terça-feira, 1 de julho de 2025

Dinossauros eram mais lentos do que se imaginava, diz estudo com galinhas d'angola


Algumas espécies de galinhas-d'angola possuem um tipo de capacete ósseo no topo da cabeça e destacado numa região sem penas Frans Vandewalle/Flickr
O cinema retrata os dinossauros como seres velozes e predadores implacáveis, que não davam chance para suas presas. Mas quão rápido eles realmente eram? Um estudo publicado na revista científica Biology Letters indicou que cálculos tradicionais para determinar a velocidade dos dinossauros podem estar equivocados. E a pesquisa colocou isso à prova de maneira criativa: usando galinhas-d’angola para estimar a velocidade de deslocamento de seus ancestrais répteis extintos.

Para determinar a velocidade que um dinossauro corria, os paleontólogos normalmente utilizam equações matemáticas que partem da distância entre pegadas dos animais deixadas em trilhas, por exemplo. Porém, novos estudos mostram como esse método pode ser inconsistente. Um deles, feito por pesquisadores de universidades no Reino Unido, EUA e Brasil, trabalharam com membros da única linhagem de dinossauros ainda existente: as aves.

Recorrendo às simpáticas galinhas-d’angola (Numida meleagris), a pesquisa fez com que essas aves corressem em percursos de lama com diferentes consistências. O resultado você pode ver nas imagens abaixo, que indicam pegadas deixadas pelos galináceos em diferentes tipos de solos:

Na imagem acima, podem ser vistas as marcações das pegadas de galinhas-d’angola em consistências de lama, sendo elas firme, macia e ultra macia — Foto: Tash L. Prescott/Biology Letters
Na imagem acima, podem ser vistas as marcações das pegadas de galinhas-d’angola em consistências de lama, sendo elas firme, macia e ultra macia — Foto: Tash L. Prescott/Biology Letters

Corrida pré-histórica
Os experimentos foram gravados e cronometrados para que fosse possível determinar a velocidade real dos movimentos das galinhas. Após isso, os cientistas usaram equações e procedimentos de fotogrametria – técnica para medir objetos e ambientes a partir de fotos – para calcular a velocidade das aves com base nas pegadas marcadas da trilha.

Comparando os resultados obtidos pelas gravações e pelas pegadas, os pesquisadores notaram que o método que avalia somente as trilhas de lama indicava que as galinhas estavam correndo até quatro vezes mais rápido do que realmente corriam em todos os experimentos.

Isso fortaleceu a teoria de que os cálculos utilizados em trilhas de dinossauros não necessariamente representam a realidade dos movimentos desses animais no passado.

A noção de que os cálculos historicamente feitos para os dinossauros assumem que eles andassem por superfícies mais sólidas que a lama também colabora para a ideia de que, nesse tipo de superfície, a velocidade de deslocamento deles seria menor.

Outra conclusão obtida no estudo foi a de que o comprimento do passo das galinhas (e provavelmente dos dinossauros) não é um bom indicador de aceleração e desaceleração. As equações anteriormente usadas assumem que um passo mais longo equivale a uma velocidade maior, porém as gravações mostraram aves se movendo em diferentes velocidades, mesmo deixando pegadas com distâncias semelhantes entre elas.

Moral da história? Dinos que deixaram suas pegadas em solos mais firmes não necessariamente eram mais rápidos do que aqueles que circulavam áreas de solo mais macio.


Autor: revistagalileu
Fonte: revistagalileu
Sítio Online da Publicação: revistagalileu
Data: 30/06/2025

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