MASSARA (2005) continua refletindo sobre flexibilidade e espaço urbano. Assinala que os sistemas urbanos orientam a distribuição e a localização das mais importantes centralidades urbanas em relação às infraestruturas de geração de energia e articulação de fluxos, às estruturas para lazer e turismo e reequilíbrio ambiental.
É uma proposta de convergência entre sistemas urbanos flexíveis e espaços urbanos.
A metápolis apreende a região da Catalunha a partir de uma leitura que busca organizar todo o território como uma única especialidade integrada, cujos sistemas não podem ser separados.
Caracterizam a Catalunha como uma grande multi-cidade descontínua ou uma geourbanidade interconectada.
O conceito de “metápolis” se relaciona a uma estratégia de aproximação de escalas, de utilizar os atributos territoriais num nível regional.
A partir desta concepção, se analisa a condição do espaço urbano atual diante de um quadro de crescimento de sistemas urbanos flexíveis.
A crescente difusão dos sistemas de telecomunicação, seguidas da constituição de redes sociais e de prestação de serviços remotos vêm produzindo, segundo o arquiteto holandês Winy Maas, alterações significativas na nossa condição urbana.
Ele se refere principalmente à crescente especialização das atividades regionais, bem como a interdependência entre elas e o aumento da população que é seguido de uma concentração urbana elevada, levando em conta os fenômenos que ocorrem no território holandês.
Maas utiliza a definição “metacity” para se referir a um tipo de espacialidade física resultante da crescente interferência dos sistemas de comunicação, informação, circulação na organização das atividades no espaço urbano atual.
“Devido à sempre crescente expansão das redes de comunicação e a incomensurável teia de inter-relacionamentos que ela gera, o mundo tem presenciado o anacronismo do “global-village”, se transformando no estágio mais avançado da metacity” afirma o holandês.
O atributo “meta” aplicado ao caso das cidades está atrelado à uma condição existencial crítica do espaço urbano na qual ele não se revela através de seus edifícios ou vias de circulação e espaços públicos, mas em capacidade de articulação em um sistema urbano ampliado.
Maas propõe o mapeamento desta condição a partir de um processo de levantamento de dados relativos às cidades, processo por ele denominado de “datatown”.
Que é um método de quantificação de dados que pretende descrever as cidades sem dar relevância ao contexto físico, como as questões topográficas ou ambientais e outras.
Aqui é lícito citar a região americana de Norfolk, principal base marítima daquele país. Grandes autoestradas ligam territórios, com aglomerações comerciais, residenciais e industriais ocorrendo ligadas pelas auto-pistas.
Um modelo análogo com a Catalunha, Holanda e Brasília na sua concepção original.
O mundo da conexão permanente, da efervescência e da instantaneidade influencia o “lógus” do uso e da ocupação do espaço.
Referências:
MONTE-MÓR, Roberto Luís de Melo; COSTA, Heloisa S. M. Inovações tecnológicas e novas espacialidades: evidências e tendências recentes. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 20., 1996, Caxambu.
MITCHELL, Willian. E-topia: a vida urbana mas não como a conhecemos. Tradução: Ana Carmen Martins Guimarães. São Paulo: SENAC, 2002, p. 45-47.
CASTELLS. A sociedade em rede, 1999, p. 503.
GUALLART, Vicente et al. HyperCatalunya: research territories. Barcelona: IAAC, Generalitat e ACTAR, 2003.
MAAS, Winy et al. Metacity Datatown. Rotterdam: MVRDV/010, 1999, p. 16-19.
MASSARA, Bruno. Sistemas urbanos flexíveis e seus impactos no espaço urbano. (in) MASSARA, Bruno. Interfaces Gráficas e Cidades: Tecnologia Digital na Visualização de Dinâmicas Espaciais en Grande Escala. Dissertação de Mestrado. NPGAU/EAU/UFMG, NOV. 2005, p. 30-36. Disponível em <http://www.territorios.org/teoria/H_C_sistemas.html> Acessado em: 26/12/2015.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
Nota da Redação: Sugerimos que leia, também, o artigo anterior desta série:
Sistemas urbanos flexíveis, Parte 1/2
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/06/2018
Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data de Publicação: 28/06/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/06/28/sistemas-urbanos-flexiveis-parte-22-final-artigo-de-roberto-naime/
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