Mas o reaproveitamento dos materiais descartados não carece apenas de recursos ou políticas públicas. É preciso, também, fortalecer um dos elos fundamentais, mas, ao mesmo tempo, mais frágeis para que a cadeia da reciclagem funcione bem no Brasil: o trabalho das cooperativas e dos catadores autônomos. Atenta à situação, a bióloga e empreendedora fluminense Hanna Schneider Rodrigues criou, em 2018, a Teiares, uma empresa de gestão de resíduos e coleta seletiva comprometida com valorização do trabalho dos catadores.
As atividades desenvolvidas pela Teiares são o tema do vídeo publicado nesta quinta-feira, 7 de julho, no Canal da FAPERJ no YouTube (https://www.youtube.com/c/faperjoficial). Em 2018, a empresa foi contemplada pelo Programa de Apoio ao Empreendedorismo de Impacto Socioambiental no Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ.
“O trabalho que a Teiares faz com as cooperativas é, principalmente, de valorização e reconhecimento do serviço que é prestado pelos catadores e pelas cooperativas. Uma premissa nossa é trabalhar de uma maneira muito horizontal com todos. A gente reconhece o que eles estão fazendo, quando procuramos não apenas trazer propostas vindas da Teiares ou do que o cliente quer e precisa, mas também ao ouvir e envolver a cooperativa nas soluções que a gente está construindo. É importante haver esse envolvimento para que eles também se sintam parte do nosso negócio”, conta Hanna.
Hanna Rodrigues (à esq.) e Claudia Khair: sócias na Teiares, empresa que busca valorizar e obter reconhecimento do serviço que é prestado pelos catadores e pelas cooperativas
Segundo a engenheira e especialista em Gestão Ambiental Claudia Khair, sócia da Teiares, o trabalho de gestão de resíduos desenvolvido está intimamente ligado ao conceito de economia circular. “Na economia linear, a gente tirava os recursos do meio ambiente, produzia os bens materiais, e simplesmente os descartava quando eles não eram mais importantes. Na economia circular, a gente procura criar um retorno desses materiais ao ciclo produtivo. A matéria prima é extraída, os produtos são fabricados, mas, ao final da vida útil, a proposta é que esses produtos voltem à cadeia produtiva através da reciclagem e da indústria recicladora”, explicou.
Para produzir o vídeo, a equipe do Núcleo de Difusão Científica e Tecnológica (NDCT) da FAPERJ esteve nos galpões da Cooperativa Popular Amigos do Meio Ambiente (Coopama), no bairro de Maria da Graça, no Rio de Janeiro, uma das cooperativas parceiras da Teiares. Ali são descarregadas, a cada mês, cerca de 270 toneladas de materiais recicláveis, como plásticos, metais, papelões e latinhas de alumínio vindos de shoppings, restaurantes e hotéis, ou trazidos das ruas pelos catadores.
As entrevistas foram gravadas no Espaço Cult & Arte, uma galeria criada dentro da Coopama, onde é possível admirar peças feitas a partir de material descartado. O local é coordenado por Rogério Campos, um ex-vendedor que, nas horas vagas, ajudava a montar as vitrines da loja em que trabalhava. Rogério não está no vídeo, mas o seu trabalho, sim. De vitrinista, ele transformou-se em curador do espaço, que mostra uma das formas possíveis de reciclar o lixo: transformá-lo em arte.
Autor: Marcos Patricio
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 07/07/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=142.7.9
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