terça-feira, 31 de março de 2020

Óleo essencial de laranja-doce: benefícios e como usar

Óleo essencial de laranja-doce melhora o humor, dores nas pernas a curto prazo, entre outros benefícios

óleo essencial de laranja doce

Imagem editada e redimensionada de Xiaolong Wong, está disponível no Unsplash
óleo essencial de laranja doce é extraído da casca das frutas da árvore da espécie Citrus sinensis por meio da prensagem a frio. Às vezes, as folhas e flores da planta de laranja também podem ser usadas. Na aromaterapia, ele proporciona benefícios à saúde como melhorar o humor, aliviar dores no estômago, entre outros.

Benefícios do óleo essencial de laranja-doce

Atividade antimicrobiana

Um estudo que analisou o efeito do óleo essencial de laranja em bactérias E. coli obtidas da carne bovina (que podem causar intoxicação alimentar) concluiu que, após 24 horas, uma concentração de 1% ou menos de óleo essencial de laranja inibiu as bactérias em temperaturas de refrigeração.
Outro estudo, mostrou que o óleo essencial de laranja é capaz de combater cepas de Staphylococcus aureus, resistentes a antibióticos. Quando adicionadas às células humanas infectadas em cultura, baixas concentrações de óleo essencial de laranja matavam as bactérias sem prejudicar as células cultivadas.
óleo essencial de laranja também pode impedir o crescimento de quatro espécies de fungos que podem estragar alimentos, de acordo com um terceiro estudo. Outro estudo concluiu que o óleo essencial de laranja combate oito espécies de fungos que afetam vegetais. Entretanto, o óleo essencial de cravo e o óleo essencial de alho foram mais eficazes.

Ansiedade e depressão

A aromaterapia com óleo essencial de laranja-doce parece reduzir os sintomas da ansiedade e depressão. Em um estudo, verificou-se que a aromaterapia com óleo essencial de laranja reduziu os níveis de hormônio do estresse em crianças submetidas a um procedimento odontológico.
Além disso, em um outro estudo, as mulheres em trabalho de parto relataram menos ansiedade após a inalação do óleo essencial de laranja do que as mulheres do grupo controle que inalaram água destilada.
Um estudo concluiu que inalar o óleo essencial de laranja tem potencial de combate à depressão.

Alívio da dor

Em um estudo com pessoas com fraturas ósseas, a inalação do óleo essencial de laranja ajudou a aliviar a dor. Comparado a um grupo controle, as pessoas que inalaram óleo essencial de laranja relataram menos dor.
Em outro estudo, os pesquisadores avaliaram se uma mistura de gengibre e óleo essencial de laranja poderia ajudar a aliviar dores no joelho quando aplicada à pele. Comparado a um grupo de controle, as pessoas que usaram a mistura de óleo essencial relataram maior alívio da dor a curto prazo, mas o óleo não pareceu ajudar na dor a longo prazo.

Atividade anticâncer e antioxidante

O limoneno, um terpeno encontrado no óleo essencial de laranja, pode ajudar a inibir o crescimento e promover a morte de células cancerígenas do cólon. Esta foi a conclusão de um estudo que analisou esse efeito em em células in vitro.
Outro estudo constatou que o óleo essencial de laranja inibe o crescimento de linhas celulares de câncer de pulmão e próstata in vitro. Além disso, houve aumento da morte celular na linha celular de câncer de pulmão. O mesmo estudou também concluiu que o óleo essencial de laranja tem antioxidante.

Desempenho do exercício

Um estudo avaliou o efeito do óleo essencial de flor de laranjeira inalado durante a prática de exercício em atletas. Os pesquisadores descobriram que as pessoas que inalaram o óleo tiveram uma diminuição significativa nos tempos de execução, bem como um aumento na função pulmonar.

Perda de peso

Um estudo mostrou que ratos obesos alimentados com cápsulas de óleo essencial de laranja mostraram uma redução no ganho de peso e no colesterol.
Atividade inseticida
Um estudo analisou o efeito que o óleo essencial de laranja teve em larvas e pupas de mosca doméstica. Verificou-se que possui propriedades inseticidas por contato e fumigação.

Como usar o óleo essencial de laranja-doce

Aromatizador

Talvez você queira melhorar um pouco o seu humor? Ou talvez você gostaria de adicionar o aroma refrescante de laranja a uma sala? A difusão pode ajudá-lo a fazer isso.
Um difusor permite que um óleo essencial evapore, normalmente usando calor. À medida que a evaporação ocorre, o perfume se espalha por todo o ambiente.
Existem muitos tipos de difusores que você pode comprar on-line ou em lojas especializadas que vendem produtos de aromaterapia. Cada tipo de difusor terá seu próprio conjunto específico de instruções. Siga cuidadosamente todas as instruções do produto ao usá-lo.

Spray de limpeza

Deseja outra maneira de adicionar um perfume de laranja a um espaço? Ou talvez você gostaria de usar o óleo essencial de laranja como limpador natural? Você pode fazer um spray de óleo de laranja seguindo estas etapas:
  1. Adicione o óleo essencial de laranja à água, de preferência em uma garrafa de vidro. Use de dez a 15 gotas por xícara de água;
  2. Agite bem o frasco para misturar o conteúdo;
  3. Pulverize conforme desejado.

Óleo de massagem

Você está procurando aliviar a dor ou inflamação? Considere fazer seu próprio óleo de massagem com infusão de óleo essencial de laranja.
Para fazer isso, você precisará diluir o óleo essencial de laranja em um óleo transportador, como óleo de cocoóleo de jojobaóleo de semente de uva, entre outros. Use 20 gotas de óleo essencial por 30 ml de óleo transportador para fazer um óleo de massagem com uma solução a 3%.

Segurança e efeitos colaterais

Qualquer óleo essencial tem o potencial de causar uma reação da pele quando aplicado topicamente. Se você estiver preocupado com uma possível reação, teste um pouco de óleo essencial de laranja diluído na parte interna do cotovelo antes de usá-lo em áreas maiores.
Evite usar óleo essencial de laranja velho ou oxidado, que pode causar sensibilização dérmica. Este é um tipo de reação alérgica que pode não ser perceptível após um uso, mas pode causar reações graves depois que você o usa algumas vezes.
Se apresentar alguma reação, retire o óleo essencial com óleo vegetal, pois água não funcionará devido à diferença de polaridade química.
Alguns óleos essenciais cítricos são fototóxicos. Isso significa que eles podem causar uma reação dolorosa da pele se você os usar na pele e depois sair ao sol.
óleo essencial de laranja tem uma baixo risco de fototoxicidade, mas você deve ter cuidado se planejar sair depois de usá-lo em sua pele.
Como com outros óleos essenciais, siga estas precauções de segurança ao usar óleo de laranja:
  • Não aplique óleo essencial não diluído na pele;
  • Mantenha o óleo longe dos olhos;
  • Armazene fora do alcance de crianças e animais de estimação;
  • Se você usar o óleo para aromaterapia, verifique se o espaço em que está está bem ventilado;
  • Se estiver grávida, amamentando ou tomando medicamentos prescritos, procure orientação médica antes de usar qualquer óleo essencial.

O que procurar

óleo essencial de laranja pode ser comprado em lojas on-line ou físicas. Siga as dicas abaixo para garantir a compra de óleo essencial de laranja de boa qualidade.
  • Verifique o rótulo do nome científico: Citrus sinensis. O óleo essencial de laranja amarga é outro óleo com um nome muito semelhante: Citrus aurantium. Não confunda os dois;
  • Verifique a pureza do produto. Você deve comprar óleo essencial de laranja 100% puro. Se não for esse o caso, deve ser indicado no rótulo;
  • Escolha vidros escuros. O óleo essencial pode ser danificado pela luz solar e os vidros escuros ajudam a evitar isso;
  • Cheire o óleo. Se não cheira a laranja, não compre ou, se você tiver obtido on-line, faça a devolução (por lei você tem até sete dias para devolvê-lo depois da data da compra).
Autor: Ecycle
Fonte: Ecycle
Sítio Online da Publicação: Ecycle
Data: 31/03/2020

Seis receitas de máscara de hidratação

Selecionamos opções caseiras para você fazer uma máscara de hidratação livre de ingredientes tóxicos e ótima para a pele

máscaras e cremes de hidratação

Imagem de Isabell Winter em Unsplash
Muitas vezes compramos produtos cosméticos e nem sabemos o que estamos passando em nossa pele. Infelizmente, muitos desses produtos possuem componentes químicos prejudiciais ao nosso organismo. Além da saúde, isso prejudica também o meio ambiente. Por isso, uma ótima iniciativa é fazer seus próprios produtos de beleza, como cremes e até uma máscara de hidratação.
Embora as receitas caseiras possuam uma quantidade menor de princípios ativos em relação aos hidratantes industrializados, elas também são muito eficazes. São ótimas alternativas, menos nocivas e mais econômicas, para manter os cuidados com a pele do rosto e do corpo em dia. A recomendação é que os cremes de hidratação sejam aplicados com os dedos em movimentos circulares, sempre massageando bem a região e após uma boa limpeza feita com água e sabonete neutro.
O mais indicado é que seu uso seja imediato, já que muitos ingredientes naturais perdem sua eficácia ao longo do tempo, com a sua exposição ao oxigênio ou à luminosidade, principalmente as frutas.
Em princípio, não há restrições sobre local de aplicação, pois as receitas a seguir são baseadas em produtos naturais, sendo que a maioria é comestível, mas é sempre recomendável a consulta a um/a dermatologista e fazer testes na pele esperando 24 horas antes de usar o produto - principalmente pessoas alérgicas ou sensíveis a qualquer um dos componentes das fórmulas.
A principal diferença entre o creme hidratante e a máscara de hidratação é que a última precisa ser retirada da pele após a aplicação, o que não acontece no caso do hidratante.

Cremes de hidratação

1) Creme hidratante para o corpo natural

Ingredientes:

Basta colocar uma pequena quantidade na palma das mãos e esfregá-las uma nas outras para que a manteiga derreta. Em seguida, aplique diretamente sobre a pele. Possui propriedades umectantes e emolientes fantásticas, além de ser natural e livre de componentes químicos tóxicos. Mas é preciso estar atento ao seu modo de obtenção, que precisa ser o mais natural possível e, por isso, o mais indicado é pela prensagem a frio.

2) Creme hidratante para pele extra-seca

Ingredientes:


Autor: Ecycle
Fonte: Ecycle
Sítio Online da Publicação: Ecycle
Data: 31/03/2020
Publicação Original: https://www.ecycle.com.br/3369-mascara-de-hidratacao.html

'Quarentena para quem?': trabalhadores enfrentam ônibus cheio e proteção precária


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Todos os dias quando liga a TV para acompanhar as notícias dos telejornais em meio à pandemia de coronavírus, a catadora de materiais recicláveis Janaina de Melo ouve um recado incessante: "Fique em casa".

Empurrando uma carroça ao lado dos filhos de 12 e de 13 anos, Melo diz que a pandemia de coronavírus não vai fazê-la parar. Pois é o trabalho dela que sustenta não só os adolescentes, mas também uma filha de 3 anos e o marido desempregado. E afirma que a política de isolamento adotada pela Prefeitura do Rio de Janeiro (onde ela vive) — seguindo as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS) — derrubou o lucro dos coletores.

"O movimento na rua está bem baixo. As pessoas não podem sair de casa, não podem fazer festa, churrasco, e não produzem tanta latinha. Nas últimas semanas, caiu muito o volume, e também o preço. (Cada kg de) latinha custava R$ 2,80, mas hoje está R$ 1. A garrafa PET saiu de R$ 1,20 para R$ 0,80 e só o óleo continuou R$ 1 o litro", relata.

Antes, ela conta que tinha uma meta de receber R$ 100 quando levava material para vender, às segundas e sextas. Mas última semana, conseguiu apenas R$ 30 em cada dia. A única renda fixa da família, que mora na favela Costa Barros, é o Bolsa Família no valor de R$ 230.

"De duas semanas para cá, as pessoas não estão acumulando coisas em casa. Não nos passam mais reciclagem. Eu entendo que elas podem até ter medo, mas deu uma queda muito brusca", afirma.


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Janaina de Melo sustenta três filhos e o marido desempregado com dinheiro que ganha como catadora de material reciclado

E enfatiza que não tem condições de obedecer os recados para ficar em casa. O que ela faz é apenas se proteger da maneira que pode, lavando com água e sabão as mãos e a caçamba da carroça que ela usa assim que termina o serviço.

Ela disse que nenhum dos amigos carroceiros dela contraíram o vírus.

"Me vejo fazendo um trabalho essencial, que contribui até com o meio ambiente. Enquanto muitos sujam, eu tiro da rua e faço minha renda. Sei que é pela saúde de todos o isolamento. Mas, se não tiver uma ajuda, quem não tem renda fixa ou dinheiro guardado passará fome. Só quero que tudo se normalize e que a população e o poder público tenham mais respeito pelos catadores", diz Melo.

O Movimento Pimp My Carroça criou um financiamento coletivo para garantir uma renda mínima aos catadores para que eles possam ficar em casa e evitem a transmissão do coronavírus. O dinheiro arrecadado será distribuído entre os cerca de 3 mil catadores cadastrados no aplicativo Cataki, que conecta catadores a pessoas que produzem reciclagem.

Nesta segunda-feira (30/03), o Senado votará o pagamento de um auxílio emergencial de R$ 600 durante três meses para os trabalhadores brasileiros sem carteira assinada.
Preocupação com a mãe

Dentro de uma cabine, o porteiro Rodolfo Pessoa Viana passa o dia vendo pessoas passando, recebendo encomendas e liberando o acesso de visitantes em um prédio em Moema, na zona sul de São Paulo. O medo de contrair coronavírus o deixa ansioso toda vez que escuta a recomendação para ficar em casa.


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O porteiro Rodolfo Pessoa Viana diz que tem 'preocupação e muito medo' por ter de trabalhar durante período de quarentena estabelecido em SP.

"Quarentena para quem? Ouvir isso para mim é um desespero, um terror. Toda vez que eu escuto para ficar em casa me bate preocupação e muito medo. Eu moro com a minha mãe de 62 anos e tenho esse sentimento de pânico por não poder ficar em casa", diz, em entrevista à BBC News Brasil.

Viana, que trabalha em dias intercalados, disse que não conseguiu nem mesmo reduzir a carga horário no trabalho. A maior preocupação dele é o risco de se contaminar no trajeto entre a casa dele, na favela de Paraisópolis, e o trabalho em Moema, ambos na zona sul de São Paulo. No deslocamento, ele pega um ônibus e um metrô.

"A gente não pode reduzir o trabalho porque os condôminos dependem da gente. Mas eu saio com muito medo. Tenho álcool em gel, uso luvas na mãos e máscara. O que mais assusta é que muita gente que está na rua, na verdade, deveria estar em casa", afirma.

No trajeto das ruas estreitas da maior favela de São Paulo até o condomínio no bairro de casas de alto padrão onde trabalha, Viana identifica uma clara disparidade de cuidados e preocupação em relação ao coronavírus.

"No meu bairro, acham que não está acontecendo nada, não estão nem aí. A rua está cheia e os moradores ainda falam que (o vírus) é uma mentira. Isso aumenta meu medo. Mas quando eu chego na Estação João Dias do metrô, vejo todo mundo de luvas e máscara", diz.

O porteiro conta à reportagem que não anda com luvas porque não encontrou nenhuma à venda.

'Os outros dependem da gente'

Já a cobradora de ônibus Márcia Cristina Chaves Lima passa o dia com luvas e máscaras e muito tensa ao presenciar centenas de pessoas girando a catraca à sua frente. O medo, não só de pegar o vírus, mas também transmiti-lo para a mãe, de 77 anos, é tão grande que Lima deixou o sobrado onde mora com a família há uma semana e passou a dormir na casa do noivo.


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Cobradora de ônibus Márcia Cristina Chaves Lima passa o dia com luvas e máscaras por medo de coronavírus

A irmã mais nova de Lima trabalha em um hospital e, por ter mais chances de entrar em contato com o vírus, passou a dormir isolada em um cômodo na parte de baixo do sobrado da família.

"Minha mãe pergunta: 'Você vai vir aqui hoje? Vem aqui.' Mas eu respondo que não posso e só converso com ela por telefone. Eu trabalho muito exposta. Estamos fazendo a nossa parte para cuidar de quem a gente ama, mas ainda tem muitos idosos na rua. Muita gente não está levando a sério", afirma.

Ela conta que a empresa tomou diversas medidas de segurança, como ter adotado uma limpeza especial dos ônibus e a distribuição de álcool gel para os funcionários. Mesmo com tantos cuidados, diz que tem medo de ser contaminada. Mas reconhece que precisa trabalhar porque oferece um serviço essencial à população.

"Se pudéssemos ficar em casa, ficaríamos. Transportamos pessoas da área de saúde, posto de gasolina, supermercado e não podemos ficar sem eles. A gente não pode parar de trabalhar", afirma.

A cobradora diz que nenhum funcionário acima de 60 anos está trabalhando e que os ônibus estão circulando com frota reduzida e, mesmo assim, vazios.

Já a faxineira Tatiana Aparecida da Silva trabalha na linha de frente do risco de contaminação. Ela é uma das responsáveis pela limpeza de um hospital de São Paulo.

Em meio à pandemia de coronavírus, ela precisa tomar cuidados redobrados. Isso porque trabalha não só nas áreas comuns, como corredores e salas de espera, mas também faz a limpeza dos quartos do hospital.


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Faxineira de hospital Tatiana Silva avalia como incoerente o discurso de Jair Bolsonaro de que isolamento deveria ser flexibilizado.

Ela avalia como incoerentes as críticas do presidente Jair Bolsonaro contra o isolamento social de todos os brasileiros.

"Não parei de trabalhar um só dia, mas seguindo todas as orientações e acreditando na minha fé. Mas achar que todos devem sair de casa e contar com a sorte? Acho que vivemos em uma democracia, então quem quiser assuma os riscos", afirma.

Ela diz que tenta se manter calma porque disse não poder de trabalhar.

"Quem cuida de quem precisa não pode ficar doente. A gente tem que blindar a nossa mente. Tive colegas que saíram com medo de estar muito vulnerável e entrar nas estatísticas. Mas tem que encarar. Eu assisto todos os noticiários, mas não deixo o pânico entrar na minha mente. Eu sigo todas as técnicas de segurança e tenho fé".




Autor: Felipe Souza - @felipe_dess
Fonte: BBC News Brasil em São Paulo
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 31/03/2020
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52090643

Coronavírus: como funcionam os respiradores e por que eles são chave na luta contra a covid-19


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Estima-se que 5% dos infectados pelo coronavírus precisam de respiração assistida

Eles são a última esperança para a maioria dos pacientes gravemente afetados pelo novo coronavírus.

Mas nem mesmo os sistemas de saúde dos países mais ricos do mundo estão equipados com a quantidade de respiradores que a pandemia da covid-19 pode exigir.

Isso já obrigou os médicos da Itália e da Espanha a tomarem a difícil decisão de quais pacientes conectar a essas máquinas e quais não — o que, em muitos casos, equivale a uma sentença de morte.

E, na corrida desesperada para suprir o déficit de respiradores, governos de todo o mundo tem exigido que indústrias de todos os tipos — de montadoras a fabricantes de aspiradores de pó — coloquem toda a sua capacidade de produção para fabricar o produto.

"Estamos com um problema sério, nunca visto antes, jamais pensado, exceto em filmes de catástrofes, e a verdade é que estamos vendo isso com grande preocupação", diz Gustavo Zabert, pneumologista da Clínica Pasteur em Neuquén, Argentina, e presidente da Associação Latino-Americana do Tórax.

"E na região não conseguiremos contornar isso de uma maneira diferente do que está acontecendo em outras partes do mundo, a menos que consigamos amenizar o pico da epidemia", disse ele à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC.


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A epidemia de covid-19 está levando os sistemas de saúde dos países mais afetados ao limite

Mas o que são os respiradores, como eles funcionam e por que eles desempenham um papel tão crítico na batalha contra o coronavírus?

E quão realista é a ideia de que indústrias e até indivíduos equipados com impressoras 3D possam começar a fabricar esses dispositivos médicos vitais em poucos dias?
Bombando oxigênio

Os respiradores são necessários, pois estima-se que aproximadamente 5% dos pacientes com covid-19 acabem sofrendo a chamada síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA).

"É a resposta inflamatória excessiva (dos pulmões) à infecção, neste caso viral, por coronavírus", explica Oriol Roca, médico associado do serviço de medicina intensiva do Hospital Vall d'Hebron, em Barcelona.

"Um tipo de membrana é criada e o oxigênio não pode passar por ela, o que naturalmente causa insuficiência respiratória", descreve o médico Ferran Morell, ex-chefe do serviço de pneumologia do mesmo hospital.

"É uma condição que não tem tratamento. A única solução é colocar os pacientes em ventilação mecânica e esperar que ele tenha sorte e que seu organismo reaja", disse ele.

E, se em tempos normais a taxa de pacientes com SDRA já é alta, o prognóstico parece ser ainda pior nos tempos de coronavírus.

"Dos que agora são admitidos por problemas respiratórios agudos em terapia intensiva pela covid-19, metade morre", diz Morell.


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'O respirador não é algo que cura por si só, mas permite economizar tempo para o tratamento entrar em vigor', explica o médico Oriol Roca

A porcentagem, no entanto, seria significativamente maior sem respiradores artificiais, capazes de garantir a chegada de oxigênio no sangue.

Segundo Oriol Roca, esses dispositivos fazem isso de duas maneiras: fornecendo ao paciente mais oxigênio do que o ar ao seu redor e trabalhando como uma bomba capaz de superar a resistência da membrana que impede sua passagem.

"Em condições normais, respiramos porque nosso diafragma se contrai e deixamos entrar o ar em nossos pulmões. Mas, quando há inflamação, esse processo que, em condições normais usa muito pouca energia, torna-se muito mais difícil para o paciente e pode acabar esgotando-o", diz o especialista do Vall d'Hebron.

"Então, o que o respirador faz é empurrar o ar para dentro do paciente e também fornecer a ele não apenas ar, mas até 100% de oxigênio, ou seja, muito mais oxigênio do que respiramos normalmente", resume.


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Os respiradores modernos começaram a tomar forma nos anos 50.

Máquinas capazes de fazer as duas coisas começaram a se desenvolver durante a epidemia de poliomielite na década de 1950.

"Mas, no nível de sofisticação de hoje, os respiradores podem realizar essa função muito básica de maneiras muito diferentes e com muitas variações, o que nos permite personalizar muito bem, aos pés da cama, que tipo de respiração você precisa a qualquer momento, a partir da evolução da doença de cada paciente ", enfatiza Roca.
Sem lidar

O grande problema, no entanto, é a falta de equipamentos para atender à demanda gerada pela pandemia de coronavírus.

"5% pode parecer pouco, proporcionalmente", diz Zabert, referindo-se à porcentagem de pacientes de covid-19 que acabam precisando de respiradores artificiais.

"Mas a contagiosidade do vírus gera enorme quantidade de casos de pacientes com insuficiências respiratórias, o que faz com que os recursos em qualquer parte do mundo sejam insuficientes", explica ele.


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O médico Gustavo Zabert é o presidente da Associação Latino-Americana de Tórax

No Reino Unido, por exemplo, o governo está tentando obter mais 30 mil respiradores para complementar os 8 mil disponíveis no país.

E 30 mil é o número de respiradores que o governador de Nova York, Andrew Cuomo, estima que seu Estado precise para lidar com a pandemia.

Esse número, no entanto, é superior à soma de todos os respiradores disponíveis no México, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Equador e países da América Central, segundo cálculos do presidente da Associação Latino-Americana do Tórax (Alat).

Disponibilidade de respiradores na América Latina
PaísRespiradoresÍndice por 100.000 habitantes
Brasil 66.000 31,4
Argentina 8.500 19,3
Colômbia 5.300 10,6
Chile 1.600 8,8
Equador 1.200 7
México 5.000 3,84
América Central 1.500 2,5
Peru 270 0,8
Números não oficiais relatados por membros da Associação Latino-Americana do Tórax, ALAT.


De acordo com uma rápida pesquisa realizada pelo Zabert entre os membros da Alat, o país latino-americano mais bem equipado para enfrentar o aumento esperado da demanda é o Brasil, que possui cerca de 66 mil respiradores, para uma população de 210 milhões de habitantes.

Mas o Brasil pode ver essa capacidade saturada em questão de dias, mesmo nos cenários mais conservadores possíveis.

"Se estivermos preparados para receber 40 casos por milhão (de habitantes) — ou dobrar, 80, 100 casos por milhão — já será difícil. Mas imagine enfrentar um cenário de 10 ou 60 vezes mais do que isso, como o que está acontecendo em alguns pontos na Itália ou na Espanha", enfatiza Zabert.

Para demonstrar esse cenário, o médico compartilha algumas projeções ilustrativas que usam uma taxa estável de crescimento das infecções e assumem uma distribuição homogênea de capacidades nos diferentes territórios. Elas também não levam em conta as demandas geradas por outras patologias — mas "ajudam a ter uma ideia" do tempo de saturação dos sistemas de saúde da América Latina.

Dias antes dos respiradores serem saturados*
País10 vezes mais casos que os atuais (em dias)60 vezes mais casos (em dias)
Brasil 14,62 2,73
Argentina 8,99 1,68
Colômbia 4,93 0,92
Chile 4,13 0,77
Equador 3,28 0,61
México 1,79 0,33
América Central 1,16 0,22
Peru 0,38 0,07
* Projeções ilustrativas considerando a taxa de crescimento estável da epidemia e uma distribuição homogênea de capacidades.


Segundo esses cálculos, em um cenário de baixa incidência — de 43 casos por 100 mil habitantes —, os respiradores disponíveis no Brasil ficariam saturados em 14 dias.

"A Argentina teria uma janela de aproximadamente 9 dias; Colômbia e Chile saturariam em aproximadamente 4 dias, 4 dias e meio. E o resto da região fica abaixo de três dias", conta ele.

Se a incidência atingir os níveis observados em partes da Espanha ou da Itália, na maioria dos países da América Latina os respiradores existentes ficariam saturados após o primeiro dia.
Como em tempos de guerra

Por tudo isso, os países da região já estão fazendo todo o possível para adquirir mais dispositivos.

"A grande maioria dos países afirma que deseja aumentar o número de respiradores disponíveis em nada menos que 20 a 30%. Eles estão tentando adquiri-los", diz Zabert.


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Os serviços de saúde da América Latina podem entrar em colapso em questão de dias.

"A Argentina já pediu para aumentar seus respiradores em aproximadamente 30%, o Chile fez exatamente o mesmo, a América Central está solicitando quase 50% a mais de respiradores", detalha ele.

No entanto, com todos fazendo o mesmo, a tarefa não será fácil, mesmo com o dinheiro disponível.

O motivo: simplesmente não existem muitos respiradores disponíveis. E nem mesmo com todos os fabricantes trabalhando em plena capacidade, será possível atender a demanda atual.

Somente nos Estados Unidos, por exemplo, a American Hospital Association estimou em um milhão o número de pacientes de covid-19 que podem precisar de respiradores no país, que possui 160 mil máquinas.

Isso explica por que gigantes da indústria automobilística, como a Ford, General Motors e Tesla e as equipes japonesas da Nissan, começaram a adaptar suas linhas de montagem para ajudar na fabricação do equipamento.


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Não são apenas as montadoras que aumentaram o front de resistência ao vírus: no Reino Unido, a Airbus também faz parte do consórcio Ventilator Challenge UK, que está ajudando a aumentar a produção dos modelos, enquanto o fabricante de aspiradores de pó Dyson já tem um pedido para 10 mil novos equipamentos.

"É como os tempos de guerra, quando as indústrias começam a fabricar armas", compara Morell.

De fato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já ameaçou recorrer à chamada Lei de Defesa da Produção — uma lei da época da Guerra da Coreia — para acelerar o processo.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, também usou linguagem bélica para descrever a situação: "Os respiradores são para esta guerra o que eram os mísseis para a Segunda Guerra Mundial", disse ele.

E, nesse contexto, grandes empresas também se juntaram a equipes que trabalham com impressoras 3D para ajudar a preencher a lacuna.


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Inventores de todo o mundo estão trabalhando no design e fabricação de novos respiradores artificiais

"Aqui na Catalunha (Espanha), alguns colegas estão desenvolvendo um respirador 3D em colaboração com uma equipe de engenheiros", diz Roca.

"Eu acho que é uma alternativa válida, que pode responder a uma situação de pandemia com garantias de poder ventilar certos pacientes por um curto período de tempo", disse ele à BBC News Mundo.
Soluções em outros lugares

Roca e Zabert, no entanto, destacam que mais respiradores são apenas parte da solução.

"Os respiradores têm de ser operados por pessoas. E por pessoas que entendem essa tecnologia", diz o pneumologista Gustavo Zabert.


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Além dos respiradores, é preciso ter pessoas que possam manejá-los

"Embora hoje a grande maioria seja de respiradores microprocessados, simples de administrar e gerenciar, para evitar danos aos pacientes, eles exigem uma estratégia de uso, uma estratégia de ventilação que requer algum nível de experiência", explica Zabert.

Para ele, não se pode esquecer que a ênfase deve estar na prevenção de mais casos de coronavírus.

"A melhor coisa que podemos fazer é diminuir o pico da infecção, diminuir o número de casos, para que possamos ter tempo de disponibilizar respiradores", disse.

"Mais uma vez, a medicina científica mais avançada impõe o grande paradoxo de ter que se fortalecer na prevenção com medidas simples como lavar as mãos e isolamento social", reflete o pneumologista da Clínica Pasteur.


"Conectividade, globalização e eu diria a você que a arrogância da ciência médica e a arrogância da política também nos levaram a ser incapazes de compreender a pandemia. Mas, se conseguirmos contê-la, isso nos permitirá ter tempo para enfrentá-la de uma maneira diferente", conclui.




Autor: Arturo Wallace
Fonte: BBC News Mundo
Sítio Online da Publicação: BBC News
Data: 31/03/2020
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52101349

segunda-feira, 30 de março de 2020

Coronavírus: as vantagens relativas da América Latina para combater a pandemia


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Se sistemas de saúde como os da Espanha ou da Itália já estão operando no limite, o que acontecerá quando a pandemia do coronavírus atingir em cheio a América Latina?

Desde que o primeiro caso foi registrado no Brasil, em 26 de fevereiro, a região passa por uma fase de contenção do coronavírus.

Isso levou diversos países a tomar medidas drásticas como quarentena, distanciamento social, fechamento de fronteiras e realização de testes em massa.

Embora ainda estejamos longe da gravidade de países como China, Coreia do Sul ou da Europa, as autoridades fazem um alerta.


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"Chegar a uma situação como a da Itália ou da Espanha seria algo muito dramático e catastrófico, e não podemos descartar que pode acontecer", diz Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.

"Os sistemas de saúde devem se preparar para o pior cenário", acrescenta.
Pouco investimento

A Itália, o país mais afetado até agora, registra mais de 100 mil casos de coronavírus e cerca de 11 mil mortes. Na América Latina, o país com mais mortes é o Brasil (136 até domingo, 29 de março).

Miguel Lago, diretor do Instituto de Estudos de Políticas de Saúde (IEPS), com sede no Rio de Janeiro, concorda.

"É muito possível que aconteça na América Latina o que aconteceu na Itália ou talvez pior, porque a Itália investe quase 7% do PIB em saúde pública e possui um sistema mais forte que os de nossos países", diz o especialista, ao destacar que o México só investe 3% do PIB em saúde pública.

No Brasil, a taxa ficou em torno de 4% do PIB nos últimos anos.


Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionGrandes avenidas de várias cidades da região estão vazias após as ordens de isolamento

"Podemos ter um cenário mais aterrorizante que o da Itália", alerta.

Mas, apesar das deficiências dos sistemas de saúde e das desigualdades, a América Latina possui vantagens para enfrentar a crise e, talvez, sofrer menos que outras partes do mundo.
Tempo e distância

América Latina e África foram as regiões aonde o coronavírus chegou mais tarde. Surgido na China, o vírus de lá se espalhou para o restante da Ásia e depois para a Europa e os Estados Unidos, as áreas mais afetadas pelo surto no momento.

A distância da América Latina da Ásia e da Europa, regiões separadas por oceanos, nos permitiu economizar tempo.

Já as experiências de contenção tomadas pela China e pela Europa serviram de base para tomarmos medidas preventivas muito mais cedo do que Itália e Espanha, por exemplo, países que vivem uma explosão no número de casos - e de mortos.


Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionVários países da América Latina ordenaram toques de recolher ou quarentena, entre outras medidas

"Uma vantagem é o tempo que a região teve para se preparar e tomar medidas de contenção e mitigação", diz Espinal.

A Venezuela, por exemplo, decretou a quarentena total do país com menos de 20 casos; a Argentina, antes do número de mortos chegar a quatro.

Na Espanha, os casos confirmados dispararam a partir de 25 de fevereiro, mas foi somente em 15 de março que a quarentena foi decretada em todo o território. O país tem mais de 85 mil casos e mais de 7 mil mortes.

"Isso nos afetará (o coronavírus). O importante é minimizar a possibilidade de surtos maciços e implementar medidas que nos ajudem a controlar o máximo possível a possibilidade de ocorrer o que está ocorrendo nos Estados Unidos, Itália, China ou Irã", diz Espinal, da OPAS.

A América Latina "tem tempo para se preparar."

Essa é sua grande vantagem: interromper o ritmo de contágio.

A partir do momento em que há transmissão comunitária (quando já não se sabe a origem da contaminação), os sistemas de saúde ficarão sobrecarregados e as deficiências estruturais, mais aparentes: serão necessárias unidades de terapia intensiva adequadas, respiradores para respiração assistida, camas e equipamentos de proteção para a equipe médica.
Experiência com doenças infecciosas

Outra vantagem é que, ao contrário da Europa, a América Latina está acostumada a lidar com doenças infecciosas.

A região "tem uma vasta experiência no gerenciamento de surtos e pandemias, como o H1N1 em 2009 e a zika há 4, 5 anos", lembra Espinal.

"A América Latina aprendeu com essas lições e os países estão um pouco mais bem preparados do que antes dessas epidemias."

Por exemplo, ao controlar pontos de entrada nos países, como aeroportos, e ter unidades e laboratórios de isolamento prontos.


Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionBrasil e outros países da região enfrentaram epidemia de zika em anos recentes

"Temos um panorama epidemiológico complexo, com sistemas acostumados a essa complexidade, para atender pacientes com doenças não transmissíveis (câncer, cardiovascular, diabetes ...) e doenças infecciosas", diz Lago, do IEPS.

Como exemplo, ele cita a dengue, que vem registrando números recordes, inclusive neste ano, mas também zika, chikungunya, malária e febre amarela.

"É uma região resiliente que enfrentou o zika com muito sucesso", disse Espinal, referindo-se à crise causada pela doença transmitida por mosquitos que afetou especialmente o Brasil.

"As doenças emergentes ou reemergentes estão lá e fazem parte de nossa vida cotidiana", diz Espinal, que, no entanto, alerta que a epidemia do novo coronavírus é muito mais séria e com consequências ainda imprevisíveis.


Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionAlguns países vêm realizando operações policiais para garantir que as pessoas permaneçam em suas casas

Alguns países realizam verificações com as pessoas que continuam circulando com seus veículos, apesar das ordens de ficar em casa.

Assim como durante o surto de zika, a sociedade precisa se mobilizar e se unir diante de um surto que atravessa fronteiras, dizem os especialistas.

E, da mesma forma que antes, o acesso à informação é essencial, acrescentam.

"As pessoas tiveram que aprender o que fazer com os criadouros de mosquitos e agora precisam aprender como gerenciar distâncias sociais ou medidas de higiene pessoal", diz Espinal.

"Temos a capacidade técnica, mas não os recursos e suprimentos, então teremos que ver o tamanho da epidemia aqui", alerta Lago.

"Se poucas pessoas estão infectadas, temos toda a capacidade de controlar isso bem, mas se 20% da população acabar infectada, o que não é um cenário impossível, teremos grandes problemas", ressalva.




Autor: Daniel García MarcoBBC News MundoFonte: CDC
Sítio Online da Publicação: CDC
Data: 26/03/2020
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52024934

Fiocruz constrói novo centro hospitalar e investe em ensaios clínicos com OMS

A Fundação iniciou a construção, no Rio de Janeiro, do Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 – Instituto Nacional de Infectologia, que auxiliará os governos estadual e municipal no combate à doença. A unidade hospitalar de montagem rápida terá 200 leitos exclusivos de tratamento intensivo e semi-intensivo de pacientes graves infectados pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Assista a íntegra da coletiva de imprensa.

Feita em parceria com o Ministério da Saúde (MS), a iniciativa contará também com um sistema de apoio diagnóstico para todos os exames necessários, incluindo os de imagem, como tomografia computadorizada. Os leitos serão coordenados pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), unidade de referência da Fundação na área de pesquisas clínicas e atenção especializada em doenças infecciosas, e que já atua também como referência para o atendimento a pacientes graves de Covid-19.

O Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 – Instituto Nacional de Infectologia contará ainda com uma força de trabalho extra. A Fiotec convocará profissionais para trabalhar na nova iniciativa. Nesta primeira fase, serão cerca de 600 vagas para médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. Em um segundo momento, serão convocados também nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e especialistas como cardiologistas e nefrologistas, e profissionais de apoio administrativo.


A unidade hospitalar de montagem rápida terá 200 leitos exclusivos de tratamento intensivo e semi-intensivo de pacientes graves infectados pelo novo coronavírus (foto: Divulgação Fiocruz)

No novo espaço, também serão realizadas ações do ensaio clínico Solidariedade (Solidarity), da Organização Mundial da Saúde (OMS), liderado no Brasil pela Fiocruz. Lançada pela OMS na última sexta-feira (20/3), a iniciativa tem como objetivo investigar a eficácia de quatro tratamentos para a Covid-19 e será implementada em 18 hospitais de 12 estados, com o apoio do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do MS e coordenação do INI/Fiocruz. O estudo Solidarity é uma conjugação de esforços em todo o mundo, para dar uma resposta rápida sobre que medicamentos são eficazes no tratamento da Covid-19 e quais são ineficazes e não devem ser utilizados.


Para cumprir o prazo, o canteiro de obras funcionará 24 horas por dia (foto: Divulgação Fiocruz)

Apesar de ter quatro linhas de tratamento definidas, uma das premissas do estudo é que ele seja adaptável, ou seja, caso surjam novas evidências, as linhas podem ser adequadas, com descontinuação de drogas que se mostrem ineficazes e incorporação de medicamentos que venham a se mostrar promissores. Nesse tipo de estudo, uma comissão central tem acesso a todos os dados e faz análises durante todo o processo, evitando que os pacientes sejam expostos a drogas ineficazes ou com toxicidade elevada.




Autor: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 27/03/2020
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-constroi-novo-centro-hospitalar-e-investe-em-ensaios-clinicos-com-oms

Plataforma brasileira acelera registro para estudos sobre Covid-19

A Fundação Oswaldo Cruz lançou, no dia 24 de março, um processo de aprovação expressa no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) para pesquisa clínica sobre COVID-19. O chamado fast track poderá reduzir o prazo de aprovação normal, de até algumas semanas, para menos de 48 horas. Cientistas em todo mundo poderão ter rápido acesso à modelagem de estudos já em andamento, evitando o retrabalho e favorecendo a cooperação. O objetivo é encurtar o tempo entre o início da pesquisa, a testagem e a chegada de medicamentos, vacinas e outras inovações até a sociedade.

Os usuários do fast track receberão suporte online por meio de quatro linhas telefônicas dedicadas, usando mensagens em aplicativos gratuitos como Telegram ou Whatsapp, ou ainda pelo chat disponibilizado pela plataforma. Também poderão ser atendidos via chamada de voz via wi-fi, com hora agendada por mensagem, usando os mesmos aplicativos. Além do sistema operante 24 horas todos os dias com mensagens automatizadas por e-mail, o atendimento humano será ampliado, começando mais cedo, às 8h, e indo até 20h. “Nossa equipe de curadoria e tecnologia aceitou o desafio e vai trabalhar em turnos para atender à demanda, hoje espalhada pelo mundo”, garantiu Luiza Silva, coordenadora do ReBEC e especialista em comunicação de risco e de crise. Os fast tracks já existentes - zika, dengue, febre amarela e malária - e o atendimento a outros estudos não serão interrompidos.

A plataforma tem mais de 3,8 mil registros já aprovados, todos com validação aceita pelos mais importantes periódicos científicos do mundo e abertos à consulta pública e é o único registro primário do mundo em português reconhecido pela Organização Mundial da Saúde.



Plataforma local, ciência global

“Consultamos responsáveis por estudos sobre COVID-19 na Fiocruz para aperfeiçoar o novo fast track e vimos que também é possível agilizar a aprovação ajudando os pesquisadores brasileiros com dificuldade com o preenchimento bilíngue”, revelou Silva. “A visibilidade combinada dos dois idiomas impulsiona a pesquisa nacional e, como aconteceu em outras epidemias, pode ajudar países lusófonos que dispõem de ainda menos recursos”, lembrou, apontando o avanço da pandemia na África. O horário estendido facilitará o contato com pesquisadores colaboradores em outros países.

Administrado pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), o ReBEC é fruto de uma parceria da Fundação com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde. O Registro é uma das únicas 16 plataformas do mundo a fazer parte da rede global de registros de pesquisa clínica, ao lado de Alemanha, China, Austrália, Japão, Comunidade Europeia e outros centros globais de pesquisa em saúde e fármacos.

Como funciona

Os pesquisadores com estudos nas áreas prioritárias devem preencher e submeter o formulário normalmente no sistema, necessariamente após autorização de comitê de ética. Em seguida, basta ligar para um dos números disponíveis no site www.ensaiosclinicos.gov.br e receber as orientações diretamente da equipe de plantão, que entrará em contato imediatamente ou no horário combinado com o pesquisador.




Autor: Icict/Fiocruz
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 30/03/2020
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/plataforma-brasileira-acelera-registro-para-estudos-sobre-covid-19

sexta-feira, 27 de março de 2020

Surto de infecções por listeria ligadas a cogumelos Enoki

Listeria – Wikipédia, a enciclopédia livre

O CDC, funcionários de saúde pública e reguladores de vários estados e a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA estão investigando um surto de vários estados de infecções por Listeria monocytogenes ligadas a cogumelos enoki.

Cogumelo enoki com molho asiático - Fácil

Informações sobre recall

Em 9 de março de 2020, a Sun Hong Foods, Inc. retirou os cogumelos enoki de ícones externos porque eles podem estar contaminados com a bactéria Listeria monocytogenes.

Cogumelos Enoki são brancos, com hastes longas e cápsulas pequenas.

Os cogumelos Enoki da Sun Hong Foods foram vendidos em embalagens plásticas transparentes de 7,05 onças / 200 g com um rótulo verde.

“Product of Korea” está rotulado na frente da embalagem e “Sun Hong Foods, Inc.” está rotulado na parte de trás da embalagem, embaixo do código de barras. Esses produtos também podem ser identificados pelo código UPC: 7 426852 625810.

Esta investigação está em andamento para determinar a fonte de contaminação e se produtos adicionais estão relacionados a doenças.

Assessoria a consumidores, operadores de serviços de alimentação e varejistas

Não coma, sirva ou venda qualquer cogumelo enoki externo recuperado, distribuído pela Sun Hong Foods, Inc.

Verifique sua geladeira para recuperar cogumelos enoki. Devolva-os ao local da compra ou jogue-os fora.

Não coma alimentos feitos com cogumelos enoki, mesmo que alguns tenham sido consumidos e ninguém fique doente.

Lave e desinfete quaisquer superfícies e recipientes que possam ter entrado em contato com os cogumelos enoki recuperados. A Listeria pode sobreviver em temperaturas refrigeradas e pode se espalhar facilmente para outros alimentos e superfícies.

Siga estas cinco etapas para limpar sua geladeira.

Lave as superfícies com água quente e sabão.

Lave os recipientes com água quente e sabão ou limpe na máquina de lavar louça.

Ligue para o seu médico se você consumiu cogumelos enoki recuperados e está apresentando sintomas de infecção por Listeria.

Até que aprendamos mais sobre a origem e distribuição dos cogumelos enoki, o CDC recomenda que pessoas com maior risco de infecções por Listeria - mulheres grávidas, adultos com 65 anos ou mais e pessoas com sistema imunológico enfraquecido, como pessoas com câncer ou em diálise - evite comer cogumelos enoki rotulados como "Produto da Coréia".

Em casa, verifique na geladeira se há cogumelos enoki rotulados como "Produto da Coréia".

Se você os tiver, não os coma e jogue fora.

Se você os tiver, lave e higienize as gavetas ou prateleiras dos refrigeradores onde eles foram armazenados. Siga estas cinco etapas para limpar sua geladeira.

Quando você compra, pede ou come fora, verifique com lojas e restaurantes se eles não usam cogumelos enoki rotulados como "Produto da Coréia".

Se eles não souberem a origem de seus cogumelos enoki, não compre nem peça o produto.

Ligue para o seu médico se você consumiu cogumelos enoki rotulados como “Produto da Coréia” e está apresentando sintomas de infecção por Listeria.








Autor: CDC
Fonte: CDC
Sítio Online da Publicação: CDC
Data: 26/03/2020
Publicação Original: https://www.cdc.gov/listeria/outbreaks/enoki-mushrooms-03-20/index.html