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Saúde
Nova estratégia de tratamento reduz inflamação e risco cardiometabólico em adolescentes com obesidade
Abordagem interdisciplinar testada na Unifesp combina aconselhamento clínico, nutricional, psicológico e atividade física. O acompanhamento alterna sessões remotas e presenciais, o que favorece a adesão e diminui os custos para o sistema de saúde
19 de fevereiro de 2024
Pesquisa da Unifesp envolveu 22 adolescentes com obesidade (foto: Freepik*)
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Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Após um ano de tratamento multidisciplinar envolvendo aconselhamento clínico, nutricional, psicológico e exercício físico, um grupo de 22 adolescentes com obesidade não apenas perdeu peso como viu diminuir em seu exame de sangue a concentração de mediadores de inflamação e de doenças cardiovasculares. Essas duas conquistas se traduziram na redução da resistência à insulina (e, portanto, do risco de diabetes), da gordura visceral e em um melhor controle do balanço energético (relação entre ingestão e gasto calórico) – fatores que promovem melhora global da saúde e impedem o “efeito ioiô” das dietas.
Os resultados da pesquisa, financiada pela FAPESP, foram divulgados no International Journal of Environmental Research and Public Health.
“Neste estudo, testamos um novo modelo de tratamento que não é tão intensivo quanto o original, já adotado em trabalhos anteriores do grupo e com eficácia comprovada. Isso é importante, pois, com menos frequência, o tratamento ganha em adesão dos adolescentes e fica mais barato para ser implementado no Sistema Único de Saúde”, conta Ana Raimunda Dâmaso, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A diferença entre o modelo intensivo e o novo, proposto pelo artigo, está na redução do número de consultas e acompanhamentos. Antes os adolescentes tinham de ir à universidade três vezes por semana para praticar atividade física com o auxílio de um professor, enquanto no atual eles foram orientados a praticar os exercícios em casa.
As orientações nutricionais em grupo, antes realizadas uma vez por semana, ocorreram quinzenalmente no modelo semi-intensivo. E as orientações nutricionais individuais foram abolidas, bem como as reuniões mensais com os pais ou outros responsáveis.
Em relação ao apoio psicológico, o modelo intensivo preconizava sessões em grupo e individuais – cada modalidade uma vez por semana. Já no semi-intensivo foram feitos apenas encontros quinzenais em grupo. O atendimento médico individual mensal foi mantido.
Segundo a pesquisadora, mesmo com um programa mais brando houve uma melhora significativa em relação a dois hormônios secretados pelo tecido adiposo: a leptina (fator-chave no controle do equilíbrio energético e de processos inflamatórios) e a adiponectina (que tem ação anti-inflamatória e protege a função pancreática).
“Adolescentes com obesidade grave geralmente apresentam estados de hiperleptinemia [produção excessiva de leptina] e, ao mesmo tempo, redução na secreção de adiponectina. Essa combinação acentua o estado pró-inflamatório e o risco cardiometabólico”, explica Dâmaso.
A terapia semi-intensiva conseguiu reverter esse quadro. A prevalência de adolescentes com hiperleptinemia caiu de 77,3% para 36,4%. Em um estudo anterior do grupo, em que foi usado o modelo intensivo de tratamento, a leptina dos adolescentes com obesidade havia passado de 75% para 55%.
“Em relação à hiperleptinemia, portanto, os resultados foram até melhores no modelo semi-intensivo”, afirma Dâmaso.
Autor: Maria Fernanda Ziegler
Fonte: FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 19/02/2024
Publicação Original: https://agencia.fapesp.br/nova-estrategia-de-tratamento-reduz-inflamacao-e-risco-cardiometabolico-em-adolescentes-com-obesidade/50854
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