segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Pesquisadores avaliam presença de lixo no oceano profundo do Brasil




 A presença de grandes quantidades de lixo no oceano é um tema que vem ganhando cada vez mais atenção e estudo, entretanto, são poucas as avaliações referentes ao oceano profundo (com mais de 200 metros de profundidade). Um primeiro relatório sobre a presença de lixo marinho persistente no talude continental do Sul e Sudeste do Brasil foi publicado na revista Marine Pollution Bulletin e traz dados alarmantes: foi encontrado lixo em 28 dos 31 locais amostrados em duas áreas distintas da costa Sul/Sudeste do Brasil e, em alguns deles, a quantidade de resíduos foi maior que a de peixes e invertebrados.

“Nosso projeto tem como objetivo estudar os peixes e outros animais de mar profundo, entre 200 e 1.500 metros de profundidade, e percebemos que em praticamente todas as coletas também vinha uma grande quantidade de lixo”, explica Marcelo Melo, do Laboratório de Diversidade, Ecologia e Evolução de Peixes do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. A equipe de pesquisa decidiu, então, guardar e estudar todo o lixo coletado.

Para Flávia Masumoto, pesquisadora do grupo e primeira autora do artigo, a quantidade de lixo encontrada foi espantosa, o que levou à decisão de guardar, secar, pesar, quantificar e analisar o material encontrado. “Foi surpreendente o fato de não encontrarmos nenhum artigo analisando a presença de lixo no oceano profundo brasileiro. Encontramos sim algumas análises sobre lixo no oceano, mas apenas sobre a costa brasileira, e isso reforçou a importância do trabalho que estávamos realizando”, afirma.

A pesquisa, financiada pela FAPESP por meio de dois projetos (17/12909-4 e 19/20912-0) vinculados ao Programa BIOTA, coletou material em 16 pontos de São Paulo e 15 estações de Santa Catarina. Em apenas três locais paulistas não foi encontrado nenhum lixo. Um total de 603 itens foi obtido, com uma massa de 13,78 quilos.

“Apesar de o oceano profundo ser uma área bastante vasta, a luz solar não chega de forma eficiente para produção de fotossíntese, então não tem plantas nem algas. É, portanto, uma área com pouca biomassa. É importante ter isso em mente para analisar esses 13 quilos de lixo encontrados, pois em algumas áreas coletamos uma massa maior de lixo do que de peixes e invertebrados”, explica Melo.

Tipo e origem do lixo

O material predominante foi o plástico, presente em todos os pontos de coleta, representando 58,5% do total recolhido. Tecidos e metais também foram frequentes, correspondendo a 14% e 11% do lixo coletado, respectivamente. Tintas catalisadas para barcos, vidro e concreto também foram identificados.

Autor: FAPESP 
Fonte: FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 27/02/2024

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