quinta-feira, 7 de abril de 2022

Rocinha: celeiro de empreendedorismo, sustentabilidade e inovação social

Em cerimônia realizada na tarde desta quarta-feira, 30 de março, na quadra do Complexo Esportivo da Rocinha, a FAPERJ realizou a entrega dos termos de outorga para os 26 representantes dos projetos contemplados no âmbito do programa Apoio às Bases para o Parque de Inovação Social e Sustentável na Rocinha. Os selecionados pelo edital, lançado em outubro de 2021 pela Fundação, receberão ao todo cerca de R$ 9 milhões, para desenvolverem diversos projetos que vão gerar renda para a comunidade a partir de propostas de empreendedorismo, sustentabilidade e inovação social e tecnológica.

Entre essas iniciativas inovadoras estão a produção de cogumelos cultivados em hortas nas lajes de 50 casas localizadas na parte alta da Rocinha; a implantação do Carteiro Amigo, um serviço para expandir a entrega de cartas e encomendas na comunidade, onde nem sempre o envio de correspondências ocorre de forma correta e segura; a criação de uma biblioteca virtual voltada à memória e à história da comunidade; o estímulo à produção artesanal de uma cooperativa de crochê; o desenvolvimento de uma incubadora de negócios de impacto no Parque de Inovação Social e Sustentável da Rocinha, além de projetos ligados ao saneamento e à coleta de resíduos sólidos, entre outros. Cada projeto contemplado receberá entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, e terá prazo de conclusão entre um a dois anos, de acordo com o valor recebido.

O secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I), Dr. Serginho, destacou a importância para o estado do Rio de Janeiro dos investimentos em políticas públicas voltadas ao setor científico e tecnológico, que geram impactos sociais inovadores. “O Rio de Janeiro concentra um grande número de instituições de ensino e pesquisa e possui pesquisadores e pensadores de renome no mundo, basta dar condições para que eles se desenvolvam. Tenho certeza que a Rocinha é um celeiro de jovens criativos e empreendedores”, disse. Ele lembrou ainda que ações para o desenvolvimento sustentável na Rocinha estão em consonância com a pauta estabelecida pelo Governo do Estado para 2022, eleito como o Ano Internacional da Sustentabilidade.

O presidente da FAPERJ, Jerson Lima Silva, ressaltou o cumprimento, pelo governo estadual, do repasse dos recursos totais previstos no orçamento anual da Fundação, da ordem de R$ 700 milhões, para viabilizar o empenho e pagamento dos projetos contemplados em seus diversos programas e editais. “A FAPERJ tem como missão de Estado lançar editais competitivos, que apoiem o desenvolvimento de pesquisas de alta qualidade com impactos inovadores para a sociedade. Temos muitos talentos escondidos no nosso estado, e, com certeza, na Rocinha estamos semeando o surgimento de novas empresas e talentos, investindo em inovação para além da academia”, disse.

O diretor de Tecnologia da FAPERJ, Maurício Guedes, elogiou a criatividade dos projetos selecionados pelo programa e o potencial transformador deles. “São iniciativas que vão promover o dinamismo econômico na Rocinha de forma inovadora e sustentável. São exemplos concretos de como os investimentos em inovação podem gerar impactos sociais positivos e transformar a comunidade”, comemorou. O programa é uma iniciativa inédita entre as Fundações estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs). “Para merecer o título de Smart City, qualquer cidade precisa incorporar a este conceito os territórios onde moram as camadas mais vulneráveis da sua população”, completou.

O secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha, acredita que, entre as diversas políticas públicas em curso no estado, o Parque talvez seja a melhor. “O Parque traz investimentos e renova a motivação e a esperança das pessoas da comunidade, sendo um gatilho para a transformação pessoal delas. É um trabalho feito a muitas mãos e que vai deixar um legado na Rocinha”, afirmou. Ele lembrou ainda que o Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Estadual do Ambiente e Sustentabilidade, deu início à mobilização para a Rio2030 (www.rio2030.org), três décadas após a histórica realização da Rio-92, para debater a questão do desenvolvimento sustentável.


Jerson Lima Silva ressaltou a missão institucional da FAPERJ de lançar editais com resultados de impacto para a sociedade

Responsável pela governança do Parque, José Alberto Aranha contou que o projeto agrega uma ampla rede social, com o protagonismo dos moradores da Rocinha. “Mais de cem pessoas estão envolvidas na execução desse projeto, numa rede social de apoio extensa, e o mais importante é a participação das próprias pessoas da comunidade. O Parque será uma unidade de apoio ao território de inovação da Rocinha, para que daqui as cooperativas possam, por exemplo, ser competitivas e vender e distribuir seus produtos para o mundo inteiro”, explicou.

Um dos contemplado pelo programa, o engenheiro de produção Roberto Bartholo é colaborador do Centro de Pesquisas e Articulação de Conhecimentos PUC-Rocinha. “Esse edital é uma oportunidade de aproximar universidades das associações e lideranças populares da comunidade. É antes de tudo uma proposta de diálogo, de escutar sobretudo as necessidades e projetos dos moradores da Rocinha”, disse Bartholo, que também é professor e pesquisador do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

Estiveram ainda presentes na cerimônia o representante do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (Cieds), Léo José; o representante da Fecomércio, Sérgio Arthur Ribeiro; a subsecretária estadual de Recursos Hídricos e Sustentabilidade, Ana Asti; a diretora da Escola Municipal Luiz Paulo Horta, Ana Maria Nogueira; a socióloga e ambientalista Aspásia Camargo; e a assessora da Diretoria de Tecnologia da FAPERJ, Ruth Espínola Mello.

Também participaram moradores e representantes de organizações que atuam na Rocinha, como a Associação de Moradores, o programa Ecomoda – iniciativa da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade inserida dentro do projeto Comunidade Recicla, que capacita gratuitamente moradores das comunidades para confeccionar roupas, bolsas e acessórios a partir do reaproveitamento de tecidos, retalhos e outros objetos que teriam como destino a lata do lixo – e o projeto social Funk Verde, que utiliza resíduos sólidos para a produção de instrumentos musicais.






Autor: Ascom Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 06/04/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=76.7.6

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