segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Pesquisadores da Uerj treinam drone para monitorar lixo em matas do RJ


De acordo com a pesquisa, o uso de drones pode ser um importante aliado no monitoramento ambiental no Rio de Janeiro (Fotos: Divulgação)
O descarte ilegal de detritos é uma triste realidade em diversas áreas do Rio de Janeiro. O problema se agrava em áreas de difícil acesso, como terrenos baldios, margens de rios e áreas florestais. Além de degradar o meio ambiente, esse tipo de lixo demanda maior esforço de coleta, tornando-se um risco potencial aos profissionais de limpeza. Na busca por soluções, um estudo financiado pela FAPERJ propõe o uso de drones e inteligência artificial para monitorar o descarte de resíduos sólidos em áreas remotas da cidade. Coordenado pelo engenheiro Marcelo Musci, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), campus Zona Oeste, o trabalho foi publicado recentemente na Revista de Gestão Social e Ambiental. 

"O problema se agrava em regiões com falhas na assistência à coleta de lixo, nas quais os moradores tendem a descartar detritos em regiões de encostas e áreas de difícil acesso. Além da poluição e riscos de deslizamentos de terra, esse lixo também piora a proliferação de ratos, baratas e outras pragas urbanas", acrescenta Musci. "Os drones, com sua mobilidade e capacidade de capturar imagens de alta resolução em tempo real, oferecem uma alternativa eficiente e de baixo custo, diminuindo a exposição de equipes humanas às áreas de risco".

Porém, não é suficiente apenas fazer as imagens dos locais. O relevo desnivelado e a vasta extensão territorial do Rio de Janeiro tornam a análise manual das imagens coletadas pelos drones um esforço monumental, demorado e com grande potencial de perda por omissão. Portanto, o estudo utiliza Inteligência Artificial, com aprendizado de máquina, para interpretar e identificar automaticamente quais lugares contém detritos, sem precisar da análise humana. "A abordagem combinada envolveu drones equipados com câmeras de alta precisão e GPS, além de recursos computacionais avançados para o armazenamento, processamento e interpretação das imagens, todos adquiridos com financiamentos de Auxílio à Pesquisa da FAPERJ", explica.


Marcelo Musci: o coordenador do estudo destaca que drones diminuem a exposição de equipes humanas em áreas de risco 
O pesquisador conta que técnicas semelhantes já são usadas em outros países, mas ainda são incipientes no Brasil. No entanto, ainda é preciso treinar localmente as máquinas para se adaptarem às diferentes geografias locais, além de promover o aprimoramento das técnicas computacionais, que estão em constante evolução. A equipe fez o estudo em várias regiões da Zona Oeste da cidade, incluindo os arredores do campus universitário, e, ao final, conseguiu identificar e rotular automaticamente imagens contendo vestígios de descarte irregular, com uma eficácia de 92%. De um total de 4.169 objetos, apenas 338 não foram identificados pela máquina.

A nova tecnologia promete melhorar o monitoramento ambiental no Rio de Janeiro. "No momento, ainda estamos refinando a técnica, para obter resultados cada vez melhores. Mas pensamos em propor parcerias futuras com a GEO-Rio, órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro que é responsável pelo monitoramento de encostas", afirma Musci. "Além disso, a técnica pode ser adaptada para monitorar a poluição ambiental de resíduos sólidos em águas, como da Baía da Guanabara, por exemplo."

Confira aqui o artigo publicado na Revista de Gestão Social e Ambiental


Autor: FAPERJ 
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 04/10/2024
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=647.7.1

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