quinta-feira, 15 de maio de 2025

Como cientistas tentam salvar "unicórnio asiático", que não é visto desde 2013


“Ficamos bastante surpresos ao descobrir que o saola se divide em duas populações com diferenças genéticas consideráveis. A divisão ocorreu entre 5.000 e 20.000 anos atrás. Isso era completamente desconhecido antes, e também não havia como sabermos sem dados genéticos”, explica o autor principal do estudo, Genís Garcia Erill.

“É um resultado importante porque afeta a distribuição da variação genética na espécie”, afirma. Através das análises genéticas, a equipe observou que as duas populações descobertas estavam em decaimento desde a Era Glacial e, que, nos últimos 10.000 anos, nenhuma delas conseguiu ultrapassar a marca de 5.000 saolas.

Para os cientistas, o declínio populacional a longo prazo representa a perda de diversidade genética. "Isso significa que a variação genética perdida em cada população complementa a outra. Portanto, se você misturá-las, elas podem compensar o que a outra está perdendo", explica Erill.

A partir disso, a equipe acredita que aumentar a diversidade genética da espécie pode salvá-la da extinção. Além disso, eles avaliaram várias probabilidades para conservar os saolas e o melhor cenário para a sobrevivência da espécie seria colocar as duas populações em cativeiro para se reproduzirem.

“Se conseguirmos reunir pelo menos uma dúzia de saolas – idealmente uma mistura de ambas as populações – para formar a base de uma população futura, nossos modelos mostram que a espécie teria uma boa chance de sobrevivência a longo prazo. Mas isso depende de localizar alguns indivíduos e iniciar um programa de reprodução. Isso já funcionou antes, quando as espécies estavam à beira da extinção”, diz Rasmus Heller, coautor do estudo.

No entanto, a maior dificuldade encontrada para colocar o projeto em prática é o de encontrar ao menos 12 saolas. A tecnologia em conjunto com o mapeamento genético pode contribuir para que os cientistas localizem as últimas espécies remanescentes. "Muitos pesquisadores tentaram, sem sucesso, encontrar vestígios de saola por meio de métodos como DNA ambiental na água e até mesmo em sanguessugas, os sugadores de sangue que habitam o mesmo habitat”, revela o coautor, Minh Duc Le.

“Todas essas técnicas se baseiam na detecção de pequenos fragmentos de DNA, e agora que conhecemos o genoma completo do saola, temos um conjunto de ferramentas muito maior para detectar esses fragmentos", afirma Duc Le. Mesmo que a espécie seja classificada como extinta, os pesquisadores já avaliaram um cenário genético para manter a sobrevivência dos saolas.

"Nossos resultados poderiam, em teoria, ser usados se algum dia conseguíssemos trazer o saola de volta por meio de tecnologias de desextinção genética, que são um tema em alta no momento. Nesse caso, nossos novos insights sobre a variação genética do saola podem fazer uma enorme diferença na criação de uma população viável", finaliza Rasmus Heller.


Autor: revistagalileu
Fonte: revistagalileu
Sítio Online da Publicação: revistagalileu
Data: 12/05/2025

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