Detalhe dos foguetes Canalle Platinado e Atom, produzidos na Uerj (Fotos: Divulgação)
Um foguete desenvolvido por alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) será lançado em uma região desértica localizada nos arredores da cidade de Las Cruces, no estado do Novo México, nos Estados Unidos. O lançamento ocorrerá por ocasião da Spaceport America Cup, competição internacional de foguetes, a ser realizada entre os dias 19 e 23 de junho. A equipe carioca, liderada pelo físico João Canalle e denominada Grupo de Foguetes do Rio de Janeiro, vai competir com mais de cem instituições estrangeiras, incluindo as reconhecidas Universidade de Harvard, MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets) e Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia).
“Enquanto as grandes universidades americanas e canadenses montam os foguetes que levarão para o campeonato nos seus próprios campi, nós, do Brasil, temos que pensar na logística do transporte das peças e deixar para montar o nosso foguete quando chegarmos nos Estados Unidos”, contou o físico, que viajou para o local da competição na última sexta-feira, dia 8 de junho, com uma delegação de sete alunos. A viagem aconteceu após uma mobilização coletiva para arrecadar recursos para o transporte e hospedagem do grupo, por meio de uma campanha de crowdfunding na Internet.
É a primeira vez que uma equipe do Rio participa da Spaceport America Cup. “Dentre os brasileiros, vamos nós, da Uerj, representantes da USP [Universidade de São Paulo], do ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica] e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O Brasil é o único representante da América do Sul no campeonato”, destacou Canalle, que além de professor da Uerj é coordenador nacional da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e foi Cientista do Nosso Estado da FAPERJ.
Eles vão apresentar na competição o foguete Atom, construído na Uerj, com três metros de comprimento e a capacidade de percorrer, no ar, uma distância de três quilômetros. O objetivo, durante a competição, será fazer o foguete alcançar essa altura e voltar ao solo sem danos, apto a realizar uma nova viagem. A Uerj participará na categoria de foguetes que possuem a capacidade de atingir três mil metros de altura, usando combustíveis sólidos.
O Grupo de Foguetes do Rio, formado por alunos de graduação da Uerj e coordenado pelo físico João Canalle (à esquerda, em primeiro plano), durante apresentação no V Festival de Minifoguetes, em Curitiba
“No campeonato, também existem categorias para foguetes que alcançam altitudes maiores e menores, e para foguetes com motores híbridos, que comportam combustíveis líquidos e sólidos. A Spaceport America Cup existe há 12 anos nos Estados Unidos, já tem tradição, e costuma atrair a atenção do mundo inteiro. Nossa inscrição foi realizada em novembro do ano passado e trabalhamos na construção do Atom nesse primeiro semestre de 2018”, explicou.
O Atom vai carregar, durante a sua trajetória no ar, um experimento científico desenvolvido na Uerj. Acoplado ao foguete, haverá um equipamento detector de raios cósmicos – partículas subatômicas, altamente energéticas, que chegam à Terra a partir de irradiações do espaço cósmico, e cuja origem ainda é desconhecida pelos cientistas. “Após o experimento com o detector cósmico acoplado ao Atom, o Departamento de Física da Uerj vai estudar a variação dessas partículas de acordo com as diferenças de altitude. Esse experimento também nos dará uma pontuação, pois nosso foguete carrega o que eles chamam de ‘carga útil’”, disse Canalle. O foguete da Uerj também terá uma microcâmera para a filmagem do voo.
O Grupo de Foguetes do Rio de Janeiro começou há dois anos e meio, com apenas três alunos, e hoje reúne 35 estudantes de diferentes cursos de graduação da Uerj, incluindo a Engenharia, Física, Ciência da Computação e Pedagogia. Eles participaram, no final de abril, do V Festival Brasileiro de Minifoguetes, realizado em Curitiba, quando ganharam o primeiro lugar na categoria de mil metros. “Esse projeto, cadastrado na Sub-Reitoria de Extensão da universidade, ainda não conta com o apoio de bolsas para os alunos, que são voluntários. Mesmo com as dificuldades de financiamento, o projeto tem sido uma fonte de motivação importante para os alunos da universidade, tendo um papel simbólico para a Uerj”, concluiu.
Autor: Débora Motta
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data de Publicação: 14/06/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3581.2.7
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