ma das dificuldades nos estudos sobre covid longa é que as definições clínicas são variáveis e sub ótimas. Além disso, a administração de vacinas e infecção por diferentes variantes parecem impactar nos sintomas de covid-19 longa.
O ID Week 2022 abordou esse tema em várias sessões. Confira os destaques a seguir:
Um dos aspectos apresentados na sessão foi o impacto da covid longa na utilização dos serviços de saúde. Um grande estudo com dados secundários avaliou dados de 180.759 pacientes com covid-19 confirmado, encontrando uma incidência de 8% de covid longa, o que corresponde a 14.088 pacientes.
Fatores associados ao desenvolvimento de covid longa foram idade mais velha, ser mulher, história de tabagismo, presença de hipertensão e doença aguda sintomática. Os pacientes que desenvolveram covid longa tenderam a uma maior frequência de hospitalização. Também foram registradas mais visitas a serviços de emergência e mais realizações de exames laboratoriais e de imagem.
Além disso, quando a fase de covid-19 aguda foi avaliada, os custos hospitalares dos indivíduos que, mais tarde, desenvolveram covid longa foram mais altos do que os que não desenvolveram.
Estudo sobre apresentações da síndrome
Outro estudo apresentado discutiu as formas de apresentação da covid longa e suas tendências ao curso das diferentes ondas que ocorreram na Irlanda. Foram analisados dados de indivíduos com covid-19 confirmada por RT-PCR que ainda estavam sintomáticos mais de 4 semanas após o início da infecção.
Os participantes foram divididos em duas coortes de acordo com a data de recrutamento: os que foram recrutados de março de 2020 a abril de 2021 foram alocados na coorte 1 (n = 232) e os recrutados de 10 de abril de 2021 a março de 2022, na coorte 2 (n = 187).
Durante o período de estudo, ocorreram 4 ondas de covid-19 na Irlanda: onda 1 (antes de 1 de agosto de 2020; vírus selvagem com linhagens B.1.1.267 e B.1.1), onda 2 (de 2 de agosto de 2020 a 25 de dezembro de 2020; vírus selvagem com linhagem B.1.177), onda 3 (26 de dezembro de 2020 a 1 de junho de 2021; variante alfa com linhagem B.1.1.7) e onda 4 (2 de junho de 2021 a 1 de dezembro de 2021; variante delta com linhagem B.1.617.2).
A maioria das características sociodemográficas dos pacientes foram semelhantes entre as coortes. A coorte 1 apresentou maior proporção de profissionais de saúde, enquanto a coorte 2 apresentou maior tempo entre o início de sintomas e a avaliação inicial do estudo.
Clusters de sintomas
Quando os sintomas de covid longo foram avaliados, alguns clusters, com presença de sintomas semelhantes, puderam ser notados:
Cluster musculoesquelético: frequência elevada de artralgia e mialgia, mas também de outros sintomas dolorosos, como cefaleia; esse cluster apresentou uma mediana de seis sintomas/paciente.
Cluster cardiorrespiratório: alta presença de dor torácica e dispneia, com uma mediana de quatro sintomas/paciente.
Cluster menos sintomático: fadiga e dispneia como sintomas mais prevalentes, mas com poucos sintomas em geral.
No estudo apresentado, o cluster menos sintomático foi o mais frequentemente observado. Pacientes com sintomas dos cluster musculoesquelético e cardiorrespiratório apresentaram piores avaliações em investigações de qualidade de vida e maior taxa de abstenção ao trabalho.
A distribuição e o impacto dos sintomas foram muito semelhantes entre as coortes 1 e 2. Uma diferença notada foi a maior frequência de palpitações na coorte 1 (56% vs. 16% na coorte 2) e de tosse na coorte 2 (14% vs. 45%) no cluster cardiorrespiratório.
Para avaliar possíveis diferenças relacionadas a diferentes variantes, indivíduos infectados durante a onda 3, em que a variante alfa era predominante, apresentaram, de forma estatisticamente significativa, menor frequência de palpitações e de dor torácica.
Autor: Isabel Cristina Melo Mendes
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 24/10/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/id-week-2022-sindrome-da-covid-longa-e-suas-caracteristicas/
Nenhum comentário:
Postar um comentário