sexta-feira, 30 de novembro de 2018

‘Parei de menstruar, achei que estivesse grávida, mas descobri menopausa aos 30’


Direito de imagem
NICOLE EVANS
Image caption

Nicole, agora na casa dos 40 anos, reflete sobre a sua experiência com a menopausa prematura

A neozelandesa Nicole Evans foi diagnosticada com menopausa prematura quando tinha apenas 30 anos. Abaixo, ela escreve para a série #100Mulheres da BBC (100 Women) sobre o choque que teve a respeito da infertilidade e sobre como descobriu o diagnóstico.

"A minha menstruação vinha ficando mais leve havia alguns anos. Mas, quando eu mencionei este fato para profissionais de saúde do meu país, a Nova Zelândia, eles consideraram que isso era um efeito natural da pílula anticoncepcional. Certo mês, quando eu não menstruei absolutamente nada, fui ao médico empolgada com a possibilidade de estar grávida. Eu estava casada havia um ano e nós estávamos começando a falar sobre bebês.

Mas o teste de gravidez deu negativo. Minha médica pediu que eu fizesse um exame de sangue e, com o resultado em mãos, me explicou que meus níveis hormonais não estavam normais. Então, me encaminhou para um especialista hormonal. E eu fui diagnosticada com menopausa prematura. Eu não sabia que os ovários poderiam parar de trabalhar nessa altura - então, a notícia chegou como um grande choque.

As feministas de hoje nos dizem que podemos ter tudo e desejar tudo, da nossa maneira e no nosso próprio tempo. Mas essa mentira nos custa caro quando as circunstâncias interferem no caminho que nós havíamos planejado.


Direito de imagem
NICOLE EVANS
Image caption

Fotografia antiga de Nicole Evans e seu marido, no dia do casamento

Quando a fertilidade da mulher é retratada - de forma errônea - como algo possível de atingir até os 50 anos, é fácil deixar os sinais de problemas de lado caso eles apareçam. Eu não tinha ideia de que, de forma geral, a fertilidade feminina começa a cair por volta dos 30 anos.

Nós decidimos buscar uma doação de óvulo de uma amiga maravilhosa e nos sentimos muito esperançosos. Esperávamos que isso seria a solução dos nossos problemas. Mas acabamos tendo apenas um embrião viável para transferir - e ele não resultou em gravidez. Foi muito traumático para todos que estavam envolvidos.

Um ano depois, outra amiga se ofereceu para nos ajudar. Mas, dessa vez, eu estava hesitante. Seria a última tentativa possível na rede pública de saúde. E eu, psicologicamente, estava me sentindo mais segura sem fazer o tratamento. Estar no meio de um tratamento de fertilidade pode exigir muita coragem.

Mas nós demos uma segunda chance ao tratamento, porque eu estava com 32 anos. O tempo estava correndo.
O que é a menopausa?
A menopausa é o estágio na vida de uma mulher em que ela para de menstruar.
A menstruação pode se tornar menos frequente, ao longo de meses ou anos, antes de cessar definitivamente.
Outros sintomas incluem ondas de calor, dificuldade de concentração, dores de cabeça, ansiedade, perda de apetite sexual e dificuldade de dormir.
A menopausa geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos - a média do Reino Unido é 51 anos.
Cerca de uma em cada 100 mulheres com menos de 40 anos passam pela menopausa prematura, também conhecida como insuficiência prematura no ovário.

Fonte: NHS UK (serviço de saúde pública do Reino Unido)

Infelizmente, duas transferências de embriões que nós fizemos nessa segunda tentativa também não resultaram em gravidez. E nós não tínhamos os recursos financeiros e emocionais para investir em uma terceira tentativa.

Eu não conseguiria enfrentar um processo de adoção. Tendo recém passado por um processo físico intenso, eu teria que ingressar em uma nova jornada desgastante - no relacionamento, emprego, vida doméstica, finanças - no exaustivo processo de adoção. Claro que eu entendo porque o processo de adoção é rígido, mas eu simplesmente não conseguiria passar por isso logo após o trauma que eu havia vivido.

Eu atingi o fundo do poço. A dor emocional pela perda de um potencial filho estava lá, não importa o quanto nós tentássemos racionalizar sobre isso. E essa dor permaneceu comigo, até que algo ocorreu. Em uma certa noite, depois de passar um tempo com uma amiga e seu filho recém nascido, eu percebi que a vontade de ter um filho havia passado. Simplemente não existia mais.

Eu não consigo explicar isso de outra maneira que não a minha crença de que Deus retirou de mim aquela dor profunda. E olhando para trás, eu vejo que isso ocorreu porque Deus tinha algo melhor planejado para mim - uma relação mais próxima com ele.

Um grande número de médicos parecem desconhecer a menopausa prematura. No grupo de apoio que eu coordeno, conversei com muitas mulheres que, ao relatarem aos seus médicos que a menstruação estava irregular, só foram encaminhadas para um especialista após um longo tempo - isso quando foram enviadas.

Desde o meu diagnóstico, tenho feito terapia de reposição hormonal. Eu me sinto muito agradecida por esse tratamento porque, mesmo no início dos 40 anos, é muito difícil discutir sobre as ondas de calor da menopausa, mau humor e dificuldade de concentração.

É uma grande vantagem não ter que comprar, todos os meses, produtos de higiene para a menstruação. Mas levou um tempo até que eu reconhecesse os aspectos positivos.

Eu acredito que a cultura ocidental avessa ao envelhecimento e às dificuldades nos impede de lidar com os processos naturais da vida. Nós nos tornamos tão bons em encontrar maneiras de nos distrairmos da nossa dura realidade, nos alimentando com mentiras reconfortantes, que não temos ideia sobre o que pode tornar a vida verdadeiramente satisfatória.

A menopausa prematura pode ter me trazido muita dor de cabeça. Mas também desmascarou a mentira de que a satisfação pode ser encontrada na saúde, na juventude e na perfeição. A nossa jornada de infertilidade foi uma crise em nossas vidas. E nosso mundo precisou ser reconstruído a partir das bases. Mas isso certamente nos tornou mais fortes, tanto individualmente como em casal.

Nos ensinou muitas lições: que nossa identidade verdadeira transcende as circunstâncias; que precisamos ter consciência das bençãos que recebemos; a ter mais compaixão com os outros; e a ter uma abordagem mais aberta em relação a vida. Nós podemos não ter tudo o que queremos, mas temos tudo o que precisamos.

O que é o #100Mulheres?

A série #100Mulheres da BBC (100 Women) indica anualmente 100 mulheres influentes e inspiradoras de todo o mundo - contando suas histórias.

Refletindo o ano de 2018 para os direitos das mulheres, o #100Mulheres apresenta pioneiras que estão usando a paixão, indignação e raiva para provocar mudanças reais no mundo ao seu redor.




Autor: BBC BRASIL NEWS
Fonte: BBC BRASIL NEWS
Sítio Online da Publicação: BBC BRASIL NEWS
Data: 29/11/2018
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46366692

Comunidade antivacina está por trás do maior surto de catapora em décadas em Estado americano, aponta investigação

Bebê de um ano com cataporaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA vacina contra catapora evitou a internação de milhares de crianças americanas na última década
Uma escola da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, que conta com uma ativa comunidade antivacina está no centro do maior surto de catapora do Estado em décadas, dizem as autoridades.
Na sexta-feira, 36 alunos da Asheville Waldorf School foram diagnosticados com a doença, segundo o jornal local Asheville Citizen-Times.
O colégio tem uma das taxas de dispensa de imunização por razões religiosas mais altas do Estado, o que permite que os estudantes não sejam vacinados.
As autoridades de saúde dos Estados Unidos dizem, por sua vez, que se vacinar é muito mais seguro do que ter que eventualmente tratar uma catapora.
"Este é o maior surto de catapora que as autoridades de saúde têm conhecimento desde que a vacina está disponível", disse um porta-voz do Departamento de Saúde da Carolina do Norte à BBC em um comunicado enviado por e-mail.
Dos 152 alunos da instituição, 110 não foram vacinadas contra o vírus varicela-zóster, causador da catapora, conforme apurou o Citizen-Times.
E 67,9% das crianças matriculadas no jardim de infância da escola tinham dispensa de imunização por motivo religioso em suas fichas durante o ano letivo de 2017-2018, de acordo com dados do Estado.
Um porta-voz do colégio disse à BBC que eles estão colaborando inteiramente com as autoridades de saúde locais, conforme as leis da Carolina do Norte.
"Descobrimos que os pais são altamente motivados a escolher exatamente o que querem para seus filhos. Nós, como escola, não discriminamos com base no histórico médico ou na condição médica de uma criança."
O condado de Buncombe, onde está localizada a cidade de Asheville, tem uma população de mais de 250 mil habitantes - e a maior taxa de isenção de imunização com base em religião do Estado.
As autoridades de saúde locais estão monitorando de perto a situação, de acordo com o departamento de saúde do condado.
"Queremos ser claros: a vacinação é a melhor proteção contra a catapora", diz a diretora médica do condado, Jennifer Mullendore, em um comunicado.
"Quando vemos um grande número de crianças e adultos não imunizados, sabemos que uma doença como catapora pode se espalhar facilmente por toda a comunidade - em nossos playgrounds, mercearias e equipes esportivas."
A lei da Carolina do Norte exige determinadas vacinas, incluindo aquelas contra catapora, sarampo e caxumba, para crianças do jardim de infância, mas o Estado permite exceções por razões médicas e religiosas.
A maioria das religiões não proíbe a vacinação, mas, nos últimos anos, alguns pais estão temendo reações adversas às vacinas nos Estados Unidos - e usando essa prerrogativa para deixarem de imunizar os filhos.
Embora alguns efeitos colaterais, como alergias, às vacinas sejam possíveis, a comunidade médica desmistificou a grande maioria dos medos, e associações, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Academia Americana de Pediatria, encorajam a imunização.
Criança com cataporaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEmbora a maioria dos casos de catapora sejam leves, alguns podem resultar em complicações graves e até mesmo em morte

Quão séria é a catapora?

A catapora, também conhecida como varicela, é uma infecção viral que causa erupção cutânea, coceira e febre. Em casos graves, pode levar a complicações como inflamação do cérebro, pneumonia e até a morte.
O vírus é transmitido por meio do contato, da tosse ou de espirros, embora não seja tão contagioso quanto o sarampo, que pode se alastrar sem que haja qualquer contato.
O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) recomenda a vacinação de crianças entre um e 12 anos. Embora casos graves sejam raros, o CDC alerta que a catapora se espalha facilmente e pode ser fatal.
A vacina contra catapora foi licenciada nos Estados Unidos em 1995. Segundo o CDC, a imunização evitou 3,5 milhões de casos da doença, 9 mil internações e 100 mortes anualmente no país.
E, embora algumas pessoas possam pegar catapora mesmo sendo vacinadas, ela é muito eficaz na prevenção de casos graves ou com risco de vida.
Além disso, a vacinação também ajuda a proteger indivíduos vulneráveis que não podem ser imunizados, como mulheres grávidas, bebês com menos de um ano e pacientes com câncer, evitando o contágio.
No Reino Unido, a vacina contra catapora para crianças é considerada opcional.
No Brasil, a imunização contra a doença faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, sendo oferecida gratuitamente nos postos de saúde. De acordo com o calendário, a criança deve tomar a vacina aos 15 meses (tetraviral, que previne contra sarampo, rubéola, caxumba e catapora) e aos 4 anos (varicela atenuada).
Os pais que deixam de levar os filhos para a vacinação obrigatória correm o risco de ser multados ou processados por negligência e maus tratos, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que reúne normas com objetivo de proteger o direito à vida e à saúde de crianças e adolescentes, estabelece que "é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias".

Autor: BBC BRASIL NEWS
Fonte: BBC BRASIL NEWS
Sítio Online da Publicação: BBC BRASIL NEWS
Data: 20/11/2018
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46272988

O dilema ético envolvendo a criação de bebês geneticamente editados

O avanço da ciência permitiu a aplicação da engenharia genética em plantas, animais e até no próprio ser humano - ainda que a modificação genética de embriões seja uma linha que o homem até então não chegara de fato a cruzar.

Agora, um cientista chinês alega ter ajudado a criar os primeiros bebês geneticamente modificados - e tem recebido críticas questionando a ética de seu trabalho. Na última quinta-feira, ele disse ter orgulho do que tinha feito.


O professor He Jiankui removeu uma proteína do DNA dos embriões de duas irmãs gêmeas para impedir que elas contraíssem o vírus HIV. Segundo ele, as meninas nasceram saudáveis.

Ele disse que conduziu seu trabalho na proteína CCR5 sem o conhecimento da universidade em que leciona, a Southern University of Science and Technology, em Shenzen.

Seus estudos envolveram oito casais, cada um deles com um pai HIV positivo e uma mãe HIV negativo.

O pesquisador afirma haver ainda uma segunda gestação envolvendo um embrião geneticamente editado em fase inicial de desenvolvimento.

Ele ainda não providenciou evidência científica de seu achado, e sua universidade planeja investigá-lo por violações acadêmicas.

Mas, se os resultados divulgados pelo cientista forem confirmados, o experimento pode virar um marco científico - e provocar profundos debates éticos.
Gerações futuras

A esperança é que a edição genética de "linhagem germinativa" - a modificação do DNA de um embrião que pode virar uma pessoa - pode consertar mutações genéticas e impedir doenças debilitadoras antes que sejam passadas adiante.


Direito de imagem
GETTY IMAGES
Image caption

Edição de DNA de um embrião significa que a mudança pode ser passada a futuras gerações

Mas a prática carrega um dilema ético: significa modificar o código genético de futuras gerações. Não é mais sobre o DNA de uma só pessoa, mas de potencialmente muitos de nós.

Muitos países banem a prática como um todo, permitindo que ferramentas de edição genética sejam usadas só em células adultas não reprodutivas.

No Reino Unido, por exemplo, cientistas podem fazer pesquisas de edição genética em embriões descartados de fertilização in vitro, mas é proibido permitir que se desenvolvam em um feto.

Regras mais relaxadas existem nos Estados Unidos e estão sob discussão no Japão, mas só relacionadas a pesquisa.

O governo na China pediu uma investigação para avaliar se He violou alguma regra ao colocar embriões geneticamente modificados de volta ao útero da mulher para se desenvolverem.

O Ministro de Ciência e Tecnologia da China diz acreditar que sim. Xu Nanping se disse "chocado" e contou à imprensa estatal que o experimento do professor He é proibido segundo leis chinesas.

Ele disse que, como outros países, a China permite pesquisas em células-tronco embrionárias por um período máximo de 14 dias.
'Prevenir sofrimento'

He, no entanto, se diz orgulhoso de ter editado o DNA das irmãs gêmeas para que - segundo ele - elas ficassem protegidas de contrair HIV até mesmo se entrarem em contato com o vírus.


Direito de imagem
GETTY IMAGES
Image caption

He defendeu seu trabalho, dizendo que queria evitar sofrimento em crianças

Mas, naquele momento, os embriões estavam saudáveis. Muitos questionam a decisão do professor porque seu trabalho pode trazer consequências desconhecidas.

Para Julian Savulescu, especialista em bioética na Universidade de Oxford, o experimento "expõe crianças normais e saudáveis aos riscos de edição genética em troca de nenhum benefício necessário".

Outros argumentam que hoje é possível viver com HIV no organismo e que o tratamento pode levar o vírus a níveis indetectáveis no corpo.

Alguns cientistas levantam questões especificamente sobre a remoção o gene CCR5 do corpo das gêmeas, já que isso pode aumentar o risco de suscetibilidade a outras doenças, como o vírus do oeste do Nilo e o da gripe.

"A edição genética é experimental e ainda é associada com mutações capazes de causar problemas genéticos no começo ou no fim da vida, incluindo o desenvolvimento de câncer", diz Savulescu.

"Sabemos muito pouco sobre os efeitos a longo prazo, e a maioria das pessoas concorda que experimentos em humanos que poderíamos evitar, conduzidos só com o objetivo de melhorar nosso conhecimento, é moralmente e eticamente inaceitável", diz Yalda Jamshidi, especialista em genética humana na Universidade St. George's, em Londres.
Bebês 'customizados'

He diz que seu trabalho é criação de crianças que não sofreriam com doenças, não criar bebês 'customizados', com determinada cor de olhos ou QI alto.

"Entendo que meu trabalho será controverso - mas acredito que famílias precisem dessa tecnologia e estou disposto a lidar com as críticas por elas", afirma.


Direito de imagem
GETTY IMAGES
Image caption

Edição genética em ratos preveniu a falência de fígado nos animais
'Revolução'

Desde que a tecnologia de edição genética CRISPR ficou sob os holofotes em 2012, muitos se questionam se não veremos em breve humanos geneticamente modificados.

A CRISPR usa "tesouras moleculares" para alterar uma parte específica do DNA, por meio do corte, substituição ou modificação dos genes.

Considera-se que ela revolucionou a área porque nunca antes o código genético foi tão facilmente reescrito ou editado.

No começo do ano, cientistas nos Estados Unidos usaram a técnica para prevenir falência de fígado em ratos.

O tratamento tinha funcionado com os ratos depois de seu nascimento - e pesquisadores do Children's Hospital de Philadelphia, nos EUA, estavam mostrando que poderiam fazer essa modificação antes mesmo dos animais nascerem, editando seus genes.

Mas eles disseram que "qualquer tradução" de seu trabalho em humanos implicariam "desafios profundos". Ou seja, iria além de pioneirismo científico.

Nos obrigaria a chegar a acordos em relação a dilemas éticos muito complexos.




Autor: BBC BRASIL NEWS
Fonte: BBC BRASIL NEWS
Sítio Online da Publicação: BBC BRASIL NEWS
Data: 30/11/2018
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46394589

Zika: seminário discute os impactos sociais e econômicos

O seminário da pesquisa Impactos Sociais e Econômicos da Infecção pelo Vírus Zika no Brasil será realizado nesta sexta-feira (30/11), a partir das 8h30, no auditório da Fiocruz Pernambuco. Trata-se da devolutiva do estudo, com a participação de profissionais da Fiocruz PE, Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Universidade Federal de Pernambuco e London School of Hygiene and Tropical Medicine.

O encontro é aberto a todos os interessados na temática e trará dados sobre os impactos provocados pela zika em quatro áreas: econômica, no acesso às ações e serviços de saúde, na saúde reprodutiva e nas vidas das famílias nas quais nasceram bebês com a síndrome congênita da zika.

Programação

Abertura: 8h30
Hannah Kuper, Tereza Lyra, Elisabethe Moreira

Mesa 1 – Sindrome Congênita da Zika e Serviços de Saúde: 9h30 às12h
Impactos Econômicos - Márcia Pinto - IFF
Impactos no Acesso às ações e Serviços de Saúde - Socorro Veloso - UFPE
Debate: SES – Atenção à Saúde

Almoço: 12h às 14h

Mesa 2 – 14h às 17h
Impactos para a Saúde Reprodutiva - Camila Pimentel – Fiocruz Pernambuco
Impacto social sobre a vida das famílias - Ana Paula Melo – UFPE
Debate: Integrantes da União de Mães de Anjos (UMA) e Movimento de Mulheres (MM)

Lanche de encerramento: 17h30



Autor: Fabíola Tavres (Fiocruz Pernambuco)
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 28/11/2018
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/zika-seminario-discute-os-impactos-sociais-e-economicos

Atividades marcarão o Dia Mundial de Luta contra a Aids na Fiocruz



Fonte: Museu da Vida/Fiocruz


Na sexta-feira 30 de novembro, antecipando as reflexões pertinentes ao dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, teremos o espetáculo teatral O rapaz da rabeca e a moça Rebeca seguido da atividade A hora é agora: tire suas dúvidas sobre HIV/Aids, além de exibição de vídeos do projeto Diva Gina Show.

Inspirada em um cordel, a peça teatral foi planejada em parceria com o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e tem como objetivo dialogar com o público jovem sobre a importância da prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis e da realização do teste diagnóstico do vírus HIV.

No palco, a história de João e Rebeca, jovens de famílias rivais que se apaixonam, tal qual Romeu e Julieta. Expulso da distante Cantiguba-dos-Aflitos, João sai pelo mundo com sua rabeca e se torna um artista famoso. Ele promete voltar à sua terra e se casar com Rebeca, mas uma notícia inesperada vai mudar os rumos da história de amor desses dois.

Após o espetáculo, a atividade A hora é agora: tire suas dúvidas sobre HIV/Aids será conduzida pelo pesquisador Nilo Martinez Fernandes, do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do INI/Fiocruz. Haverá também exibição de vídeos do Diva Gina Show, projeto que divulga de forma séria e, ao mesmo tempo, bem-humorada os projetos desenvolvidos pelo Laboratório de Pesquisa.

As atividades serão realizadas no dia 30 de novembro, em duas sessões, às 10h30 e às 13h30, na Tenda da Ciência do Museu da Vida, campus Manguinhos da Fiocruz. Cada sessão tem duração de 90 minutos.

Grupos acima de 10 pessoas devem agendar sua visita ao Museu da Vida. Informações pelo telefone 21-2590-6747 ou pelo e-mail recepcaomv@fiocruz.br. Para mais informações sobre a peça teatral, acesse o site do Museu da Vida.

Classificação etária: a partir de 14 anos ou a partir do 1º ano do Ensino Médio.




Autor: Museu da Vida/Fiocruz
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 29/11/2018
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/atividades-marcarao-o-dia-mundial-de-luta-contra-aids-na-fiocruz

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Carbono Negro – Nova descoberta da lei de absorção de luz ajuda cientistas do clima a construir melhores modelos





Fuligem é expelida de motores a diesel, ascende de fornalhas queimando estrume e madeira e é lançada de chaminés das refinarias de petróleo. De acordo com pesquisa recente, a poluição do ar, incluindo a fuligem, está ligada à doenças cardíacas, alguns tipos de câncer e, nos Estados Unidos, a nada mais nada menos que 150 mil casos de diabetes todo ano.

Além de seu impacto na saúde, a fuligem, conhecida como carbono negro pelos cientistas atmosféricos, é uma poderosa agente do aquecimento global. Ela absorve a luz solar e aprisiona calor na atmosfera em uma magnitude que fica atrás somente do conhecido dióxido de carbono. Comentários recentes na revista Proceedings of the National Academy of Sciences chamaram a falta de consenso na magnitude da absorção de luz da fuligem de “um dos grandes desafios das ciências atmosféricas.”

Rajan Chakrabarty, professor assistente na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da Universidade de Washington em St. Louis, e William R. Heinson, da Fundação Nacional da Ciência e colega de pós-doutorado no laboratório de Rajan, aceitaram o desafio e descobriram algo novo sobre a fuligem, ou antes, uma nova lei que descreve sua habilidade de absorver luz: a lei de absorção da luz. Com ela, os cientistas poderão entender melhor o papel da fuligem na mudança climática.

A pesquisa foi selecionada como uma “Sugestão dos Editores”, publicada online no dia 19 de novembro na prestigiada revista Physical Review Letters.

Por causa de sua habilidade de absorver luz solar e diretamente aquecer o ar circunvizinho, os cientistas do clima incorporam a fuligem em seus modelos – sistemas computacionais que tentam replicar condições reais – e então predizem futuras tendências de aquecimento. Os cientistas usam observações concretas para programar seus modelos.

Mas não há um consenso sobre como incorporar a absorção de luz da fuligem em tais modelos. Eles a tratam de forma simplista demais, utilizando uma esfera para representar um aerossol puro de carbono negro.

“Mas a natureza é curiosa e tem seus próprios meios de tornar as coisas mais complexas,” disse Rajan. “Pela massa, 80% de todo o carbono negro é sempre misto. Não é perfeito, como os modelos o apresentam.

As partículas estão misturadas, ou revestidas, com aerossóis orgânicos que são, com a fuligem, emitidos de um sistema de combustão. No fim das contas, o carbono negro absorve mais luz quando está revestido destes materiais orgânicos, mas o aumento da magnitude de absorção varia de forma não-linear, dependendo da quantidade de revestimento presente.

Rajan e William queriam descobrir uma relação universal entre a quantidade de revestimento e a habilidade da fuligem de absorver luz.

Primeiro, eles criaram partículas simuladas idênticas às encontradas na natureza, com graus variados de revestimento orgânico. Então, utilizando técnicas emprestadas do estudo de Rajan sobre fractais, a equipe analisou cálculos minuciosos, medindo gradualmente a absorção de luz nas partículas.

Quando eles esquematizaram as magnitudes de absorção com a porcentagem de revestimento orgânico, o resultado foi o que os matemáticos e cientistas chamam de “lei universal de potência.” Isto significa que, conforme a quantia de revestimento aumenta, a absorção de luz da fuligem aumenta proporcionalmente.

(O comprimento e a área de um quadrado estão relacionados por uma lei universal de potência: Se você dobra o comprimento dos lados de um quadrado, a área aumenta quatro vezes. Não importa qual era o comprimento inicial dos lados, a relação sempre se manterá.)

Eles então se voltaram para um estudo feito por diferentes grupos de pesquisa, que mediu a absorção de luz da fuligem em todo o globo, de Houston a Londres e Pequim. Rajan e William novamente esquematizaram os aumentos de absorção com a porcentagem de revestimento.

O resultado foi uma lei universal de potência com a mesma proporção de um terço, assim como foi encontrada em seus experimentos simulados.

Com tantos valores diferentes para o aumento de absorção de luz na fuligem, Rajan disse que os modeladores do clima estão confusos. “O que fazemos? Como podemos representar a realidade em nossos modelos?

Agora você tem ordem no caos e uma lei,” ele disse. “E agora você pode aplicá-la computacionalmente, de uma forma econômica.”

As descobertas deles também indicam o fato de que o aquecimento devido ao carbono negro pode ter sido subestimado pelos modelos climáticos. Pressupor um formato esférico para essas partículas e não levar em conta de forma adequada o aumento da absorção de luz pode resultar em estimativas de aquecimento significativamente mais baixas.

Rahul Zaveri, cientista sênior e desenvolvedor do modelo detalhado de aerossol MOSAIC do Laboratório Nacional do Noroeste Pacífico, chama essas descobertas de um avanço significativo e oportuno.

“Estou especialmente animado com a elegância matemática e a extrema eficiência computacional da nova parametrização, que pode ser prontamente implementada aos modelos climáticos uma vez que a acompanhante parametrização da dispersão de luz das partículas do carbono negro for desenvolvida,” ele disse.

Reação de um pioneiro na pesquisa de carbono negro

“Esse estudo fortalece a ciência e confirma o papel do carbono negro como um forçador significativo da mudança climática,” disse Mark Z. Jacobson, professor de engenharia civil e ambiental e diretor do Programa de Atmosfera/Energia na Universidade Stanford.

“Esse estudo mostra, com uma combinação de dados e uma modelagem altamente detalhada, que os fortes efeitos climáticos previamente encontrados não são somente corroborados, mas também que eles talvez tenham sido até mesmo subestimados em alguns dos estudos anteriores, pois muitos deles não levaram em conta as formas reais das partículas de carbono negro e as misturas resultantes.”

###


Referência:

Scaling Laws for Light Absorption Enhancement Due to Nonrefractory Coating of Atmospheric Black Carbon Aerosol

Rajan K. Chakrabarty and William R. Heinson

Phys. Rev. Lett. 121, 218701 – Published 19 November 2018

DOI: https://doi.org/10.1103/PhysRevLett.121.218701



* Tradução de Ivy do Carmo, Magma Translation (magmatranslation.com)

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/11/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/11/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/11/29/modelos-climaticos-atuais-subestimam-o-aquecimento-causado-por-aerossois-de-carbono-negro/

Aprenda 5 maneiras simples de diminuir o uso de plástico no seu dia a dia

Votação realizada em aplicativo de opinião pública mostrou que 74% dos usuários que participaram se disseram a favor da restrição do comércio de embalagens plásticas.

Por Matheus Fazolin

Ele está presente na sua casa, no supermercado, na escola, no trabalho e, possivelmente, na maioria dos lugares que você frequenta. O uso do plástico, utilizado para embalar, carregar e proteger, tem sido repensado nos últimos anos por conta dos danos causados ao meio ambiente. Segundo estudos mais recentes, uma sacola plástica de supermercado demora em média 30 anos para se decompor. Para uma garrafa pet o tempo é indeterminado.





Uma votação realizada no aplicativo de opinião pública Quinto mostrou que 74% das pessoas que votaram são a favor da restrição de comércio de embalagens plásticas. Outro dado mostrou que 80% dos usuários questionados afirmaram se preocupar com a gestão ambiental da cidade onde moram.

Para tentar frear o consumo desnecessário de plástico em algumas atividades rotineiras, Malu Ribeiro, coordenadora de projetos da ONG SOS Mata Atlântica, deu algumas dicas. Ela afirma que precisamos ter uma política individual consciente. e antes de comprar, precisamos nos perguntar: ‘Precisamos realmente disso?’. Vamos às dicas?

1) Use de novo

Uma das dicas mais conhecidas é sobre embalagens retornáveis. Diga adeus às sacolas plásticas e opte por sacolas de pano, ecobags e carrinhos de feira. Eles não fazem mal ao meio ambiente e podem ser utilizados muitas vezes. Você pode até precisar investir um pouco mais nestas opções, mas vai valer a pena!






2) Copos, talheres e canudos

Muitas cidades do Brasil já aboliram os canudinhos plásticos e os substituem por papelão ou vidro. O mesmo pode ser feito com copos e talheres descartáveis. “Diga: não, obrigado”, afirma Malu. Hoje em dia há diversas opções de garfos, facas e copinhos que são compactos e podem ser levados para qualquer lugar. Outra pesquisa do aplicativo Quinto mostrou que 77% dos usuários questionados são a favor do “movimento sem canudo”.

3) Vai à feira? Prefira os potinhos

Sabe aqueles potinhos de plástico mais firmes? Não os jogue fora! Eles podem ser usados para guardar comida, grãos, frutas e levados para a feira e supermercados quando for comprar produtos a granel. Produtos de inox e vidro também são bem-vindos!

4) Papel manteiga

Malu Ribeiro avisa: o papel manteiga é feito com fibras vegetais e se degrada mais rapidamente no meio ambiente. Prefira ele ao papel filme para quando for embalar um alimento.

5) Consciência na higiene e na diversão

Uma forma de reduzir o consumo de plástico é sempre comprar sabonetes e produtos de limpeza que sejam comercializados em embalagens de papelão. O mesmo vale para os brinquedos das crianças: prefira os que sejam feitos de madeira, metal ou pano.

Perigo ao meio ambiente

Além de todas as dicas, a coordenadora de projetos da SOS Mata Atlântica alerta que devemos, sempre, reciclar todos os materiais possíveis. A grande quantidade de plástico descartada incorretamente ocasionou a morte uma baleia no litoral da Indonésia: foi constatado que o animal tinha 6 quilos de plástico no estômago. Segundo ONGs, milhares de animais morrem diariamente pelo mesmo motivo.

As perguntas continuam abertas ao debate no app. Todo o conteúdo do Quinto é gerenciado pela jornalista e diretora de conteúdo Bianca Celoto. “O Quinto é uma rede diferente. Todo o conteúdo é criado por jornalistas internos para que a pessoa compreenda o assunto e consiga opinar”, diz. Ao todo, são 11 categorias onde os usuários podem votar.



in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/11/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/11/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/11/29/aprenda-5-maneiras-simples-de-diminuir-o-uso-de-plastico-no-seu-dia-a-dia/

Aquecimento Global – Nações devem triplicar esforços para atingir meta de 2 °C, conclui revisão anual de emissões globais

Aquecimento Global
Ainda é possível manter o aquecimento global abaixo de 2 ° C, mas a viabilidade técnica de atingir 1,5 ° C está diminuindo.
As emissões globais de CO 2 aumentaram em 2017, após um período de três anos de estabilização.
Se o hiato de emissões não for fechado até 2030, é extremamente improvável que a meta de temperatura de 2 ° C ainda possa ser alcançada.




As emissões globais estão aumentando e os compromissos dos países são insuficientes para atingir os objetivos, mas o entusiasmo crescente do setor privado e o potencial da inovação oferecem novos caminhos.

As conclusões fazem parte do Relatório de Emissões de 2018, apresentado esta terça-feira em Paris, França, pela ONU Meio Ambiente.
Conclusões 


Relatório do IPCC destaca que a falta de ações em relação à mudança climática resultará em perdas ainda maiores dos recifes de coral, by Dia Mundial dos Oceanos/Gaby Barathieu


O principal relatório das Nações Unidas sobre este tema apresenta todos os anos um relatório sobre a lacuna de emissões, a diferença entre os níveis previstos em 2030 e os valores necessários para atingir as metas de 2 °C e 1,5 °C.

Segundo a pesquisa, as emissões globais atingiram níveis históricos e ainda não refletem sinais de pico, o momento em que as emissões param de aumentar e começam a diminuir.

Os autores afirmam que apenas 57 países, que representam 60% das emissões globais, estão no caminho certo. Conjugados, o aumento das emissões e o atraso nas ações significa que o défice deste ano é maior do que nunca.

A análise “deixa claro que o atual ritmo de ação nacional é insuficiente para atingir as metas do Acordo de Paris.” Os autores concluem que as nações devem triplicar os esforços para atingir os 2 °C, e multiplicar cinco vezes para atingir 1,5 °C.
Aviso

A vice-diretora executiva da ONU Meio Ambiente, Joyce Msuya, disse que se o relatório do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas, IPCC, “representou um alarme de incêndio global, este relatório é a investigação desse incêndio.”

Segundo Msuya, “a ciência é clara e, apesar de toda a ambiciosa ação climática que tem sido observada, os governos precisam agir com mais rapidez e urgência.” Ela acredita que o mundo alimenta esse fogo enquanto os meios para extingui-lo estão ao alcance.

Uma continuação das tendências atuais deve resultar em um aquecimento global de cerca de 3 °C até o final do século, com a contínua elevação da temperatura depois desse ano.
Ação

Apesar de explicar que ainda existe um caminho para manter o aquecimento global abaixo de 2 °C, o relatório afirma que “o tipo de ação drástica e de grande escala necessária urgentemente ainda não foi visto.”

O relatório oferece um roteiro sobre o tipo de ação transformadora que é necessária, dizendo que tem de envolver governos municipais, estaduais e regionais, empresas, investidores, instituições de ensino superior e organizações da sociedade civil.

Segundo a pesquisa, esses atores não-estatais “estão cada vez mais comprometidos com uma ação climática ousada” e “são cada vez mais reconhecidos como um elemento-chave para alcançar as metas globais de emissões.”
Taxas

Também é sugerida uma política fiscal diferente. O cientista-chefe da ONU Meio Ambiente, Jian Liu, explicou que “quando os governos adotam medidas de política fiscal para subsidiar alternativas de baixa emissão e tributar combustíveis fósseis podem estimular os investimentos certos no setor energético e reduzir significativamente as emissões de carbono.”

Segundo o especialista, o potencial de usar a política fiscal como um incentivo é cada vez mais reconhecido, com 51 iniciativas de taxas de carbono agora em vigor ou programadas, cobrindo cerca de 15% das emissões globais.

O relatório calcula que, se todos os subsídios aos combustíveis fósseis fossem eliminados, as emissões globais de carbono poderiam ser reduzidas em até 10% até 2030.

O relatório foi apresentado uma semana antes da 24ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP24, que acontece na Polônia em dezembro.

Emissions Gap Report 2018
https://www.unenvironment.org/resources/emissions-gap-report-2018


Do United Nations Environment Programme, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/11/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/11/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/11/29/aquecimento-global-nacoes-devem-triplicar-esforcos-para-atingir-meta-de-2-gradcelsius-conclui-revisao-anual-de-emissoes-globais/

Operações do Ibama embargam 8 mil hectares em MT e desativam 4 serrarias no PA


Foto: Ibama

(28/11/2018) – O Ibama, com apoio da Polícia Militar do Mato Grosso, embargou 8 mil hectares de cerrado, o equivalente a 8 mil campos de futebol, e impediu a destruição de outros 1.120 hectares na região de Santa Teresinha (MT), na Bacia do Araguaia. Iniciada em novembro, a Operação Siriema III resultou até o momento na aplicação de R$ 37,4 milhões em multas.

A maior parte da área desmatada está localizada em imóvel rural parcialmente invadido por grileiros, que tinham a intenção de lotear o terreno.

Agentes ambientais também identificaram propriedades em que os responsáveis legais omitiam a existência de vegetação nativa em áreas de varjão com o propósito de obter de forma simplificada a autorização para limpeza de pasto.

A ação impediu a destruição de espécies nativas do cerrado brasileiro, como pequizeiros, em áreas de varjão que seriam convertidas em pastagens. Pelo menos 500 hectares de vegetação foram destruídos com uso de correntão.

Em Santa Cruz do Xingu (MT), onde ocorreu outra etapa da operação nesta terça-feira (27/11), a equipe de fiscalização apreendeu uma retroescavadeira, 4 motosserras e 4 armas de fogo que pertenciam a grileiros. Cerca de mil hectares desmatados ilegalmente foram embargados. Três infratores foram detidos.

As informações obtidas durante a investigação serão encaminhadas ao Ministério Público Estadual (MPE) para apuração no âmbito criminal.


Quatro serrarias são desativadas em Novo Progresso (PA)




Em Novo Progresso (PA), durante operação conjunta com a Força Nacional, foram desativadas 4 serrarias e apreendidos 478 metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente da Floresta Nacional do Jamanxim. Os agentes ambientais também recolheram 3 carretas usadas no transporte da madeira e 3 tratores. Os autos de infração totalizam R$1,1 milhão.

Em meio à carga apreendida foram identificadas espécies nativas como ipê, angelim e maçaranduba. As serrarias receberam o produto florestal ilegal acobertado por declarações falsas no sistema do Documento de Origem Florestal (DOF).

A madeira e os veículos apreendidos ficaram sob guarda da prefeitura de Novo Progresso.

Do Ibama, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/11/2018



Autor: Ibama
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 28/11/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/11/29/operacoes-do-ibama-embargam-8-mil-hectares-em-mt-e-desativam-4-serrarias-no-pa/

Em livro, quilombolas e ribeirinhos denunciam os impactos da mineração em Oriximiná, Pará

 Em livro lançado pela Comissão Pró-Índio de São Paulo na semana passada, quilombolas e ribeirinhos revelam as consequências socioambientais de 40 anos de extração de bauxita na Amazônia



Comunidade quilombola Boa Vista. Foto: Carlos Penteado (2018).

O livro “Antes a água era cristalina, pura e sadia. Percepções quilombolas e ribeirinhas dos impactos e riscos da mineração em Oriximiná, Pará”, lançado em 21/11, discute as consequências da extração de bauxita a partir do ponto de vista da população impactada. O estudo reúne depoimentos selecionados a partir de 47 entrevistas com moradores do Quilombo Boa Vista e das comunidades ribeirinhas Boa Nova e Saracá que denunciam impactos sobre os cursos d’água e revelam um sentimento de insegurança frente aos riscos das barragens de rejeitos que a empresa tem instaladas na região.


A mineração ocorre em plena Amazônia, no interior de uma unidade de conservação federal (Floresta Nacional Saracá-Taquera), onde vivem comunidades quilombolas e ribeirinhas. A empresa, Mineração Rio do Norte, tem como acionistas as gigantes Vale, South32, Rio Tinto, Companhia Brasileira de Alumínio, Alcoa Alumínio S.A., Alcoa World Alumina, Hydro e Alcoa Awa Brasil Participações. A bauxita, matéria prima utilizada na produção de alumínio, é comercializada no mercado nacional e internacional.
“A água que nós temos não é uma água de qualidade”

Os quilombolas de Boa Vista e os ribeirinhos de Boa Nova e Saracá apontam como as principais consequências das alterações nos cursos d’água: a restrição de acesso a água potável, o surgimento de novas doenças (atingindo especialmente crianças e mulheres) e a diminuição do pescado.

“Antes a água era cristalina, pura e sadia. Hoje eu tenho medo, ela está poluída. Não é pavulagem, a bauxita polui a água” afirma Maria Zuleide Viana dos Santos, do Quilombo Boa Vista.

Jones da Luz, comunidade Boa Nova, em seu depoimento ao estudo também aponta a preocupação com as doenças: “A gente vê que as famílias, a maioria se queixa muito de diarreia, através da água poluída”. E sobre a diminuição do pescado, Jones afirma que “o peixe para a gente pescar aqui já não tem mais porque ele acha que não é bom estar aqui, porque a água está muito poluída”.

Quilombolas e ribeirinhos mostram-se céticos com as informações da Mineração Rio do Norte (MRN) de que a qualidade da água dos igarapés se mantém adequada.

“Sempre vem pesquisa de água, todo mês eles vêm fazer essa pesquisa, mas nunca dá nada. Eu não acredito que uma água que já está dessa forma não tenha nada” alega Maria de Fátima Viana Lopes, da comunidade Boa Nova.



Ribeirinhos realizaram a lavagem de uma das caixas d’água do microssistema implantado pela mineradora. Esgotada a água, procederam à limpeza da caixa – a cor da água que sai nesse processo é semelhante à da bauxita. Foto: Carlos Penteado (2018).
“A nossa comunidade, a gente não se sente seguro”


Outro motivo de preocupação para os moradores de Boa Vista, Boa Nova e Saracá são as barragens de rejeitos da Mineração Rio do Norte. Dados da Agência Nacional de Águas indicam que a MRN é a quarta mineradora em número de barragens no Brasil: são 25 barragens já implantadas e há previsão de construção de mais estruturas.

“A nossa comunidade, a gente não se sente seguro. As barragens são grandes, a gente tem medo de estourar”, Jones da Luz, Comunidade Boa Nova

“Eles dizem que Boa Vista está segura. Quem garante isso?”, Aildo Viana dos Santos, Quilombo Boa Vista.

As comunidades ribeirinhas Boa Nova e Saracá estão localizadas a jusante do sistema de disposição de rejeitos instalado no interior da Flona Saracá-Taquera que já conta com 23 barragens. O Quilombo Boa Vista encontra-se a 430 metros de outras duas barragens de contenção de sedimentos e clarificação de água situada às margens do Rio Trombetas.

Quilombolas e ribeirinhos ressentem-se da falta de transparência e diálogo por parte da empresa e dos órgãos de governo.

“Se romper alguma lá, a gente não sabe nem como fazer porque, até aqui, ela nunca deu palestra, nunca desenvolveu algum estudo sobre isso para dar um resultado positivo para nós comunitários” Ederson Seixas Santino, comunidade Saracá.




A barragem da mineração (curso de água avermelhada) está a 400 metros do Quilombo Boa Vista. Foto: Carlos Penteado.
No livro, são analisados os planos de ação emergência de barragens que a MRN concluiu no primeiro semestre de 2018. Os dois planos abrangem 4 das 25 barragens da empresa e indicam que uma eventual falha nas barragens poderia causar perdas de vidas humanas, impactos no fornecimento de água potável e para a prática da pesca e navegação.


A análise da Comissão Pró-Índio aponta que, embora os novos estudos da mineradora representem um avanço no reconhecimento dos riscos a que estão sujeitos quilombolas e ribeirinhos, são ainda insuficientes para permitir uma avaliação mais aprofundada dos impactos socioambientais de um eventual desastre e estabelecer ações de emergência efetivas.

Na elaboração dos planos de emergência da MRN, não houve diálogo ou consulta às comunidades da zona de risco.

“Eles só vêm dizer que tem os tanques sim, dos rejeitos da bauxita, mas que esses tanques são cuidados, é verificado direitinho que não leva o risco de acontecer nada para a comunidade, não vai prejudicar a comunidade em nada. Então, são esses os informes que vêm. E não dizendo que um dia leva o risco de dar um problema.

Seria muito importante se a mineradora assumisse um compromisso com nós, com os comunitários daqui. A gente, a comunidade, tem que estar assegurada em documento, ter assegurado algum benefício para que as pessoas não fiquem como ficou o pessoal de Mariana” Maria de Fátima Viana Lopes, comunidade Boa Nova.
Recomendações

O livro apresenta uma série de recomendações visando à promoção dos direitos de quilombolas e ribeirinhos à água, ao meio ambiente sadio e equilibrado, à segurança e ao controle social das atividades minerárias que impactam diretamente suas vidas. Veja os destaques abaixo.

Ao Ibama

Apurar os fatos relatados pelos quilombolas de Boa Vista e os ribeirinhos de Boa Nova e Saracá sobre os impactos da atividade minerária nos recursos hídricos e determinar aos responsáveis a imediata adoção de medidas para a solução dos problemas encontrados.

Condicionar a autorização para a Mineração Rio do Norte implantar novas barragens à realização de avaliação de impacto socioambiental específica para as novas estruturas e ao atendimento pelo empreendedor das Recomendações aqui indicadas.

À Agência Nacional de Mineração

Promover a reclassificação de Dano Potencial Associado das barragens A1 e Água Fria tendo em vista os potenciais impactos para os quilombolas de Boa Vista e a Reserva Biológica do Rio Trombetas.

Condicionar a autorização para a Mineração Rio do Norte implantar novas barragens ao atendimento pelo empreendedor das Recomendações aqui indicadas.

Assegurar ampla publicidade dos resultados das fiscalizações da Agência Nacional de Mineração nas barragens da Mineração Rio do Norte para a sociedade, em formato e conteúdo acessíveis às comunidades situadas a jusante das barragens.

À Mineração Rio do Norte

Apurar os fatos relatados pelos quilombolas de Boa Vista e os ribeirinhos de Boa Nova e Saracá sobre os impactos nos recursos hídricos e adotar em curto prazo as medidas para a solução dos problemas encontrados.

Acatar a determinação do Ibama e proceder a revisão da classificação de risco das barragens A1 e Água Fria passando para alto Dano Potencial Associado.

Promover adequações no Plano de Ação de Emergência das Barragens A1 e Água Fria a partir de consulta e diálogo com os quilombolas de Boa Vista e no Plano de Ação de Emergência das Barragens TP 01 e TP 02 a partir de consulta e diálogo com as comunidades ribeirinhas Boa Nova e Saracá.



Antes a Água era Cristalina, Pura e Sadia – Percepções quilombolas e ribeirinhas dos impactos e riscos da mineração em Oriximiná, Pará
Comissão Pró-Índio de São Paulo
96 páginas | 21 x 28 cm
Acesse o livro aqui




in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/11/2018





Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/11/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/11/29/em-livro-quilombolas-e-ribeirinhos-denunciam-os-impactos-da-mineracao-em-oriximina-para/

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Ácido úrico pode causar alterações no rim diabético após controle da doença


Os pesquisadores constataram que o ácido úrico proporcionaria uma espécie de ‘memória metabólica’ que induziria à formação de tecido fibroso nos rins – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

.
Altos níveis de ácido úrico no organismo podem levar a complicações no rim diabético, mesmo que o excesso de açúcar no sangue (hiperglicemia) esteja controlado, aponta pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. A diminuição da excreção de ácido úrico no diabetes seria um componente importante da “memória metabólica”, ativando os mecanismos que causam fibrose e perda da função renal, mesmo após o tratamento convencional da doença. Os resultados do trabalho são descritos na tese de doutorado de Antonio Anax Falcão de Oliveira, que recebeu menção honrosa na categoria Ciências da Saúde do Prêmio Tese Destaque USP 2018.

O objetivo da pesquisa foi entender, a partir de um modelo animal, algumas alterações renais persistentes após o tratamento do diabetes. “Estudos epidemiológicos feitos nas décadas de 1980 e 1990 mostram que quando o diabético é tratado de forma intensiva desde o início da doença, há uma grande diminuição do risco de complicações microvasculares, como a nefropatia ou doença renal. Já os que permanecem inicialmente hiperglicêmicos e são então submetidos ao tratamento intensivo não experimentam o mesmo benefício”, diz a professora Ana Paula de Melo Loureiro, orientadora do trabalho. “Há uma elevada ocorrência de doenças renais em diabéticos, o que gera um enorme sofrimento e gasto com tratamento.”No estudo, o diabetes foi induzido em ratos para imitar os efeitos de períodos curtos e longos sem tratamento. “Um grupo ficou com hiperglicemia por quatro semanas e outro por 12 semanas. Em seguida, ambos foram tratados pelo tempo correspondente ao período em que não receberam cuidados, ou seja, quatro e 12 semanas”, explica o autor da tese. “Após o tratamento, foram examinados todos os parâmetros convencionais de controle do diabetes e da função renal, como níveis de glicemia, hemoglobina glicada, massa relativa do rim, proteínas na urina e dano tubular. Em todos os casos, os indicadores estavam normais, sem indícios de nefropatia.”


A professora Ana Paula de Melo Loureiro e o pesquisador Antonio Anax Falcão de Oliveira. Segundo a professora da FCF, os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de maior investigação dos efeitos do ácido úrico aumentado nos indivíduos com controle do diabetes – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens
.
Marcadores

A pesquisa procurou marcadores do comprometimento da função renal a partir da análise de vias que levam às complicações do diabetes. “Os parâmetros avaliados de estresse oxidativo, por exemplo, se normalizaram após o tratamento, demonstrando não ser importante de indução de danos persistentes no diabetes controlado”, afirma o pesquisador. “Entretanto, quando são focalizados os componentes de uma importante via fibrogênica, um conjunto de moléculas que leva ao enrijecimento do tecido (fibrose) e perda da função renal, foram detectados proteínas e intermediários metabólicos que permanecem alterados mesmo quando os parâmetros convencionais do diabetes e da função renal são estabilizados. A permanente ativação dessa via pode aumentar o risco de dano ao tecido renal.”

A proteína AMPK fosforilada, que bloqueia a fibrose, está diminuída durante o diabetes. Quando o tratamento foi aplicado após quatro ou 12 semanas, não houve normalização do nível renal dessa proteína. “Já o TGF-β, proteína que exerce papel central na indução da fibrose, permaneceu aumentado nos animais com hiperglicemia e após o tratamento tardio (12 semanas)”, relata Falcão de Oliveira. “Alterações dos níveis de AMPK fosforilada podem levar a alterações dos níveis da proteína PGC 1-α, importante para a geração de energia pelas células (função mitocondrial). Verificou-se a diminuição dos níveis de PGC 1-α após o período mais longo de diabetes, sem normalização com o tratamento.”

Dois metabólitos associados ao processo de fibrose foram analisados. “O fumarato, um intermediário do ciclo de Krebs (via metabólica importante para a geração de energia pelas células), já foi apontado como um metabólito que aumenta a atividade do TGF-β. No estudo, o perfil de alteração dos níveis renais de fumarato se assemelhou ao do TGF-β, mantendo-se aumentado nos animais hiperglicêmicos e quando o tratamento é tardio”, destaca o pesquisador. “O ácido úrico, que durante o período de hiperglicemia tem a sua excreção renal diminuída, resultando em aumento no sangue, é apontado como inibidor da atividade de AMPK”.


Esquema: Via fibrogênica renal ativada pela hiperglicemia se mantém alterada após o controle glicêmico, dependendo do período de existência de hiperglicemia. A persistência da diminuição de excreção de ácido úrico pode contribuir para a indução das alterações observadas após o controle glicêmico. A alteração metabólica detectada pode ajudar a entender por que indivíduos diabéticos apresentam risco aumentado de doença renal mesmo com o controle adequado da glicemia – Diagrama: Cedido pelo pesquisador (Clique na imagem para ampliar)
.
Ácido úrico

Na análise dos níveis de ácido úrico no sangue e na urina dos animais foi verificado aumento dos níveis sanguíneos e diminuição dos níveis urinários desde o período mais curto de hiperglicemia, alterações que persistiram após os dois períodos de tratamento. “Há a possibilidade de que o ácido úrico aumentado persistentemente no organismo dos animais, mesmo após o controle do diabetes, leve à diminuição da forma ativa da AMPK (fosforilada), favorecendo o aumento dos níveis de TGF-β e toda a via fibrogênica”, observa Falcão de Oliveira. “O ácido úrico proporcionaria uma espécie de ‘memória metabólica’ que induziria à formação de tecido fibroso nos rins (efeito fibrogênico).”

Segundo a professora da FCF, os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de maior investigação dos efeitos do ácido úrico aumentado nos indivíduos com controle do diabetes. “O trabalho reforça a importância do controle precoce da glicemia, e também do ácido úrico”, ressalta. Para o pesquisador, “o ácido úrico é uma peça importante para explicar a ‘memória metabólica’ no rim diabético, ajudando a entender por que os pacientes de diabetes tratados mantêm o risco aumentado de complicações microvasculares”.




Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data: 28/11/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/acido-urico-pode-causar-alteracoes-no-rim-diabetico-apos-controle-da-doenca/

Estudo clínico testa aplicativo para prever níveis de açúcar no sangue

dispositivos colocados no corpo dos pacientes, são monitoradas continuamente a glicemia e a atividade física”, afirma Maria Cristina. Em um aplicativo desenvolvido pela startup, os participantes do estudo fazem o registro da alimentação e das medicações. “Essas informações ajudam a pessoa a ter um controle da evolução da glicemia, das condições alimentares e ajudar na decisão da dose a ser aplicada de insulina, no caso dos portadores de diabete tipo 1”.

Os dados obtidos no estudo clínico servem de base para a equipe multidisciplinar da GlucoGear desenvolver um algoritmo (formulas matemáticas) que possa prever a glicemia. “O algoritmo utiliza recursos de inteligência artificial e modelos matemáticos. A ideia é que ele seja usado para calcular a glicemia futura, ou seja, em que nível estará dentro de algumas horas, a princípio”, destaca a professora. “Desse modo, o paciente poderá prevenir tanto a queda quanto uma elevação indesejável, evitando complicações agudas (hipoglicemia e hiperglicemia).”


GlucoGear foi uma das startups semifinalistas na competição global Diabetes Innovation Challenge – Foto: Divugação / Assessoria de Comunicação do Instituto Sevna
.
Aplicativo

Os responsáveis pelo projeto pretendem integrar a plataforma do aplicativo com sensores de glicemia e smartwatches. Também será criado um portal de acesso para profissionais e pacientes com relatório médico pronto para análise em consulta, facilitando e agilizando o tempo de atendimento do médico.

“Pretendemos disponibilizar o aplicativo e o portal no final de 2019 e partir para uma nova fase de validação científica, via estudo clínico de avaliação de eficácia e segurança, bem como uma avaliação de economia em saúde que a plataforma pode gerar”, afirma Yuri Matsumoto, fundador e CEO da GlucoGear. “Para cumprir tal meta, no próximo ano terá início uma nova rodada de captação de investimento para financiar os novos desenvolvimentos e objetivos.”

Sediada em São Paulo, a GlucoGear é acelerada pelo Sevna Startups, em Ribeirão Preto. O Sevna Startups é um programa de aceleração de startups mantido pelo Instituto Sevna e integra o Global Accelerator Network (GAN). Em operação desde 2015, o Sevna Startup promoveu cinco ciclos de aceleração completos e iniciou o sexto programa, do qual a GlucoGear faz parte, no último dia 8 de outubro. O Sevna possui um portfólio de 27 startups, com valor estimado em R$ 56 milhões.

A sede do Instituto Sevna está localizado no Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto (SP), responsável por atrair e reter empresas tecnológicas, em especial nas áreas de saúde, biotecnologia, tecnologia da informação e bioenergia. O parque é mantido por um convênio entre a USP, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo.




Autor: Jornal da USP
Fonte: Jornal da USP
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data: 28/11/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/estudo-clinico-testa-aplicativo-para-prever-niveis-de-acucar-no-sangue/

O show de Xi Jinping na APEC e a reunião do G-20 na Argentina, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

São muitas as questões em aberto e por conta disto a reunião do G-20, no final de novembro e início de dezembro, assume um papel decisivo





O fórum Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (na sigla em inglês: Asia-Pacific Economic Cooperation – APEC) agrupa 21 países-membros localizados nos dois lados do oceano Pacífico. A APEC foi criada em 1989 e, conforme apresentado na tabela acima, os 21 países da Organização, em ordem de tamanho do Produto Interno Bruto (PIB), são: China, Estados Unidos, Japão, Rússia, Indonésia, México, Coreia do Sul, Canadá, Austrália, Tailândia, Taiwan, Malásia, Filipinas, Vietnã, Singapura, Hong Kong, Chile, Peru, Nova Zelândia, Brunei e Papua Nova-Guiné.

A tabela acima mostra que os 21 países da APEC possuem uma população de 2,9 bilhões de pessoas, com um PIB total (em poder de paridade de compra – ppp) de US$ 74,2 trilhões (o que representa 55% do PIB mundial) e uma renda per capita média de US$ 25,6 mil. A China possui a maior população e a maior economia, seguida pelos EUA. Mas os maiores valores de renda per capita estão em Singapura (US$ 87,2 mil) e Brunei (US$ 71 mil). As menores rendas per capita estão nas Filipinas, Vietnã e Papua Nova-Guiné. Mas a renda per capita média da APEC é maior do que a renda per capita do mundo (US$ 17,9 mil).

A Cúpula da APEC de 2018 aconteceu em Port Moresby, capital de Papua Nova-Guiné (que é o país mais pobre do bloco), nos dias 17 e 18 de novembro. Esta reunião não contou com a presença do presidente americano Donald Trump (que deu “No show”). Isto abriu espaço para o “show” do líder chinês Xi Jinping que afirma a predominância chinesa na área do Pacífico e aumenta a presença na região por meio de inversões diretas e empréstimos.

Enquanto os Estados Unidos e a China trocavam farpas sobre comércio, investimentos e segurança regional, o presidente chinês fez o discurso mais afirmativo, defendendo o livre comércio e a globalização, enquanto o vice-presidente americano Mike Pence disse que as tarifas americanas continuariam até que a China mudasse suas práticas. Pence atacou diretamente o programa “Um cinturão uma Rota” dizendo que os países da região não deveriam aceitar dívidas que comprometessem sua soberania.

Mas o presidente Xi Jinping, hospedado em Port Moresby, foi festejado por oficiais de Papua Nova Guiné e reafirmou seus objetivos, quando realizou uma reunião com líderes das ilhas do Pacífico para promover o plano chinês de infraestrutura “Um cinturão uma Rota”. Ele disse que não havia uma agenda geopolítica por trás do projeto, mas sim um esforço de construir uma rede de conexões, por terra e por mar, entre o Sudoeste Asiático, a Ásia Central, o Oriente Médio, a Europa e a África.

Ou seja, enquanto os Estados Unidos jogam na defesa e tentam impor medidas protecionista e ações bilaterais e desglobalizadas, a China joga no ataque e atua no sentido de aprofundar a globalização e a integração da infraestrutura da Eurásia, do Pacífico, da Oceania e da África. Um líder falava em isolacionismo e o outro em cooperação (embora cresça a resistência ao “imperialismo chinês”).

A China tem competitividade e os recursos financeiros para reconfigurar a ordem do mundo e está propondo um caminho para uma nova governança global. Xi disse: “Unilateralismo e protecionismo não resolverão os problemas mundiais, mas adicionarão incerteza à economia. A história mostrou que o confronto, seja na forma de uma guerra fria, de uma guerra quente ou de uma guerra comercial, não produz vencedores”.

Mas a administração Trump está disposta a barrar os avanços chineses. Desde julho, Washington impôs tarifas sobre importações chinesas no valor de US $ 250 bilhões, enquanto Pequim impôs tarifas semelhantes sobre bens no valor de US $ 110 bilhões importados dos EUA. Em setembro, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou estender as tarifas para todos os produtos que os EUA importam da China.

O próximo embate entre as duas maiores potências do mundo, em termos econômicos e em termos comerciais, ocorrerá ainda em novembro na 13ª Cúpula do G-20 em Buenos Aires, na Argentina, nos dias 31 de novembro e 01 de dezembro de 2018 (uma semana depois da violência e da insegurança ocorrida na primeira final da Libertadores entre dois times argentinos: Boca Juniors e River Plate)

O G-20 é um fórum de cooperação internacional que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. O G-20 foi criado inicialmente em setembro de 1999, após a crise global de 1998, reunindo os ministros de Economia dos diversos países. Com a crise global de 2008, o G-20 passou a reunir os Chefes de Estado dos 19 países (mais o representante da União Europeia). Assim, os chefes de governo do grupo passaram a se reunir anualmente a fim de discutir os rumos da economia mundial e assumir o protagonismo que o G-7 já não era mais capaz de exercer. Normalmente, é comum haver muitos protestos. No dia 23/11 houve uma manifestação em frente ao Congresso da Argentina, em Buenos Aires, para protestar contra a realização da reunião do G-20, contra as políticas de ajuste do governo Macri junto ao FMI, etc.

A tabela abaixo mostra que, em 2018, o PIB do G-7 é estimado em US$ 40,6 trilhões (representando 30,1% do PIB global), enquanto o PIB do G-12 é estimado em US$ 58,6 trilhões (representando 43,4% do PIB global). No conjunto, o PIB dos 19 países do G-20 é estimado em US$ 99,3 trilhões (73,5% do PIB global). No G-20 os 3 países mais populosos também são os 3 com as maiores economias, sendo que os EUA possuem a maior renda per capita (US$ 62,2 mil) e a Índia possui a menor renda per capita do grupo.







O gráfico abaixo, também com dados do FMI, medido em paridade de poder de compra (ppp), mostra que a soma do PIB dos países do G7 representava mais de 50% do PIB mundial na década de 1980 e caiu para 30,6% em 2017, enquanto a soma do PIB dos outros 12 países do G20 representava cerca de um quarto (25%) do PIB mundial na década de 1980 e subiu para 42,9% em 2017 (os dados da Rússia são a partir de 1992).

O PIB do G7 foi ultrapassado pelo PIB do G12 em 2009 e o FMI projeta que em 2022, que a soma dos países que compõem o G7 será de 28% da economia internacional, contra 46% dos outros 12 países (chamados de emergentes). Os grandes destaques do G20 são China e Índia que juntas (Chíndia) já representam 25% do PIB mundial e terão uma economia maior do que a economia do G7 em 2022 (em ppp).







O gráfico acima mostra que nem os Estados Unidos e nem o G-7 possuem mais a hegemonia que possuíam no passado. Agora a China e o G-12 possuem um tamanho superior e apresentam maiores taxas de crescimento na economia e no comércio. Mas, pelo andar da carruagem, dificilmente o G-20 vai conseguir colocar um rumo nos desarranjos globais.

Assim, a reunião do G-20 na Argentina deve ser marcada pelos encontros bilaterais envolvendo Donald Trump, Xi Jinping, Vladimir Putin e Narendra Modi, etc. O encontro mais esperando é entre os líderes das duas maiores economias do mundo, diante de uma guerra comercial que pode ser a centelha para uma nova crise global.

De fato, a ordem econômica e política construída a partir da famosa reunião de Bretton Woods, em 1944, está sob ameaça e o incrível é que é o atual governo dos EUA que está atuando no sentido de enfraquecer o multilateralismo, enquanto a China – que se preparou para ter uma inserção soberana no processo de globalização a partir do início das reformas promovidas por Deng Xiaopint em dezembro de 1978 – rompeu com o isolacionismo da época de Mao Tse Tung e passou a defender a cooperação internacional a partir da teoria das vantagens comparativas, defendida pelo eminente economista britânico David Ricado (1772-1823).

Enquanto Donald Trump ataca a “ordem liberal global”, buscando esvaziar os organismos internacionais (como Banco Mundial, FMI, OMC e ONU) e rompendo ou atacando com as iniciativas de integração regional e global, como a Parceria Transpacífico (TPP), a União Europeia, a OTAN, o G-20, como ficou evidente pela não participação de Trump na última reunião da APEC (como visto acima). Ao colocar “A América em primeiro lugar”, o presidente dos EUA reforça os conflitos em vez de buscar a cooperação e a solidariedade.

Indubitavelmente, a China tem uma política mercantilista que propicia saldos comerciais extremamente elevados (acima de US$ 450 bilhões por ano). Por exemplo, a despeito de toda a retórica protecionista de Trump, a China já obteve um superávit comercial com os EUA nos primeiros 10 meses de 2018, em termos arredondados, de US$ 340 bilhões (segundo o US Census Bureau).

Por conta destes atritos, a reunião da APEC em Papua Nova-Guiné não chegou a um acordo entre os países membros. Os líderes da região Ásia-Pacífico não conseguiram superar as divergências sobre o comércio em uma cúpula dominada por uma guerra de palavras entre os EUA e a China, à medida que competem pela influência regional.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, admitiu que o fracasso se resumiu a “visões diferentes sobre elementos particulares em relação ao comércio que impediram o consenso total”. Os Estados Unidos pressionaram para que os líderes emitissem o que equivalia a uma denúncia da Organização Mundial do Comércio (OMC) e um apelo por sua reforma por atacado.

Estas posições nacionalistas, unilateralistas e antiglobalistas dos EUA, infelizmente, possuem apoio em outros países, sendo que o novo Chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, escolhido pelo presidente da República eleito em 28 de outubro de 2018, tem declarado apoio explícito às políticas de Donald Trump, se posicionado contra a globalização, pelo nacionalismo, contra o chamado “marxismo cultural”, além de ser crítico severo da China (nosso principal parceiro comercial).

Sem dúvida, o clima do mundo é de desglobalização e de desdemocratização. Provavelmente, o fracasso da reunião da APEC é o prenúncio do fracasso da reunião do G-20 na Argentina.
Enquanto os EUA se retraem, o presidente Xi Jinping (com muito dinheiro para investimentos e empréstimos) tem sido a estrela do show internacional. Porém, como mostra matéria do jornal New York Times (19/11/2018), os EUA estão se afastando da China e passando da retórica para as ações de confrontação: “É um novo nível de retórica da Guerra Fria”.

O protecionismo e um acirramento da guerra comercial podem desencaderar uma grande crise econômica global, afetando todos os países. Matéria do jornal SCMP, de Karen Yeung (16/11/2018), mostra que além da maciça dívida interna, Pequim se preocupa com a crescente alavancagem externa do dólar que está sendo subestimada e poderia desencadear uma grande crise financeira: “A dívida de US$ 3 trilhões da China a torna especialmente vulnerável por causa do aperto da liquidez do dólar, do enfraquecimento do iuane e da guerra comercial entre a China e os EUA”, disse Yeung. Acrescente-se que a China tem 50 milhões de moradias vazias e pode assistir um colapso do setor imobiliário.

Os desequilíbrios da economia internaciona estão se avolumando. Mas será que a Cúpua do G-20 vai terminar sem uma resolução final como ocorreu com a Cúpula da APEC? Como serão as reuniões bilaterais entre Trump e Xi e Trump e Putin? Será que os líderes europeu vão criticar o discurso nacionalista do presidente dos EUA, como aconteceu nos festejos do centenário do fim da I Guerra Mundial, no dia 11 de novembro de 2018? Vai predominar a concordância ou a discórdia?

São muitas as questões em aberto e por conta disto a reunião do G-20, no final de novembro e início de dezembro, assume um papel decisivo. Se nada for resolvido para administrar os problemas econômicos e da governança global, o mundo pode se preparar para uma recessão econômica em 2019, ou no máximo em 2020. Num mundo com tantas desigualdades sociais, com a pobreza crescendo em vários países e com o agravamento dos problemas ambientais, os efeitos recessivos poderão ser devastadores.

Por fim, a presença tóxica na reunião do G-20, em Buenos Aires, será do príncipe herdeiro da teocracia autoritária e sanguinária da Arábia Saudita: Mohamed bin Salman (MbS), que tem sido acusado de crime contra a humanidade e de genocídio devido à interferência saudita na guerra do Iemen que já provocou centenas de milhares de vítimas e pelo menos 85 mil crianças estão morrendo de fome e desnutrição, além do assassinato do jornalista saudita (e opositor ao regime) Jamal Khashoggi, no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, no dia 2 de outubro. O príncipe MbS, busca romper o isolamento por meio de encontros bilaterais com Trump, Putin e Xi Jinping na Argentina. Ele pode também se encontrar com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan que diz ter provas da participação de MbS na execução de Jamal Khashoggi.

Desta forma, a primeira reunião do G-20 na América do Sul promete grandes emoções, muito mais pelos potenciais conflitos bilaterais e menos por aquilo que deveria ser o foco da Cúpula que é o avanço na governança global e as ações para se evitar uma nova e catastrófica recessão econômica mundial.



José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br



Referência:

ALVES, JED, A China continua tendo superávits recordes a despeito da guerra comercial de Trump, Ecodebate, 22/10/2018
https://www.ecodebate.com.br/2018/10/22/a-china-continua-tendo-superavits-recordes-a-despeito-da-guerra-comercial-de-trump-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ALVES, JED. China, nova potência mundial Contradições e lógicas que vêm transformando o país. Revista do Instituto Humanitas Unisinos (IHU), China, nova potência mundial: Contradições e lógicas que vêm transformando o país. São Leopoldo, Nº 528, Ano XVIII, 17/9/2018
http://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao528.pdf

ALVES, JED. A ascensão da China, a disputa pela Eurásia e a Armadilha de Tucídides. Entrevista especial com José Eustáquio Diniz Alves, IHU, Patricia Fachin, 21 Junho 2018
http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/580107-a-ascensao-da-china-a-disputa-pela-eurasia-e-a-armadilha-de-tucidides-entrevista-especial-com-jose-eustaquio-diniz-alves



in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/11/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 28/11/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/11/28/o-show-de-xi-jinping-na-apec-e-a-reuniao-do-g-20-na-argentina-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/