrônomos abandonarem as recomendações genéricas e oferecerem indicações personalizadas para os produtores agrícolas. “Com a agricultura de precisão, passamos a desenhar um mapa de produtividade de maneira que conseguimos construir um banco de dados robusto e obter algoritmos especificamente calibrados para aquele talhão, considerando cada condição”, diz o pesquisador. “Isso possibilita que cada produtor tenha em mãos as reais condições da sua fazenda”, acrescenta.
Inovações já são realidade?
Para trabalhar com informações na escala da planta, é essencial possuir equipamentos e contar com a ajuda da bioinformática. A produção científica registra ganhos sensíveis com o investimento em tecnologia. “Como um experimento ocupa uma grande área, o trabalho que antes era realizado por oito pesquisadores aqui do laboratório, durante uma semana, hoje resolvemos com o drone em apenas uma tarde. E o resultado obtido não é subjetivo, pelo contrário”, diz a geneticista Júlia.
Segundo Trevisan, tecnologias de melhoramento genético como a fenotipagem de alto rendimento já são o presente em pesquisas envolvendo culturas de alto valor agregado, a exemplo dos citros, do café e do milho. Ele entende que há oportunidades para o desenvolvimento de novas ferramentas que atendam a demanda de individualização por planta. Entretanto, a transferência de tecnologia ao campo ainda é um obstáculo a ser vencido.
Ele trabalha com experimentos instalados direto nas fazendas e utiliza sensores acoplados em drones que simulam a demanda de um insumo em cada planta. “Após a colheita, tenho a resposta com relação à dose aplicada, ao rendimento da planta, com informações que podem ser cruzadas de acordo com fatores diversos como clima, por exemplo”, explica Trevisan.
Dispor de informações sobre cada planta significa trabalhar em uma escala de análise mais refinada, que permite aos engenheiros agrônomos abandonarem as recomendações genéricas e oferecerem indicações personalizadas para os produtores agrícolas. “Com a agricultura de precisão, passamos a desenhar um mapa de produtividade de maneira que conseguimos construir um banco de dados robusto e obter algoritmos especificamente calibrados para aquele talhão, considerando cada condição”, diz o pesquisador. “Isso possibilita que cada produtor tenha em mãos as reais condições da sua fazenda”, acrescenta.
Inovações já são realidade?
Para trabalhar com informações na escala da planta, é essencial possuir equipamentos e contar com a ajuda da bioinformática. A produção científica registra ganhos sensíveis com o investimento em tecnologia. “Como um experimento ocupa uma grande área, o trabalho que antes era realizado por oito pesquisadores aqui do laboratório, durante uma semana, hoje resolvemos com o drone em apenas uma tarde. E o resultado obtido não é subjetivo, pelo contrário”, diz a geneticista Júlia.
Segundo Trevisan, tecnologias de melhoramento genético como a fenotipagem de alto rendimento já são o presente em pesquisas envolvendo culturas de alto valor agregado, a exemplo dos citros, do café e do milho. Ele entende que há oportunidades para o desenvolvimento de novas ferramentas que atendam a demanda de individualização por planta. Entretanto, a transferência de tecnologia ao campo ainda é um obstáculo a ser vencido.
As decisões serão tomadas a partir de uma escala individualizada – Foto: Rodrigo Trevisan
O próprio engenheiro agrônomo tem trabalhado dentro dessa perspectiva. Ele é sócio-proprietário de uma startup chamada Smartagri, que utiliza técnicas de inteligência artificial para tomada de decisões. Ele afirma que a automatização diminuiu os custos com repetições de análise em até 100 vezes.
“Temos um projeto de controle de plantas daninhas. Sensores instalados a cada metro de barra do pulverizador detectam a presença das daninhas a cada 20 cm e tomam a decisão de aplicar ou não insumos. Isso tem proporcionado economia de até 95%, já que, se não temos plantas daninhas em toda a extensão, não temos porque desperdiçar fertilizantes”, conta Trevisan.
A produção em 2050
Os jovens cientistas da Esalq divergem quando o assunto são suas previsões a respeito do desafio colocado pela FAO: será possível alimentar toda a população mundial em 2050?
Trevisan acredita que as novidades tecnológicas nos campos da geração de energia, do melhoramento genético e do manejo não apenas serão capazes de garantia a segurança alimentar de 9 bilhões de pessoas em 2050, como também trarão alimentos com melhor qualidade nutricional. “Eu acredito que com o tipo de tecnologia que hoje estamos desenvolvendo, tão disruptiva, permite projetar um cenário de expansão exponencial da produção agrícola. Ao invés de pensarmos em um aumento de 5% a cada ano, quem sabe podemos imaginar dobrar a cada ano ou algo nessa dimensão”, projeta o engenheiro agrônomo.
Já Júlia é mais conservadora quando imagina o futuro. “O problema não vai deixar de existir, mas acredito que em uma escala muito mais branda. Identificamos o problema, provavelmente uma crise de abastecimento deve ocorrer, mas a comunidade científica começou a tomar decisões para que ele seja o mais mitigado possível. Aumentar a produção em uma mesma área, deixando de impactar outras, já é uma realidade possível. Estamos nos preparando bem para que o cenário não seja tão assustador quanto imaginávamos”, diz a geneticista.
Com informações de Caio Albuquerque/Divisão de Comunicação da Esalq
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 25/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-agrarias/tecnologia-pode-ajudar-a-combater-crise-alimentar-prevista-pela-fao/
O próprio engenheiro agrônomo tem trabalhado dentro dessa perspectiva. Ele é sócio-proprietário de uma startup chamada Smartagri, que utiliza técnicas de inteligência artificial para tomada de decisões. Ele afirma que a automatização diminuiu os custos com repetições de análise em até 100 vezes.
“Temos um projeto de controle de plantas daninhas. Sensores instalados a cada metro de barra do pulverizador detectam a presença das daninhas a cada 20 cm e tomam a decisão de aplicar ou não insumos. Isso tem proporcionado economia de até 95%, já que, se não temos plantas daninhas em toda a extensão, não temos porque desperdiçar fertilizantes”, conta Trevisan.
A produção em 2050
Os jovens cientistas da Esalq divergem quando o assunto são suas previsões a respeito do desafio colocado pela FAO: será possível alimentar toda a população mundial em 2050?
Trevisan acredita que as novidades tecnológicas nos campos da geração de energia, do melhoramento genético e do manejo não apenas serão capazes de garantia a segurança alimentar de 9 bilhões de pessoas em 2050, como também trarão alimentos com melhor qualidade nutricional. “Eu acredito que com o tipo de tecnologia que hoje estamos desenvolvendo, tão disruptiva, permite projetar um cenário de expansão exponencial da produção agrícola. Ao invés de pensarmos em um aumento de 5% a cada ano, quem sabe podemos imaginar dobrar a cada ano ou algo nessa dimensão”, projeta o engenheiro agrônomo.
Já Júlia é mais conservadora quando imagina o futuro. “O problema não vai deixar de existir, mas acredito que em uma escala muito mais branda. Identificamos o problema, provavelmente uma crise de abastecimento deve ocorrer, mas a comunidade científica começou a tomar decisões para que ele seja o mais mitigado possível. Aumentar a produção em uma mesma área, deixando de impactar outras, já é uma realidade possível. Estamos nos preparando bem para que o cenário não seja tão assustador quanto imaginávamos”, diz a geneticista.
Com informações de Caio Albuquerque/Divisão de Comunicação da Esalq
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 25/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-agrarias/tecnologia-pode-ajudar-a-combater-crise-alimentar-prevista-pela-fao/
Praga invasora resiste a inseticidas recomendados pelo governo
Resistência da lagarta da Helicoverpa armigera a grupo de inseticidas já havia sido relatada em países como Austrália, China, Índia e Paquistão – Foto: Gerhard Waller / Esalq
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Originária do Velho Mundo, a mariposa da espécie Helicoverpa armigera foi reportada no Brasil em 2013, quando causou danos severos e perdas econômicas em torno de US$ 2 bilhões nas lavouras de soja e algodão. Para combater a praga invasora, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento elaborou uma lista de produtos para uso emergencial de controle. O problema é que essas mariposas são altamente resistentes a parte dos inseticidas incluídos na lista, principalmente àqueles pertencentes ao grupo dos piretroides.
“Foram relatadas falhas no controle de H. armigera com esse grupo de inseticidas em diversas regiões produtoras do Brasil”, alerta a engenheira agrônoma Mariana Durigan, que desenvolveu estudo sobre o tema no Programa de Pós-graduação em Entomologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba.
Os piretroides são compostos químicos sintéticos similares a substâncias produzidas por flores do gênero Pyrethrum. Segundo Mariana, a resistência das lagartas da H. armigera a esses compostos já havia sido reportada em alta frequência em países como Austrália, China, Índia e Paquistão. No doutorado, sob a orientação do professor Celso Omoto, do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq, a engenheira agrônoma procurou caracterizar a suscetibilidade e investigar os mecanismos de resistência da H. armigera a inseticidas que atuam nos canais de sódio, piretroides e oxadiazinas.
A pesquisadora detectou nas mariposas a presença da subfamília do gene P450 CYP337B3, que confere resistência aos piretroides. “Considerando que resistência é um caráter genético e hereditário, nós consideramos a hipótese de que os indivíduos que deram origem às populações de H. armigera no Brasil possuíam (características genéticas) que conferem resistência a piretroides, o que explicaria as falhas de controle observadas em campo”, explica a engenheira agrônoma.
Mariana Durigan também verificou o caráter dominante da resistência da espécie aos inseticidas, o que acelera sua evolução em uma população de pragas.
A pesquisa sugere que deve ser realizada a implementação de um programa de manejo da resistência de H. armigera a inseticidas no Brasil para garantir a vida útil e a eficácia dos inseticidas no campo.
“A implementação de um programa de manejo da resistência de H. armigera a inseticidas no Brasil é crucial e urgente, se quisermos garantir a produtividade e sustentabilidade das nossas lavouras, além de prolongar a vida útil das moléculas disponíveis no mercado”, afirma a engenheira agrônoma.
Parte dos resultados encontrados na pesquisa foi publicada em 2017 na revista Pesticide Biochemistry and Physiology. Em 2017, Mariana foi contemplada com bolsa Capes-PDSE e realizou doutorado sanduíche no Max Planck Institute for Chemical Ecology, na Alemanha, sob a orientação de David Heckel, quando teve a oportunidade de investigar outros mecanismos de resistência a piretroides no Brasil.
Com informações de Caio Albuquerque/Divisão de Comunicação da Esalq
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 20/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-agrarias/praga-invasora-resiste-a-inseticidas-recomendados-pelo-governo/
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Originária do Velho Mundo, a mariposa da espécie Helicoverpa armigera foi reportada no Brasil em 2013, quando causou danos severos e perdas econômicas em torno de US$ 2 bilhões nas lavouras de soja e algodão. Para combater a praga invasora, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento elaborou uma lista de produtos para uso emergencial de controle. O problema é que essas mariposas são altamente resistentes a parte dos inseticidas incluídos na lista, principalmente àqueles pertencentes ao grupo dos piretroides.
“Foram relatadas falhas no controle de H. armigera com esse grupo de inseticidas em diversas regiões produtoras do Brasil”, alerta a engenheira agrônoma Mariana Durigan, que desenvolveu estudo sobre o tema no Programa de Pós-graduação em Entomologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba.
Os piretroides são compostos químicos sintéticos similares a substâncias produzidas por flores do gênero Pyrethrum. Segundo Mariana, a resistência das lagartas da H. armigera a esses compostos já havia sido reportada em alta frequência em países como Austrália, China, Índia e Paquistão. No doutorado, sob a orientação do professor Celso Omoto, do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq, a engenheira agrônoma procurou caracterizar a suscetibilidade e investigar os mecanismos de resistência da H. armigera a inseticidas que atuam nos canais de sódio, piretroides e oxadiazinas.
A pesquisadora detectou nas mariposas a presença da subfamília do gene P450 CYP337B3, que confere resistência aos piretroides. “Considerando que resistência é um caráter genético e hereditário, nós consideramos a hipótese de que os indivíduos que deram origem às populações de H. armigera no Brasil possuíam (características genéticas) que conferem resistência a piretroides, o que explicaria as falhas de controle observadas em campo”, explica a engenheira agrônoma.
Mariana Durigan também verificou o caráter dominante da resistência da espécie aos inseticidas, o que acelera sua evolução em uma população de pragas.
A pesquisa sugere que deve ser realizada a implementação de um programa de manejo da resistência de H. armigera a inseticidas no Brasil para garantir a vida útil e a eficácia dos inseticidas no campo.
“A implementação de um programa de manejo da resistência de H. armigera a inseticidas no Brasil é crucial e urgente, se quisermos garantir a produtividade e sustentabilidade das nossas lavouras, além de prolongar a vida útil das moléculas disponíveis no mercado”, afirma a engenheira agrônoma.
Parte dos resultados encontrados na pesquisa foi publicada em 2017 na revista Pesticide Biochemistry and Physiology. Em 2017, Mariana foi contemplada com bolsa Capes-PDSE e realizou doutorado sanduíche no Max Planck Institute for Chemical Ecology, na Alemanha, sob a orientação de David Heckel, quando teve a oportunidade de investigar outros mecanismos de resistência a piretroides no Brasil.
Com informações de Caio Albuquerque/Divisão de Comunicação da Esalq
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 20/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-agrarias/praga-invasora-resiste-a-inseticidas-recomendados-pelo-governo/
Ciências ômicas abrem caminhos para a medicina personalizada
Especialistas manipulam amostras no laboratório da USP em Piracicaba que atua na genômica funcional – Foto: Gerhard Waller
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O Laboratório Multiusuários Centralizado em Genômica Funcional Aplicada à Agropecuária e Agroenergia, sediado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, está envolvido em parcerias que têm contribuído efetivamente para a geração de pesquisas médicas na área das ciências ômicas, ou seja, relacionadas a estudos de DNA (genômica), RNA (transcriptômica), proteínas (proteômica) e metabólitos (metabolômica).
Uma instituição de pesquisa que tem utilizado as ferramentas ômicas é o A.C.Camargo Cancer Center, um centro integrado de diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa do câncer. O A.C.Camargo Cancer Center possui uma ampla experiência em genômica e transcriptômica, sendo a maior parte dos projetos desenvolvidos neste campo.
“De uma maneira geral, proteômica e metabolômica ainda é um campo pouco explorado em nossa instituição. No momento, estamos em fase de inserção dessas tecnologias a partir de uma colaboração com o Laboratório Multiusuários da Esalq, fazendo uso dos equipamentos de espectrometria de massas [que permite a identificação de proteínas em uma amostra] no Laboratório de Proteômica e Metabolômica, coordenado pelo professor Carlos Alberto Labate”, diz a biomédica Elisângela de Jesus Silva, atualmente realizando pós-doutorado no grupo de pesquisa da Patologia Investigativa do A.C.Camargo Center.
Segundo Elisângela, os principais benefícios do uso de estratégias ômicas em cancerologia estão relacionados ao estudo dos mecanismos moleculares responsáveis pela carcinogênese (as causas e como surge o câncer) e pela progressão da doença, além da busca de biomarcadores diagnósticos, prognósticos (qual a tendência de evolução da doença) e que possam predizer se haverá resposta a tratamentos para diversos tipos de tumores. “A ideia é que a futura translação desses conhecimentos para a clínica médica possa contribuir no desenvolvimento da medicina personalizada, trazendo maior expectativa de sobrevivência e melhor qualidade de vida para pacientes oncológicos”, diz ela.
“O objetivo inicial do projeto em que estou envolvida é aplicar técnicas de proteômica label-free [método que quantifica as proteínas de uma amostra] e metabolômica em tecidos cancerosos e biofluidos de pacientes acometidos por tumores associados ao vírus do papiloma humano (do inglês HPV, Human Papiloma Virus), como câncer de pênis e da boca”, conta a biomédica, afirmando que a integração destas abordagens contribuirá para o desenvolvimento de biomarcadores de valor clínico significativo, incluindo a predição de resposta à imunoterapias. “Até o momento enviamos ao Laboratório Multiusuários da Esalq apenas amostras de câncer de pênis para realização de um teste piloto”, revela.
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Odontologia
Outra área beneficiada com os estudos que utilizam as ciências ômicas é a odontologia. “As ferramentas vieram para ficar, embora o acesso em termos de custo e as dificuldades na análise (bioinformática) sejam particularmente impactantes. A facilidade de varrer inúmeros genes é fascinante e permite uma visão muito mais global no contexto, em meu caso, de algumas doenças genéticas da cavidade oral”, diz o professor Ricardo Coletta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O professor já fez uso do Centro de Genômica Funcional – que é coordenado pelo professor Luiz Lehmann Coutinho, e também faz parte do Laboratório Multiusuários da Esalq – e ressalta a competência da equipe e a vantagem dos alunos acompanharem o processamento de análise das amostras.
Segundo Colleta, seu grupo de pesquisa utiliza as ferramentas ômicas para descobertas de mutações/variantes polimórficas associadas à síndromes ou doenças genéticas raras da cavidade oral, incluindo fibromatose gengival hereditária (doença rara caracterizada pelo aumento progressivo do tecido gengival) e fissura labiopalatina (malformação em indivíduos que nascem com o fechamento incompleto do céu da boca), além de usarem especificamente espectrometria de massas para caracterizar biomarcadores proteicos associados ao câncer de boca.
O pesquisador cita que um dos resultados que seu grupo de pesquisa conseguiu obter foi “descrever mutações novas em casos de fibromatose [doença caracterizada pelo crescimento do tecido conjuntivo] e de oligodontia não-sindrômica [anomalia dentária envolvendo a ausência de seis ou mais dentes permanentes]”, diz. “Estamos analisando os dados de outras doenças. No caso da espectrometria de massas, já descrevemos vários marcadores com potencial prognóstico, contudo muito ainda tem que ser realizado antes de levá-los a prática clínica, seja como marcadores, seja como alvos terapêuticos para o câncer oral”, explica.
Financiado pela Fapesp, o Laboratório Multiusuários Centralizado em Genômica Funcional Aplicada à Agropecuária e Agroenergia fica na Esalq, no campus da USP em Piracicaba, e atende a demandas de diferentes instituições, como universidades e empresas.
Tássia Oliveira Biazon, especial para o Jornal da USP
Mais informações: e-mail
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 26/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/ciencias-omicas-abrem-caminhos-para-a-medicina-personalizada/
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O Laboratório Multiusuários Centralizado em Genômica Funcional Aplicada à Agropecuária e Agroenergia, sediado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, está envolvido em parcerias que têm contribuído efetivamente para a geração de pesquisas médicas na área das ciências ômicas, ou seja, relacionadas a estudos de DNA (genômica), RNA (transcriptômica), proteínas (proteômica) e metabólitos (metabolômica).
Uma instituição de pesquisa que tem utilizado as ferramentas ômicas é o A.C.Camargo Cancer Center, um centro integrado de diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa do câncer. O A.C.Camargo Cancer Center possui uma ampla experiência em genômica e transcriptômica, sendo a maior parte dos projetos desenvolvidos neste campo.
“De uma maneira geral, proteômica e metabolômica ainda é um campo pouco explorado em nossa instituição. No momento, estamos em fase de inserção dessas tecnologias a partir de uma colaboração com o Laboratório Multiusuários da Esalq, fazendo uso dos equipamentos de espectrometria de massas [que permite a identificação de proteínas em uma amostra] no Laboratório de Proteômica e Metabolômica, coordenado pelo professor Carlos Alberto Labate”, diz a biomédica Elisângela de Jesus Silva, atualmente realizando pós-doutorado no grupo de pesquisa da Patologia Investigativa do A.C.Camargo Center.
Segundo Elisângela, os principais benefícios do uso de estratégias ômicas em cancerologia estão relacionados ao estudo dos mecanismos moleculares responsáveis pela carcinogênese (as causas e como surge o câncer) e pela progressão da doença, além da busca de biomarcadores diagnósticos, prognósticos (qual a tendência de evolução da doença) e que possam predizer se haverá resposta a tratamentos para diversos tipos de tumores. “A ideia é que a futura translação desses conhecimentos para a clínica médica possa contribuir no desenvolvimento da medicina personalizada, trazendo maior expectativa de sobrevivência e melhor qualidade de vida para pacientes oncológicos”, diz ela.
“O objetivo inicial do projeto em que estou envolvida é aplicar técnicas de proteômica label-free [método que quantifica as proteínas de uma amostra] e metabolômica em tecidos cancerosos e biofluidos de pacientes acometidos por tumores associados ao vírus do papiloma humano (do inglês HPV, Human Papiloma Virus), como câncer de pênis e da boca”, conta a biomédica, afirmando que a integração destas abordagens contribuirá para o desenvolvimento de biomarcadores de valor clínico significativo, incluindo a predição de resposta à imunoterapias. “Até o momento enviamos ao Laboratório Multiusuários da Esalq apenas amostras de câncer de pênis para realização de um teste piloto”, revela.
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Odontologia
Outra área beneficiada com os estudos que utilizam as ciências ômicas é a odontologia. “As ferramentas vieram para ficar, embora o acesso em termos de custo e as dificuldades na análise (bioinformática) sejam particularmente impactantes. A facilidade de varrer inúmeros genes é fascinante e permite uma visão muito mais global no contexto, em meu caso, de algumas doenças genéticas da cavidade oral”, diz o professor Ricardo Coletta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O professor já fez uso do Centro de Genômica Funcional – que é coordenado pelo professor Luiz Lehmann Coutinho, e também faz parte do Laboratório Multiusuários da Esalq – e ressalta a competência da equipe e a vantagem dos alunos acompanharem o processamento de análise das amostras.
Segundo Colleta, seu grupo de pesquisa utiliza as ferramentas ômicas para descobertas de mutações/variantes polimórficas associadas à síndromes ou doenças genéticas raras da cavidade oral, incluindo fibromatose gengival hereditária (doença rara caracterizada pelo aumento progressivo do tecido gengival) e fissura labiopalatina (malformação em indivíduos que nascem com o fechamento incompleto do céu da boca), além de usarem especificamente espectrometria de massas para caracterizar biomarcadores proteicos associados ao câncer de boca.
O pesquisador cita que um dos resultados que seu grupo de pesquisa conseguiu obter foi “descrever mutações novas em casos de fibromatose [doença caracterizada pelo crescimento do tecido conjuntivo] e de oligodontia não-sindrômica [anomalia dentária envolvendo a ausência de seis ou mais dentes permanentes]”, diz. “Estamos analisando os dados de outras doenças. No caso da espectrometria de massas, já descrevemos vários marcadores com potencial prognóstico, contudo muito ainda tem que ser realizado antes de levá-los a prática clínica, seja como marcadores, seja como alvos terapêuticos para o câncer oral”, explica.
Financiado pela Fapesp, o Laboratório Multiusuários Centralizado em Genômica Funcional Aplicada à Agropecuária e Agroenergia fica na Esalq, no campus da USP em Piracicaba, e atende a demandas de diferentes instituições, como universidades e empresas.
Tássia Oliveira Biazon, especial para o Jornal da USP
Mais informações: e-mail
Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data de Publicação: 26/07/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/ciencias-omicas-abrem-caminhos-para-a-medicina-personalizada/
Descarte inadequado de baterias de celulares ameaça o meio ambiente*
Mais do que um ciclo vicioso, é uma reação em cadeia. O descarte inadequado de certos materiais, como pilhas e baterias de celular, contamina o solo de lixões e aterros sanitários, que, por ação da chuva, contamina lençóis freáticos, que contamina a terra de regiões próximas, o que por sua vez contamina as plantas que ali sejam cultivadas e os organismos vivos que as consomem. No caso de certos metais pesados, como o cádmio, podemos dizer que os efeitos dessa sequência negativa se voltam para aquele que lhe deu início: o homem.
“Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais, a Abetre, dos 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos gerados anualmente no Brasil, apenas 600 mil toneladas recebem tratamento adequado”, fala a engenheira química Elis Eleutherio, coordenadora do Laboratório de Investigação de Fatores de Estresse (Life), do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ/UFRJ). Empenhada em encontrar soluções para a situação, que progressivamente se agrava – mais ou menos na mesma medida em que aparelhos eletrônicos se tornam mais e mais presentes no nosso dia a dia –, ela tem em mente dois objetivos: monitorar e propor medidas para remediação de cádmio, classificado como carcinogênico pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
As soluções habitualmente empregadas – precipitação química, troca iônica, filtração, tratamento eletroquímico, membranas e recuperação por evaporação – vêm se mostrando, além de dispendiosas, ineficientes, quando se pretende remover metais em baixas concentrações. Devido à sua elevada toxidez, a legislação ambiental em vigor (Resolução nº 430/2011, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, Conama) determina que o máximo de cádmio admissível em efluentes seja de 0,2 mg/ L. Ou seja, a quantidade dos chamados resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais, que são lançados no meio ambiente, na forma de líquidos ou de gases. A equipe coordenada por Elis buscou desenvolver tecnologias de baixo custo que viabilizassem a recuperação desse metal em efluentes e águas contaminados. A saída encontrada foram os micro-organismos. Mais precisamente, as leveduras da espécie Saccharomyces cerevisiae, as mesmas habitualmente empregadas no preparo de pão, do vinho e da cerveja.
Foi o que a pesquisadora propôs no projeto “Biorremediação e aplicação de biossensor microbiano para detecção e avaliação da toxicidade em ambientes contaminados por metais pesados”, que contou com recursos do edital Apoio ao Estudo de Soluções para Problemas Relativos ao Meio Ambiente, da FAPERJ. O projeto teve a participação de mais cinco grupos de pesquisa, coordenados pelos professores Marcos Dias Pereira, Bianca Cruz Neves, Gilberto Domont, Joelma Freire e Claudia Vilela, especialistas nas áreas de avaliação da genotoxicidade e citotoxicidade de xenobióticos, biologia molecular e genética molecular de micro-organismos, espectrometria de massas de proteínas, bioinformática e avaliação de bioindicadores de poluição ambiental, respectivamente.
“Embora o Conama determine que as pilhas devam ser fabricadas com 0,0005% em peso de mercúrio, 0,002% em peso de cádmio e 0,1% em peso de chumbo, boa parte de pilhas e baterias que circulam no mercado brasileiro são cópias das originais e, portanto, não trazem identificação de componentes. Com isso, diversos produtores internacionais não se responsabilizam pelo seu descarte”, alerta a engenheira. Acrescente-se o fato de que o uso de cádmio em baterias cresceu paralelamente à proliferação do uso de celulares e eletrônicos. “Estamos falando do número desses aparelhos, cujo uso cresceu de 8%, em 1970, para 75%, em 2000. Desde o fim da década de 1990, as baterias de NiCd – a bateria de níquel cádmio – vêm sendo substituídas por baterias de NiMH, níquel metal hidreto, e de íons de lítio. Mesmo com uma legislação ambiental cada vez mais rígida, com o uso da tecnologia da mineração em grande escala e o crescente consumo de metais pela indústria, sempre haverá o risco de contaminação, tanto do ambiente quanto dos trabalhadores desse tipo de indústria”, fala a pesquisadora.
O esquema acima demonstra a relação da concentração do metal com a substância produzida pela levedura geneticamente modificada
Sendo assim, é preciso tomar todas as precauções possíveis para evitar que se repitam acidentes com metais tóxicos, como foi o caso da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, indústria de zinco, situada na Ilha da Madeira, próxima a Itaguaí, na Baía de Sepetiba, a 85 km do Rio de Janeiro, que se tornou o maior passivo ambiental do estado do Rio de Janeiro. No terreno da mineradora, que faliu em 1998, foram abandonados 390 mil m³ de efluentes líquidos, formando uma bacia com 260 mil m². Parte desses efluentes vazou, contaminando não somente os terrenos próximos, mas também as águas da Baía de Sepetiba e a vegetação do mangue circundante, com zinco, cádmio, mercúrio e chumbo, afetando seriamente a vida da população local. Em novembro de 2015, o rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, provocou outro acidente do gênero. Metais pesados, entre eles cádmio, acima do índice permitido, foram detectados em espécies de peixes e camarões analisadas em diferentes pontos da bacia do rio Doce, inclusive em sua foz.
Como os efeitos do cádmio são cumulativos, todo cuidado é pouco, já que mesmo em baixas concentrações, uma contaminação repetida pode ter resultados desastrosos a médio e longo prazo. Afinal, sua presença em níveis acima do tolerado está associada a certas doenças e a vários tipos de câncer.
No Japão, durante as primeiras décadas do século XX, a cidade de Kamioka tornou-se tristemente conhecida pela alta incidência de uma doença óssea, batizada como “itai-itai”, entre os trabalhadores de uma mineradora. Mais tarde verificou-se que a doença estava associada ao envenenamento por cádmio. Esse tipo de intoxicação causa alteração metabólica de minerais importantes para o organismo humano, dentre eles o cálcio, deixando os ossos extremamente fragilizados e passíveis de fraturas. No caso japonês, isso se traduzia nos relatos contundentes de fortes dores que todos os doentes repetiam.
“Um trabalho feito no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Solos e Recursos Ambientais, do Instituto Agronômico de Campinas, no interior de São Paulo, constatou a presença de metais pesados em solos agricultáveis, não só de São Paulo, mas também de outras regiões do Brasil. Verificou-se que a quantidade de cádmio estava acima do permitido e que isso estava muito disseminado”, diz Elis. Ela explica que, se a contaminação é comum em regiões próximas a atividades de mineração de cobre, zinco e chumbo, ou em áreas onde que há o descarte inadequado de material eletrônico, como os lixões, outra fonte de contaminação – acredite-se – seria a própria forma de fertilização do solo. Isso porque um dos complementos habituais empregados para fertilizar o solo para a agricultura é o zinco. “A longo prazo, o que acontece é que as pequenas quantidades de cádmio associadas a esse zinco terminam se acumulando e impregnando o solo. Daí a necessidade de constantes monitoramentos para saber quanto de cada metal há no solo”, argumenta a pesquisadora.
A questão é que essa contaminação não é meramente pontual. “Tanto as amostras colhidas por conta da proximidade de certas atividades quanto por conta do uso de fertilizantes na agricultura nos chamaram muito a atenção. A contaminação está presente em ambos os tipos de amostras, o que nos fez ver a seriedade do problema”, destacou.
Desta forma, os alimentos são facilmente alvo de contaminação por cádmio. Como resultado do fenômeno de bioacumulação, as quantidades subtóxicas presentes no ambiente podem atingir níveis de risco nos elos finais da cadeia trófica. A meia vida do cádmio no organismo é de aproximadamente 20 anos nas células do fígado e dos rins.
As leveduras Saccharomyces cerevisiae
Mas como remediar os ambientes contaminados? A proposta do projeto coordenado por Elis é usar a levedura Saccharomyces cerevisae. A remoção de metais, baseada em tecnologia empregando micro-organismos, se torna bastante promissora já que eles apresentam uma alta seletividade e baixo custo para produção, podendo ser utilizados para recuperação desses metais dos ambientes. Há mais de quinze anos, o Laboratório de Investigação de Fatores de Estresse (Life) usa Saccharomyces cerevisiae para estudar os mecanismos de tolerância a condições de estresse, em especial os causadas por cádmio. A partir desses estudos foram identificados os genes envolvidos na homeostase intracelular de metais que, ao serem manipulados através de engenharia genética, levariam ao desenvolvimento de uma levedura capaz de remover cádmio de ambientes contaminados com posterior recuperação do metal. “Modificadas geneticamente, as leveduras são capazes de absorver completamente todo o metal presente no meio, mesmo quantidades mínimas, o que sempre foi um problema com os outros métodos”, explica. “Em seguida, as leveduras seriam removidas para um ambiente confinado, onde excretariam o metal, para posterior incineração ou reciclo. As leveduras livres do cádmio poderiam então ser reutilizadas.”
As leveduras podem resolver ainda o problema do monitoramento constante. “Como as análises são caras, vimos a necessidade de desenvolver um biossensor, simples o suficiente para permitir que o monitoramento fosse feito por um leigo”, ressalta.
Usando genes que respondem à presença de cádmio, o grupo vem desenvolvendo uma levedura geneticamente modificada que muda a coloração do meio quando em contato com o metal. Quanto mais intensa a cor, maior a concentração do metal naquele meio (Fig.1). Para usar esta levedura no monitoramento de cádmio no ambiente, a ideia da equipe é imobilizá-la em um tablete ou em um papel especial que seria colocado em contato com o contaminante para observação da mudança de cor. “Isso possibilita visualizar a presença do cádmio. E o que é melhor, de forma bem barata”, conclui.
O cádmio e suas aplicações
A atmosfera terrestre recebe cerca de 400 toneladas de cádmio por ano. Noventa por cento desse total provém da atividade humana; o resto, dos incêndios florestais, dos vulcões e do desgaste do solo e das rochas. Subproduto da indústria do zinco, outras fontes de contaminação de cádmio vêm das indústrias de ferro e aço, do uso de combustíveis fósseis e dos fertilizantes. Como um bom condutor de eletricidade, ele serve para a fabricação de componentes eletrônicos; 80% da indústria são dedicados à produção das baterias recarregáveis que alimentam aparelhos domésticos, como telefones sem fio, controles remotos e brinquedos. É empregado em galvanoplastia e em ligas metálicas de baixo ponto de fusão. Alguns compostos de cádmio são utilizados como pigmentos – por exemplo, sulfeto de cádmio é empregado como pigmento amarelo – ou como estabilizantes de plásticos (como no PVC).
* Reportagem originalmente publicada em Rio Pesquisa, Ano IX, nº 37 (dezembro de 2016)
Autor: Vilma Homero
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data de Publicação: 26/07/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3601.2.3
“Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais, a Abetre, dos 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos gerados anualmente no Brasil, apenas 600 mil toneladas recebem tratamento adequado”, fala a engenheira química Elis Eleutherio, coordenadora do Laboratório de Investigação de Fatores de Estresse (Life), do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ/UFRJ). Empenhada em encontrar soluções para a situação, que progressivamente se agrava – mais ou menos na mesma medida em que aparelhos eletrônicos se tornam mais e mais presentes no nosso dia a dia –, ela tem em mente dois objetivos: monitorar e propor medidas para remediação de cádmio, classificado como carcinogênico pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
As soluções habitualmente empregadas – precipitação química, troca iônica, filtração, tratamento eletroquímico, membranas e recuperação por evaporação – vêm se mostrando, além de dispendiosas, ineficientes, quando se pretende remover metais em baixas concentrações. Devido à sua elevada toxidez, a legislação ambiental em vigor (Resolução nº 430/2011, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, Conama) determina que o máximo de cádmio admissível em efluentes seja de 0,2 mg/ L. Ou seja, a quantidade dos chamados resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais, que são lançados no meio ambiente, na forma de líquidos ou de gases. A equipe coordenada por Elis buscou desenvolver tecnologias de baixo custo que viabilizassem a recuperação desse metal em efluentes e águas contaminados. A saída encontrada foram os micro-organismos. Mais precisamente, as leveduras da espécie Saccharomyces cerevisiae, as mesmas habitualmente empregadas no preparo de pão, do vinho e da cerveja.
Foi o que a pesquisadora propôs no projeto “Biorremediação e aplicação de biossensor microbiano para detecção e avaliação da toxicidade em ambientes contaminados por metais pesados”, que contou com recursos do edital Apoio ao Estudo de Soluções para Problemas Relativos ao Meio Ambiente, da FAPERJ. O projeto teve a participação de mais cinco grupos de pesquisa, coordenados pelos professores Marcos Dias Pereira, Bianca Cruz Neves, Gilberto Domont, Joelma Freire e Claudia Vilela, especialistas nas áreas de avaliação da genotoxicidade e citotoxicidade de xenobióticos, biologia molecular e genética molecular de micro-organismos, espectrometria de massas de proteínas, bioinformática e avaliação de bioindicadores de poluição ambiental, respectivamente.
“Embora o Conama determine que as pilhas devam ser fabricadas com 0,0005% em peso de mercúrio, 0,002% em peso de cádmio e 0,1% em peso de chumbo, boa parte de pilhas e baterias que circulam no mercado brasileiro são cópias das originais e, portanto, não trazem identificação de componentes. Com isso, diversos produtores internacionais não se responsabilizam pelo seu descarte”, alerta a engenheira. Acrescente-se o fato de que o uso de cádmio em baterias cresceu paralelamente à proliferação do uso de celulares e eletrônicos. “Estamos falando do número desses aparelhos, cujo uso cresceu de 8%, em 1970, para 75%, em 2000. Desde o fim da década de 1990, as baterias de NiCd – a bateria de níquel cádmio – vêm sendo substituídas por baterias de NiMH, níquel metal hidreto, e de íons de lítio. Mesmo com uma legislação ambiental cada vez mais rígida, com o uso da tecnologia da mineração em grande escala e o crescente consumo de metais pela indústria, sempre haverá o risco de contaminação, tanto do ambiente quanto dos trabalhadores desse tipo de indústria”, fala a pesquisadora.
O esquema acima demonstra a relação da concentração do metal com a substância produzida pela levedura geneticamente modificada
Sendo assim, é preciso tomar todas as precauções possíveis para evitar que se repitam acidentes com metais tóxicos, como foi o caso da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, indústria de zinco, situada na Ilha da Madeira, próxima a Itaguaí, na Baía de Sepetiba, a 85 km do Rio de Janeiro, que se tornou o maior passivo ambiental do estado do Rio de Janeiro. No terreno da mineradora, que faliu em 1998, foram abandonados 390 mil m³ de efluentes líquidos, formando uma bacia com 260 mil m². Parte desses efluentes vazou, contaminando não somente os terrenos próximos, mas também as águas da Baía de Sepetiba e a vegetação do mangue circundante, com zinco, cádmio, mercúrio e chumbo, afetando seriamente a vida da população local. Em novembro de 2015, o rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, provocou outro acidente do gênero. Metais pesados, entre eles cádmio, acima do índice permitido, foram detectados em espécies de peixes e camarões analisadas em diferentes pontos da bacia do rio Doce, inclusive em sua foz.
Como os efeitos do cádmio são cumulativos, todo cuidado é pouco, já que mesmo em baixas concentrações, uma contaminação repetida pode ter resultados desastrosos a médio e longo prazo. Afinal, sua presença em níveis acima do tolerado está associada a certas doenças e a vários tipos de câncer.
No Japão, durante as primeiras décadas do século XX, a cidade de Kamioka tornou-se tristemente conhecida pela alta incidência de uma doença óssea, batizada como “itai-itai”, entre os trabalhadores de uma mineradora. Mais tarde verificou-se que a doença estava associada ao envenenamento por cádmio. Esse tipo de intoxicação causa alteração metabólica de minerais importantes para o organismo humano, dentre eles o cálcio, deixando os ossos extremamente fragilizados e passíveis de fraturas. No caso japonês, isso se traduzia nos relatos contundentes de fortes dores que todos os doentes repetiam.
“Um trabalho feito no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Solos e Recursos Ambientais, do Instituto Agronômico de Campinas, no interior de São Paulo, constatou a presença de metais pesados em solos agricultáveis, não só de São Paulo, mas também de outras regiões do Brasil. Verificou-se que a quantidade de cádmio estava acima do permitido e que isso estava muito disseminado”, diz Elis. Ela explica que, se a contaminação é comum em regiões próximas a atividades de mineração de cobre, zinco e chumbo, ou em áreas onde que há o descarte inadequado de material eletrônico, como os lixões, outra fonte de contaminação – acredite-se – seria a própria forma de fertilização do solo. Isso porque um dos complementos habituais empregados para fertilizar o solo para a agricultura é o zinco. “A longo prazo, o que acontece é que as pequenas quantidades de cádmio associadas a esse zinco terminam se acumulando e impregnando o solo. Daí a necessidade de constantes monitoramentos para saber quanto de cada metal há no solo”, argumenta a pesquisadora.
A questão é que essa contaminação não é meramente pontual. “Tanto as amostras colhidas por conta da proximidade de certas atividades quanto por conta do uso de fertilizantes na agricultura nos chamaram muito a atenção. A contaminação está presente em ambos os tipos de amostras, o que nos fez ver a seriedade do problema”, destacou.
Desta forma, os alimentos são facilmente alvo de contaminação por cádmio. Como resultado do fenômeno de bioacumulação, as quantidades subtóxicas presentes no ambiente podem atingir níveis de risco nos elos finais da cadeia trófica. A meia vida do cádmio no organismo é de aproximadamente 20 anos nas células do fígado e dos rins.
As leveduras Saccharomyces cerevisiae
Mas como remediar os ambientes contaminados? A proposta do projeto coordenado por Elis é usar a levedura Saccharomyces cerevisae. A remoção de metais, baseada em tecnologia empregando micro-organismos, se torna bastante promissora já que eles apresentam uma alta seletividade e baixo custo para produção, podendo ser utilizados para recuperação desses metais dos ambientes. Há mais de quinze anos, o Laboratório de Investigação de Fatores de Estresse (Life) usa Saccharomyces cerevisiae para estudar os mecanismos de tolerância a condições de estresse, em especial os causadas por cádmio. A partir desses estudos foram identificados os genes envolvidos na homeostase intracelular de metais que, ao serem manipulados através de engenharia genética, levariam ao desenvolvimento de uma levedura capaz de remover cádmio de ambientes contaminados com posterior recuperação do metal. “Modificadas geneticamente, as leveduras são capazes de absorver completamente todo o metal presente no meio, mesmo quantidades mínimas, o que sempre foi um problema com os outros métodos”, explica. “Em seguida, as leveduras seriam removidas para um ambiente confinado, onde excretariam o metal, para posterior incineração ou reciclo. As leveduras livres do cádmio poderiam então ser reutilizadas.”
As leveduras podem resolver ainda o problema do monitoramento constante. “Como as análises são caras, vimos a necessidade de desenvolver um biossensor, simples o suficiente para permitir que o monitoramento fosse feito por um leigo”, ressalta.
Usando genes que respondem à presença de cádmio, o grupo vem desenvolvendo uma levedura geneticamente modificada que muda a coloração do meio quando em contato com o metal. Quanto mais intensa a cor, maior a concentração do metal naquele meio (Fig.1). Para usar esta levedura no monitoramento de cádmio no ambiente, a ideia da equipe é imobilizá-la em um tablete ou em um papel especial que seria colocado em contato com o contaminante para observação da mudança de cor. “Isso possibilita visualizar a presença do cádmio. E o que é melhor, de forma bem barata”, conclui.
O cádmio e suas aplicações
A atmosfera terrestre recebe cerca de 400 toneladas de cádmio por ano. Noventa por cento desse total provém da atividade humana; o resto, dos incêndios florestais, dos vulcões e do desgaste do solo e das rochas. Subproduto da indústria do zinco, outras fontes de contaminação de cádmio vêm das indústrias de ferro e aço, do uso de combustíveis fósseis e dos fertilizantes. Como um bom condutor de eletricidade, ele serve para a fabricação de componentes eletrônicos; 80% da indústria são dedicados à produção das baterias recarregáveis que alimentam aparelhos domésticos, como telefones sem fio, controles remotos e brinquedos. É empregado em galvanoplastia e em ligas metálicas de baixo ponto de fusão. Alguns compostos de cádmio são utilizados como pigmentos – por exemplo, sulfeto de cádmio é empregado como pigmento amarelo – ou como estabilizantes de plásticos (como no PVC).
* Reportagem originalmente publicada em Rio Pesquisa, Ano IX, nº 37 (dezembro de 2016)
Autor: Vilma Homero
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data de Publicação: 26/07/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3601.2.3
Angela Uller toma posse como presidente do Conselho Superior da FAPERJ
A engenheira química Angela Cohen Uller, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tomou posse como a nova presidente do Conselho Superior da FAPERJ, durante a reunião mensal realizada nesta quarta-feira, dia 25 de julho, na sede da Fundação. Ela, que assume o cargo antes ocupado pelo matemático Jacob Palis, foi nomeada no último dia 5, junto com a nova vice-presidente do Conselho, Alice Ribeiro Casimiro Lopes, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que sucede, por sua vez, o padre Josafá Carlos de Siqueira, reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
É a primeira vez que tanto a presidência como a vice-presidência do Conselho são ocupadas por mulheres. A atual diretora Científica da FAPERJ, Eliete Bouskela, havia ocupado a presidência do Conselho em 2013. “É importante continuar ocupando novos espaços no mercado de trabalho para assegurar uma participação isonômica em cargos de direção. Tenho fé que a situação financeira do Estado melhore, e essa é a hora de nos organizar para propor um plano plurianual estratégico para a FAPERJ”, disse Angela.
Homenagem a Jacob Palis
Durante a reunião, Palis foi homenageado pelo Conselho Superior e recebeu uma placa em reconhecimento a sua contribuição. Palis presidiu o Conselho por duas vezes – de 1992 a 1998 e de 2015 a 2018, além de ter sido presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), de 2007 a 2016. Graduado em Matemática pela UFRJ e doutor em Matemática pela Universidade da Califórnia em 1967, Palis é professor titular do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) desde 1968. É detentor de diversos prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio Moinho Santista (1976), Prêmio TWAS em Matemática (1988), Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia (1990), InterAmerican Prize for Science (1995), Prize Mexico for Science and Technology (2001), Trieste Science Prize (2006), o International Prize Accademia Nazionale dei Lincei for Mathematics (2008) e o Balzan Prize (2010). É também detentor de importantes distinções, entre elas a de Chevalier de la Legion d’Honneur (2005), entre outras.
Além da ABC, Palis também é membro das academias chilena, mexicana, da americana, da francesa, da norueguesa e de várias outras associações. Seus trabalhos na área de Sistemas Dinâmicos servem para modelar muitos fenômenos da natureza e de atividades socioeconômicas. Dedica-se principalmente a temas, como transformações, difeomorfismo, fluxos, sistemas hiperbólicos, ciclos de Poincaré e suas bifurcações, sistemas dinâmicos e conjunto hiperbólico.
O matemático Jacob Palis, homenageado pelo Conselho Superior, ao lado da engenheira química Angela Uller (Foto: Lécio Augusto Ramos)
“Tenho orgulho da FAPERJ e de ter me dedicado durante esses anos a ela. Vocês têm que continuar a impor a presença da Fundação, no bom sentido, porque é preciso uma FAPERJ forte para uma ciência forte no estado do Rio de Janeiro. Sofremos alguns reveses temporários, mas precisamos lutar pelo repasse constitucional dos 2% do orçamento estadual à Fundação e resistir. O Rio tem uma tradição muito forte na área científica e tecnológica e sedia diversas instituições”, destacou o homenageado aos conselheiros.
Formado por 14 membros titulares, o Conselho Superior tem quatro integrantes indicados livremente pelo governador, enquanto os demais são por ele escolhidos nas listas tríplices apresentadas por universidades, entidades com reconhecida atividade de pesquisa e pelo setor empresarial. O presidente da Fundação participa das reuniões do Conselho Superior na qualidade de membro nato.
Participaram da reunião o diretor de Tecnologia da FAPERJ, Mauricio Guedes; a diretora Científica, Eliete Bouskela; e os membros do Conselho Superior Luiz Davidovich (presidente da ABC); Roberto Kant de Lima (Universidade Federal Fluminense – UFF); João carlos Costa dos Anjos (Observatório Nacional – ON); Benito Diaz Paret (Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro – TIRIO); Bruno José Rodrigues Alves (Empresa Brasileira de Agricultura – Embrapa); Carlos Medicis Morel (Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz); Egberto Gaspar Moura (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj); Fernando Lázaro Freire (PUC-Rio); Nelson Moura Brasil (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ); Kenneth Rochel Camargo (UFRJ) e Maria Cristina Zamberlan (Instituto Nacional de Tecnologia – INT).
Sobre a nova presidente e vice do Conselho Superior
Angela Uller possui graduação em Engenharia Química pela UFRJ (1975), mestrado em Engenharia Química pela mesma instituição (1976) e doutorado em Engenharia Química pela École Superieur de Chimie/Université de Paris (1980). Atualmente, é professora associada do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). Tem experiência na área de Engenharia Química, com ênfase em processos orgânicos, atuando principalmente nos seguintes temas: determinação experimental de dados de equilíbrio de fases, simulação e modelagem termodinâmica, processos de separação pelo equilíbrio, em particular, em extração supercrítica, com aplicação em produtos naturais, petróleo e gás, etanol e biodiesel. Tem também experiência em gestão universitária por ter estado na diretoria da Coppe/UFRJ e da Fundação Coppetec de 1990 a 2007, em gestão de projetos com empresas, em gestão da inovação e em política de CT&I, pela participação em conselhos de vários órgãos governamentais federais e estaduais, tais como: Conselho Deliberativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Conselho de Administração do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Conselho Consultivo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Foi presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti) e diretora da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei). Foi pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ, a qual está subordinada a Agência UFRJ de Inovação, de 2007 a 2011, e chefe de gabinete do reitor da UFRJ de 2011 a 2015.
Alice Lopes concluiu o doutorado em Educação pela UFRJ em 1996. Atualmente é professora associada da Faculdade de Educação da Uerj, e procientista nesta mesma instituição. É Cientista do Nosso Estado da FAPERJ desde 2009 e bolsista de produtividade do CNPq desde 1998, hoje com nível 1 B. Atuou como coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação (Proped) de janeiro de 2008 até julho de 2012. Publicou quatro livros, vários artigos em periódicos especializados, dentre eles Cadernos de Pesquisa, Educação e Sociedade, Educação e Realidade, Journal of Curriculum and Pedagogy, Journal of the American Association for the Advancement of Curriculum Studies, Policy Futures in Education e Revista Brasileira de Educação, além de ter várias publicações em capítulos de livros. Orientou 20 alunos de mestrado (sendo uma como co-orientadora), 17 alunos de doutorado (sendo três como co-orientadora) e sete pesquisadores em nível de pós-doutorado. Atualmente orienta sete doutorandos, um mestrando e três bolsistas de Iniciação Científica CNPq e Uerj. Atuou como coordenadora do Fórum Nacional de Programas de Pós-graduação em Educação em 2011-2012. É editora do periódico Transnational Curriculum Inquiry, revista da International Association for the Advancement of Curriculum Studies (IAACS), e membro do conselho editorial das publicações Journal of Education Policy, Revista Brasileira de Educação, Educação e Realidade, e Educação e Sociedade, entre outras. Foi membro da Comissão de Avaliação de Programas na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no triênio 2002-2004. Foi membro suplente do CA Educação do CNPq de dezembro de 2012 a junho de 2013 e membro titular nessa comissão de agosto de 2014 a junho de 2016. É diretora do Departamento de Fomento ao Ensino para Graduados (DEPG) na Sub-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Uerj desde janeiro de 2016.
Autor: Ascom FAPERJ
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data de Publicação: 26/07/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3602.2.9
É a primeira vez que tanto a presidência como a vice-presidência do Conselho são ocupadas por mulheres. A atual diretora Científica da FAPERJ, Eliete Bouskela, havia ocupado a presidência do Conselho em 2013. “É importante continuar ocupando novos espaços no mercado de trabalho para assegurar uma participação isonômica em cargos de direção. Tenho fé que a situação financeira do Estado melhore, e essa é a hora de nos organizar para propor um plano plurianual estratégico para a FAPERJ”, disse Angela.
Homenagem a Jacob Palis
Durante a reunião, Palis foi homenageado pelo Conselho Superior e recebeu uma placa em reconhecimento a sua contribuição. Palis presidiu o Conselho por duas vezes – de 1992 a 1998 e de 2015 a 2018, além de ter sido presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), de 2007 a 2016. Graduado em Matemática pela UFRJ e doutor em Matemática pela Universidade da Califórnia em 1967, Palis é professor titular do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) desde 1968. É detentor de diversos prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio Moinho Santista (1976), Prêmio TWAS em Matemática (1988), Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia (1990), InterAmerican Prize for Science (1995), Prize Mexico for Science and Technology (2001), Trieste Science Prize (2006), o International Prize Accademia Nazionale dei Lincei for Mathematics (2008) e o Balzan Prize (2010). É também detentor de importantes distinções, entre elas a de Chevalier de la Legion d’Honneur (2005), entre outras.
Além da ABC, Palis também é membro das academias chilena, mexicana, da americana, da francesa, da norueguesa e de várias outras associações. Seus trabalhos na área de Sistemas Dinâmicos servem para modelar muitos fenômenos da natureza e de atividades socioeconômicas. Dedica-se principalmente a temas, como transformações, difeomorfismo, fluxos, sistemas hiperbólicos, ciclos de Poincaré e suas bifurcações, sistemas dinâmicos e conjunto hiperbólico.
O matemático Jacob Palis, homenageado pelo Conselho Superior, ao lado da engenheira química Angela Uller (Foto: Lécio Augusto Ramos)
“Tenho orgulho da FAPERJ e de ter me dedicado durante esses anos a ela. Vocês têm que continuar a impor a presença da Fundação, no bom sentido, porque é preciso uma FAPERJ forte para uma ciência forte no estado do Rio de Janeiro. Sofremos alguns reveses temporários, mas precisamos lutar pelo repasse constitucional dos 2% do orçamento estadual à Fundação e resistir. O Rio tem uma tradição muito forte na área científica e tecnológica e sedia diversas instituições”, destacou o homenageado aos conselheiros.
Formado por 14 membros titulares, o Conselho Superior tem quatro integrantes indicados livremente pelo governador, enquanto os demais são por ele escolhidos nas listas tríplices apresentadas por universidades, entidades com reconhecida atividade de pesquisa e pelo setor empresarial. O presidente da Fundação participa das reuniões do Conselho Superior na qualidade de membro nato.
Participaram da reunião o diretor de Tecnologia da FAPERJ, Mauricio Guedes; a diretora Científica, Eliete Bouskela; e os membros do Conselho Superior Luiz Davidovich (presidente da ABC); Roberto Kant de Lima (Universidade Federal Fluminense – UFF); João carlos Costa dos Anjos (Observatório Nacional – ON); Benito Diaz Paret (Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro – TIRIO); Bruno José Rodrigues Alves (Empresa Brasileira de Agricultura – Embrapa); Carlos Medicis Morel (Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz); Egberto Gaspar Moura (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj); Fernando Lázaro Freire (PUC-Rio); Nelson Moura Brasil (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ); Kenneth Rochel Camargo (UFRJ) e Maria Cristina Zamberlan (Instituto Nacional de Tecnologia – INT).
Sobre a nova presidente e vice do Conselho Superior
Angela Uller possui graduação em Engenharia Química pela UFRJ (1975), mestrado em Engenharia Química pela mesma instituição (1976) e doutorado em Engenharia Química pela École Superieur de Chimie/Université de Paris (1980). Atualmente, é professora associada do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). Tem experiência na área de Engenharia Química, com ênfase em processos orgânicos, atuando principalmente nos seguintes temas: determinação experimental de dados de equilíbrio de fases, simulação e modelagem termodinâmica, processos de separação pelo equilíbrio, em particular, em extração supercrítica, com aplicação em produtos naturais, petróleo e gás, etanol e biodiesel. Tem também experiência em gestão universitária por ter estado na diretoria da Coppe/UFRJ e da Fundação Coppetec de 1990 a 2007, em gestão de projetos com empresas, em gestão da inovação e em política de CT&I, pela participação em conselhos de vários órgãos governamentais federais e estaduais, tais como: Conselho Deliberativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Conselho de Administração do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Conselho Consultivo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Foi presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti) e diretora da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei). Foi pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ, a qual está subordinada a Agência UFRJ de Inovação, de 2007 a 2011, e chefe de gabinete do reitor da UFRJ de 2011 a 2015.
Alice Lopes concluiu o doutorado em Educação pela UFRJ em 1996. Atualmente é professora associada da Faculdade de Educação da Uerj, e procientista nesta mesma instituição. É Cientista do Nosso Estado da FAPERJ desde 2009 e bolsista de produtividade do CNPq desde 1998, hoje com nível 1 B. Atuou como coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação (Proped) de janeiro de 2008 até julho de 2012. Publicou quatro livros, vários artigos em periódicos especializados, dentre eles Cadernos de Pesquisa, Educação e Sociedade, Educação e Realidade, Journal of Curriculum and Pedagogy, Journal of the American Association for the Advancement of Curriculum Studies, Policy Futures in Education e Revista Brasileira de Educação, além de ter várias publicações em capítulos de livros. Orientou 20 alunos de mestrado (sendo uma como co-orientadora), 17 alunos de doutorado (sendo três como co-orientadora) e sete pesquisadores em nível de pós-doutorado. Atualmente orienta sete doutorandos, um mestrando e três bolsistas de Iniciação Científica CNPq e Uerj. Atuou como coordenadora do Fórum Nacional de Programas de Pós-graduação em Educação em 2011-2012. É editora do periódico Transnational Curriculum Inquiry, revista da International Association for the Advancement of Curriculum Studies (IAACS), e membro do conselho editorial das publicações Journal of Education Policy, Revista Brasileira de Educação, Educação e Realidade, e Educação e Sociedade, entre outras. Foi membro da Comissão de Avaliação de Programas na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no triênio 2002-2004. Foi membro suplente do CA Educação do CNPq de dezembro de 2012 a junho de 2013 e membro titular nessa comissão de agosto de 2014 a junho de 2016. É diretora do Departamento de Fomento ao Ensino para Graduados (DEPG) na Sub-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Uerj desde janeiro de 2016.
Autor: Ascom FAPERJ
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data de Publicação: 26/07/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3602.2.9