terça-feira, 2 de abril de 2024

Pesquisadores descobrem neurônios que deflagram a busca frenética por alimentos, mesmo sem fome


Pela primeira vez, pesquisadores identificaram um conjunto de células nervosas, situadas nas profundezas do cérebro, diretamente relacionadas com a manifestação do comportamento de busca compulsiva por comida. A descoberta, divulgada na revista Nature Communications, foi feita por um grupo da Universidade da California em Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, e da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo (SP).

Trata-se de uma população de neurônios escondida em uma região chamada substância cinzenta periaquedutal, que fica na base do cérebro, em direção oposta ao córtex pré-frontal. Também conhecidas como células VGAT (do inglês vesicular GABA transporter), elas usam o neurotransmissor GABA (ácido gama-aminobutírico), que desempenha um papel importante na regulação da atividade neuronal. Estão presentes em várias áreas do cérebro e da medula espinhal, contribuindo para a modulação do humor, do sono, da ansiedade e da resposta ao estresse, entre outras funções.

“Não se conhecia, porém, a relação das células VGAT na região cinzenta periaquedutal com a alimentação”, descreve o pesquisador Avishek Adhikari, do Departamento de Psicologia da Universidade da UCLA. No Laboratório de Neurociências da UCLA, sob a liderança de Adhikari, são feitos estudos para entender como o cérebro coordena a constelação de mudanças relacionadas aos comportamentos emocionais, com foco no medo e na ansiedade.


(Imagem: Avishek Adhikari)

A descoberta foi acidental. “Estávamos investigando os neurônios da substância cinzenta periaquedutal com interesse em ansiedade e não em alimentação”, revela o autor principal do trabalho, o neurocientista brasileiro Fernando Reis, da UCLA. A hipótese inicial dos pesquisadores era de que a ativação das células VGAT deveria inibir reações de medo e pânico. “Quando as ativamos em camundongos, vimos que isso não só não acontecia como houve uma busca desenfreada por alimentos”, conta Reis, que decidiu aprofundar o estudo com a realização de mais testes. A investigação teve apoio da FAPESP por meio de três projetos (16/17329-3, 19/17677-0 e 19/17892-8).




Autor: FAPESP 
Fonte: FAPESP 
Sítio Online da Publicação: FAPESP 
Data: 02/04/2024

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