sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Quem é intolerante à lactose precisa cortar totalmente o leite?




A intolerância à lactose é um problema cada vez mais comum que atinge cerca de 40% dos brasileiros. É uma disfunção que pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente conforme a idade avança, porque à medida que envelhecemos, nosso sistema digestivo tende a apresentar deficiência na produção de algumas enzimas, entre elas a lactase, responsável por quebrar o açúcar do leite.


Atualmente, os exames para diagnosticar o problema são mais precisos e acessíveis. Com uma amostra de sangue de 5ml e um teste que é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), já é possível saber se o indivíduo tem a disfunção. Outro exame bastante útil para detecção do problema é o teste respiratório de hidrogênio (H2). Nesse caso, não é nem necessário a coleta de sangue, pois o exame se baseia na quantidade de hidrogênio (H2) – gás produzido quando se é intolerante à lactose – na respiração. No início do teste, o paciente sopra lentamente em um pequeno aparelho que mede a quantidade de hidrogênio na respiração. Em seguida, deve-se ingerir uma pequena quantidade de lactose diluída em água e soprar no aparelho a cada 30 minutos, durante um período de 3 horas. O diagnóstico de intolerância é feito quando a quantidade de hidrogênio medida é 20 ppm (partes por milhão) maior que a da primeira medição.

Por apresentar sintomas bastante inespecíficos, como gases, dor abdominal e diarreia, até a década de 90 a grande maioria dos pacientes ficava sem diagnóstico. Como percebiam que os sintomas surgiam cerca de 30 minutos após o consumo de leite, o que faziam era simplesmente cortar o alimento da dieta.

Mas já é consenso entre a comunidade médica que não é necessário retirar os produtos lácteos das refeições. Como o leite é um alimento muito completo, a recomendação é verificar a quantidade que cada um tolera, pois os níveis de intolerância mudam muito de paciente para paciente, podendo ir desde uma resistência leve, até moderada ou alta.

Como forma de teste, em casa mesmo, o paciente pode começar ingerindo meio copo de leite duas vezes por dia. Para amenizar o efeito, pode consumir alimentos como pães e cereais junto com a bebida. Dessa forma, é possível encontrar um ponto de equilíbrio, o que não acontece quando o paciente tem alergia à proteína do leite. “Pessoas que são intolerantes possuem deficiência ou não produzem a enzima que vai ajudar a quebrar a lactose, mas isso não as impede de consumir algo que tenha leite ou derivados.

Atualmente, é possível fazer uso de enzimas que o paciente pode tomar ou adicionar ao alimento na hora de consumir”, esclarece o Prof. Dr. Paulo Carvalho, gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein. “Dessa maneira, ele terá as enzimas que vão quebrar a lactase e permitir sua digestão. Inclusive, não é que os produtos sem lactose disponíveis no mercado não possuam leite; na verdade, só há a adição dessa enzima”, complementa o especialista.

Mas atenção: é sempre recomendável procurar um especialista, pois por trás dessa resistência do sistema digestivo podem estar outras doenças, como colite, Doença de Crohn e outras, que são confundidas com intolerância à lactose.


CUIDADOS ESPECIAIS



Quem tem algum nível de intolerância precisa ter atenção redobrada em relação aos rótulos dos alimentos. Sabemos que queijos e iogurtes passam a ser objeto de atenção para quem é intolerante, mas há alguns produtos em que a presença de leite ou derivados não é tão evidente. A presença do ingrediente pode variar entre uma marca e outra, mas é preciso atenção com produtos muito diversos, como frutas em conserva, chocolates, bisnaguinhas, adoçantes, cereais, maionese, margarina, bolachas recheadas e achocolatados.

E não são somente os produtos alimentícios que podem desencadear o desconforto. “A lactose também é um excipiente muito utilizado na produção de medicamentos. Vale a pena conversar com o farmacêutico na hora que for comprar o produto para verificar se há alternativas”, alerta o especialista.

Sobre o autor: Juliana Conte
Jornalista, repórter do Portal Drauzio Varella desde 2012. Interessa-se por questões relacionadas a manejo de dores, atividade física e alimentação saudável.






Autor: Juliana Conte
Fonte: Drauzio Varella
Sítio Online da Publicação: Drauzio Varella
Data: 28/08/2018
Publicação Original: https://drauziovarella.uol.com.br/alimentacao/quem-e-intolerante-a-lactose-precisa-cortar-totalmente-o-leite/

Entenda por que intolerância à lactose causa desconforto abdominal

infografico prati intolerancia lactose

Sobre o autor: Maiara Ribeiro
Jornalista, repórter do Portal Drauzio Varella e interessada em temas relacionados a saúde da mulher e deficiências na infância.





Autor: Maiara Ribeiro
Fonte: Drauzio Varella
Sítio Online da Publicação: Drauzio Varella
Data: 30/08/2018
Publicação Original: https://drauziovarella.uol.com.br/genericos/entenda-por-que-intolerancia-a-lactose-causa-desconforto-abdominal/

ENTENDA COMO SE FORMA UMA PLACA DE GORDURA

VÍDEOS


Os ateromas, na verdade, não são constituídos somente de gordura. Existe um processo complexo que leva ao acúmulo de várias substâncias que podem culminar na obstrução de artérias e levar a um infarto, AVC, embolia e outros problemas graves.




Autor: Drauzio Varella
Fonte: Drauzio Varella
Sítio Online da Publicação: Drauzio Varella
Data: 27/08/2018
Publicação Original: https://drauziovarella.uol.com.br/videos/anima-draw/entenda-como-se-forma-uma-placa-de-gordura/

Comida sem veneno, artigo de Jamile Lima Nogueira

Foto: EBC

O cenário da alimentação em nosso país vem mudando nos últimos anos. Um elevado consumo de produtos industrializados, ricos em gorduras e açúcares, vem dando lugar ao uso de alimentos menos processados e in natura. A troca, ainda lenta, é fruto de campanhas de conscientização diárias movidas por profissionais de saúde Brasil afora. Tudo para explicar às famílias que a boa saúde pode sim começar pela mesa e o fogão.

Na área da Nutrição vivemos hoje uma tentativa de estímulo à “comida de verdade”, como descrito no Guia Alimentar para a População Brasileira (2014). Esse incentivo a uma alimentação mais natural, baseada em produtos frescos e ricos em nutrientes, é fundamental para a melhora do perfil de saúde da população, devendo estar centrado na prevenção de doenças.

Garantir, principalmente para as crianças, o direito à alimentação de qualidade, assim como à água e ao saneamento básico, é investir na prevenção às doenças que hoje lotam os postos e os hospitais.

Nesse sentido, o nutricionista em formação deverá estar conectado à realidade do país e a essas demandas do mercado atual, qualquer que seja sua área de atuação. Tudo para tornar a alimentação um ato saudável de prazer e conforto. É isso que vamos discutir na Semana de Nutrição da nossa faculdade, em Petrópolis, comemorando os 20 anos do curso, de 29 a 31 de agosto, que é o Dia do Nutricionista.

Também estará em discussão o uso de agrotóxicos no campo e a tentativa de flexibilizar no Congresso a legislação ambiental, no debate e no embate entre parte dos produtores rurais e ambientalistas sobre o que esses últimos apelidaram de “pacote do veneno”. É importante o nutricionista se posicionar sobre o papel que deve exercer no acesso a alimentos seguros.

A batalha por rótulos mais explícitos e educativos sobre o que cada produto contém é outra pauta relevante, no dia a dia. Nós consumidores, e não só profissionais da área, temos direito a ter acesso ao máximo de informações em relação ao que estamos levando das prateleiras para as nossas cozinhas.

Afinal, se somos o que comemos, queremos o melhor, principalmente para as nossas crianças.

Jamile Lima Nogueira é nutricionista e coordenadora do curso de Nutrição da FMP/Fase, no RJ. E-mail: jamilenogueira@fmpfase.edu.br



in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/08/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 31/08/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/08/31/comida-sem-veneno-artigo-de-jamile-lima-nogueira/

O absurdo do ‘marco temporal’ e a violação dos direitos originários, por Alenice Baeta e Gilvander Moreira

O absurdo do ‘marco temporal’ e a violação dos direitos originários

Por Alenice Baeta1 e Gilvander Moreira2



Marcas do período pré-colonial – figurações rupestres picturais milenares deixadas por grupos humanos, ancestrais dos atuais indígenas nas paredes de abrigos rochosos, Serra do Cipó, MG. Foto: A. Baeta, 2017.

O ‘marco temporal da ocupação’ é uma argumentação insustentável e racista que ignora completamente as perseguições, violências e massacres sofridos por milhares de comunidades indígenas e quilombolas desde o período colonial, trazendo insegurança jurídica e social a estes povos. Trata-se de uma farsa perpetrada no Congresso Nacional pela bancada ruralista em 2009, capitaneada pelo ex-ministro Carlos Ayres de Brito do Supremo Tribunal Federal (STF), que plantou, durante o julgamento da Terra Indígena (TI) Raposa Terra do Sol situada em Roraima, a inconsistente tese que preconiza que os direitos territoriais dos povos indígenas só teriam validade se eles estivessem em suas terras em 5 de outubro de 1988 – data da promulgação da atual Constituição Brasileira. Significou o estabelecimento deste ano como balizamento único de ocupação para fins de demarcação de terras indígenas. Posteriormente, o próprio STF reconheceu que a decisão proferida neste processo não poderia causar efeito vinculante, ou seja, não deveria estender as suas implicações ou decisões a outros casos. Não obstante, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil apresentou a Proposta da Súmula Vinculante nº 49, onde solicitou a reativação da adoção geral de 1988 como marco temporal para validação de direitos originários às terras (NAKANE & MICHELLETI, 2017; MILANEZ, 2017). Mesmo com a manifestação da Comissão de Jurisprudência do STF indicando o imediato arquivamento dessa proposição, em 20 de julho de 2017, o golpista Michel Temer, buscando oficializar esta absurda falácia, publicou no Diário Oficial da União (DOU) o Parecer 001/2017/GAB/CGU/AGU que estende os intentos do julgamento da Terra Indígena Raposa Terra do Sol para todo o país, em troca de apoio político da bancada do agronegócio no Congresso Nacional golpista, além de prescrever a obstrução à possibilidade de ampliação de terras indígenas já demarcadas (NAKANE & MICHELLETI, 2017).

Visando o fortalecimento desta política de violação de direitos dos povos originários, também em julho de 2017, o impostor (des)governo Temer publicou uma portaria que criou um grupo de trabalho formado pela Polícia Federal, Secretaria de Segurança Pública e Fundação Nacional do Índio (FUNAI), visando formular propostas de “organização social” das comunidades indígenas e quilombolas. A ideia seria trazer ainda a questão quilombola para o âmbito do Ministério da Justiça, até então tratada na esfera do Ministério da Cultura e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), dificultando procedimentos identitários, demarcatórios e trâmites relacionados à titulação das terras remanescentes (MILANEZ, 2017).

Esta medida se alinha também à proposição de Emenda Constitucional conhecida como PEC 215 bancada pelo mesmo grupo político reacionário ruralista que prevê a transferência do Executivo3 Federal para o Congresso Nacional com relação à decisão final sobre a demarcação de terras indígenas, a titulação de territórios quilombolas e a criação de unidades de conservação ambiental. O texto ainda proíbe a ampliação de terras indígenas já demarcadas, prevendo a indenização aos proprietários.

O que também se pretende legitimando o ‘marco temporal’ e todas estas proposições fascistas é anistiar os crimes cometidos contra os povos tradicionais relacionadas à escravidão, torturas, confinamentos em pequenos territórios, aprisionamentos, exílios, remoções forçadas, desterros, separação de familiares, assassinatos, apropriações indevidas de territórios tradicionais, desconsiderando assim as noções de reparação histórica, de dívida histórica com os povos originários, de resguardo cultural e imemorial, de direitos congênitos, imprescritíveis, intangíveis e da posse coletiva da terra.

Além de lideranças indígenas e quilombolas e especialistas em Direitos Humanos, renomados juristas brasileiros afirmam que o argumento do ‘marco temporal’ é inconstitucional e inconvencional, ferindo, em especial os artigos 231 e 232 da Constituição, além de desrespeitar a Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) n. 169, de 1989, ratificada pelo Brasil, que consagra os direitos culturais e territoriais, bem como a autodeclaração, como instrumento primaz da identidade étnica, além do reconhecimento das diferentes formas de ocupação, manejo e uso da terra. Isto implica, obviamente, que o preceito da tradicionalidade deve transcender requisitos temporais e restritivos. Ainda vem sendo constatada a infringência do direito à consulta, prevista na convenção supracitada, uma vez que novos processos não têm tido a participação prevista por parte dos povos tradicionais, criando um clima de provisoriedade e injustiça jurídico-política.

Ainda na esfera Internacional, importante mencionar o posicionamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) no tratamento de julgamentos relacionados aos direitos possessórios indígenas, que costuma considerar em suas sentenças violação aos seus direitos a demora ou postergação na adoção de medidas internas que visem o eficaz reconhecimento e a demarcação de terras, além de reiterar a prerrogativa da autodeterminação, invocando a sua plena autonomia. Fica mais que claro que os procedimentos do STF estão em total desacordo com a jurisprudência da referida Corte (SCHWANTES & STARCK, 2017).

“Agora, o Supremo ao invés de ser portador da segurança dos direitos possessórios indígenas, cria um entendimento que viola totalmente a Constituição e documentos internacionais de direitos humanos em nome de, entre outras razões, a dificuldade de se estabelecer uma retrospectiva imemorial sobre as terras indígenas” (SCHWANTES & STARCK, 2017: 160).

Contudo, o advogado indígena Luiz Henrique Eloy, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), alerta que: “Muitos juízes de primeira instância têm aplicado cegamente o ‘marco temporal’ e determina reintegração de posses”4 avaliando que aplicações nas varas de primeira instância vêm desestabilizando e impactando a organização de comunidades indígenas.

A demora ultrajante por parte do STF em julgar5 infundada a tese do ‘marco temporal’ afronta os direitos humanos, contrariando também as informações e revelações contidas no relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV)6. Tal documento da CNV denuncia que no período de 1940 a 1988, o Estado foi responsável por várias omissões e ilicitudes, sendo comum a elaboração de laudos fraudulentos atestando a inexistência de povos tribais em inúmeras parcelas de terras almejadas. Houve uma clara tentativa de eliminar famílias e comunidades tradicionais durante o regime ditatorial civil-militar-empresarial, agravando ainda mais o quadro de violações de suas terras em nome do chamado “desenvolvimento e integração nacional”. Neste período, povos foram aprisionados, forçados a serviços militares e banidos de seus territórios para instalações de agroindústrias, hidrelétricas, explorações de minerais, madeira, abertura de estradas, entre outros empreendimentos e negociatas. As informações sobre delitos e transgressões contra os povos indígenas foram tão aviltantes que resultou na proposição final da criação de uma Comissão Nacional da Verdade Indígena (CNVI). O que se pretende é dar luz e tornar públicas as remoções forçadas dos povos indígenas de seus lugares, a partir da compreensão da realidade fática e não da institucionalmente construída ou fabricada, dando visibilidade à história da resistência indígena e de sua espoliação (OSOWSKI, 2017).

O que se constata é que o poder judiciário vem agenciando uma verdadeira política de esquecimento, negando o território e o sentido de pertencimento desses povos. Baseando-se nas premissas sobre a “memória das tragédias ou do infortúnio” de J. Candau (2016), R. Osowsky propõe que “a lembrança das violências, dos deslocamentos forçados e a usurpação de terras por parte dos brancos continua na esfera do memorável por parte dos povos indígenas (OSOWSKY, 2017: 337). As lembranças frequentemente estão associadas a lugares com testemunhos materiais, arqueológicos e intangíveis do passado e de uma ancestralidade, ou seja, a espaços territoriais onde fluem memórias coletivas vividas, construídas e reinterpretadas.

Segundo o jurista Carlos Frederico Marés (2013), a manutenção desta política de esquecimento por parte do Estado resultará na ausência de demarcação de terras, o que ocasionará, no médio e longo prazo, um verdadeiro etnocídio. O direito originário não se restringe somente em restaurar um passado ancestral e a sua história marcadamente violenta, mas também garantir um futuro possível e harmônico, por meio de políticas que coadunam com os preceitos dos direitos humanos internacionais e com os prevalecentes dispositivos constitucionais.

Vale a pena mencionar uma importante frase dos assessores jurídicos do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) a respeito do ‘marco temporal’, reiterando que este fere os direitos possessórios indígenas e o instituto do indigenato (direitos originários), gerando um cenário de alto risco.

“(…) Além de se configurar como uma interpretação distanciada do contexto histórico e social, é visivelmente inconstitucional. (…) Verifica-se que se tenta impor uma interpretação jurídica desvinculada dos sujeitos de direito de hoje – os povos indígenas – como se não houvesse relação entre o passado, o presente e futuro das 305 etnias que vivem no território brasileiro atualmente” (CUPINSKY et al., 2018).

A mais recente manobra ocorreu no mês agosto de 2018, quando os representantes da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), da Frente Parlamentar de Agricultura (FPA) no Congresso Nacional e uma deputada do DEM do Mato Grosso do Sul encaminharam ao golpista Temer a revogação do Decreto nº 6040/2007 que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos Indígenas, solicitando ainda a suspensão de processos demarcatórios. Especialistas analisam que esta ação da “bancada do boi e da bala” seria uma represália declarada à conquista das comunidades quilombolas sobre o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n. 3239, que questionava o Decreto nº 4.887/2003, que regulamenta o processo de demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.

Em entrevista7, a procuradora da República Deborah Duprat assevera que o judiciário desconhece a real profundidade e a multiplicidade de circunstâncias históricas que envolvem os povos tradicionais, sendo que os direitos fundamentais destas comunidades apresentam caráter inalienável, propondo que o “problema” do ‘marco temporal’ antecede o julgamento da Raposa Serra do Sol, tendo sido construído internamente pelo STF desde o final da década de 1990. Duprat considera que foi a mobilização contínua e aguerrida dos povos indígenas e quilombolas que impediu, de fato, que estas medidas e políticas conservadoras avançassem ainda mais. “A PEC 215 já teria sido aprovada e as decisões do STF sobre o ‘marco temporal’ e as demarcações já estariam consolidadas.”

Sigamos atentos e na luta. ‘Marco Temporal’ Não, porque é absurdo, inconstitucional e violação aos direitos dos povos originários!

Referências Bibliográficas

Acessos entre 19 e 22 de Agosto de 2018.

CUPINSKI, A. et al. Terra tradicionalmente ocupada, direito originário e a inconstitucionalidade do Marco Temporal. CIMI, Maio de 2018. https://cimi.org.br/2018/05/terra-tradicionalmente-ocupada-direito-originario-e-a-inconstitucionalidade-do-marco-temporal/

NAKANE, M. & MICHELLETI, A. Indígenas contra o marco temporal: ‘Nossa História não começa em 1988’. Brasil Debate, 14/08/2017. https://jornalggn.com.br/noticia/indigenas-contra-o-marco-temporal-%E2%80%98nossa-historia-nao-comeca-em-1988%E2%80%99-por-mariel-nakane-e-alvaro-micheletti

MILANEZ, F. “Marco Temporal”, um argumento racista para legitimar massacres. Carta Capital, Sociedade, 15/08/2017.https://www.cartacapital.com.br/sociedade/marco-temporal-um-argumento-racista-para-legitimar-massacres

SCWANTES, S. & STARCK, G. Marco temporal e as violações aos direitos dos povos indígenas. In: Anuário Brasileiro de Direito Internacional, vol. 2, n. 23, jul. de 2017.

SOUZA FILHO, C. F. M. Os Povos indígenas e o Direito Brasileiro. In: SOUZA FILHO, C. F. M & BERGOLD, R. C. (Orgs). Os Direitos dos Povos Indígenas no Brasil: desafios no século XXI. Curitiba: Letra da Lei, 2013. p. 13-34.

Belo Horizonte, MG, 28/8/2018.

Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.

1 – Retomada Indígena Kamakã Grayra/Esmeraldas/MG: O direito à terra. 1ª Parte. 06/6/2018.

https://www.youtube.com/watch?v=_Y7JN9YfEFs

2 – Direito à terra: retomada Indígena Kamakã Grayra, Esmeraldas/MG. 2a parte. 16/6/2018.

https://www.youtube.com/watch?v=4IUu3VGQYkg

3 – Retomada Indígena na FUCAM/Esmeraldas/MG: Luta legítima pelo direito à terra/3ª Parte. 06/6/2018.

https://www.youtube.com/watch?v=9A3QZyUiP5E

4 – Quilombo Marobá dos Teixeira, Almenara/MG: clamor por justiça. Sr. Orlindo Teixeira e Kena. 15/04/2017

https://www.youtube.com/watch?v=3ni-cEBQZUo

5 – Daiane, Comunidade Quilombola Baú/MG – Ameaças e violência por lutar pelo território/24/5/2018.

https://www.youtube.com/watch?v=qq6zWzfUI1I

6 – Comunidade Quilombola Braço Forte, em Retomada/Salto da Divisa, MG/A luta pela terra/09/6/2016.

https://www.youtube.com/watch?v=G19WGcI6fVs


1 Doutora em Arqueologia pelo MAE/USP; Pós-Doutorado no Departamento de Antropologia e Arqueologia na FAFICH/UFMG; Mestra em Educação pela FAE/UFMG; Historiadora e integrante do CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – www.cedefes.org.br ).


2 Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.brwww.freigilvander.blogspot.com.br

www.twitter.com/gilvanderluis – Facebook: Gilvander Moreira III


3 Segundo o Estatuto do Índio, em vigor desde 1973, o reconhecimento de terras para uso exclusivo dos índios é homologado por decreto do presidente da República. Ao Executivo, também cabe proteger esses povos. O processo de demarcação depende de estudos técnicos realizados pela FUNAI e de aprovação do Ministério da Justiça. A pasta também determina a desapropriação de fazendas na área demarcada e os proprietários são ressarcidos pelas benfeitorias realizadas no local. Já o pagamento pela terra não está previsto em lei. A PEC 215 segue em tramitação no Congresso Nacional.


4 Depoimento compilado na matéria “Porque o debate do marco temporal é tão importante para os indígenas”, na Carta Capital de B. Ramos e J. A. Lima, publicado em 16/8/2017. https://www.cartacapital.com.br/sociedade/por-que-debate-do-marco-temporal-e-tao-importante-para-os-indigenas


5 No dia 16 de agosto de 2018 foi previsto pelo STF a análise do ‘marco temporal’, o que não ocorreu, postergando a decisão, mantendo sob ameaças os direitos básicos dos povos indígenas e quilombolas. Nessa seção julgaram, todavia, duas ações civis abertas pelo estado do Mato Grosso com questionamento sobre demarcações de terras indígenas.


6 BRASIL. Comissão Nacional da Verdade (CNV). Violações de direitos dos povos indígenas. 2016.http://memoriasdaditadura.org.br/cnv-e-indigenas/index.html


7 Concedida a M. Pellegrini publicado em 18/11/2015 na Carta Capital. (https://www.cartacapital.com.br/sociedade/temos-tracos-de-colonialismo-dos-quais-nao-nos-libertamos-1405.html)

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/08/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 31/08/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/08/31/o-absurdo-do-marco-temporal-e-a-violacao-dos-direitos-originarios-por-alenice-baeta-e-gilvander-moreira/

O envelhecimento populacional segundo as novas projeções do IBGE, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O IBGE divulgou as novas projeções da população brasileira, no final de julho, com a população estimada em 208,5 milhões de habitantes em 2018, de 233,2 milhões de pessoas em 2047 (pico populacional) e de 228,3 milhões de habitantes em 2060. Portanto, a população brasileira está a caminho da transição do crescimento para o decrescimento demográfico.

Outra transição confirmada pelas novas projeções é da estrutura etária, com a mudança de uma pirâmide populacional de base larga (rejuvenescida) para uma pirâmide de base estreita e de topo ampliado (envelhecida). O envelhecimento populacional é a transformação da estrutura etária que acontece em decorrência do aumento da proporção de idosos no conjunto da população e a consequente diminuição da proporção de jovens. Durante mais de 500 anos, o Brasil teve uma estrutura etária rejuvenescida. Mas isto vai mudar no decorrer do século XXI.

Uma maneira de medir o envelhecimento populacional é por meio do Índice de Envelhecimento (IE), que é a razão entre o número de pessoas idosas sobre os jovens (crianças e adolescentes). Trata-se de uma razão entre os componentes extremos da pirâmide etária. O IE pode ser medido pelo número de pessoas de 60 anos e mais para cada 100 pessoas menores de 15 anos de idade. Uma população é considerada idosa quando o topo da pirâmide é maior do que a sua base, ou seja, quando o Índice de Envelhecimento (IE) é igual ou superior a 100.

Segundo as projeções anteriores do IBGE (revisão 2013), o Brasil se tornaria um país idoso em 2029, quando haveria 39,7 milhões de jovens (0-14 anos) e 40,3 milhões de idosos (60 anos e mais). Nesta data, o IE seria maior do que 100, ou seja, haveria 101,6 idosos para cada 100 jovens (veja a coluna vermelha no gráfico 1).



Mas com as novas projeções do IBGE (revisão 2018), o envelhecimento vai ocorrer um pouquinho mais tarde, no ano de 2031. No ano 2010, havia 48,1 milhões de jovens de 0 a 14 anos e 20,9 milhões de idosos com 60 anos e mais. O Índice de Envelhecimento (IE) era de 43,4 idosos para cada 100 jovens, conforme mostra o gráfico 2. Em 2018, o número de jovens caiu para 44,5 milhões e o de idosos subiu para 28 milhões, ficando o IE em 63 idosos para cada 100 jovens.

O número de idosos vai ultrapassar o de jovens em 2031, quando haverá 42,3 milhões de jovens (0-14 anos) e 43,3 milhões de idosos (60 anos e mais). Nesta data, pela primeira vez, o IE será maior do que 100, ou seja, haverá 102,3 idosos para cada 100 jovens (veja a coluna vermelha no gráfico). Mas o envelhecimento populacional continuará sua marcha inexorável ao longo do século XXI. No ano de 2055, as projeções do IBGE indicam o montante de 34,8 milhões de jovens (0-14 anos) e de 70,3 milhões de idosos (60 anos e mais). O IE será de 202 idosos para cada 100 jovens. Ou seja, haverá mais do dobro de idosos em relação aos jovens.






Os gráficos de ambas as projeções não deixam dúvidas quanto à diminuição da população jovem (0 a 14 anos) e do aumento da população idosa (60 anos e mais) ao longo do século XXI. O Brasil jovem está ficando para trás e a partir da década de 2030 será um país com uma estrutura etária idosa e a cada dia mais idosa. E não haverá mais volta.
O futuro do Brasil é ser um país com alta proporção de pessoas idosas.

Referências:

IBGE: Projeção da População das Unidades da Federação por sexo e idade: 2000-2030, revisão 2013 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2013/default.shtm

IBGE: Projeção da População (revisão 2018), Rio de Janeiro, 25/07/2018
https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9109-projecao-da-populacao.html?=&t=o-que-e



José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/08/2018





Autor: José Eustáquio Diniz Alves
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 31/08/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/08/31/o-envelhecimento-populacional-segundo-as-novas-projecoes-do-ibge-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Novo material reduz custo de célula combustível para gerar energia




Apesar de serem uma alternativa de menor impacto ambiental para geração de energia, células
combustíveis têm elevado custo de produção devido ao uso de platina nos eletrodos que obtêm
 eletricidade a partir de hidrogênio e oxigênio; estudo propõe uso de eletrodos impressos para
 viabilizar economicamente as células combustíveis – Foto: Alexandre Kuma via Flickr – CC


Produção de bolhas de hidrogênio na superfície do eletrodo impresso (à esquerda) e eletrodo saturado
de calomelano (SCE) utilizado como referência (à direita) – Foto: cedida pelo pesquisador

As células combustíveis são dispositivos que convertem energia química em energia elétrica,
transformando, por meio de eletrodos e eletrocatalisadores, hidrogênio em eletricidade. Esses eletrodos
 são feitos de platina, um metal muito raro, que encarece o custo de produção do equipamento.
Por esse motivo, uma pesquisa com participação da Escola Politécnica (Poli) da USP propõe o uso
 de eletrodos impressos com materiais de menor custo e desempenho similar ao da platina.
O método permitirá aumentar a escala de produção e viabilizar economicamente a geração de
energia por células combustíveis.

“Hoje em dia, as fontes de energia não renováveis têm o problema de apresentarem um elevado custo
 ambiental”, afirma Lucas Fugita, aluno de graduação em Engenharia Química da Poli, que participou
da pesquisa. “Uma das alternativas é o método das células combustíveis, equipamentos que convertem
energia química em energia elétrica, como as pilhas e baterias químicas. De maneira simplificada, uma
 célula combustível ácida utiliza hidrogênio (H2) como combustível e oxigênio (O2) como oxidante
para produzir água e corrente elétrica.”

As células combustíveis possuem um eletrodo que em contato com a água provoca uma Reação de
Evolução de Hidrogênio (HER), produzindo hidrogênio gasoso (H2). “Esse eletrodo usualmente é
feito de platina, um metal nobre e raro, o que torna a produção de energia muito dispendiosa”,
ressalta o pesquisador. “Por isso, a pesquisa propõe a utilização de eletrodos impressos, uma técnica
conhecida como Screen Printed Electrode (SPE).”




Célula combustível utiliza hidrogênio como combustível e oxigênio como oxidante, para produzir água
 e corrente elétrica – Imagem: cedida pelo pesquisador




Foto: Wikimedia Commons


Impressora
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Veículo autônomo submarino monitora águas com sensores e câmeras


Kit dosa ferro no organismo inclusive na forma de nanopartículas

A técnica utiliza uma impressora onde são inseridos os moldes a serem preenchidos com tinta,
gravando os eletrodos sobre uma base plástica. “Inicialmente foi aplicada uma tinta feita com carbono,
porém os eletrodos necessitavam de muito mais energia que a platina”, relata Fugita. “Depois foram
 testadas outras composições de tinta, e o dissulfeto de molibdênio (MoS2) conseguiu aumentar a
densidade da corrente elétrica e diminuir a energia necessária para iniciar a reação do hidrogênio, com
 desempenho similar à platina.”

Durante o processo de impressão, uma camada de MoS2 é depositada no eletrodo, e sua espessura
 depende do tempo de deposição. “Para descobrir qual era a espessura ideal, vários tempos de
deposição foram testados, de 7,5 a 120 minutos”, aponta o pesquisador. “Ao final dos experimentos,
descobriu-se que com 45 minutos de deposição acontecia o menor potencial de início de reação e a
 maior densidade de corrente, otimizando o funcionamento do eletrodo.”

Na pesquisa também foram experimentadas diferentes concentrações de MoS2, até se verificar que a
 tinta com 10% do composto também reúne as condições ideais de potencial e densidade para fazer a
 reação. “O uso da impressora permite que se possam produzir vários eletrodos de uma só vez”,
 ressalta Fugita. “O uso de um material de menor custo, com performance similar à platina, e a
fabricação em escala industrial poderão viabilizar economicamente o emprego de células combustíveis
 para produzir energia.”




Folha de eletrodo impresso (SPE) recém produzida com 22 unidades




Impressora DEK 248 Screen Printer, onde são feitos os eletrodos – Foto: cedida pelo pesquisador

Bolsa Empreendedorismo


Lucas Fugita: estudo em centro de pesquisa de células a combustível – Foto: Cecília Bastos/USP
Imagens

Por meio do edital de 2017 da Bolsa Empreendedorismo da Agência USP de Inovação (Auspin),
destinado a projetos de pesquisa com relevância e retorno para a sociedade, Fugita esteve na
Manchester Metropolitan University, no Reino Unido. Ali realizou estudos no Fuel Cell Innovation
Centre, coordenado pelo professor Craig Banks, dedicado a pesquisas sobre células combustíveis.


Mais informações: e-mail lucas.fugita@usp.br, com Lucas FugitaO trabalho teve a supervisão do
pesquisador Samuel Rowley Neale, primeiro autor do artigo “Magnetron Sputter-Coated Nanoparticle
 MoS2 Supported on Nanocarbon: A Highly Efficient Electrocatalyst toward the Hydrogen Evolution
 Reaction”. Publicado em 3 de julho no ACS Omega Journal, da American Chemical Society
(Estados Unidos), o texto apresenta as conclusões da pesquisa. Um novo artigo, sobre eletrodos
 impressos com tinta misturada a pequenas quantidades de platina, está em fase de preparação.

Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data: 27/08/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-exatas-e-da-terra/novo-material-reduz-
custo-de-celula-combustivel-para-gerar-energia/



Pesquisa confirma indícios de fraude em extração de madeiras



Para os pesquisadores, conservar espécies madeireiras da Amazônia requer um novo modelo com aplicação e modernização de licenças de exploração e envolvimento significativo de todos os grupos interessados – Foto: Acervo Laboratório de Silvicultura Tropical/Esalq



As taxas decrescentes de desmatamento na Amazônia brasileira são tidas como um sucesso de conservação, mas a extração ilegal de madeira é um problema de escala semelhante. Esforços recentes de regulamentação melhoraram a detecção de algumas formas de extração ilegal de madeira, porém são vulneráveis a métodos mais sutis que mascaram a origem da madeira ilegal.

Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, coordenam uma pesquisa que confirmou indícios de fraude na extração de espécies madeireiras de alto valor. A conclusão do trabalho, que está publicado na revista Science Advances desta semana, foi divulgada após análises que apontaram discrepâncias consideráveis entre volumes estimados de madeira do inventário florestal nacional do Brasil (RADAM) e os volumes de licenças de corte como indicadores de possíveis fraudes na indústria madeireira na Amazônia oriental.


Sem um esforço sério para abordar esta questão em larga escala, a degradação das florestas da Amazônia continuará.

Os pesquisadores reuniram um total de 427 autorizações válidas de exploração – Autef (Autorização de Exploração Florestal), emitidas entre 2012 e 2017 e disponíveis no Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental (Silam), da Secretaria do Meio Ambiente do Pará. Observaram ainda 426 parcelas do RADAM, de um hectare, considerando árvores com DAP (diâmetro na altura do peito) maior que 50 centímetros, distribuídas espacialmente e de forma independente.

“Encontramos um forte viés de superestimação de volumes de espécies madeireiras de alto valor em licenças de exploração madeireira. Avaliações de campo confirmaram indícios de fraudes para as mais valiosas espécies com objetivo de gerar um excedente de madeira licenciada que possa ser usada para legalizar madeira proveniente da extração ilegal”, aponta o estudo da Science Advances.


Detalhe de madeira na cidade de Cruzeiro do Sul, no Estado do Acre – Foto: Cecília Bastos/USP 

Novo modelo, mais transparência e integração de dados

Com os resultados, os pesquisadores indicam que conservar espécies madeireiras da Amazônia requer um novo modelo que inclui aplicação e modernização de licenças de exploração, bem como um envolvimento significativo de todos os grupos de partes interessadas.

Entre as ações sugeridas estão a conversão de processos em papel para plataformas digitais com propósito de reduzir os numerosos problemas causados pela burocracia e pelas oportunidades de corrupção. “Essa medida poderia também aumentar a transparência e permitir uma melhor integração de bancos de dados existentes para orientar a tomada de decisões”, complementam.
Parcerias com a comunidade científica

Além disso, há o indicativo para que governos estabeleçam parcerias com a comunidade científica para desenvolver soluções eficazes e reduzir o que os cientistas chamam de fosso entre a geração e a aplicação do conhecimento. “Sem um esforço sério para abordar esta questão em larga escala, a degradação das florestas da Amazônia continuará. Portanto, defendemos mudanças no sistema de comando e controle do licenciamento e de auditorias das áreas de exploração para evitar a superexploração de espécies madeireiras da Amazônia e a degradação florestal generalizada associada à extração ilegal de madeira”, concluem.

Coordenou o estudo o professor Pedro Brancalion, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq. Do mesmo departamento, integrou a equipe o professor Edson Vidal, além de Danilo Almeida, Vanessa Sontag e Saulo Souza, todos pesquisadores do Laboratório de Silvicultura Tropical (Lastrop) da Esalq. Ainda como coautores, a pesquisa tem Paulo Guilherme Molin, professor da Universidade Federal de São Calos (UFScar) e Marke Schulze, professor da Oregon State University.

Caio Albuquerque, da Assessoria de Comunicação da Esalq

Mais informações: (19) 3429-4477 / 4109 / 4485, e-mail acom.esalq@usp.br, na Divisão de Comunicação da Esalq





Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data: 20/08/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-agrarias/pesquisa-confirma-indicios-de-fraude-em-extracao-de-madeiras/

Você gosta de ouvir Bach? Os porcos também


A música foi escolhida com base em referencial teórico, o que era necessário por ser validação de um novo método – Foto:Heribert Duling via Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 de



Suínos tiveram uma melhoria em seu bem-estar, algumas mudanças de comportamento e até apresentaram alterações alimentares ao ouvir música clássica. Esses foram os resultados da tese de doutorado Enriquecimento sensorial do ambiente buscando o bem-estar de suínos, realizada por Érica Harue Ito, com orientação de Késia Oliveira da Silva Miranda, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba.

Segundo a zootecnista, houve uma diminuição dos comportamentos agonísticos (brigas e perseguições) e um aumento nos comportamentos lúdicos (brincadeiras e interações entre eles) nos animais que ouviram o prelúdio da Suíte nº1 em Sol Maior para Violoncelo (BWV 1007), composta pelo alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750). Você pode ouvir a versão tocada para os porquinhos neste link.

Outro fator observado pela pesquisadora foi o consumo de ração e ganho de peso. Érica diz que ficou surpresa em perceber que os porcos que ouviram música tiveram o mesmo ganho de peso consumindo uma quantidade menor de ração. Ela ressalta a importância dessa descoberta para o produtor de suínos: “50% do custo da produção de suínos é a ração. A melhora de 1% disso faz uma diferença muito grande para produtores de animais, que ganham em centavos.”


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O estudo buscou validar o uso em campo aberto do método conhecido como enriquecimento sonoro. Em ambiente fechado, essa técnica já é melhor pesquisada e oferece a possibilidade de controlar fatores como temperatura e umidade. Em um campo aberto, esses fatores podem apenas ser monitorados. A música foi escolhida com base em referencial teórico, o que era necessário por ser validação de um novo método. “Como eu estava validando uma metodologia em instalações abertas, eu tinha que seguir alguma coisa que já existia na literatura. Pesquisei sobre rock, pagode, mas não encontrei nada. Por mim, eu colocaria”, comenta a pesquisadora.

A pesquisa foi feita com os porcos divididos em duas baias, que ficavam lado a lado, separadas por uma parede. A baia tratamento ouvia música, enquanto a baia controle não. A intensidade e a frequência do som foram monitoradas e a temperatura dos animais também, para garantir que não estavam com nenhuma doença. Os suínos ouviram a música durante um mês e a pesquisadora coletava dados a cada hora.

Segundo a zootecnista, para entender o mecanismo que levou a música a influenciar no consumo de ração e consequente ganho de peso dos animais, seria necessária uma pesquisa multidisciplinar, com psicólogos e neurocientistas. “Nós sabemos como é que a música influencia os seres humanos. Mas como influencia os animais? Será que ativa as mesmas regiões cerebrais que ativa em nós? Não há pesquisas sobre isso.”


Porcos que ouviram música tiveram o mesmo ganho de peso consumindo uma quantidade menor de ração. Essa é uma importante descoberta para os produtores de suínos – Foto: Alexas_Fotos/CC0 Creative Commons via Flickr

A aplicação direta da pesquisa seria para os produtores de animais, que podem utilizar a música, um recurso barato, ao qual todo mundo tem acesso, e se mostrou eficiente. Para além disso, fica a reflexão para a sociedade: “É muito fácil alguém que é leigo no assunto ter um cachorro ou um gato de estimação e entender que aquele animal sofre, sente fome, precisa de carinho e tem sentimentos. Mas é muito difícil ainda, para a grande maioria das pessoas, entender que a vaca que dá leite, o porco que dá carne, a galinha que dá ovo, também têm esses mesmos sentimentos”, afirma Érica. Sendo assim, nada mais justo do que buscar situações que proporcionem aos bichos viverem, se reproduzirem e crescerem de maneira agradável e de forma ética.Érica comenta que o estudo é apenas parte de um quebra-cabeça, pois além de faltar entender como a música afeta os animais, há também a possibilidade de se testar outros gêneros musicais e avaliar se possuem o mesmo efeito. Ela pretende continuar pesquisando, mas ressalta que provavelmente será mais difícil agora, por ser bolsista da Capes (Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que, no início deste mês anunciou uma possível suspensão no pagamento de bolsas e a interrupção de programas de fomento à pós-graduação no País. “É um pouco difícil, ainda mais agora, com os problemas de bolsa e financiamento. Então os recursos vão ser prioritários para a área de saúde, para o que é ‘considerado importante’. Eu sei que vai ficar mais difícil agora, mas o intuito é continuar”, avalia a pesquisadora.

Você pode ter acesso à versão simplificada da tese Enriquecimento sensorial do ambiente buscando o bem-estar de suínos neste link.

Mais informações: e-mail ericaito@usp.br com Érica Harue Ito




Autor: Ane Cristina
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data: 27/08/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-agrarias/voce-gosta-de-ouvir-bach-os-porcos-tambem/

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Síndrome do coração partido

coracao
Síndrome do coração partido, cardiomiopatia de takotsubo ou, ainda, cardiomiopatia induzida por estresse são os nomes pelos quais é conhecida uma doença do músculo cardíaco cuja principal característica é a disfunção súbita, mas transitória, do ventrículo esquerdo. Essa alteração usualmente é desencadeada por situações de estresse agudo emocional ou físico, seja a morte de uma pessoa querida, a perda do emprego, o rompimento de um relacionamento afetivo, um acidente automobilístico com graves consequências, crises de asma. Até saber que acertou os seis números da Mega-Sena em dia de prêmio acumulado, assistir à vitória da seleção de futebol ou receber uma promoção inesperada pode também funcionar como fatores de risco para a manifestação da síndrome.

De maneira geral, situações que despertam forte emoção provocam aumento na produção de adrenalina e de outros hormônios do estresse pelas glândulas adrenais. Essa descarga de adrenalina na corrente sanguínea determina um estreitamento temporário nas artérias que irrigam o coração e interfere no funcionamento do músculo cardíaco. Como resposta, o organismo pode produzir sintomas semelhantes aos do infarto agudo do miocárdio em pessoas predispostas, mas sem nenhum sinal de doenças obstrutivas nas coronárias.

Para mascarar ainda mais o quadro, o episódio vem acompanhado por alterações registradas no eletrocardiograma e pela elevação discreta dos níveis de troponina no sangue, uma enzima indicativa de lesão ou insuficiência do músculo cardíaco, que ocorre tanto na cardiomiopatia por estresse como nos ataques cardíacos.

Grosso modo, o que acontece na síndrome do coração partido é um descompasso temporário no funcionamento do músculo cardíaco. Enquanto as outras partes do ventrículo funcionam normalmente, ou apresentam contrações mais rápidas e descontroladas, o ápice e o centro do ventrículo esquerdo sofrem uma espécie de paralisia transitória durante a sístole, distúrbio que o deixa sem força suficiente para impulsionar o sangue para o resto do corpo através da válvula da aorta. O acúmulo de sangue dentro do ventrículo esquerdo lhe confere o formato abaulado típico da enfermidade.

Em 1990, pela primeira vez, médicos japoneses identificaram as características da doença e estabeleceram uma analogia entre a imagem do coração partido e a de uma armadilha em forma de vaso de fundo arredondado e pescoço estreito, utilizada para capturar polvos no Japão. Daí vem o nome cardiomiopatia de takotsubo (tako = polvo + tsubo = vaso, pote) pelo qual a doença também é conhecida.

Em geral, a síndrome do coração partido dura de sete a 30 dias, tem evolução benigna e prognóstico favorável, já que não deixa marcas permanentes no coração. Raros são os casos em que a doença pode levar o paciente a óbito.


CAUSAS



Ainda não foi determinada a causa específica da síndrome do coração partido, mas já se sabe que, por volta de 80% dos casos, ela pode ser desencadeada por acontecimentos estressantes que promovem descarga de hormônios de estresse, especialmente da adrenalina, na corrente sanguínea.

No entanto, ainda não é possível determinar o mecanismo que induz o aparecimento dos sintomas em aproximadamente 1/3 dos episódios.

Estudos hemodinâmicos deixam claro, porém, que a causa do distúrbio não está no bloqueio das artérias coronárias por um coágulo de sangue ou ateroma, mas, sim, no mau funcionamento do ápice e da região central do ventrículo esquerdo, condição que pode levar à insuficiência cardíaca temporária e simular o infarto agudo do miocárdio.

Um grupo de pesquisadores italianos conseguiu identificar o mecanismo fisiopatológico da doença. Eles partiram da hipótese de que a descarga de adrenalina produz espasmo dos pequenos vasos coronarianos, fenômeno que não é perceptível na coronariografia, mas compromete a microcirculação, impedindo que as células musculares do coração exerçam suas funções adequadamente. Eles conseguiram também demonstrar que, na maior parte dos casos, passada a fase aguda, a disfunção microvascular regride, o coração retoma os batimentos normais e os sintomas desaparecem.


FATORES DE RISCO



A cardiomiopatia induzida por estresse pode afetar pessoas de qualquer idade. Em 90% dos casos, porém, a enfermidade atinge mais as mulheres, acima dos 50 anos, que estão atravessando o período da pós-menopausa. Estudiosos no assunto acreditam que elas se tornam mais vulneráveis à medida que ocorre queda na produção de estrogênio, o hormônio feminino que, entre outras funções, protege o endotélio, a camada interna dos vasos.

Idosos e portadores de transtornos neurológicos (traumatismo craniano, epilepsia) ou psiquiátricos (crises de ansiedade e depressão) integram também o grupo de risco.


SINTOMAS



Os sintomas da síndrome do coração partido são praticamente os mesmos que ocorrem na vigência do infarto agudo do miocárdio: dor no peito, falta de ar, cansaço extremo, sudorese abundante.

Angina, arritmia, desmaios, hipotensão são outros sinais da doença, que podem manifestar-se alguns minutos ou várias horas depois da alteração que teve como gatilho um acontecimento estressante (positivo ou negativo). Vale registrar que, em grande parte dos casos, esses sintomas costumam desaparecer espontaneamente, isto é, sem tratamento.

No entanto, é preciso estar atento a possíveis complicações da doença, como a insuficiência cardíaca grave, o edema pulmonar e o choque cardiogênico (o coração perde a capacidade de bombear o sangue na quantidade necessária para nutrir os órgãos), que exigem atendimento imediato em ambiente hospitalar.


DIAGNÓSTICO



O diagnóstico da síndrome do coração partido considera os dados obtidos no exame físico e no levantamento da história do paciente, assim como o resultado de exames laboratoriais de sangue, uma vez que a presença de certas enzimas na corrente sanguínea pode sugerir doença cardíaca.

Vencida essa primeira fase, exames não invasivos, como o eletrocardiograma e o ecocardiograma, raios X de tórax, ressonância magnética e o angiograma coronariano são úteis para fechar o diagnóstico, uma vez que ajudam a identificar a existência ou não de irregularidades na estrutura e funcionamento do coração.


TRATAMENTO



Não existe tratamento específico para a síndrome do coração partido. Mesmo assim, ele pode ser útil para reduzir o esforço do coração durante o processo de recuperação e evitar novas crises.

Os medicamentos utilizados nessa fase permanecem praticamente os mesmos indicados nos casos de insuficiência cardíaca grave associada ao infarto do miocárdio. São exemplos dessas drogas os inibidores ECA para controle da pressão arterial, os betabloqueadores para diminuir a frequência cardíaca, os diuréticos para reduzir a concentração de líquidos no organismo e os remédios para alívio do estresse.

Técnicas de relaxamento e meditação também podem trazer alguns benefícios para o controle do estresse.


RECOMENDAÇÕES



Não existe nenhuma fórmula eficaz para prevenir a síndrome do coração partido, mas é fundamental estar sempre alerta a fim de identificar os agentes estressores que podem provocar danos no organismo. Nesse sentido, a prática regular de exercícios físicos já demonstrou sua eficácia no controle do estresse que sobrecarrega o coração.

Segundo matéria publicada pelo HCor (Hospital do Coração), “exercícios físicos como a corrida ou uma simples caminhada têm efeito benéfico e muito positivo para combater o estresse emocional e físico”. O HCor alerta também sobre importância dos esportes no combate à síndrome do coração partido, uma vez que representam a oportunidade de desenvolver a sociabilidade e reduzir o isolamento social como forma de controlar as emoções envolvidas nas doenças do coração.



Observação importante:

Não atribua exclusivamente ao estresse ou às condições adversas que atravessa no momento, sintomas como dor no peito, falta de ar, cansaço extremo e batimentos cardíacos irregulares. Procure atendimento médico sem perda de tempo para avaliar as condições cardiovasculares e receber o tratamento indicado, se necessário.


Fontes:

Cleveland Clinic

Mayo Clinic

UpToDate

md.saúde

HCor – Hospital do Coração





Autor: MARIA HELENA VARELLA BRUNA
Fonte: Drauzio Varella
Sítio Online da Publicação: Drauzio Varella
Data: 21/08/2018
Publicação Original: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/sindrome-do-coracao-partido/

Mycoplasma genitalium: Entenda o que é essa IST




No mês de julho de 2018, foram veiculadas na internet algumas notícias afirmando que a infecção causada pela bactéria Mycoplasma genitalium (MG) estava se alastrando pela Europa e deixando especialistas alarmados, já que apresentava resistência ao tratamento com alguns antibióticos. O aumento do número de infecções em alguns países europeus nos últimos anos, porém, tem relação com a dificuldade de um diagnóstico preciso e consequente tratamento da bactéria com o antibiótico inadequado.

Segundo o dr. Ricardo Vasconcelos, infectologista da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador médico do projeto PrEP Brasil, o diagnóstico preciso da infecção por MG é feito por meio de um exame chamado PCR, que consegue identificar o DNA da bactéria. “Esse exame não é facilmente encontrado em laboratórios de rotina, nem no Brasil nem no resto do mundo. Isso faz com que muitas vezes o diagnóstico não seja realizado e a infecção seja tratada equivocadamente como se fosse causada por uma bactéria mais frequente, como as que causam clamídia ou gonorreia”, explica.


Mesmo sem ter sintomas, uma pessoa pode ser portadora de uma IST e transmiti-la sem nem saber que tem. Por outro lado, se uma infecção dessas é diagnosticada, quando é feito o rastreamento, o tratamento e a cura resolvem a questão e quebram a cadeia de transmissão.


A bactéria pode ser transmitida por via sexual (tanto por penetração quanto por sexo oral) e é responsável por uma pequena parcela dos quadros de uretrites em homens e infecções ginecológicas em mulheres, podendo causar sintomas como dor ou ardência ao urinar, dor durante a relação sexual, secreção na uretra (no caso dos homens) e corrimento (em mulheres). Mas ela também pode ser assintomática. Em casos graves e mais raros, pode provocar abortos e até infertilidade feminina, caso não sejam feitos diagnóstico e tratamento adequados. “Esse aumento do número de casos ainda não foi identificado no Brasil e por isso é importante desde já aumentar a vigilância para essa bactéria. Existem antibióticos disponíveis para o tratamento com sucesso do MG, mas para que continuem funcionando é preciso realizar o rastreamento e diagnóstico correto da bactéria, inclusive naquelas pessoas que são portadoras assintomáticas”, afirma o infectologista.


PREVENÇÃO


A camisinha ainda é o principal método para se prevenir das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Contudo, para o dr. Ricardo, a prevenção vai muito além do uso do preservativo. Para as pessoas que têm uma vida sexual ativa, principalmente aquelas que têm parceiros ou parceiras casuais, recomenda-se o rastreamento de infecções periodicamente. “Mesmo sem ter sintomas, uma pessoa pode ser portadora de uma IST e transmiti-la sem nem saber que tem. Por outro lado, se uma infecção dessas é diagnosticada, quando é feito o rastreamento, o tratamento e a cura resolvem a questão e quebram a cadeia de transmissão.”



No caso de ISTs que provocam sintomas como corrimentos e lesões como feridas e verrugas, o paciente deve buscar uma avaliação médica rapidamente para que sejam feitos o diagnóstico e o tratamento adequados. Também é importante avisar as pessoas com quem se relacionou recentemente para que se investigue a possibilidade de transmissão.

O infectologista indica ainda a manutenção da carteira de vacinação em dia, pois essa é uma forma de evitar a transmissão de doenças como o HPV e as hepatites A e B. “Por fim, é importante conhecer a sua vulnerabilidade à infecção por HIV para que se possa encontrar as estratégias de prevenção ao vírus que se encaixem no contexto de vida de cada um. Para isso, além da camisinha, dispomos também das profilaxias pré e pós-exposição.” Esses métodos são utilizados para prevenção do HIV e podem ser conhecidos com mais profundidade nesta entrevista.

Sobre o autor: Maiara Ribeiro

Jornalista, repórter do Portal Drauzio Varella e interessada em temas relacionados a saúde da mulher e deficiências na infância.



Autor: Maiara Ribeiro
Fonte: Drauzio Varella
Sítio Online da Publicação: Drauzio Varella
Data: 21/08/2018
Publicação Original: https://drauziovarella.uol.com.br/infectologia/mycoplasma-genitalium-entenda-o-que-e-essa-ist/

Artigo de pesquisador da Ensp/Fiocruz debate PL sobre agrotóxicos




Brasil, líder do ranking mundial de consumo dos produtos, caminha na direção contrária a vários países do planeta com maior consciência ecológica e sanitária onde tem havido redução dos agrotóxicos no consumo global e por área plantada


Informe Ensp

“Passados quase trinta anos da Lei dos Agrotóxicos, idade semelhante à da chamada Constituição Cidadã de 1988 e das Leis Orgânicas de Saúde aprovadas em 1990 que regulamentaram o Sistema Único de Saúde (SUS), vivemos um retrocesso civilizatório.” Assim se refere o pesquisador Marcelo Firpo, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), ao Projeto de Lei (PL) nº 6.299/2002, denominado de Pacote do Veneno, em seu artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública.

Para ele, o Brasil, líder do ranking mundial de consumo dos produtos, caminha na direção contrária a vários países do planeta com maior consciência ecológica e sanitária onde tem havido redução dos agrotóxicos no consumo global e por área plantada, consumindo alimentos orgânicos e agroecológicos, sem diminuir a produtividade e os ganhos econômicos.

Firpo explicou que o PL 6.299 assume a primazia dos interesses econômicos do agronegócio no lugar da defesa da saúde e do meio ambiente, a começar pela substituição do conceito de agrotóxico pelo de “produtos fitossanitários”. O PL ainda retira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) diversas atribuições no processo de licenciamento, ampliando os poderes regulatórios do Ministério da Agricultura.

O tema dos agrotóxicos ganhou destaque nacional desde 2008, quando foi divulgado que o Brasil havia se tornado o líder do ranking mundial de consumo. Em 2011, foi criada a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, que reuniu inúmeros movimentos sociais e sindicais, ONGs, universidades e instituições de pesquisa. No mesmo ano, houve o lançamento do filme O Veneno está na Mesa, do cineasta Silvio Tendler, e, em 2015, foi publicado o livro Dossiê Abrasco: Um Alerta Sobre os Impactos dos Agrotóxicos.

Como o país passou a consumir tanto agrotóxico e, mesmo assim, caminha para aprovar majoritariamente uma legislação tão retrógrada? Segundo Firpo, ao buscar por respostas, chega-se ao âmago das crises social, ecológica e de saúde, que fazem parte de uma crise mais ampla, civilizatória.

No caso dos agrotóxicos, ele explica que o elo com a crise mais ampla tem a ver com o modelo de desenvolvimento dos países neo-extrativistas do Sul Global exportadores de commodities agrícolas e metálicas. Já no caso do agronegócio, continua o pesquisador, monocultivos de exportação como a soja explicam a dependência química, inevitável em sistemas ecológicos homogêneos que concentram a produção mundial de alimentos a poucas espécies vegetais e animais, com mercados longos que distanciam e alienam os consumidores.”A agricultura industrial trava uma guerra contra a natureza e a biodiversidade vira uma praga a ser destruída”.

O artigo de Firpo ainda esclarece que existem pelo menos três opções estratégicas de expansão do agronegócio no contexto brasileiro. A primeira é a incorporação e subordinação dos agricultores familiares à cadeia do agronegócio, inclusive para enfraquecer a reforma agrária e movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A segunda estratégia é o aumento da área plantada por meio da retirada das terras indígenas, quilombolas ou daquelas protegidas pela legislação ambiental. Uma terceira estratégia diz respeito ao aumento da produtividade da área plantada.

Firpo lembrou que os monocultivos são dependentes químicos dos agrotóxicos, pois a agricultura industrial precisa eliminar a biodiversidade para plantar ou criar uma única espécie. “Trata-se da ciência do controle para dominar, e não do convívio para o bem viver, princípio básico dos povos que vivem da e em harmonia com a natureza. Para eles, a noção de bens comuns é componente integrante de suas cosmovisões, economias e saberes”.

O artigo conclui que a Saúde Coletiva precisa se reinventar para enfrentar tamanhos desafios. O autor questiona até que ponto os venenos e os conflitos de interesse estão a corroer nossos princípios e práticas, mesmo porque, muitas vezes, não são explicitados por exigências pragmáticas de coalizões políticas e financiamento de instituições, grupos acadêmicos e ONGs. “Responder tais questões é uma tarefa premente das forças progressistas e dos intelectuais que buscam um pensar-sentir mais ético e integrado de origem andina, que concorre com as visões rasteiras e produtivistas que predominam na academia, inclusive dentro da própria Saúde Coletiva”, finalizou.

O artigo O trágico Pacote do Veneno: lições para a sociedade e a Saúde Coletiva foi publicado na Cadernos de Saúde Pública n° 34, de julho de 2018.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/08/2018





Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 27/08/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/08/27/artigo-de-pesquisador-da-enspfiocruz-debate-pl-sobre-agrotoxicos/

Inversão da pirâmide social aumentará a presença de pessoas com mais de 60 anos no mercado de trabalho e no ensino superior


Foto: EBC

Em 20 anos, população brasileira terá 24,5% de idosos

Por Andressa da Rosa

O Brasil esta ficando mais experiente. É o que apontam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2017, o país superou a marca de 30 milhões de idosos. A previsão é de que, em 2042, a população brasileira atinja 232,5 milhões de habitantes, sendo 57 milhões de idosos (24,5%).

Com a inversão na pirâmide social, já que até 2030 teremos mais idosos do que crianças de zero a 14 anos, a presença de pessoas com mais idade no mercado de trabalho e nas instituições de ensino tende a ser cada vez maior.

Para se ter uma ideia, dos mais de oito milhões de matriculados em cursos de graduação, presenciais e a distância, aproximadamente 24 mil têm 60 anos ou mais, segundo o Censo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), de 2016.

Com o crescente número de idosos, o mercado de trabalho e as instituições de ensino, antes projetados apenas para jovens multitarefas, a partir de agora, necessitam de ajustes para atender ao novo cenário. Se as pessoas mais novas conseguem executar simultaneamente diferentes tarefas como andar, falar ao telefone, mexer no celular e estudar, os idosos precisam de cautela quando o assunto é foco e atenção.

O alerta é da presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Claudia Fló. “A maioria dos idosos não consegue se concentrar e realizar muitas atividades ao mesmo tempo. Ao caminhar, por exemplo, um diálogo prolongado aumenta o risco de ele desviar a atenção e, com isso, perder o equilíbrio e cair”. Quando o assunto é o processo de ensino-aprendizagem para idosos, ela é ainda mais enfática. “Um ambiente silencioso e o foco em apenas uma tarefa ou um tema a ser estudado por vez, é fundamental para o desempenho e performance do idoso”.

No que diz respeito ao limite diário de estudos, a especialista ressalta que há variação de pessoa para pessoa. “No jovem, fala-se muito sobre o período máximo de atenção plena, que é de aproximadamente 40 minutos. No caso dos idosos, não existem estudos sobre o tema para essa população específica, ou seja, é importante que ele respeite o seu próprio limite”.

Claudia ainda lembra que exercitar a mente faz bem em qualquer idade e, para os idosos, é importantíssimo se manterem ativos, especialmente, em atividades intelectuais. “Para auxiliar nesse processo de aprendizagem, levando em consideração algumas limitações adquiridas pela ação do tempo, o ideal é seguir aquela velha dica dos professores: nunca estudar na véspera”. E ela acrescenta que o motivo é clínico. “Estudar logo após o término das aulas faz com que a fixação do conteúdo seja muito melhor, pois a repetição ativa os circuitos cerebrais que auxiliam na memorização. Para o idoso, essa prática é fundamental, pois acontece uma ‘lentificação’ da fixação cerebral e ele tende a ter uma dificuldade maior que os jovens”, destaca.

E é justamente por isso que há uma preocupação na adequação das metodologias de ensino para os idosos. Na Unicesumar, por exemplo, há todo um suporte para facilitar o acesso deste público às ferramentas disponibilizadas pela instituição. “Sempre acompanhamos de perto nossos alunos para garantir o aproveitamento máximo de cada um deles. No caso dos idosos, isso é intensificado e as equipes dos polos acompanham e orientam, individualmente, cada um deles. “Assim que iniciam a trajetória na instituição, esses alunos passam por uma ambientação, onde recebem todo o suporte para o manuseio dos ambientes e para a resolução das atividades. Outro facilitador é uma disciplina chamada de Go – Projeto de Vida, criada para ajudar ao estudante da EAD a manter sua trilha de estudos”, explica Kátia Solange Coelho, diretora de Graduação e Pós-Graduação da EAD Unicesumar.

Para que os idosos tenham a certeza de que não estão sozinhos e de que a distância é apenas física, os mediadores desempenham um papel pedagógico fundamental: o de apoiar e auxiliar estes estudantes. A produção própria do material, com linguagem dialógica – que conversa com o aluno –, também permite uma aproximação maior com a instituição. “Entendemos que o cuidado, seja com o material ou com o suporte acadêmico, é essencial para evitar que eles desistam, em especial, porque muitos ficaram longos anos sem estudar e porque a tecnologia pode ser um entrave para esse perfil de estudante”, acrescenta a diretora.

Bombeiro Militar recém-aposentado, o estudante do curso de Tecnólogo em Segurança no Trabalho da EAD da Unicesumar de Indaiatuba (SP), Waldir Gonçalves Mainates, conta que iniciou uma nova graduação motivado pelo desejo de aumentar o conhecimento e agregar mais conteúdo ao seu atual trabalho. “Sou formado em Teologia e em Técnico em enfermagem, ministro cursos de primeiros socorros e traumas. Não imaginava fazer outra faculdade com a minha idade, mas percebi que precisava e escolhi o que seria um diferencial dentro área em que estou atuando”.

Ainda segundo Mainates, mais do que vontade, é preciso muito empenho e dedicação. “Com o passar dos anos, é necessário mais tempo e atenção no desenvolvimento das atividades. Porém, o auxilio da equipe de apoio do polo, a tecnologia e flexibilidade da EAD têm sido grandes aliados”, conclui o aluno, que já planeja a pós-graduação em Ergonomia.

Colaboração de Andressa da Rosa, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/08/2018




Autor: Andressa da Rosa
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 27/08/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/08/27/inversao-da-piramide-social-aumentara-a-presenca-de-pessoas-com-mais-de-60-anos-no-mercado-de-trabalho-e-no-ensino-superior/