quarta-feira, 30 de junho de 2021

Surto de variante Delta em Israel infecta adultos vacinados e crianças

Governo decide vacinar crianças e adolescentes de 12 a 15 anos e retomar uso de máscaras


Israel retoma restrições anticonvid e vacina crianças de 12 a 15 anos para conter cepaMarco Verch

PODER360
29.jun.2021 (terça-feira) - 3h54
atualizado: 29.jun.2021 (terça-feira) - 4h02


O governo de Israel voltou atrás na flexibilização de medidas de restrições contra o coronavírus. A decisão foi uma resposta a um surto da variante Delta da covid-19, identificada pela 1ª vez na Índia. Entre as regras impostas, está a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados.

Segundo o The Wall Street Journal, cerca de metade das pessoas infectadas já havia sido vacinada com o imunizante da Pfizer. Autoridades de saúde do país acreditam que 90% das novas infecções tenham sido causadas pela variante Delta.

Especialistas do país afirmaram que os menores de 16 anos, que, na sua maioria, ainda não foram vacinados, são responsáveis ​​por aproximadamente 50% dos novos casos. Por esse motivo, o governo decidiu expandir a campanha de vacinação para abranger crianças e adolescentes de 12 a 15 anos.

Comparado com outros países, o número de casos em Israel é relativamente baixo, mas cresceu exponencialmente na última 5ª feira (24.jun.2021). Saltou de uma média de 10 novos infectados por dia para mais de 200.

Evidências de países como o Reino Unido indicam que, mesmo que a variante se espalhe, a vacina deve prevenir um grande aumento de infecções graves e hospitalizações, que fizeram o sistema de saúde de Israel colapsar em surtos anteriores. Nos últimos 10 dias, Israel registrou 5 casos graves de covid-19.


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O governo israelense deixou de exigir o uso de máscara em ambientes fechados em meados de abril e abandonou outras medidas preventivas depois de realizar uma das campanhas de vacinação mais rápidas do mundo. Cerca de 80% dos israelenses com 16 anos ou mais receberam duas doses da vacina da Pfizer.


Autoridades de saúde israelenses afirmam que a variante Delta provavelmente tenha entrada no país pelo seu principal aeroporto internacional, nos arredores de Tel Aviv. Um sistema destinado a examinar os viajantes por meio de testes ficou sobrecarregado nos últimos dias em meio a um aumento no número de voos do exterior.

“Nosso objetivo no momento, em primeiro lugar, é proteger os cidadãos de Israel da variante Delta, que está preocupando o mundo”, disse o primeiro-ministro israelense Naftali Bennett, na última 4ª feira (23.jun).

Desde o início da pandemia, 840.522 dos 9,3 milhões de cidadãos do país foram infectados, dos quais 6.429 morreram.
VARIANTE DELTA

Em maio deste ano, depois de ser associada ao agravamento da pandemia na Índia e no Reino Unido, a variante Delta foi declarada como cepa de preocupação pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

A variante Delta é transmitida com maior velocidade em comparação às outras cepas, disse a OMS em 21 de junho. “É a variante mais rápida e pode facilmente afetar os mais vulneráveis”, afirmou o diretor de Emergências Sanitárias da OMS, Mike Ryan, em entrevista a jornalistas.

“Essa variante nos preocupa muito e já está circulando em 92 países”, completou Maria Van Kerkhove, chefe da célula técnica anticovid-19 da OMS.






Autor: poder360
Fonte: poder360
Sítio Online da Publicação: poder360
Data: 29/06/2021
Publicação Original: https://sustinereuerj.blogspot.com/

Reúso de Água

Nossa missão é gerir e compartilhar conteúdo relacionado ao reúso de água com foco em ações educacionais, científicas e de produção de dados. A intenção é fomentar a sistematização da prática como ferramenta de gestão de recursos hídricos e saneamento para a melhoria da qualidade de vida em regiões de estresse hídrico, minimização de conflitos pelo uso da água e impulsionamento do desenvolvimento socioeconômico.

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Em 2021, esse grupo de amigas resolveu fundar a Reúso de Água, um CMS – Content Management System (ou em português SGC – Sistema de Gerenciamento de Conteúdo), sobre o tema “reúso de água” que tem o objetivo de fomentar a sistematização da prática de reúso de água no Brasil, como forma de trazer melhoria e desenvolvimento socioeconômico para as áreas de estresse hídrico no país. Nossa intenção é trazer conteúdo recente, apresentar discussões e debates (nacionais e internacionais) aplicados ao tema, auxiliar os processos de formação de recursos humanos especializado e capacitar atores envolvidos no processo.

Conteúdo

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Autor: Reúso de Água
Fonte: Reúso de Água
Sítio Online da Publicação: Reúso de Água
Data: 30/06/2021
Publicação Original: https://reusodeagua.org/

As moléculas de estresse que nos deixam mais propensos a sofrer com 'coração partido'



CRÉDITO,GETTY IMAGES

A cardiomiopatia de Takotsubo, popularmente conhecida como síndrome do coração partido, é uma condição que se caracteriza pelo enfraquecimento da câmara principal de bombeamento do coração e costuma surgir após uma situação de forte estresse, como a perda de um ente querido, ou, por exemplo, um terremoto ou outro desastre natural.

Também já foi relatada após um evento feliz, como um casamento, ou um evento estressante, como uma reunião ou o início de um novo emprego, embora de acordo com a Fundação Britânica do Coração, cerca de 30% dos pacientes não consigam identificar o que a desencadeou.

Identificada pela primeira vez no Japão no início dos anos 1990, a síndrome se assemelha muito a um ataque cardíaco em seus sintomas. Pessoas que sofrem com isso — principalmente mulheres no pós-menopausa — sentem dor no peito, falta de ar e, em alguns casos, palpitações, náuseas e vômitos.

"As pessoas vão para o hospital achando que é um infarto, mas quando os médicos olham o coração, primeiro veem que não há entupimento (nas artérias), depois veem que ficou com um formato estranho: a parte superior contrai-se muito intensamente, enquanto a inferior parece estar paralisada", explica Sian Harding, professor de Farmacologia Cardíaca do Instituto Nacional do Coração e Pulmão da universidade Imperial College em Londres, no Reino Unido.

Adrenalina


Embora a maioria se recupere após alguns dias ou semanas e o dano cardíaco seja leve em comparação com um ataque cardíaco, a síndrome pode ser recorrente e, em cerca de 5% dos casos, fatal.

Sabe-se que o aumento repentino da adrenalina causado pelo estresse agudo gerado por um violento golpe emocional é o que está por trás da perda de movimento da parte inferior do coração que leva à síndrome de Takotsubo.

Mas o que uma equipe de pesquisadores do Imperial College de Londres, supervisionada por Harding, descobriu agora é que existem duas moléculas-chave associadas à doença.

De acordo com os resultados da pesquisa, o aumento dessas duas moléculas (micro-RNA 16 e micro-RNA 26a) ligadas ao estresse, ansiedade e depressão, tornam a pessoa mais propensa a sofrer com a síndrome, já que seu corpo fica mais sensível à adrenalina.



CRÉDITO,GETTY IMAGES
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Síndrome muda temporariamente forma do coração

Mais estresse crônico, mais sensibilidade à adrenalina

No laboratório, os pesquisadores expuseram células do coração de humanos e ratos a essas moléculas.

"Pudemos ver que depois disso, associado a baixos níveis de estresse crônico por duas a seis semanas, as células se tornaram mais suscetíveis à síndrome de Takotsubo", explica Harding.

"Se você tem essas moléculas por muito tempo, elas te predispõem à síndrome."

Ou seja, "baixos níveis de estresse crônico fazem seu corpo responder assim a um episódio de estresse dramático e agudo", diz a pesquisadora.

Atualmente, não existe um tratamento específico para a síndrome do coração partido. As pessoas geralmente passam alguns dias no hospital, enquanto esperam que o coração se recupere por conta própria.

Compreender o mecanismo dessa condição, no entanto, abre caminho para o desenvolvimento de tratamentos que evitem sua recorrência em pessoas que já sofreram dela, ao medir os níveis dessas duas moléculas no sangue e bloqueando-as, se necessário.

Mas também é importante aprender a reconhecer a doença e não confundi-la com um ataque cardíaco.

"Quando as pessoas chegam ao hospital é muito importante saber se estão ou não com Takotsubo, porque, se você fizer alguns exames pensando que é um infarto, pode piorar a situação", diz Harding.







Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasi
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasi
Data: 30/06/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-57659342

Cientistas identificam possível 'paciente zero' da peste bubônica, morto há 5 mil anos



CRÉDITO,DOMINIK GOLDNER, BGAEU, BERLIN
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O caçador-coletor que tinha a praga era um homem de 20 a 30 anos


Cientistas identificaram um homem que poderia ser o "paciente zero" da praga que causou a peste bubônica, na Idade Média.


Um homem que morreu há mais de 5 mil anos na área em que hoje é a Letônia teria sido infectado com a cepa mais antiga conhecida da doença, de acordo com novas evidências.

A praga varreu a Europa em 1300, exterminando até metade da população do continente.

Ondas posteriores da praga continuaram a acontecer ao longo de vários séculos, causando milhões de mortes.

"Até agora, esta é a vítima de peste mais antiga identificada que temos", disse Ben Krause-Kyora, da Universidade de Kiel, na Alemanha, sobre os restos mortais do homem de 5,3 mil anos.


O homem foi enterrado com três outras pessoas em um cemitério neolítico na Letônia, às margens do rio Salac, que deságua no mar Báltico.



CRÉDITO,HARALD LUBKE, ZBSA, SCHLOSS GOTTORF
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Este ponto na Letônia foi onde os restos foram encontrados


Os pesquisadores sequenciaram o DNA dos ossos e dentes de todos os quatro indivíduos e os testaram para bactérias e vírus.


Eles ficaram surpresos ao descobrir que um caçador-coletor — um homem na casa dos 20 anos — foi infectado com uma antiga cepa de peste causada pela bactéria Yersinia pestis.


"Ele provavelmente foi mordido por um roedor, pegou a infecção primária de Yersinia pestis e morreu alguns dias [depois] - talvez uma semana depois — de choque séptico", disse Krause-Kyora.


Os cientistas acreditam que a antiga cepa possa ter surgido cerca de 7 mil anos atrás, quando a agricultura estava começando a aparecer na Europa Central.



CRÉDITO,DOMINIK GOLDNER, BGAEU, BERLIN
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Os restos mortais receberam a designação RV 2039


Eles acham que a bactéria pode ter saltado de animais para humanos em diversas ocasiões sem ter causado grandes surtos.


Mas com o tempo, ela se adaptou para infectar humanos, evoluindo para a forma conhecida como peste bubônica, que se espalha por pulgas e se alastrou pela Europa medieval, causando milhões de mortes.


A ideia de que as primeiras cepas da peste demoraram a se espalhar contradiz muitas teorias sobre o desenvolvimento da civilização humana na Europa e na Ásia e põe em dúvida a hipótese de que a doença causou grande declínio populacional na Europa Ocidental no final do Neolítico.


Outros pesquisadores elogiaram o estudo, mas disseram que ele não descarta a possibilidade de que a peste estivesse se espalhando amplamente na Europa neste momento.


Os humanos geralmente contraem a peste depois de serem picados por uma pulga de um roedor que carrega a bactéria que causa a doença, ou ao interagir com um animal infectado com ela.


A doença ainda existe hoje, mas é tratável com antibióticos se diagnosticada precocemente.


A pesquisa foi publicada na revista científica Cell Reports.





Autor: Helen Briggs
Fonte: Repórter de Ciências da BBC News
Sítio Online da Publicação: BBC News
Data: 30/06/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57663691

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Instrumentos simplificados de avaliação da fragilidade auxiliam gestão de riscos em UTIs


A idade e as comorbidades têm sido comumente tratadas como os grandes indicadores de vulnerabilidade do paciente que ingressa nas unidades de terapia intensiva (UTIs). A partir dessas informações, a equipe médica tem um primeiro entendimento dos potenciais riscos de complicações, de que determinados tratamentos podem trazer ao paciente e que cuidados adicionais serão necessários. De modo geral, quanto maiores são a idade, o número e a gravidade das comorbidades, maiores as chances de evolução clínica desfavorável. Nos últimos anos, algumas pesquisas têm sugerido que essa avaliação inicial seja ainda mais completa para auxiliar a tomada de decisões.

Uma das propostas de estudo foi trabalhar com a fragilidade, que representa um estado de maior vulnerabilidade de um indivíduo, independente da idade, para complicações e desfechos adversos de saúde, incluindo incapacidade, dependência, quedas, necessidade de cuidados de longo prazo e mortalidade. Pesquisador no Instituto D'or de Ensino e Pesquisa (Idor) e médico, Marcio Soares conta que as primeiras pesquisas nessa área vieram da área oncológica e incluíam uma bateria detalhada de exames realizada por uma equipe multiprofissional. Com o passar dos anos, surgiram propostas de instrumentos mais enxutos e de maior facilidade de utilização rotineira nos hospitais. "A partir da década passada, escalas mais pragmáticas começaram a ser desenvolvidas e validadas. Atualmente há cerca pelo menos seis instrumentos para isso, sendo três de fácil aplicação em larga escala", conta Soares, que conduz diversas pesquisas em terapia intensiva.

Um desses instrumentos é o Modiefied Frailty Index, conhecido pela sigla "MFI", utilizado no programa de qualidade assistencial do Colégio Americano de Cirurgiões. Este índice prevê três graus de avaliação da fragilidade, em que 0 ponto indica fragilidade inexistente; 1 a 2 pontos um estado pré-frágil; e 3 pontos ou mais indicam alta fragilidade. A pontuação é feita após os profissionais de saúde em UTI aplicaram o instrumento curto de avaliação dos pacientes, que inclui questões sobre capacidade cognitiva, de capacidade funcional e doenças preexistentes à internação.

Entre 2015 e 2016, Soares coordenou um projeto que coletou dados de 130 mil pacientes em 93 UTIs, cujos resultados publicados em artigo. Em continuidade ao estudo, o médico obteve apoio da FAPERJ ao ser contemplado no programa Cientista do Nosso Estado. De acordo com o pesquisador, os resultados obtidos confirmam a eficiência do instrumento para avaliar a fragilidade dos pacientes mais graves e orientar ações. "Uma das vantagens do método é traçar um perfil de pacientes que irão necessitar de mais cuidado e maior uso de recursos na UTI. E uma relativa desvantagem é que você não consegue decompor o grau de fragilidade em itens mais específicos. Isso porque não é possível entender em detalhes os componentes mais comprometidos da fragilidade daquelas pessoas", explica.

Mesmo sem um grande nível de detalhamento, Soares defende a importância destes instrumentos para preparar trajetórias clínicas, informar familiares e antecipar ações para prevenir desfechos adversos e para o período de reabilitação, além de ajudar na gestão hospitalar. "Pessoas com maior grau de fragilidade vão demandar um processo mais longo de reabilitação. E ninguém sai ileso da terapia intensiva. É como um caminhão que passa por cima. As notícias sobre a reabilitação de pacientes de Covid-19 são um exemplo", diz o pesquisador, com 20 anos de experiência como médico em UTIs. Atualmente, ele também divide sua carreira acadêmica com a gestão da empresa de software que criou em 2008.




Autor: Juliana Passos
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 24/06/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4245.2.0

Nova linhagem do coronavírus, denominada P5, é identificada no Estado do Rio de Janeiro







O Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) participa do monitoramento do vírus responsável pela pandemia de Sars-Cov2; a equipe é coordenada por Ana Tereza Vasconcelos (Foto: Divulgação)

A rede Corona-Ômica-RJ, para o monitoramento do coronavírus, recebeu mais recursos da FAPERJ e que possibilitam o monitoramento quinzenal no Estado do Rio de Janeiro. O monitoramento identificou, em maio, uma nova possível linhagem, originária da P.1.1.28, na região de Barra Mansa e de Porto Real, na divisa com o Estado de São Paulo, e que só agora foi denominada de P5. Esta linhagem possui, dentre outras, duas mutações na proteína Spike (E484Q e N501T) que podem estar associadas ao escape do sistema imunológico e com transmissibilidade do vírus. A descoberta foi amplamente divulgada pelos noticiários de jornais e emissoras de televisão ao longo da semana.

Os resultados também descrevem a a linhagem descendente da VOC gamma (P.1) que foi denominada de P.1.2. Esta linhagem foi inicialmente encontrada na região norte do Estado e agora já está disseminada em todas as regiões do Estado do Rio e em outros estados. Os dados de monitoramento ainda mostram que a linhagem P.1 continua sendo a mais frequente (78%) no Estado e, a baixa frequência da VOC Alpha (B.1.1.7) e o declínio da P.2, desde novembro do ano passado.

Segundo Ana Tereza Vasconcelos, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), o monitoramento municipal e em tempo real, realizado pelo Rio de Janeiro, é extraordinário para o Brasil, e está dentro das recomendações da Organização Mundial da Saúde que preconiza 18 dias como intervalo ideal entre a divulgação de novos dados. Dos 92 municípios fluminenses, 91 já estão sendo monitorados. De março até junho de 2021,mais de 2.300 amostras já foram sequenciadas e processadas no supercomputador Santos Dumont, do LNCC, instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Apenas o município de Comendador Levi Gasparian ainda não tem amostras coletadas.Os dados são de pacientes com diagnóstico confirmado da infecção pelo SARS-CoV-2 monitorados em centros de referências e hospitais do Estado do Rio de Janeiro. Os relatórios são emitidos a cada 15 dias com os dados atualizados de 380 amostras sequenciadas no período e que, imediatamente, são disponibilizadas no endereço eletrônico http://www.corona-omica.rj.lncc.br/#/.

O material é enviado pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels e pela Unidade de apoio ao diagnóstico da covid(UNADIG) ao Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenado pelo professor Amilcar Tanuri, que faz a extração do material. Em seguida, é sequenciado e analisado no LNCC, em Petrópolis, e os resultados saem em apenas cinco dias.

"Até o momento, o monitoramento não apresentou nenhuma nova cepa em circulação no Estado que cause preocupação relevante para o cenário epidemiológico, mas a vigilância segue investigando as modificações sofridas pelo SARS-CoV-2 e aprofundando os efeitos apresentados", esclarece Cláudia Mello, subsecretária adjunta da Secretaria de Estado de Saúde e idealizadora da pesquisa.

A Rede Corona-Ômica-RJ é integrada por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de laboratórios de diferentes instituições do Estado do Rio de Janeiro, incluindo além do LNCC e da UFRJ, a Secretaria Estadual de Saúde, Secretária Municipal do Rio de Janeiro, pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Fundação Getúlio Vargas (FGV). O projeto tem como foco o monitoramento epidemiológico do vírus SARS-CoV-2 por meio da vigilância genômica, a identificação de mutações e caracterização de novas linhagens. Além disso, atua na identificação e caracterização de fatores genômicos virais e do hospedeiro acometido pela covid-19 associados às manifestações clínicas da doença através da análise integrativa de dados ômicos (genômica viral, exomas e transcritomas humanos), epidemiológicos e metadados.





Autor: EcoDebate
Fonte: IBGE
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 23/06/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4250.2.9

Os sons que podem mudar a maneira como pensamos



CRÉDITO,JAVIER HIRSCHFELD/GETTY IMAGES
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Kate é percebido como um nome 'pontiagudo' e pode despertar certas emoções nas pessoas


Imagine dois personagens de desenho animado, um redondo e outro pontiagudo. Para qual deles você daria o nome de Bouba, e qual você chamaria de Kiki? E qual dos dois você acha que é mais extrovertido?


Curiosamente, a maioria de nós provavelmente atribuirá o mesmo nome e características a cada uma das formas.


Um número cada vez maior de pesquisas sugere que as pessoas tendem a fazer uma série de julgamentos baseados apenas no som de uma palavra ou nome.


Em sua forma mais básica, isso é conhecido como efeito bouba-kiki, ou efeito maluma-takete, por causa de como nossas mentes relacionam certos sons e formas.


Em vários idiomas diferentes, as pessoas tendem a associar os sons de "b", "m", "l" e "o" (como nas palavras inventadas bouba e maluma) com formas redondas.


E os sons de "k", "t", "p" e "i", presentes nas palavras kiki e takete, são normalmente vistos como pontiagudos.


Estas associações podem estar parcialmente enraizadas na experiência física de emitir e ouvir sons, com alguns sendo mais abruptos e exigindo mais esforço do que outros.


Curiosamente, o efeito bouba-kiki se estende até mesmo aos relacionamentos humanos e à maneira como imaginamos a personalidade de pessoas que nem sequer conhecemos.


O psicólogo cognitivo David Sidhu, da University College London (UCL), no Reino Unido, e a psicolinguista Penny Pexman, da Universidade de Calgary, no Canadá, descobriram que as pessoas percebem certos nomes próprios, como Bob e Molly, como sendo redondos, e outros como Kirk e Kate como pontiagudos.


Em francês, os dois pesquisadores e um colaborador identificaram o mesmo efeito no caso do "redondo" Benoit versus o "pontiagudo" Éric.


Em um estudo separado, os participantes imaginaram pessoas com esses nomes como tendo personalidades metaforicamente arredondadas ou pontiagudas.



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As pessoas tendem a considerar o som da letra 'i' pontiagudo, enquanto o 'o' soa mais arredondado


"Descobrimos que, se você comparar esses nomes muito suaves e que soam macio, como Molly, a esses nomes que soam mais duro como Kate, os nomes que soam mais suaves como Molly são associados a características como ser mais agradável, mais emotivo, mais consciente, enquanto os nomes mais duros, que soam mais incisivos, são considerados mais extrovertidos ", diz Sidhu.


De acordo com ele, essas associações longínquas podem ter origem na sensação desses sons em nossa boca.


"Se você pensar em pronunciar um 'm' e um 't', por exemplo, o som de 'm' parece muito mais suave e, por analogia, captura a suavidade da forma arredondada em relação à forma pontiaguda."


Os sons de "t" e "k" podem parecer mais enérgicos, capturando uma qualidade extrovertida, alegre e animada.


E essa sensação provocada pelas palavras na boca pode influenciar a forma como vivenciamos o mundo.


A qualquer momento, usamos uma série de pistas sutis para reunir informações de todos os nossos sentidos e fazer julgamentos e previsões sobre o ambiente à nossa volta.


"Há algo relacionado a como os humanos são fundamentalmente associativos", diz Pexman.


"Queremos ver padrões nas coisas, queremos encontrar conexões entre as coisas, e vamos encontrá-las até mesmo entre os sons e as coisas que esses sons representam no mundo."


Essas associações podem nos ajudar em tarefas importantes da vida real, como aprender um idioma e adivinhar o significado de palavras desconhecidas.


Em inglês, as palavras para coisas esféricas costumam soar "redondas", como blob (bolha), balloon (balão), ball (bola) e marble (bola de gude). Já palavras como prickly (espinhoso), spiny (pontudo), sting (picada) e perky (alegre) são pontiagudas tanto no som quanto no significado.


Os sons também podem indicar tamanho. Um som de "i" está associado à pequenez, enquanto um som de "o" sugere grandeza.


Alguns desses vínculos existem em milhares de idiomas, com o som do "i" aparecendo desproporcionalmente em palavras para "pequeno" em todo o mundo.


Para quem está aprendendo palavras novas, sejam bebês, crianças pequenas ou adultos, esses padrões podem ser muito úteis. Crianças e até mesmo bebês já relacionam sons redondos com formas circulares.



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A palavra 'prickly' (espinhoso) é tão pontiaguda quanto soa, e associações como esta podem ajudar no aprendizado de idiomas


Os pais tendem a usar associações de sons-formas para enfatizar o significado de certas palavras, como teeny tiny (pequenininho).


Os adultos se beneficiam das associações quando aprendem um novo idioma, achando mais fácil adivinhar ou lembrar palavras estrangeiras quando seu som corresponde ao seu significado.


Algumas pessoas argumentam que essas conexões intuitivas entre sons e significado podem até ser um resquício dos primeiros estágios da evolução da linguagem da humanidade, e que a própria linguagem humana começou como uma série de sons expressivos e inatamente adivinháveis.


Quando se trata da personalidade das pessoas, no entanto, o som não é um guia confiável.


Sidhu, Pexman e seus colaboradores analisaram se havia uma relação entre o nome de uma pessoa e sua personalidade, como se o som redondo ou pontiagudo do nome influenciasse o dono do mesmo. Eles não encontraram tal associação.


"As pessoas ficam angustiadas com os nomes dos bebês. É essa expectativa de que o rótulo importa tanto", diz Pexman.


"Nossos dados sugerem que, embora pensemos assim, se você chamar um garoto de Bob, ele não vai ter mais chance de ter um determinado conjunto de traços de personalidade do que com outro (nome)."


Em vez disso, nossa reação a um nome provavelmente revela mais sobre nossos próprios preconceitos.


"Isso sugere que estamos dispostos a interpretar o nome de alguém, que provavelmente não é uma pista de como essa pessoa realmente é", diz Pexman.


Os resultados preliminares de um estudo em andamento conduzido por Sidhu, Pexman e seus colaboradores sugerem que o som de um nome próprio tem menos impacto à medida que sabemos mais sobre a pessoa.


Quando os participantes assistiram a vídeos de pessoas com nomes supostamente redondos ou pontiagudos, os nomes não fizeram diferença no julgamento deles.



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Nomes que soam mais suaves, como Molly, tendem a ser associados a pessoas agradáveis


"Quando tudo o que você tem é o nome, como nesses estudos em que você apenas mostra um nome e pergunta sobre a personalidade, então talvez esses sons desempenhem algum papel", diz Sidhu.


"Mas, à medida que você começa a obter mais informações sobre a pessoa, essas informações reais sobre a personalidade provavelmente vão se sobrepor a esses vieses."


A pesquisa reforça um crescente corpo de evidências que desafia uma visão de longa data em linguística: que os sons são arbitrários e não têm nenhum significado inerente. Em vez disso, descobriu-se que certos sons evocam associações consistentes não apenas com formas e tamanhos, mas até mesmo com sabores e texturas.


Milk chocolate (chocolate ao leite), brie cheese (queijo brie) e still water (água sem gás) tendem a ser percebidos como bouba/maluma, enquanto crisps (batata frita), bitter chocolate (chocolate amargo), mint chocolate (chocolate de menta) e sparkling water (água com gás) são mais prováveis ​​de serem vistos como kiki/takete.


De acordo com Suzy Styles, psicolinguista da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, essas associações sensoriais também refletem nosso ambiente físico mais amplo.


Sons como "b", "m" e "o" contêm componentes de frequência mais baixa, enquanto sons como "k", "t" e "i" contêm componentes de frequência mais alta.


As frequências mais altas, por sua vez, estão associadas a brilho, pequenez e nitidez, não apenas na linguagem humana.


"Você pode pensar em um tambor grande que produz um som mais grave, mais alto e mais duradouro, em comparação com um tambor pequeno de brinquedo que faz um som mais baixo, mais agudo e mais curto. Essas são apenas propriedades físicas do nosso ambiente", diz Styles.


"Portanto, faz sentido que um cérebro que cresce neste ambiente coordene as informações dessa maneira."


Por mais difundido que o efeito bouba-kiki seja, ele pode ser alterado ou ofuscado por diferentes fatores, como nosso próprio repertório de sons nativos.



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A maneira como seu nome ou uma palavra soa pode ter alguns efeitos surpreendentes nos julgamentos que fazemos


Styles e sua aluna de doutorado Nan Shang testaram o efeito bouba-kiki com o mandarim. O mandarim é uma língua tonal, em que o significado de uma palavra pode mudar completamente dependendo da entonação com que é falada.


Em inglês, a entonação pode carregar algum significado, por exemplo, ao indicar uma pergunta, mas não tanto quanto em mandarim.


As pesquisadoras apresentaram então dois tons de mandarim, um alto e outro decrescente, a falantes de inglês e mandarim.


Os participantes que falavam inglês perceberam o tom alto como pontiagudo, e o tom decrescente como arredondado.


Mas os falantes de mandarim chegaram à conclusão oposta, descrevendo o tom alto como arredondado, e o tom decrescente como pontiagudo.


Uma possível explicação é que, se não estivermos familiarizados com os tons de uma língua, como era o caso dos nativos em inglês, então podemos ouvi-los essencialmente como altos ou baixos, e formar associações com base no tom.


Mas se estivermos familiarizados com os tons, como os falantes de chinês, talvez possamos distinguir nuances mais sutis.


No experimento, os falantes de mandarim ouviram o tom alto como suave, prolongado e constante e, portanto, arredondado.


O tom decrescente foi sentido como abrupto, porque cai repentinamente, o que o tornou pontiagudo.


Outros estudos também encontraram variações no padrão bouba-kiki.


Os Himba, uma comunidade remota no norte da Namíbia que fala a língua otjiherero, consideraram bouba como sendo redondo e kiki angular, conforme a tendência geral.


Mas acharam que o chocolate ao leite tem sabor "pontiagudo", sugerindo que nossas associações sensoriais não são universais.


Quando Styles e a linguista Lauren Gawne testaram o efeito bouba-kiki em falantes de syuba, uma língua dos Himalaias no Nepal, elas não encontraram nenhuma resposta consistente.


Os falantes de syuba pareciam confusos com as palavras inventadas, possivelmente porque não soavam como nenhuma palavra syuba real.


Isso tornou difícil para eles formarem qualquer associação significativa.


Uma analogia seria mencionar para um falante de inglês a palavra inventada "ngf" e perguntar se é redonda ou pontiaguda. Provavelmente seria difícil fazer uma escolha significativa.


"Quando ouvimos palavras que não estão alinhadas com o padrão de palavras da nossa língua nativa, muitas vezes é difícil fazer qualquer coisa com essa palavra", afirma Styles.


"Não podemos mantê-la em nossa memória de curto prazo por tempo suficiente para tomar decisões a respeito dela."


Fatores culturais também podem afetar nossa reação ao som de nomes próprios. Em inglês, os sons de "k" e "oo" são percebidos como inerentemente engraçados.


Os nomes femininos ingleses têm mais probabilidade de conter sons percebidos como pequenos, como o som de "i" em Emily, e também apresentam sons mais suaves do que os nomes masculinos.


Mas em outras línguas, os nomes podem seguir um padrão de som completamente diferente.


Sidhu ainda não testou a associação nome-personalidade em diferentes idiomas, mas a expectativa dele é de que varie.


"Os sons na língua que você fala podem afetar isso; que sons são mais comuns em nomes podem afetar isso; até mesmo questões culturais, como ideias sobre personalidade e que traços são positivos ou negativos, imagino que também tenham um papel."


Desvendar essas associações ocultas oferece uma lição importante: provavelmente estamos dando importância demais aos nomes das outras pessoas.


Afinal, Sidhu e Pexman não encontraram evidências de que Bobs sejam realmente mais amigáveis ​​ou Kirks mais extrovertidos.


A descoberta deles pode reforçar os apelos para remover por completo nomes próprios de processos importantes e tornar anônimos currículos e artigos científicos em revisão, para combater o viés inconsciente.


Sidhu apoia a ideia. "Acho que faz muito sentido", diz ele. "Sempre que alguém está sendo julgado, retirar todas essas coisas extras que podem influenciar o julgamento é sempre uma boa ideia."






Autor: Sophie Hardach
Fonte: BBC Future
Sítio Online da Publicação: BBC
Data: 28/06/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-57155268

A surpreendente descoberta do 'Homem Dragão', possível espécie humana desconhecida


CRÉDITO,KAI GENG
Legenda da foto,

Crânio do Homem Dragão é grande, com tamanho de cérebro quase igual à média de nossa espécie


Pesquisadores chineses descobriram um crânio antigo que pode pertencer a uma espécie humana completamente desconhecida.


A equipe envolvida na descoberta afirmou que é o parente evolutivo mais próximo de nós (Homo sapiens), entre espécies conhecidas de humanos antigos, como os Neandertais e o Homo erectus.


Apelidado de "Homem Dragão", ele representa um grupo humano que viveu no Leste Asiático há pelo menos 146 mil anos.


Ele foi encontrado em Harbin, no nordeste da China, em 1933, mas só chamou a atenção de cientistas mais recentemente.


Uma análise do crânio foi publicada na revista científica The Innovation.

Um dos maiores especialistas do Reino Unido em evolução humana, o professor Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, integrou a equipe de pesquisa.


"Em termos de fósseis nos últimos milhões de anos, este é um dos mais importantes já descobertos", disse ele à BBC News.


"O que temos aqui é um ramo separado da humanidade que não está a caminho de se tornar Homo sapiens (nossa espécie), mas representa uma linhagem separada há muito tempo, que evoluiu na região por várias centenas de milhares de anos e eventualmente foi extinta."




CRÉDITO,KAI GENG
Legenda da foto,

Simulação artística de como era o Homem Dragão: seu crânio sugere que era forte e robusto


Os pesquisadores assinalam que a descoberta tem o potencial de reescrever a história da evolução humana. A análise deles sugere que o 'Homem Dragão' estaria mais intimamente relacionado ao Homo sapiens do que aos Neandertais.


Eles atribuíram o espécime a uma nova espécie: Homo longi, da palavra chinesa "long", que significa dragão.


"Encontramos nossa linhagem irmã há muito tempo perdida", disse Xijun Ni, professor da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade Hebei GEO em Shijiazhuang.


Ele falou à BBC News: "Disse 'meu Deus!'. Não conseguia acreditar que estava tão bem preservada. Você consegue ver todos os detalhes. É um achado realmente incrível!"


O crânio é enorme em comparação com a média dos crânios pertencentes a outras espécies humanas. O tamanho de seu cérebro é comparável com os da nossa espécie.


O 'Homem Dragão' tinha órbitas oculares grandes, quase quadradas, sobrancelhas grossas, boca larga e dentes grandes.


Segundo o professor Qiang Ji, da Universidade Hebei GEO, trata-se de um dos mais completos fósseis de crânio humano já descobertos.


"É uma combinação de características primitivas e mais modernas, que se diferenciam de todas as outras espécies de humanos", explicou o pesquisador.


Os cientistas acreditam que o Homem Dragão era forte e robusto. Mas pouco se sabe sobre como ele viveu, pois seu crânio foi retirado do local em que foi encontrado.


Isso significa que atualmente não há contexto arqueológico, como ferramentas de pedra ou outros elementos de cultura.


O crânio teria sido descoberto em 1933 por um operário que ajudava a construir uma ponte no rio Songhua que atravessa Harbin, na província de Heilongjiang, que traduzido significa Rio do Dragão Negro - daí o nome do novo humano.


A cidade estava sob ocupação japonesa na época. Suspeitando de seu valor cultural, o trabalhador chinês o contrabandeou para casa, para mantê-lo fora do alcance dos ocupantes. Ele o escondeu no fundo de um poço de sua família, onde permaneceu por cerca de 80 anos. O homem contou à família sobre o crânio antes de morrer, e foi assim que acabou nas mãos de cientistas.



CRÉDITO,KAI GENG
Legenda da foto,

Pesquisadores afirmam que forma do antigo ser humano (primeiro do lado esquerdo) pode ter evoluído para o relativamente moderno Homem Dragão (ultimo à direita) ao longo de milhões de anos


O Homem Dragão se junta a uma série de restos mortais humanos descobertos na China que se provaram difíceis de categorizar. Isso inclui restos mortais de Dali, Jinniushan, Hualongdong e a mandíbula de Xiahe do planalto tibetano.


Tem havido um intenso debate sobre se esses restos representam exemplos primitivos de Homo sapiens, neandertais, um grupo humano chamado denisovanos ou algo totalmente diferente.


Os denisovanos foram identificados pela primeira vez a partir de DNA recuperado de um osso de dedo de 50 mil a 30 mil anos descoberto na caverna de Denisova, na Rússia.


Como os restos mortais associados a esta linhagem irmã dos Neandertais estavam incompletos, o grupo foi descrito como um "genoma em busca de um registro fóssil".


A professora Marta Mirazon Lahr, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, sugeriu que o Homem Dragão era, na verdade, um denisovano.


"Os denisovanos são uma população fascinante e misteriosa do passado. Há uma sugestão (a partir de evidências de DNA) de que a mandíbula encontrada no planalto tibetano pode ser um denisovano".


"E agora, porque a mandíbula do Tibete e o Homem Dragão se parecem - talvez agora a gente realmente tenha a primeira face do denisovano."


E um grupo que publicou recentemente detalhes de vestígios de Israel pertencentes a uma possível espécie precursora dos Neandertais disse acreditar que o Homem Dragão pode ser descendente de humanos que surgiram pela primeira vez na região do Levante, no Oriente Médio.


No entanto, os pesquisadores chineses afirmam que os fósseis difíceis de classificar do Leste Asiático representam a evolução gradual de uma nova espécie. O professor Ni tem uma resposta para aqueles que discordam dessa avaliação.


"Os resultados vão gerar muito debate e estou certo de que muitas pessoas vão discordar de nós", disse ele. "Mas isso é ciência e é porque discordamos que a ciência avança."




Autor: Pallab Ghosh
Fonte: BBC
Sítio Online da Publicação: BBC
Data: 28/06/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-57639005

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Em 2019 quase 38% da população tinha alguma dificuldade de acesso à água

Em 2019 quase 38% da população tinha alguma dificuldade de acesso à água

Quase 38% da população do país tinha alguma vulnerabilidade de acesso à água, o que poderia dificultar a higienização das mãos e de objetos em 2019, período anterior à pandemia de Covid-19.
Resumo
Apenas 62,2% da população consumia água oriunda de rede geral de distribuição, com abastecimento diário e tinha estrutura de armazenamento.
3,4% viviam em domicílios que não estavam ligados à rede geral de água nem tinham canalização. No Norte do país esse percentual era ainda maior, 10,7%.
9,8% da população residia em domicílios com seis ou mais moradores. A proporção de pretos e pardos que viviam nessa situação era quase o dobro da população branca.
22,0% dos brasileiros que viviam na pobreza moravam em domicílio com seis ou mais pessoas.
Antes da pandemia, 19,7% das pessoas residiam em domicílios com mais de dois moradores por dormitório, o que pode dificultar o isolamento em caso de infecção.
8,1% da população que vivia na pobreza não tinha banheiro em casa.

Quase 38% da população do país tinha alguma vulnerabilidade de acesso à água, o que poderia dificultar a higienização das mãos e de objetos em 2019, período anterior à pandemia de Covid-19.

Enquanto 22,4% moravam em domicílios sem abastecimento diário ou estrutura de armazenamento de água, 11,9% eram abastecidos por outra forma que não a rede geral. Além disso, 3,4% dos domicílios não estavam ligados à rede geral de água nem contavam com canalização.

Os dados são dos Indicadores Sociais de Moradia no Contexto da Pré-Pandemia de Covid-19, divulgados, hoje (23), pelo IBGE. O estudo aprofunda a análise das condições de vida da população brasileira, com foco em características dos domicílios: abastecimento de água; adensamento domiciliar; existência de banheiro e rendimento domiciliar. Os indicadores foram gerados a partir da PNAD Contínua 2019 e estão disponíveis no hotsite covid19.ibge.gov.br.

“No contexto atual, no qual autoridades de saúde apontam a importância do distanciamento social e da lavagem das mãos com água e sabão para o combate à pandemia, o IBGE considera fundamental disponibilizar informações que auxiliem a superação da crise e a proteção da população frente ao grave quadro de saúde pública global”, explica o analista do estudo, Bruno Mandelli Perez.

Essas dificuldades de higienização eram ainda maiores entre as grandes regiões do país. No Norte, 10,7% da população brasileira residia em domicílios sem canalização interna de água e abastecidos principalmente de outra forma, que não a rede geral de distribuição de água. No Nordeste, essa proporção era de 7,9%. Ambos os valores estavam acima da média nacional (3,4%). Entre as unidades da federação, o maior valor foi verificado no Pará, com 13,8%.



O percentual de pessoas pretas ou pardas (4,8%) que viviam em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de abastecimento de água e não contavam com canalização interna nos domicílios era bem maior do que a população de brancos (1,6%).

A análise revela, ainda, que 10,4% das pessoas que residiam nas áreas urbanas do Brasil viviam em domicílios que, mesmo abastecidos principalmente pela rede geral de água, tinham frequência de abastecimento inferior à diária. Já nas áreas rurais, 18,8% das pessoas moravam em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de abastecimento de água e não contavam com canalização interna nos domicílios.

“Esses dados tornam ainda mais evidente a desigualdade no abastecimento de água nos domicílios brasileiros. Somente 62,2% da população dispunha de água oriunda de rede geral de distribuição, com abastecimento diário e com estrutura de armazenamento em seu domicílio, e, portanto, tinha melhores condições de cumprir as recomendações de higienização”, explica Perez.

Um em cada dez brasileiros vivia em domicílio com seis pessoas ou mais

Outra preocupação das autoridades sanitárias para controle da disseminação do vírus é o número de pessoas por domicílio (adensamento domiciliar) e a possibilidade de isolamento na residência no caso de infecção de algum morador. Sobre isso, os dados do IBGE mostram que, em 2019, 27,0% da população brasileira vivia em domicílios com três pessoas. Já 9,8% da população brasileira residia em domicílios com seis ou mais moradores.

O estado do Amapá (32,5%), assim como a região metropolitana de Macapá (32,4%) e a capital, Macapá (32,0%), apresentaram a maior proporção de pessoas vivendo em domicílios com seis pessoas ou mais, em 2019.



Esse indicador também está correlacionado a cor ou raça e a renda dos moradores. A proporção de domicílios com seis ou mais moradores era 12,3% entre a população preta ou parda e 6,5% na população branca. Entre a população que vivia na pobreza, com menos de US$ 5,50 por dia ou R$ 436 per capita por mês – medida adotada pelo Banco Mundial para identificar a pobreza em países em desenvolvimento como Brasil –, 22,0% residiam em domicílios com seis ou mais pessoas.

19,7% da população morava em domicílios com dois moradores por dormitório

Antes da pandemia, 19,7% das pessoas viviam em domicílios com mais de dois moradores por dormitório. Na região Norte, esse percentual era ainda maior (35,4%), com destaque para o estado de Roraima (46,5%). No outro extremo, estava Santa Catarina, onde 10,5% da população morava em domicílios com mais de dois moradores por dormitório.

“Isso mostra a dificuldade de alguns brasileiros de praticarem o isolamento social no domicílio caso algum morador apresente algum sintoma”, comenta Perez.

8,1% da população que vivia na pobreza morava em domicílios sem banheiro


Além das dificuldades de acesso à água e o excessivo número de moradores por cômodo, algumas famílias brasileiras ainda viviam em domicílios sem banheiro. Isso foi verificado em 2,6% da população. No Norte do país, 11,0% dos moradores não tinham banheiro em casa.

Entre a população que vivia na pobreza, mais da metade (57,2%) residia em domicílios com mais de três moradores por banheiro. Já 8,1% em domicílios sem o cômodo usado para higienização pessoal.

Dados contra o coronavírus

Desde abril do ano passado, o IBGE disponibiliza dados de pesquisas próprias ou em parceria com outras instituições para a construção de cenários e no monitoramento das políticas públicas voltadas ao combate da pandemia causada pela Covid-19 no país. Esse é mais um estudo com esse propósito. Outros podem ser consultados no hotsite covid19.ibge.gov.br.

Fonte: IBGE

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/06/2021




Autor: EcoDebate
Fonte: IBGE
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 23/06/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/06/23/em-2019-quase-38-da-populacao-tinha-alguma-dificuldade-de-acesso-a-agua/

Dieta de restrição calórica altera a composição da microbiota presente no intestino humano



Imagem colorida do microscópio eletrônico de varredura da bactéria intestinal Clostridioides difficile. © CDC | Janice Carr

Dieta de restrição calórica altera a composição da microbiota presente no intestino humano
Pesquisadores da Charité – Universitätsmedizin Berlin e da University of California em San Francisco puderam mostrar pela primeira vez que uma dieta de baixíssima caloria altera significativamente a composição da microbiota presente no intestino humano.

Em uma publicação atual da Nature * , os pesquisadores relatam que a dieta resulta em um aumento de bactérias específicas – notavelmente Clostridioides difficile, que está associada à diarreia induzida por antibióticos e colite. Essas bactérias aparentemente afetam o equilíbrio de energia do corpo, exercendo uma influência na absorção de nutrientes do intestino.

O microbioma intestinal humano consiste em trilhões de microrganismos e difere de uma pessoa para outra. Em pessoas com sobrepeso ou obesas, por exemplo, sabe-se que sua composição é diferente daquela encontrada em indivíduos com peso corporal normal. Muitos de nós iremos, em algum momento de nossas vidas, tentar fazer dieta para perder peso. Mas que efeito essa mudança drástica na dieta tem em nossos corpos?

Uma equipe internacional de pesquisadores co-liderados por Charité abordou esta questão. “Pela primeira vez, pudemos mostrar que uma dieta de muito baixa caloria produz grandes mudanças na composição do microbioma intestinal e que essas mudanças têm impacto no balanço energético do hospedeiro”, disse o Prof. Dr. Joachim Spranger, Chefe do Departamento de Endocrinologia e Doenças Metabólicas da Charité e um dos principais autores do estudo.

Para explorar os efeitos da dieta, a equipe estudou 80 mulheres mais velhas (pós-menopausa) cujo peso variou de um pouco acima do peso a gravemente obesas por um período de 16 semanas. As mulheres seguiram um regime de substituição de refeição supervisionado por um médico, consumindo shakes, totalizando menos de 800 calorias por dia, ou mantiveram seu peso durante o estudo.

Os participantes foram examinados no Centro de Pesquisa Experimental e Clínica (ECRC), uma instalação operada em conjunto pela Charité e o Centro Max Delbrück de Medicina Molecular (MDC). A análise regular da amostra de fezes mostrou que a dieta reduziu o número de microrganismos presentes no intestino e mudou a composição do microbioma intestinal.

“Pudemos observar como as bactérias adaptaram seu metabolismo para absorver mais moléculas de açúcar e, com isso, torná-los indisponíveis para seu hospedeiro humano. Pode-se dizer que observamos o desenvolvimento de um ‘microbioma faminto’ ”, diz o primeiro autor do estudo, Dr. Reiner Jumpertz von Schwartzenberg, pesquisador e clínico do Departamento de Endocrinologia e Doenças Metabólicas, cujo trabalho no estudo foi financiado pelo Clínico Programa para cientistas operado pela Charité e pelo Instituto de Saúde de Berlim (BIH).

Amostras de fezes, que foram coletadas antes e depois da dieta, foram então transferidas para camundongos que foram mantidos em condições livres de germes e, como resultado, não tinham toda a microbiota intestinal. Os resultados foram surpreendentes: os animais que receberam fezes após a dieta perderam mais de 10% de sua massa corporal.

As fezes pré-dieta não tiveram nenhum efeito. “Nossos resultados mostram que esse fenômeno é explicado principalmente por mudanças na absorção de nutrientes do intestino dos animais”, diz o Prof. Spranger. Ele acrescenta: “Isso destaca o fato de que as bactérias intestinais têm um grande impacto na absorção dos alimentos”.

Quando os pesquisadores estudaram a composição das fezes em mais detalhes, eles foram particularmente atingidos por sinais de aumento da colonização por uma bactéria específica – Clostridioides difficile. Embora esse microrganismo seja comumente encontrado no ambiente natural e nos intestinos de seres humanos e animais saudáveis, seu número no intestino pode aumentar em resposta ao uso de antibióticos, resultando potencialmente em inflamação severa da parede intestinal. Também é conhecido como um dos patógenos mais comuns associados a hospitais.

Quantidades maiores da bactéria foram encontradas em participantes que completaram o regime de perda de peso e em camundongos que receberam bactérias intestinais após a dieta. “Pudemos mostrar que o C. difficile produziu as toxinas tipicamente associadas a esta bactéria e que era disso que dependia a perda de peso dos animais,” explica o Prof. Spranger. Ele acrescenta: “Apesar disso, nem os participantes nem os animais mostraram sinais relevantes de inflamação intestinal”.

Resumindo os resultados da pesquisa, o Prof. Spranger diz: “Uma dieta de muito baixas calorias modifica severamente nosso microbioma intestinal e parece reduzir a resistência à colonização pela bactéria Clostridioides difficile associada ao hospital. Essas mudanças tornam a absorção de nutrientes pela parede intestinal menos eficiente, notavelmente sem produzir sintomas clínicos relevantes. O que ainda não está claro é se ou em que medida esse tipo de colonização assintomática por C. difficile pode prejudicar ou potencialmente melhorar a saúde de uma pessoa. Isso tem que ser explorado em estudos maiores ”.

Os resultados do atual estudo, que também recebeu financiamento do Centro Alemão de Doenças Cardiovasculares (DZHK), podem até dar margem a opções de tratamento para distúrbios metabólicos como obesidade e diabetes. Por esta razão,os pesquisadores agora explorarão como as bactérias intestinais podem ser influenciadas para produzir efeitos benéficos no peso e no metabolismo de seus hospedeiros humanos.

Referência:

von Schwartzenberg, R.J., Bisanz, J.E., Lyalina, S. et al. Caloric restriction disrupts the microbiota and colonization resistance. Nature (2021). https://doi.org/10.1038/s41586-021-03663-4

Henrique Cortez, tradução e edição, a partir de original da Charité – Universitätsmedizin Berlin

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/06/2021




Autor: Henrique Cortez
Fonte: Charité – Universitätsmedizin Berlin
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 23/06/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/06/23/dieta-de-restricao-calorica-altera-a-composicao-da-microbiota-presente-no-intestino-humano/

Ação exige plano do governo para prevenir repetição de queimadas no Pantanal


Pantanal em chamas. Foto de arquivo / EBC
Ação exige plano do governo para prevenir repetição de queimadas no Pantanal
Partidos vão ao STF demandar que União e Estados pantaneiros apresentem medidas em 30 dias para evitar repetição de queimadas que destruíram 26% do bioma em 2020.

Quatro partidos políticos (PSOL, Rede. PSB e PT) ingressaram, nesta terça-feira (22/06), no Supremo Tribunal Federal com uma ação demandando que o governo federal e os governos estatuais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresentem em 30 dias um plano de prevenção às queimadas no Pantanal.

O objetivo é pressionar o poder público de forma a evitar que se repita a catástrofe de 2020, quando uma seca extrema, combinada com queimadas originadas em sua maioria por fazendeiros, causou a destruição de 26% do bioma, que é patrimônio da humanidade e protegido pela Constituição.

As condições meteorológicas em 2021 favorecem uma nova temporada de queimadas intensa no Pantanal. O Centro-Sul do país enfrenta sua seca mais grave em mais de 90 anos e partes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão sob risco de fogo crítico, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Estudos Espaciais).

A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) apresentada pelos partidos lembra que o governo não tomou providências para prevenir o fogo em 2020, mesmo com os alertas do Ibama de que os incêndios se intensificariam.

O Ministério do Meio Ambiente chegou a dizer que teria responsabilidade por “apenas 12% do Pantanal”, já que a maior parte do bioma é composta de áreas privadas. O argumento, porém, não se sustenta, já que o Pantanal é expressamente protegido pela Constituição – cuidar dele, portanto, é atribuição do governo federal.

Em maio deste ano o Congresso Nacional liberou recursos suplementares para o Ministério do Meio Ambiente: um total de R$ 29,7 milhões serão destinados à “prevenção e controle dos incêndios em áreas federais prioritárias” pelo Ibama e mais R$ 52 milhões para o Instituto Chico Mendes.

No entanto, os recursos chegam no meio do ano, já em plena temporada de queimadas, e há risco de eles não serem executados pela falta de planos de manejo integrado de fogo – que incluam contratação de brigadistas, compra de equipamentos e definição de áreas prioritárias antes de as queimadas acontecerem.

“Não se combate incêndio despejando dinheiro de helicóptero”, diz Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima. “A gestão do fogo neste governo tem sido marcada por cortes orçamentários e baixa execução do que existe de recurso. É preciso assegurar que o dinheiro liberado pelo Parlamento seja usado, a demanda dos partidos também tem esse objetivo.”

A ação pede que o ministro que for sorteado relator da ADPF decida monocraticamente, com o referendo da corte, por determinar a apresentação dos planos pelos governos, e com transparência à sociedade. O pedido se justifica pela pressa: a estação seca no Pantanal já começou e as queimadas podem se agravar nas próximas semanas.

“O Brasil e a comunidade internacional assistiram atônitos às queimadas no Pantanal no ano passado. Elas foram provocadas em sua grande maioria de forma criminosa, por falta de fiscalização e inação do governo federal, conforme ficou provado pela Comissão Externa da Câmara. Assistimos ao sofrimento e à morte de animais, e ao sofrimento dos pantaneiros, indígenas e não-indígenas, que perderam suas roças e atividades do turismo. É preciso cobrar das autoridades que se planejem para evitar novamente o desastre criminoso neste ano”, afirmou o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP).

“A Rede Sustentabilidade está, em conjunto com outros partidos, ingressando com ADPF que objetiva que o Governo Federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente, apresente um plano consistente de medidas para impedir a repetição dos incêndios do Pantanal neste ano de 2021. A ação prevê pedido de medida cautelar para que o plano seja apresentado nos próximos 30 dias, uma vez que a demora na apresentação e execução do plano poderá resultar em mais um cenário de catástrofe ambiental, assim como tivemos em 2020, com a perda irreparável da fauna e da flora da região pantaneira”, disse Heloísa Helena, Porta-voz nacional da Rede.

“Este é um governo que adotou a destruição ambiental como política. Não ficaremos de braços cruzados: vamos cobrar na Justiça que nossos biomas sejam preservados”, afirmou o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ).


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/06/2021




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 23/06/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/06/23/acao-exige-plano-do-governo-para-prevenir-repeticao-de-queimadas-no-pantanal/

A crescente crise socioambiental e o pouco tempo que nos resta

Eis a íntegra da exposição e do debate.

 

A crescente crise socioambiental e o pouco tempo que nos resta
Perda de biodiversidade, pandemias e horizontes: “O tempo agora trabalha contra nós”, avalia Luiz Marques

Por Jonas Jorge da Silva, IHU

Amparado em dados científicos, convicto da transversalidade da crise socioambiental e de que as respostas aos seus problemas estruturais só podem ser alcançadas por decisões tomadas democraticamente, Luiz Marques, professor livre-docente do Departamento de História, da Universidade Estadual de Campinas, apresentou um amplo panorama das causas da atual crise pandêmica. Na verdade, colocou-a em seu devido lugar no amplo leque das ameaças à sobrevivência de nossa espécie.

Sua exposição se deu no marco do debate [online] Crise sanitária: da perda de biodiversidade à era das pandemias, quarto encontro da série de debates Crise sistêmica, complexidade e desafios planetários, realizado no último dia 19 de junho.

A iniciativa conta com a parceria e o apoio de diversas instituições: Instituto Humanitas Unisinos – IHU, Núcleo de Direitos Humanos da PUCPR, Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB, Comunidades de Vida Cristã – CVX, Observatório Nacional Luciano Mendes de Almeida – OLMA e Departamento de Ciências Sociais, da Universidade Estadual de Maringá.

Marques, autor do livro Capitalismo e colapso ambiental, 2015, 3ª edição, 2018, iniciou sua exposição com uma frase do entomologista estadunidense Edward Wilson: “Destruir uma floresta tropical para obter ganho econômico é como queimar uma pintura do Renascimento para cozinhar uma refeição”. E avaliou a atual destruição das florestas como um suicídio para a humanidade.

Fazendo menção à sexta extinção em massa, enfatizou que não há precedentes na história em relação ao impacto que a ação humana provoca na biodiversidade do planeta. Nesse sentido, fez uma síntese do artigo Underestimating the Challenges of Avoiding a Ghastly Future [Subestimando os desafios para evitar um futuro pavoroso], publicado por 17 pesquisadores, em janeiro desse ano, no periódico Frontiers in Conservation Science, levantando nove constatações:

1. A biomassa da vegetação terrestre foi reduzida em 50%, nos últimos 11.000 anos (Holoceno);

2. Houve perda de mais de 20% de sua biodiversidade original;

3. O Homo sapiens alterou mais de 70% da superfície terrestre da Terra;

4. Houve extinções de mais de 700 espécies de vertebrados documentados e cerca de 600 espécies de plantas, nos últimos 500 anos;

5. O tamanho da população de espécies de vertebrados monitoradas diminuiu em média 68%, desde 1970, com certos grupos populacionais em declínio extremo;

6. Cerca de 1 milhão de espécies eucarióticas podem se extinguir, nos próximos poucos decênios (IPBES 2019);

7. Cerca de 40% das plantas estão em perigo de extinção;

8. A biomassa global de mamíferos selvagens é menos de 25% daquela estimada para o Pleistoceno Superior (355.000 a 82.800 mil anos AP);

9. Os insetos estão desaparecendo rapidamente em muitas regiões (90% da vitamina C de que precisamos provém de frutas, verduras, óleos e sementes polinizados por insetos).



Diante desse panorama, segundo Marques, a situação é tão grave que Robert Watson, diretor da IPBES [Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos], em uma entrevista, reconheceu que “o tempo para a ação era ontem ou anteontem” e que “proteger a biodiversidade é tão importante quanto combater as mudanças climáticas”.

De fato, de acordo com as informações da IPBES, “1 milhão de espécies ou 12,5% das 8 milhões de espécies (Eukariota) estimadas na Terra podem se extinguir nas próximas poucas décadas”. Marques chamou a atenção, por exemplo, para os riscos relacionados à extinção dos polinizadores, que pode comprometer seriamente a produção de alimentos no mundo.

Sendo assim, apresentou alguns dados em relação à nossa dependência dos polinizadores: das 141 espécies de plantas cultivadas no Brasil, cerca de 60% (85 espécies) dependem da polinização animal; 90% da vitamina C provém de frutas, verduras, óleos e sementes polinizados por insetos; e os polinizadores também melhoram ou estabilizam as colheitas de três quartos das culturas agrícolas, ou um terço das colheitas por volume.

Outro elemento preocupante é o uso intensivo de agrotóxicos nas plantações. De acordo com informações de Luciana de Oliveira e Rikardy Tooge, em reportagem para o G1, só em 2019, o Brasil aprovou o registro de 474 agrotóxicos, o maior número registrado pelo Ministério da Agricultura, desde 2005, quando começou a fazer essa divulgação. Para um melhor aprofundamento sobre o tema, Marques recomendou o trabalho de Larissa Mies Bombardi, intitulado Geografia do uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, de 2017.

Para exemplificar como a perda da biodiversidade está acelerada, Marques comparou a Terra a uma bateria. Para isso, recorreu ao artigo Human domination of the biosphere: Rapid discharge of the earth-space battery foretells the future of humankind [Dominação humana da biosfera: a rápida descarga da bateria do espaço terrestre prediz o futuro da humanidade], dos pesquisadores John R. Schramski, David K. Gattie e James H. Brown, publicado na revista científica estadunidense PNAS.

De acordo com os pesquisadores, “a Terra é uma bateria química onde, ao longo da evolução, com uma carga lenta de fotossíntese usando energia solar, bilhões de toneladas de biomassa viva foram armazenadas em florestas e outros ecossistemas e em vastas reservas de combustíveis fósseis”. A questão é que o sistema econômico globalizado está descarregando essa bateria de forma muito rápida.

Entre tantos outros elementos problematizados, Marques deu grande ênfase ao desmatamento e suas consequências. Conforme apontou, “o desmatamento tropical global vem aumentando desde 2014, data da assinatura da Declaração de Nova York sobre as Florestas. Com a exposição de gráficos e estatísticas, lamentou a aceleração da destruição das florestas brasileiras, sem deixar de mencionar os responsáveis, passando pelos militares e os subsequentes governos civis, com suas coalizões políticas dominadas pelo agronegócio. “Em apenas 50 anos (1970-2020), quase 2 M de km2 da cobertura vegetal brasileira” foram destruídas, mencionou.

Com dados do IPCC 2007, Marques também lembrou que “as mudanças no uso do solo (principalmente desmatamento nos trópicos) são responsáveis por até um terço do total de emissões antrópicas de CO2”. Nessa direção, a pecuária é responsável por 80% do desmatamento da Amazônia brasileira.

Nos últimos anos, o desmatamento da Amazônia vem batendo recordes. De acordo com dados de monitoramento por satélite, divulgados em julho de 2020 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, houve um aumento de 34% no desmatamento da região amazônica, nos últimos 12 meses. Soma-se a essa problemática os incêndios na Amazônia, em sua grande maioria provocados por fazendeiros, e o aumento das secas na mesma região.

Marques fez menção a três graves secas vividas na região amazônica, nos anos de 2005, 2010 e 2015/16. “A floresta perdeu 38% mais biomassa na seca de 2010 do que na seca de 2005. A seca de 2010 foi 1,6 maior que a de 2005. Quanto à seca de 2016, sua gravidade é sem precedentes”, destacou. Percebe-se, portanto, um agravamento das secas.

Com anos cada vez mais secos e uma disparada no desmatamento, assiste-se a uma diminuição dos “rios voadores”, com o visível impacto na quantidade de chuvas que chegam ao sudeste e sul do Brasil, o que demonstra a forte conexão e dependência entre todos os biomas. Nesse sentido, os impactos sobre a agricultura e a produção de alimentos também se veem agravados, com previsões nada otimistas sobre os plantios.

Além disso, Marques também explicitou como por trás do desmatamento tropical temos o forte financiamento do sistema bancário, ressaltando que os bancos brasileiros são os principais credores do desmatamento. Citando estudos da organização Global Witness, revelou que “mais de 300 bancos e investidores apoiam seis dos mais destruidores agronegócios do mundo, no valor de 44 bilhões de dólares”: 1) JBS S.A (Brasil), 2) Marfrig Global (Brasil), 3) Minerva Foods (Brasil), Halcyon Agri Corp (Singapura), Grupo Olam (Singapura) e Grupo Rimbunan Hijau (Malásia).

Por fim, após apresentar todos esses aspectos da crise ecológica, chegou ao tema das pandemias e zoonoses, favorecidas pela perda de biodiversidade. Entre os fatores que favorecem as doenças zoonóticas, citou o desmatamento e outras mudanças no uso do solo, a intensa produção agrícola e pecuária, o comércio ilegal ou irregular de animais silvestres, a resistência antimicrobiana e a mudança climática, a partir de dados do Relatório Fronteiras 2016, do PNUMA.

Na avaliação de Marques, “mais pandemias resultam da ação combinada do aquecimento global, o desmatamento e o aumento dos rebanhos”. Sendo assim, fez referência a um fragmento do livro “La prochaine peste” (2012), de Serge Morand, que já indicava: “Desde 1960, humanos, animais e vegetais sofrem o que eu chamo uma epidemia de epidemias. Há cada vez mais epidemias por ano, cada vez mais enfermidades diferentes, que são cada vez mais compartilhadas entre os países e se tornam, portanto, pandemias. Cerca de 70% dessas novas epidemias estão associadas aos animais selvagens e domésticos, a mesma proporção das epidemias históricas. Mas o que muda e cria as condições de sua explosão é a combinação de três fatores: perda de biodiversidade, industrialização da agricultura – que acentua essa perda – e o aumento disparado do transporte de mercadorias e pessoas”.

Fortalecendo esse argumento, também citou o jornalista e divulgador científico David Quammen, que em artigo intitulado “We made the Coronavirus Epidemic”, de janeiro de 2020, também sentenciava: “Invadimos as florestas tropicais e outras paisagens selvagens, habitats de tantas espécies de animais e plantas – e dentro dessas criaturas, tantos vírus desconhecidos. Derrubamos árvores; matamos animais ou os enjaulamos e os enviamos aos mercados. Desorganizamos ecossistemas e arrancamos os vírus de seus hospedeiros naturais. Quando isso acontece, eles precisam de um novo hospedeiro. Frequentemente somos esse novo hospedeiro. Devemos lembrar, quando a poeira assentar que a covid–19 não é um evento novo ou infortúnio que se abateu sobre nós. Foi e é parte do padrão de escolhas que nós, os humanos, estamos fazendo”.

Por fim, também fundamentou a análise com o estudo intitulado COVID-19 Stimulus Measures Must Save Lives, Protect Livelihoods, and Safeguard Nature to Reduce the Risk of Future Pandemics [Medidas de estímulo econômico para minimizar efeitos da COVID-19 devem salvar vidas, proteger meios de subsistência e salvaguardar a natureza para reduzir o risco de futuras pandemias], de Peter Daszak, Josef Settele, Sandra Díaz e Eduardo Brondizio. Nele, os autores avaliam que “as pandemias recentes são uma consequência direta da atividade humana – particularmente de nosso sistema financeiro e econômico global baseado num paradigma limitado, que preza o crescimento econômico a qualquer custo”.

Também é preciso lembrar que o aquecimento global propicia um ambiente favorável às pandemias, pois, por exemplo, com temperaturas muito altas há uma perca da eficiência do sistema imune dos mamíferos, além de se constatar um maior raio de ação de vetores de epidemias, como são os casos da dengue, zika e chikungunya, entre outros fatores citados.

Marques reforçou que “a covid–19 é a maior crise sanitária global dos últimos 100 anos (após a gripe espanhola de 1918-1919)”. Mesmo assim, reconheceu que a crise sanitária passará, mas o que “não passará e só piorará é a ação conjugada das ameaças sistêmicas à sociedade e à espécie humana”: 1) a emergência climática, 2) a aniquilação da biodiversidade, 3) a intoxicação industrial dos organismos.

Tendo em vista que o debate estava ocorrendo no mesmo dia em que segmentos da sociedade civil conclamavam as pessoas a irem às ruas para pedir a saída de Bolsonaro da presidência, Marques ofereceu quatro motivos para o seu impeachment, definidos no seu estímulo a quatro crises sistêmicas: a aceleração do aquecimento global, a destruição da biodiversidade, a poluição (sobretudo através dos agrotóxicos) e a pandemia.

Durante o debate com os participantes, Marques mencionou que a humanidade não está desarmada do ponto de vista científico e sabe o que fazer: abandonar os combustíveis fósseis, redefinindo suas expectativas de consumo de energia.

Em sua avaliação, os combustíveis fósseis deram à humanidade um progresso excepcional, mas que agora, por causa de sua grande exploração, há um desequilíbrio em nossa era geológica, que conduz a humanidade em um caminho de desestabilização do sistema climático.

Para pensar em saídas viáveis, Marques defendeu um aprofundamento da democracia. É preciso que democraticamente sejamos capazes de decidir o que faremos com os nossos recursos estratégicos. Hoje, estamos sofrendo as decisões de grupos que estão agindo em prol de lucros imediatos, nada preocupados com a sustentabilidade de nossas condições de sobrevivência.

A solução de diversos problemas, entre eles a desigualdade, dependerá de nossa capacidade política, pois os políticos, mesmos os que estão à esquerda, estão muito atrasados em relação aos desafios apontados pela ciência. Para vencer as resistências dos interesses econômicos, o debate socioambiental precisa se dar em termos de estratégias em prol da própria sobrevivência da humanidade.

A bandeira da luta por justiça social, defendida por amplos setores da sociedade, precisa estar associada ao modo como nos relacionamos com a natureza. Segundo Marques, não é possível resolver os problemas socioambientais que nos cercam, caso não toquemos nas estruturas da sociedade. É preciso mudar a nossa relação com a energia, desmontar a indústria química e a indústria do petróleo.

Enfim, em sua avaliação, o tempo agora trabalha contra nós, sendo assim, o imperativo é agir.






Autor: Jonas Jorge da Silva, IHU
Fonte: IHU
Sítio Online da Publicação: ecodebate
Data: 23/06/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/06/23/a-crescente-crise-socioambiental-e-o-pouco-tempo-que-nos-resta/

terça-feira, 22 de junho de 2021

Dia Mundial do Albatroz chama atenção para o desenvolvimento de pescarias compatíveis com a conservação das aves oceânicas


Data celebrada globalmente conta com o apoio do Projeto Albatroz na América do Sul. Duas espécies estão no foco das ações deste ano: Albatroz-de-Tristão e Albatroz-de-Galápagos

O Dia Mundial do Albatroz foi criado por representantes do Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP) em 2019 com o objetivo de chamar a atenção para a crise da conservação desse grupo de aves. O Acordo, que conta com a participação da coordenadora geral do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, elegeu “Garantindo pescarias compatíveis com a conservação dos albatrozes” como tema da campanha deste ano, a fim de sensibilizar o público sobre as melhores práticas para conservar albatrozes ao redor do mundo.

O grande número de albatrozes e petréis mortos incidentalmente pela pesca, que gira em torno de 40 mil todos os anos, foi a principal força motriz para a criação do ACAP há duas décadas e abordar este problema de conservação continua a ser uma parte importante do trabalho do Acordo. Por isso, todos os anos, a campanha do Dia Mundial do Albatroz dá destaque a espécies ameaçadas de extinção. Na edição de 2021, são homenageadas duas espécies criticamente ameaçadas, de acordo com a classificação da Lista Vermelha da IUCN: o Albatroz-de-Tristão (Diomedea dabbenena) e o Albatroz-de-Galápagos (Phoebastria irrorata).

Espécies em perigo

As duas espécies são consideradas endêmicas, ou seja, se reproduzem em uma única região no planeta. O Albatroz-de-Tristão faz seus ninhos na Ilha Gough, território britânico isolado em meio ao Oceano Atlântico e se alimenta nas águas brasileiras, uruguaias e argentinas. Já o Albatroz-de-Galápagos é a única das 22 espécies a se reproduzir em uma região de clima tropical, que é a Ilha Espanhola, no Arquipélago de Galápagos.

Além dos perigos da interação com várias modalidades de pesca, os albatrozes e petréis também são ameaçados pela poluição dos oceanos com plásticos e outros resíduos, mudanças climáticas, redução de disponibilidade de alimento, intervenção humana nos locais de reprodução e invasão de roedores nas ilhas onde cuidam de seus filhotes.

Para a coordenadora geral do Projeto Albatroz e vice-presidente do comitê assessor do ACAP, Tatiana Neves, essas duas espécies representam a urgência da conservação dos albatrozes ao redor do mundo. “Os desafios que encontramos na proteção dessas duas espécies endêmicas são apenas um exemplo. Conservar mais de 20 espécies com particularidades, localidades e ameaças diferentes requer um enorme esforço global, que é possível somente por meio da colaboração de todos os países membros do ACAP”.

Mais de uma dezena de espécies de albatroz se alimentam nas águas brasileiras e, para protegê-las, o Projeto Albatroz realiza um trabalho de educação ambiental com os pescadores, para que conheçam o albatroz e aprendam a utilizar medidas práticas para mitigar a captura desses animais, atuando como parceiros da instituição em alto-mar.

O ACAP e o Projeto Albatroz estão trabalhando conteúdos exclusivos em suas redes sociais para ajudar a aumentar a consciência do público sobre a crise de conservação enfrentada pelos albatrozes e petréis ao redor do mundo, além de ressaltar o esforço global de cientistas e instituições para aproximar espécie das pessoas e sensibilizá-las sobre sobre sua importância. Acompanhe no @projetoalbatroz.

Sobre o ACAP
O Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP) reúne 13 países cujos mares territoriais são utilizados por albatrozes e petréis para a alimentação, migração ou reprodução, principalmente na porção meridional do planeta. Atualmente, também são signatários do acordo: Argentina, Austrália, África do Sul, Chile, Espanha, Equador, França, Nova Zelândia, Noruega, Peru, Reino Unido e Uruguai.

O ACAP tem o intuito de coordenar os esforços dos países envolvidos e estabelecer metas para a conservação destas aves. Em 2008, o Governo Federal ratificou a adesão do Brasil ao acordo. A entrada do país no ACAP é estratégica devido à alta incidência de capturas em nosso mar territorial. Estima-se que até 4 mil albatrozes e petréis morram incidentalmente todos os anos fisgadas pelos anzóis das pescarias de espinhel somente no Brasil.

O Acordo estabelece diretrizes multilaterais para proteger estas aves ao redor do mundo. Em linhas gerais, ele propõe a troca de dados e resultados de pesquisas sobre a ocorrência de albatrozes e petréis nos países participantes, a criação de planos de ajuda mútua entre as nações, além de recomendar práticas e usos de medidas que visem diminuir a captura incidental de aves marinhas.

Saiba mais sobre o ACAP no site: https://acap.aq/

Projeto Albatroz

Reduzir a captura incidental de albatrozes e petréis é a principal missão do Projeto Albatroz, que tem o patrocínio da Petrobras. O Projeto é coordenado pelo Instituto Albatroz - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que trabalha em parceria com o Poder Público, empresas pesqueiras e pescadores.

A principal linha de ação do Projeto, nascido no ano de 1990, em Santos (SP), é o desenvolvimento de pesquisas para subsidiar Políticas Públicas e a promoção de ações de Educação Ambiental junto aos pescadores, jovens e às escolas. O resultado deste esforço tem se traduzido na formulação de medidas que protegem as aves, na sensibilização da sociedade quanto à importância da existência dos albatrozes e petréis para o equilíbrio do meio ambiente marinho e no apoio dos pescadores ao uso de medidas para reduzir a captura dessas aves no Brasil.

Atualmente, o Projeto mantém bases nas cidades de Santos (SP), Itajaí e Florianópolis (SC), Itaipava (ES), Rio Grande (RS) e Cabo Frio (RJ).

Mais informações: www.projetoalbatroz.org.br





Autor: Ascom Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 21/06/2021
Publicação Original: http://www.projetoalbatroz.org.br/

Aquecimento do clima e a intensificação do uso da terra aumentam o teor de mercúrio nos peixes


Foto: Kimmo Kahilainen
Aquecimento do clima e a intensificação do uso da terra aumentam o teor de mercúrio nos peixes

À medida que o clima e o uso da terra mudam, a concentração de mercúrio nos peixes e nas cadeias alimentares deve ser cada vez mais investigada e monitorada com cuidado

Estudos recentes mostram que, no futuro, a concentração de mercúrio em peixes na Lapônia finlandesa pode se aproximar do nível encontrado em lagos localizados abaixo do Círculo Polar Ártico. Segundo os pesquisadores, o teor de mercúrio deve ser cada vez mais investigado e monitorado com cuidado nas cadeias alimentares e de peixes, conforme o clima e o uso do solo mudam.

O mercúrio é um metal pesado encontrado na natureza. O metilmercúrio, uma forma particularmente tóxica do metal, acumula-se nos peixes e é biomagnificado nas cadeias alimentares. Os humanos são expostos ao metilmercúrio, especialmente por meio de dietas à base de peixes.

Os pesquisadores investigaram os efeitos conjuntos do clima e do uso da terra na Lapônia finlandesa. O uso intenso da terra, um clima mais quente e o aumento da precipitação aumentam a lixiviação de nutrientes e mercúrio ligado ao carbono armazenado no solo para os cursos de água. O uso de combustíveis fósseis também aumentou os níveis de mercúrio no meio ambiente.

“A Lapônia é um importante objeto de pesquisa, pois as temperaturas, a precipitação e os níveis de nutrientes aumentam significativamente quando nos movemos dos lagos quase intocados do norte para os lagos do sul, que são mais eutróficos e sombrios. Ao mesmo tempo, o uso da terra nas áreas de captação está mudando de pastoreio de renas para silvicultura intensiva. Nossa área de pesquisa não possui fontes diretas de emissão de mercúrio. Em vez disso, o mercúrio encontrado na região se origina na deposição atmosférica de longo alcance e lixiviação do solo da área de captação ”, disse o professor de Pesquisa Ambiental Kimmo Kahilainen da Estação Biológica Lammi da Universidade de Helsinque.

Os pesquisadores descobriram que quanto mais quente e escuro o lago, maior a concentração de mercúrio nas algas. Isso também se refletiu nos peixes. O conteúdo de mercúrio em lagos mais quentes e eutróficos era ligeiramente mais alto em comparação com aqueles que viviam em lagos prístinos, enquanto o conteúdo de mercúrio em perca e lúcio cresceu acentuadamente.

“O aquecimento global e o aumento da precipitação, juntamente com a intensificação do uso da terra, aumentam a lixiviação das áreas de captação. No futuro, o conteúdo de mercúrio nos peixes da Lapônia pode, de fato, se aproximar do nível encontrado nos lagos subárticos. À medida que o clima e o uso da terra mudam, a concentração de mercúrio nos peixes e nas cadeias alimentares deve ser cada vez mais investigada e monitorada com cuidado ”, diz Kahilainen.

Referências:

Natalia Kozak, Salla A. Ahonen, Ossi Keva, Kjartan Østbye, Sami J. Taipale, Brian Hayden, Kimmo K. Kahilainen. Environmental and biological factors are joint drivers of mercury biomagnification in subarctic lake food webs along a climate and productivity gradient. Science of The Total Environment, Volume 779, 2021, https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2021.146261


Salla A. Ahonen, Brian Hayden, Jaakko J. Leppänen, Kimmo K. Kahilainen. Climate and productivity affect total mercury concentration and bioaccumulation rate of fish along a spatial gradient of subarctic lakes. Science of The Total Environment, Volumes 637–638, 2018, Pages 1586-1596, https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2018.04.436


Henrique Cortez, tradução e edição, a partir de original da University of Helsinki

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/06/2021






Autor: Henrique Cortez
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 21/06/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/06/22/aquecimento-do-clima-e-a-intensificacao-do-uso-da-terra-aumentam-o-teor-de-mercurio-nos-peixes/

Efeito positivo dos espaços verdes urbanos na saúde física e mental

Efeito positivo dos espaços verdes urbanos na saúde física e mental
Dados de imagens de satélite de alta resolução revelaram uma correlação global entre espaço verde urbano e felicidade em 60 países

Acredita-se que os espaços verdes urbanos, como parques, quintais, margens de rios e fazendas urbanas, contribuam para a felicidade do cidadão ao promover a saúde física e mental. Embora vários estudos anteriores tenham relatado os benefícios mentais dos espaços verdes, a maioria foi conduzida em partes ricas do mundo, como os Estados Unidos e a Europa, e apenas alguns envolveram um cenário de vários países.

A falta de dados foi a principal limitação na realização desses estudos porque não há um conjunto de dados médicos globais que possa fornecer pesquisas de saúde mental confiáveis e padronizadas em diferentes países. Outro desafio envolve um método sistemático para medir a quantidade de espaço verde entre os países. Vários métodos de medição de espaço verde – questionários, entrevistas qualitativas, imagens de satélite, imagens do Google Street View e até mesmo tecnologia de smartphone ainda dependem de medições em nível individual e, portanto, não são escalonáveis para o nível global. Esses desafios deixaram a questão da associação entre o efeito positivo dos espaços verdes na saúde mental aberta e sem resposta para muitos países com diferentes condições socioeconômicas.

Liderado pelo investigador-chefe e um professor associado CHA Meeyoung no Instituto de Ciências Básicas (IBS) e Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST) em Daejeon, Coreia do Sul, uma colaboração internacional de pesquisadores de POSTECH, Instituto Max Planck, Instituto de Tecnologia de Jersey e a Universidade Nacional de Cingapura decidiram resolver o problema.

O novo estudo publicado na revista EPJ Data Science identificou a correlação global entre o espaço verde urbano e a felicidade em 60 países, usando um conjunto de dados de imagens de satélite.

Usando o conjunto de dados de imagens de satélite Sentinel-2, a equipe mediu a pontuação dos espaços verdes urbanos de cada país como o índice total de vegetação por população nas cidades mais populosas. Um total de noventa cidades em sessenta países foi escolhido para representar pelo menos 10% da população nos países estudados. Para uma visão clara, apenas os dados de imagens de satélite do verão foram usados para análise, que é de junho a setembro para o hemisfério norte e de dezembro a fevereiro para o hemisfério sul. A pontuação de felicidade foi retirada do Relatório Mundial de Felicidade, publicado pelas Nações Unidas.

A equipe encontrou uma correlação positiva significativa entre espaço verde urbano e felicidade em todos os países. Os espaços verdes urbanos aumentam a felicidade em comparação com o valor de felicidade básico determinado pela riqueza de uma nação. Essa relação era robusta para outras condições socioeconômicas, incluindo expectativa de vida, gastos com saúde, desemprego, desigualdade de gênero e educação.

A equipe também examinou se essa associação era uniforme em todos os países. A felicidade nos 30 países mais ricos (ou seja, PIB per capita de US $ 38.000 ou mais) é fortemente afetada pela quantidade de espaço verde urbano, enquanto o PIB per capita é um fator mais crítico de felicidade nos 30 países mais pobres. Essa descoberta corrobora a sabedoria convencional de que a prosperidade econômica é crucial para a felicidade até certo nível, após o qual o espaço verde urbano é um melhor indicador de felicidade. Essa descoberta coincide com um conceito conhecido como paradoxo de Easterlin, que nos diz que o aumento da felicidade por meio da riqueza atinge um ponto de saturação, após o qual os fatores que melhoram a felicidade são desconhecidos.

A equipe também identificou uma relação direta positiva entre o apoio social aos espaços verdes urbanos. Isso indica que a variável de suporte social pode servir como mediadora entre o espaço verde e a felicidade. Esta descoberta sublinha a importância de manter os espaços verdes urbanos como um lugar de coesão social em prol da felicidade das pessoas.

Os autores apontam que seu trabalho tem várias implicações em nível de política. Em primeiro lugar, os espaços verdes públicos devem ser acessíveis aos moradores urbanos para aumentar o apoio social. Se a segurança pública nos parques urbanos não for garantida, seu papel positivo no apoio social e na felicidade pode diminuir. Além disso, o significado de segurança pública pode mudar; por exemplo, garantir a segurança biológica será uma prioridade para manter os parques urbanos acessíveis durante a pandemia COVID-19.

Em segundo lugar, o planejamento urbano de espaços verdes públicos é necessário tanto para os países desenvolvidos quanto para os em desenvolvimento. Como é desafiador ou quase impossível garantir terras para espaços verdes após o desenvolvimento da área, o planejamento urbano para parques e espaços verdes deve ser considerado nas economias em desenvolvimento, onde novas cidades e áreas suburbanas estão se expandindo rapidamente.

Terceiro, as mudanças climáticas recentes podem apresentar dificuldades substanciais na manutenção de espaços verdes urbanos. Eventos extremos como incêndios florestais, inundações, secas e ondas de frio podem colocar em risco as florestas urbanas, enquanto o aquecimento global pode, inversamente, acelerar o crescimento de árvores nas cidades devido ao efeito de ilha de calor urbana. Assim, mais atenção deve ser dada para prever as mudanças climáticas e descobrir seu impacto na manutenção dos espaços verdes urbanos.

Os autores também destacam a crescente demanda por formulação de políticas para os cidadãos baseada em dados. “Big data de imagens de satélite podem fornecer grandes oportunidades para responder a uma variedade de questões sociais. Nosso método pode ser usado para quantificar o espaço azul nas costas, e podemos estudar mais a fundo a relação entre o espaço azul e a felicidade ”, diz Dr. Cha.


O mapa de espaços verdes urbanos e felicidade em 60 países desenvolvidos. O tamanho e a cor dos círculos representam o nível de felicidade e o espaço verde urbano em um país, respectivamente. Os marcadores são colocados nas cidades mais populosas de cada país. (b) O espaço verde urbano é medido pela UGS em quatro cidades do mundo. As áreas verdes indicam o NDVI per capita ajustado (ou seja, UGS) para cada pixel de 10m por 10m

Referência:

Kwon, OH., Hong, I., Yang, J. et al. Urban green space and happiness in developed countries. EPJ Data Sci. 10, 28 (2021). https://doi.org/10.1140/epjds/s13688-021-00278-7



Henrique Cortez, tradução e edição, a partir de original do Institute for Basic Science (IBS)

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/06/2021








Autor: Henrique Cortez
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 21/06/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/06/22/efeito-positivo-dos-espacos-verdes-urbanos-na-saude-fisica-e-mental/