segunda-feira, 6 de julho de 2020

Manual de Vigilância e Controle da Peste: Yersinia pestis


O termo peste é usado popularmente para designar flagelos marcantes que, por sua magnitude e transcendência, alteram a rotina das famílias, das sociedades e das nações. Contemporaneamente, é uma doença conhecida quase somente pelos poucos profissionais que lidam diretamente com seu controle, sendo considerada rara por uns e até mesmo um fato pitoresco por outros, merecendo atenção somente nas epidemias, quando é veiculada pela imprensa. 

O desenvolvimento socioeconômico dos estados e a evolução da saúde pública modificaram o caráter terrificante que caracterizou a peste no passado, reduzindo sua magnitude, mas tal fato não pode implicar descontinuidade das ações de vigilância epidemiológica, como bem demonstram as ocorrências na República Democrática do Congo, na Índia e no Equador, que puseram em risco as pessoas e as economias locais. 

A peste foi introduzida no Brasil em 1899 e atualmente é mantida como enzootia entre os roedores silvestres nos focos naturais remanescentes localizados no Nordeste e na Serra dos Órgãos, no Estado do Rio de Janeiro, situação que pode determinar sérias conseqüências médicas e socioeconômicas ao país, o que a torna um problema atual e merecedor de atenção. Os resultados de inquéritos sorológicos realizados sistematicamente pelo Programa de Controle da Peste (PCP) em roedores silvestres permitem inferir que os focos brasileiros permanecem ativos a despeito da baixa incidência ou ausência de casos humanos em alguns deles. 

Os últimos eventos significativos de peste humana ocorreram nos estados do Ceará e Paraíba, na década de 1980 onde foram notificados 76 casos e três óbitos. Dados da década de 1990, nos anos de 1994, 1996 e 1997 revelam que o Estado do Ceará notificou e confirmou laboratorialmente três casos de peste humana: dois por exame sorológico, em Guaraciaba do Norte e um por isolamento da bactéria, em Ipu. O Estado da Bahia confirmou um caso de peste humana, pelo critério clínico-epidemiológico, no ano 2000. 

Houve um período silencioso na ocorrência de casos nos anos 2001 a 2004. No ano de 2005, mais um caso humano foi confirmado por exame sorológico, dessa vez no município de Pedra Branca, Ceará. A persistência nesses focos deve, pois, ser considerada uma ameaça real e permanente de acometimento humano nessas regiões, que pode estender-se para outros lugares, inclusive centros urbanos, tornando-se imperativo que os técnicos de saúde estejam preparados para lidar com o problema. Assim sendo, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), cumprindo uma de suas atribuições, produziu este manual, revisando os conhecimentos e padronizando os procedimentos de vigilância e controle da peste.



Autor: Manual de Vigilância
Fonte: bvsms.saude
Sítio Online da Publicação: bvsms.saude
Data: 06/07/2020
Publicação Original: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_controle_peste.pdf

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