terça-feira, 16 de agosto de 2022

Rede 5G começa a chegar e hospitais iniciam testes



Depois de meses de expectativa, a rede 5G começa a chegar em diferentes cidades pelo Brasil. Desde 6 de julho, quando Brasília começou a receber os primeiros sinais do país, as populações de algumas capitais experimentam a velocidade que promete ser uma revolução em conexão. Serviços de diferentes setores aguardam a aplicação em suas áreas de trabalho.

Para a saúde, o impacto do 5G promete ser gigante, já que com maior velocidade, menor latência (tempo de resposta) e estabilidade, será possível utilizar a tecnologia para serviços remotos, como telemedicina, cirurgia robótica e ensino à distância.

Apesar da chegada ainda ser recente, já existe uma movimentação no setor. Hospitais de todo o país começaram a se preparar para realizar testes iniciais, verificando como a conexão tem se comportado, e estudam as possibilidades de uso que colaborem com médicos e pacientes.

Dentre eles estão o Hospital Moinhos de Vento, do Rio Grande do Sul, e o Núcleo de Inovação Tecnológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o InovaHC, que coordena algumas iniciativas com 5G na unidade. A previsão de ambos é que a rede entre em funcionamento nos serviços de saúde em 2023.

“Esses testes estão na fase inicial, que mostram que a transmissão de dados menos complexos é imediata. Agora vamos evoluir para as imagens em tempo real, em uma distância maior, para ver como vai se dar a transmissão”, explica Giovanni Cerri, presidente do InovaHC.
Rede 5G em testes

Desde o começo deste ano, o InovaHC trabalha em dois projetos de testagens. Anunciada ainda em dezembro de 2021, o OpenCare 5G é coordenado pela Deloitte e conta ainda com a participação do Itaú Unibanco, Siemens Healthineers, NEC, Telecom Infra Project (TIP), Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

O núcleo de inovação do Hospital das Clínicas vem testando a velocidade que exames raio-x são transmitidos, utilizando o sistema Open-RAN (rede aberta de acesso via rádio, em tradução livre). Dessa forma, é possível levar o sinal 5G para locais que não serão contemplados com a rede comercial das operadoras. Os testes iniciais estão sendo realizados na cidade de Santarém, no Pará.

“Nós temos um operador que faz as imagens e envia para o médico no Hospital das Clínicas, que avalia em tempo real. Se elas chegarem em tempo real, vamos poder contar com o 5G para poder fazer o diagnóstico à distância. Isso é muito importante pela questão de acesso”, explica Cerri.

Já o outro projeto é realizado no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), em parceria com Claro, Embratel e NuT, de Natal (RN). Atualmente, os testes têm trabalhado o envio de prontuários e informações de pacientes para unidades de saúde no Nordeste. Os próximos passos consistem no envio de exames de imagens e o acompanhamento de cirurgias por vídeo.

A utilização inicial se mostrou efetiva e entusiasmou a equipe do InovaHC. Agora, a ideia é seguir com os testes até o final de 2022 e aumentar o volume de informações e tipos de arquivos que serão compartilhados, assim como avaliar se a qualidade da rede segue sendo suficiente para a utilização em saúde. “Tivemos que fazer adequações dentro do HC e do Instituto de Radiologia para poder comportar a tecnologia 5G. Até o momento, ela tem correspondido às expectativas. A latência não tem prejudicado em nada a nossa conectividade, é muito boa e nos anima muito”, afirma o presidente.
Parcerias e possibilidades

O envolvimento de parceiros de tecnologia e telecomunicações foi essencial para o InovaHC conseguir ser o primeiro a experimentar a utilização do 5G no Brasil, meses antes da ampliação dos serviços para toda a população. Mesmo com a expertise de inovação do núcleo, é preciso entender que a saúde, assim como a tecnologia, não se faz de forma isolada.

“Para inovar é muito importante envolver tanto parceiros que ajudem a desenvolver, como a financiar o projeto. Então, certamente não seria possível consolidar esse projeto pioneiro de avaliação do 5G na saúde, se não tivéssemos apoio de tantos parceiros fortes e estruturados”, explica o presidente do InovaHC.

Como ainda é uma grande novidade para todos, os testes e a expansão da tecnologia pelo país vão possibilitar descobrir novos nichos para utilizá-la. É isso que acredita Cerri. Em sua visão, o Hospital das Clínicas é um ótimo laboratório de testagens da rede pela complexidade do atendimento e as consultas realizadas à distância, que já são feitas pelo hospital utilizando outras conexões.

“Assim que nós conseguirmos avançar na demonstração da importância do 5G na saúde, vai trazer uma série de startups e medtechs que vão poder usufruir desse ecossistema para criar soluções que possam ajudar a impulsionar a saúde. Nosso grande objetivo e das empresas parceiras é melhorar o acesso à saúde e reduzir a desigualdade”, conclui.
Em espera

No Hospital Moinhos de Vento, no Rio Grande do Sul, o cenário é um pouco diferente. Apesar da equipe estar preparada para iniciar os testes, falta o principal: o 5G. Como a unidade irá utilizar a rede comercial, oferecida pelas operadoras na região, depende de estabilização do sinal e da ampla liberação do chamado “5G Puro”, que utiliza frequência própria, e não a do 4G.

“O nosso trabalho, enquanto a tecnologia está em implementação, é a estruturação técnica”, afirma Melina Schuch, superintendente de Estratégia e Mercado do Moinhos de Vento. O hospital planeja, em um primeiro momento, utilizar a rede para cirurgias robóticas à distância e telemedicina, mas também acredita que conforme o 5G ampliar, o centro de inovação do hospital, Atrion, e startups ligadas à unidade, poderão encontrar novas possibilidades.

Schuch explica que o hospital já vinha fazendo investimentos com o objetivo de implementar serviços que utilizem o 5G. Por isso, não é preciso correr para adequar a nova rede. “A robótica é uma das linhas de investimentos. Nós temos duas plataformas já rodando e a terceira vai entrar nos próximos dias, e todas estão prontas para o 5G. Em 2022, temos 17 milhões de reais em investimentos planejados, tanto para segurança quanto para novos equipamentos para viabilizar essa jornada”, explica a superintendente.
Usabilidade

“O próximo passo é testar o 5G. Pretendemos fazer inicialmente dentro do próprio complexo e ir pegando mais distância ao longo dos testes, assim que conseguirmos aferir a segurança. Tem muita relação com as operadoras, a área de tecnologia está fazendo esses vínculos, e assim que achar que tem a viabilidade, implementamos”, explica Schuch.

A expectativa é que os testes iniciais ocorram por 6 meses, mas que ainda não foram iniciados por falta de estabilidade da rede. No entanto, o hospital já indica que começará por serviços de consultas remotas e exames à domicílio. Existe também um projeto-piloto para implementar a telemedicina na aviação.

“Tendo um passageiro com mal-estar, vai ter na cabine do piloto um telefone que ele poderá acionar o médico do hospital. Temos emergência que funciona 24 horas, com cardiologista, neurologista e serviços à disposição. Essa é a testagem atual. A tecnologia existe, vamos ver o quanto se sustenta”, afirma Melina.

Até o momento, os testes estão sendo realizados ainda sem o 5G, mas ele poderia ampliar a utilização para localidades onde as outras redes não conseguem fazer a conexão entre a aeronave e o hospital, assim como melhorar o tempo de resposta do atendimento. Esse projeto está sendo desenvolvido em parceria com uma companhia, e caso se confirme a viabilidade, pode estar disponível em breve.




Autor: Rafael Machado
Fonte: futurodasaude
Sítio Online da Publicação: futurodasaude
Data: 10/08/2022
Publicação Original: https://futurodasaude.com.br/chegada-rede-5g/

Nenhum comentário:

Postar um comentário