“O primeiro ano de estudos em Harvard é muito rico, repleto de interações e oportunidades”, explica Rebeca. Ela conta que diferente da realidade brasileira, em Harvard o aluno ingressa na universidade e não em um curso específico. Todos os estudantes moram no campus e podem fazer diversos cursos, relacionados ou não com seu interesse principal. Para conquistar uma vaga em Harvard, ela enfrentou, junto com outros 40 mil candidatos, uma bateria de exigências, entre elas, o domínio total da língua inglesa, envio de informações sobre prêmios conquistados, atividades extracurriculares, notas escolares, cartas de recomendação e até uma declaração pessoal. Alinhada à política de Harvard, cuja permanência custa cerca de US$ 80 mil ao ano, Rebeca comprovou sua necessidade de subsídio para os estudos, moradia e alimentação, obtendo bolsa de 100% e ainda uma ajuda de custo de US$ 1 mil por semestre.
Rebeca Fontoura: ex-bolsista do programa de pré-iniciação científica 'Jovens Talentos' da FAPERJ conquistou uma vaga em Harvard
Moradora de Bom Jesus do Itabapoana, a 251 km da capital fluminense, Rebeca conta que decidiu que estudaria em Harvard aos 13 anos, ao conquistar a medalha de prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) no Rio de Janeiro. Ela conheceu e se encantou por Harvard ao assistir a vídeo sobre a universidade durante o evento de premiação da OBMEP, e se inspirou na deputada Tabata Amaral. Eleita pelo estado de São Paulo no pleito de 2018, Tabata, que também foi medalhista de prata da OBMEP, teve sua trajetória mostrada como um exemplo de sucesso no vídeo. Formada em Ciências Políticas e Astrofísica em Harvard, a parlamentar representou o País em cinco competições científicas internacionais. Filha de uma trabalhadora diarista e um cobrador de ônibus, Tabata foi eleita pela BBC (grupo de rádio e TV do Reino Unido) uma das 100 mulheres mais influentes do mundo em 2019.
Decidida a conquistar uma vaga na conceituada universidade americana, situada em Cambridge, no estado de Massachusetts, a partir do 7º ano do Ensino Médio Rebeca passou a fazer atividades extracurriculares no IFF a fim de acumular notas altas. Paralelamente, passou a acompanhar o portal da Universidade de Harvard para entender quais eram os requisitos esperados pela instituição para ser aprovada como aluna. Em 2019, ela venceu a primeira etapa da Jornada comemorativa pelos 20 anos de existência do programa “Jovens Talentos”, realizada no município de Macaé, conquistando o primeiro lugar na área de Ciências Humanas com o projeto “Jornal Estudantil: um caminho para a comunicação na escola”. O projeto, orientado pela professora Karina Hernandes Neves, reunia outros quatro alunos do IFF.
O programa “Jovens Talentos”, lançado em 1999 a partir de uma iniciativa da FAPERJ com o Cecierj, reúne mais de 850 bolsistas e mantém parcerias com 53 instituições de pesquisa em 50 cidades do estado do Rio de Janeiro. A edição comemorativa de 20 anos da “Jornada Jovens Talentos para a Ciência”, evento realizado anualmente pelos responsáveis pelo programa, recebeu um total de 250 trabalhos inscritos, envolvendo 469 alunos e 190 orientadores.
Foi assim, por meio do programa de pré-iniciação científica, que essa craque em Matemática pôde expandir seus interesses, que até então eram pelas Ciências Exatas e pela música (sim, ela também toca violino, violoncelo e piano). Nas Ciências Humanas, se encantou com o exercício do jornalismo. No Jornal Estudantil (JE) ela tanto se envolveu com a parte de diagramação, quanto com a apuração de matérias. Ao ingressar no Grêmio Estudantil, passou a compartilhar os interesses dos estudantes na escola e na comunidade. Foi durante a realização de uma entrevista que fazia para o Jornal, com uma aluna medalhista da OBMEP, que ela teve um súbito estalo do que faria dali pra frente. Esperando que a entrevistada contasse sobre seus objetivos profissionais em grandes empresas do mercado, ela se deparou com uma jovem que pretendia fazer Administração de Empresas para poder ajudar sua família em uma propriedade rural. Ela conta que aquilo a tocou e, ao vivenciar algo inesperado, soube que as respostas dos entrevistados poderiam ensinar muito sobre o ser humano e que era aquilo que gostaria de fazer.
Rebeca, ladeada pelas amigas Maria Luiza Defante e Thayná Gaspar: gosto pela música começou cedo, ainda na infância, aos 6 anos
Outra grata surpresa que a estudante teve ao participar do Jornal Estudantil foi descobrir que a newsletter tinha um alto índice de interesse e leitura por parte dos estudantes. Quando o projeto foi premiado e ela e os colegas passaram a receber bolsa de pré-iniciação científica, o jornal passou por uma reestruturação editorial, focada nos interesses dos estudantes. “Nossos leitores cresceram junto com o jornal e com a equipe que o produzia”, comemora Rebeca. Mesmo depois de formada no IFF, ela pretende continuar colaborando com o JE. Enquanto decide se ingressa ou não em Harvard em agosto, Rebeca estuda Ciências Sociais na Fundação Getúlio Vargas (FVG). Ela ganhou uma bolsa para frequentar o curso no Rio de Janeiro, mas com o avanço da Covid-19 tem tido aulas online.
Sobre o seu interesse pela música, Rebeca conta que tudo aconteceu de forma bastante precoce. Aos seis anos ela já tocava piano na igreja frequentada pela família. Quando chegou ao 8º ano do Ensino Fundamental, descobriu que outras três colegas de escola tinham violinos guardados em casa. Então, solicitou à direção da escola licença para ocupar o auditório por dois dias na semana, e passou a ensinar e ensaiar com as amigas. O quarteto, batizado “BowApplause”, chegou a se apresentar por cerca de dois anos. Para manter contato com o seu lado artístico, atributo que poderá ser um elo de entrosamento na universidade americana, em tempos de isolamento social, Rebeca vem planejando voltar às suas raízes musicais e publicar seu conteúdo online.
Autor: Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 07/05/2020
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3975.2.1
Nenhum comentário:
Postar um comentário