Em um mundo cada vez mais conectado, a tecnologia digital está em todos os aspectos de nossa vida, tornando a rotina do dia a dia mais fácil, com facilidade de acesso e comunicação. Mas será que tais ferramentas poderiam ajudar no cuidado à saúde?
Um exemplo de tal uso seria a detecção precoce de arritmias cardíacas, como a fibrilação atrial (FA), por meio de dispositivos como smartwatches. O estudo AppleHeart avaliou o rastreamento em massa de FA em cerca de 400 mil voluntários aparentemente saudáveis (ou
seja, sem FA prévia conhecida) por meio de um desses dispositivos. Em 0,5% dos pacientes houve algum alerta de traçado sugestivo de FA no dispositivo, sendo confirmado em 1/3 dos casos por meio de monitorização cardíaca de longa duração1. O rastreamento em massa de FA
na população poderia teoricamente ajudar na detecção precoce dessa arritmia e potencialmente reduzir suas complicações, como o acidente vascular cerebral (AVC)2,3. Por outro lado, a validação de tais ferramentas para este fim deve passar pelo crivo de ensaios clínicos randomizados bem desenhados a fim de se confirmar sua eficácia potencial4. Estudos avaliando o potencial desses dispositivos em revelar FA após AVC criptogênico estão em andamento (NCT NCT05006105, NCT05565781)5.
No tocante ao tratamento em si, uma das ferramentas mais importantes na garantia de adesão do paciente é o engajamento6. Recursos como o auto-monitoramento e “gamificação” podem auxiliar para que paciente priorize o cuidado à sua saúde como uma rotina diária7. As ferramentas de engajamento se baseiam no princípio de que, para manter um hábito ou rotina, três componentes são importantes. Primeiro, deve haver uma deixa ou gatilho que faça o indivíduo se lembrar de executar tal rotina. Lembretes por mensagem ou alertas via smartphone para a tomada da medicação são exemplos. Em segundo lugar, toda rotina deve levar a uma recompensa. Neste caso, o paciente, ao se auto-monitorar (por exemplo, checando a própria glicemia, PA, peso etc) verificará pequenos progressos e vitórias no dia-adia, aumentando a vontade de seguir aquela rotina. E por último, é importante que a rotina alivie um anseio, isto é, resulte em algo agradável ao indivíduo. No caso da tomada de uma medicação, a “gamificação” poderia complementar este componente prazeroso8.
Já a educação em saúde pode também ser aprimorada por meio de ferramentas digitais. Cada vez mais, profissionais do mundo inteiro se conectam com plataformas de conteúdo, com atualizações e transmissão de conhecimento, independente de em qual lugar se esteja. Nesse
sentido, programas de “coaching” podem ser implementados, a fim de incentivar o paciente a aderir ao tratamento. Estratégias bem-sucedidas a este respeito já foram reportadas9.
Quando bem utilizada, a tecnologia é uma ferramenta primordial em nossas mãos, podendo melhorar o cuidado aos nossos pacientes de maneira substancial.
Autor: Remo Holanda M. Furtado
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 21/11/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/como-a-tecnologia-digital-pode-ajudar-no-cuidado-aos-nossos-pacientes/
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