segunda-feira, 22 de abril de 2024

Uma armadilha para combater o mosquito da dengue


Desenvolvemos, incialmente, protótipos em garrafas PET. Os resultados foram animadores. Residências que receberam armadilhas com fungo tiveram redução de mais de 80% do número de ovos de mosquitos do gênero Aedes, comparado com casas controle, que receberam armadilhas sem o fungo", diz.

De acordo com Adriano, participaram dos estudos moradores de mais de 200 residências dos dois municípios e, em uma pesquisa de satisfação, mais de 90% das pessoas que utilizaram a armadilha relataram que sentiram diminuição dos incômodos provocados pelos insetos. Segundo ele, a armadilha MataAedes é um produto inovador. "Não existe no Brasil um produto que utiliza fungo para controlar mosquitos adultos no ambiente intradomiciliar. A armadilha é mais uma ferramenta para ser utilizada no controle de mosquitos adultos do gênero Aedes e pernilongo comum, do gênero Culex", explica.


Adriano Rodrigues de Paula: de acordo com o pesquisador, residências que receberam armadilhas com fungo tiveram redução de mais de 80% do número de ovos de mosquitos do gênero Aedes (Foto: Divulgação)
A armadilha MataAedes tem outras vantagens se comparada a produtos disponíveis no mercado. A armadilha colocada em cima de um móvel já funciona para matar os mosquitos nas residências. Não precisa ser pulverizada nos cômodos como os inseticidas de aerossol, não tem cheiro desagradável e nem precisa ser reaplicado a cada duas ou três horas. Ele ainda aponta outras vantagens: diferentemente dos inseticidas do tipo barra, a MataAedes não necessita de um aparelho elétrico ligado a uma fonte de energia para esquentar e dispersar o produto no ambiente. Em relação aos inseticidas do tipo espiral, comenta que também não necessita de ser aceso com fogo para queimar e liberar o produto no ambiente. Ele ainda destaca que, além da dificuldade de utilização, esses compostos disponíveis no mercado são tóxicos e não devem ser usados de forma rotineira.

Adriano faz um alerta sobre a importância de outros métodos de controle de vetores para utilização em conjunto com a MataAedes e a efetiva diminuição dos vetores dos ambientes extra e intradomiciliar. Ele cita o controle físico, que é a eliminação de criadouros desses insetos assim como a colocação de telas em janelas.

Segundo Adriano há ainda um outro potencial da pesquisa. O fungo Metarhizium anisopliae pode ser utilizado para controle de outros insetos. "O fungo Metarhizium anisopliae é um agente de controle biológico eficaz contra pragas agrícolas e outros insetos vetores de doenças como os mosquitos do gênero Anopheles, vetores da malária; percevejos Rhodnius prolixus transmissores da doença Chagas e Culicoides paraenses, vetor de Oroupouche", lista.

Atualmente, a armadilha está em fase de registro em órgãos competentes. Mais informações no site: www.mataaedes.com.br


Autor: Claudia Jurberg
Fonte: Faperj 
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 27/03/2024
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=514.7.2

Estudo busca novos tratamentos para a esquistossomose


pesquisa. Para descobrir os fragmentos moleculares capazes de se ligar à proteína TGR, os pesquisadores usaram a técnica de cristalografia por difração de raios-X de alta vazão, que permite conhecer a estrutura tridimensional de moléculas.


Representações tridimensionais mostram a associação de fragmentos moleculares (coloridos) à proteína TGR (em cinza). Em A e B, a proteína é representada como fita. Em C e D, observa-se a superfície molecular. Os sítio de ligação mapeados no estudo são apontados por setas em B (foto: Reprodução do artigo)

 

Essa etapa dos testes foi realizada no acelerador de elétrons Diamond Light Source, no Reino Unido, uma instalação científica de alta tecnologia que conta com recursos de automação para analisar grandes bibliotecas de compostos químicos. “Poucas proteínas de parasitos causadores de doenças negligenciadas puderam ser analisadas com essa técnica e foi a primeira vez para a proteína TGR, do verme da esquistossomose”, salientou Floriano.

Os 35 fragmentos moleculares se associaram a 16 regiões da proteína, chamadas de sítios de ligação. Cada fragmento se associou a um ou dois sítios de ligação diferentes. Apenas um destes sítios tinha sido descrito em pesquisas anteriores, realizadas com outras metodologias.

Assim como a identificação dos ligantes, o mapeamento dos sítios de ligação é considerado uma etapa importante para o desenvolvimento de novos fármacos, pois, para inibir a atividade da proteína, os compostos precisam se ligar a regiões importantes para suas funções.


Infraestrutura do acelerador de elétrons Diamond Light Source, onde parte das análises foi realizada (foto: Acervo)

 

De acordo com Floriano, dois sítios de ligação mapeados apresentam maior potencial para o desenvolvimento de fármacos. “Identificamos um sítio de ligação na interface do dímero dessa proteína, que nunca tinha sido descrito e tem alto potencial de efetivamente interferir com a função da proteína e consequentemente matar o parasito”, apontou o pesquisador.

“Outro sítio identificado em nosso trabalho já tinha sido recentemente descrito por permitir a modulação da atividade da proteína, com resultados promissores em modelo animal. Descobrimos três novos ligantes para cada um desses sítios", completou o cientista.

A descoberta de fármacos baseada em fragmentos moleculares é uma estratégia que busca criar medicamentos com alta potência e propriedades farmacológicas favoráveis ao tratamento, por exemplo, com possibilidade de administração oral e baixa toxicidade. “Os resultados obtidos nesse trabalho permitem planejar novos compostos químicos, com maior afinidade de ligação com a proteína alvo e maior chance de chegar, eventualmente, ao final do processo de desenvolvimento de fármaco", ressaltou Floriano.

Na próxima etapa da pesquisa, já em andamento, os cientistas trabalham para sintetizar moléculas maiores a partir de fragmentos moleculares selecionados. Os compostos sintetizados serão testados in vitro, sobre a enzima e sobre o parasito, e, posteriormente, em camundongos considerados como modelo para estudo da esquistossomose.

Esquistossomose

Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que 1,5 milhão de pessoas vivem em risco de contrair esquistossomose em 18 estados brasileiros e no Distrito Federal. De 2009 a 2019, foram diagnosticados 423 mil casos da doença nas áreas endêmicas monitoradas pelo Programa de Controle da Esquistossomose.

Popularmente conhecida como barriga d’água, xistose e doença do caramujo, a esquistossomose está ligada a condições precárias ou ausência de saneamento básico. O contágio ocorre em rios, açudes ou lagos em que há despejo de esgoto e presença de caramujos Biomphalaria. Pessoas infectadas pelo S. mansoni liberam ovos do parasito nas fezes. Se os dejetos são lançados na água, os ovos eclodem, liberando larvas, que infectam os caramujos. Dentro destes animais, as larvas adquirem a forma de cercárias, que são liberadas na água e podem infectar os seres humanos, penetrando através da pele.

Mal-estar, febre, dor na região do fígado e do intestino, diarreia e fraqueza podem ser sintomas da doença. Emagrecimento e aumento do volume do fígado, do baço e da barriga ocorrem nos casos graves. A doença também pode afetar o sistema nervoso.

Sem tratamento, a esquistossomose pode levar à morte. O diagnóstico da infecção é feito por exame de fezes. O medicamento para tratar a doença é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Autor: Maíra Menezes (IOC/Fiocruz) 
Fonte: Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)
Sítio Online da Publicação: Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)
Data: 19/04/2024