Sistema desenvolvido na USP pode otimizar técnica para tratar câncer
O Sistema Teranóstico une diagnóstico e tratamento do câncer e pode colocar a hipertermia magnética na rotina clínica. Patente da invenção já foi depositada
Publicado: 30/11/2022
Texto: Ana Beatriz Fogaça
Arte: Simone Gomes
Com o avanço da tecnologia, novas formas de tratamento para diversas doenças vêm surgindo. A hipertermia magnética, terapia que utiliza nanotecnologia no tratamento do câncer, é um exemplo. Durante o procedimento, nanopartículas se direcionam para as células cancerosas e são irradiadas em um campo magnético alternado, onde a temperatura entra em elevação até destruí-las. No entanto, localizar as nanopartículas magnéticas e controlar a temperatura durante esse processo ainda é um desafio.
Pensando nestas dificuldades, pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP desenvolveram um sistema, batizado de Teranóstico, para sanar os obstáculos e possibilitar que as aplicações terapêuticas e de diagnóstico possam ser alcançadas por meio de um sistema integrado. “O nosso objetivo é que nossa tecnologia, de alguma maneira, auxilie para que a hipertermia possa ser mais utilizada em pacientes oncológicos”, esclarece Théo Zeferino Pavan, professor de Física Médica da FFCLRP e um dos autores do estudo.
O sistema teve sua patente depositada em 2020, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI). Atualmente, está em fase de aperfeiçoamento e deve entrar em testes pré-clínicos em breve. “A gente acredita que o nosso sistema tem um grande potencial para ajudar no entendimento desse tipo de tratamento, mesmo que seja por enquanto ainda com esses pequenos animais”, diz o professor.
Como funciona o sistema?
Pavan conta que o sistema é composto de um equipamento de ultrassom, “esse mesmo equipamento utilizado em clínicas de obstetrícia e cardiologia”, e que apresenta diversas vantagens. Além de portátil, tem baixo custo e não traz malefícios para a saúde. No entanto, com o uso da nanotecnologia, o ultrassom não apresenta uma boa resolução, e para a hipertermia magnética “é essencial que essas partículas estejam bem localizadas”, afirma o professor.
Théo Zeferino Pavan - Foto: Currículo Lattes
Para que as imagens de ultrassom tenham uma boa sensibilidade na detecção das nanopartículas, o Sistema Teranóstico utiliza campos magnéticos externos, gerados a partir de bobinas, onde passam correntes elétricas que interagem com as nanopartículas utilizadas na hipertermia magnética, produzindo uma vibração em baixa frequência. “O interessante é que a gente consegue detectar muito bem essas vibrações de baixa frequência com o ultrassom de imagem”, acrescenta Pavan.
Para que as imagens de ultrassom tenham uma boa sensibilidade na detecção das nanopartículas, o Sistema Teranóstico utiliza campos magnéticos externos, gerados a partir de bobinas, onde passam correntes elétricas que interagem com as nanopartículas utilizadas na hipertermia magnética, produzindo uma vibração em baixa frequência. “O interessante é que a gente consegue detectar muito bem essas vibrações de baixa frequência com o ultrassom de imagem”, acrescenta Pavan.
Representação esquemática do sistema teranóstico – Foto: João Henrique Uliana/Grupo de Inovação em Instrumentação Médica e Ultrassom (GIIMUS)
Esta mesma bobina consegue também aplicar um campo magnético de alta frequência que, quando interage com as nanopartículas, provoca a dissipação de energia e o aquecimento do tecido visualizado. Desta forma, a equipe conseguiu “desenvolver um sistema que consegue tanto aplicar o tratamento de hipertermia, quanto localizar as nanopartículas”, informa o professor. Mais detalhes do sistema podem ser conferidos na reportagem da Revista Fapesp.
Aperfeiçoamento
O Sistema Teranóstico, desenvolvido com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fapesp, é resultado do trabalho de doutorado dos pesquisadores Yaser Hadadian, bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e João Henrique Uliana, bolsista Fapesp, ambos do departamento de Física da FFLCRP. O artigo científico sobre o sistema foi publicado em 2020 e pode ser acessado aqui. No mesmo ano, a invenção teve sua patente depositada junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), através da Agência USP de Inovação (Auspin).
Pavan informa que na primeira versão, idealizada nos estudos de Hadadian e Uliana, a alternância entre os campos magnéticos e a sincronização com o equipamento de ultrassom não estavam completamente otimizadas. Assim, atualmente outro aluno de doutorado do professor Pavan, Ernesto Mazón, bolsista Capes, trabalha para solucionar esses obstáculos.
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