Na ocasião, cientistas chineses e brasileiros apresentaram suas pesquisas e descobertas em diversas áreas de computação com aplicações a grandes bases de dados em ciências da vida, em especial a área de Genômica, Bioinformática e Medicina de Precisão. Entre as pesquisas apresentadas estavam estudos de bactérias resistentes, viromas de plasma de doadores do norte brasileiro e avanços no diagnóstico e tratamento do câncer.
“É uma honra receber esses convidados, ainda mais para debater esse tema particularmente importante para a Fiocruz e a saúde pública”, declarou a presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima. A Fiocruz possui relações com instituições chinesas desde 2017, quando foi assinado o primeiro Memorando de Entendimento (MdE) com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças Chinês (CDC-China). Desde então, essa coooperação foi reforçada com a assinatura de dois outros acordos com instituições chinesas.
Na segunda-feira, o LNCC, com quem a Fiocruz também já tem parcerias, e a Academia Chinesa de Ciências (CAS) assinaram um acordo visando o fortalecimento da cooperação entre os centros de bioinformática de Pequim e de Petrópolis.
O BIG é uma instituição pública que faz parte da Academia Chinesa de Ciências (CAS), com quem a Fiocruz possui uma cooperação assinada em 2018. Inaugurado em 2003, o Instituto participou do Projeto Internacional do Genoma Humano e possui projetos de big data e medicina de precisão.
Os projetos de bancos de dados são geridos pelo Big Data Center, que busca fornecer acesso aberto a uma variedade de recursos, com o objetivo de transformar grandes volumes de dados em descobertas na área de ciências da vida e da saúde.
O diretor do Centro, Yming Bao, apresentou alguns dos projetos da instituição, como o Genome Sequence Archive (GSA), um repositório de dados brutos de genoma, que aceita envios de todo mundo e com acesso gratuito para comunidade científica global; o Database Commons, um catálogo de bases de dados biológicos, o ScienceWikis, um catálogo de “wiki” de conhecimento biológico, e o iDogs, que reúne bases de dados genômicos de cachorros.
“Na China, não temos ainda uma cultura de compartilhamento de dados, não temos uma política que incentive o compartilhamento e ainda temos algumas questões técnicas. Mas estamos tentando reverter esse quadro, estabelecendo um centro nacional de dados e criando mecanismo que facilitem o compartilhamento”, afirma Yming Bao. O Big Data Center já é considerado um dos principais do mundo e possui cooperação com diversos países.
A medicina de precisão foi outro assunto abordado pelo seminário. A técnica busca utilizar a tecnologia para individualizar diagnósticos e tratamentos. Para os participantes, essa é uma área que tem potencial não só para revolucionar o tratamento de pacientes, mas também para reduzir custos.
No caso do Estados Unidos, estima-se que cerca de 70% dos gastos com os pacientes de câncer são para controlar e mitigar os efeitos colaterais, que poderiam ser reduzidos com um tratamento individualizado, exemplifica a pesquisadora do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Fiocruz, Tatiana Tilli. Na China, apenas 20% das drogas usadas para o tratamento de câncer são eficazes para os pacientes. “Isso quer dizer, que cerca de 80% é desperdiçado”, explica Yonbiao Xue.
Autor: Julia Dias
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
Sítio Online da Fiocruz
Data: 22/04/2019
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/brasil-e-china-debatem-bioinformatica-e-medicina-de-precisao
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