terça-feira, 21 de novembro de 2023

Pesquisadores demonstram que antimatéria cai sob ação da gravidade


explosão que deu origem ao universo, o Big Bang. Porém, não há resquícios dessa antimatéria primordial, o que tornou por décadas o estudo da mesma um desafio para a comunidade científica mundial. “O mistério do que ocorreu com a antimatéria primordial era respondido por um pequeno grupo de físicos com a hipótese radical da existência de uma suposta antigravidade, que seria uma repulsão gravitacional. Com nossos resultados, essa hipótese esta morta”, contextualizou Lenz.

Equipe de brasileiros no CERN: sentado, o aluno de doutorado Levi Azevedo; atrás, os pesquisadores Rodrigo Sacramento, Álvaro Nunes e Cláudio Lenz

Os experimentos de alto nível realizados pela equipe só poderiam ser realizados no CERN, único local do mundo que possui laboratórios capazes de reproduzir antiátomos de forma artificial, em grandes aceleradores e desaceleradores de partículas. Isso demonstra a importância do Brasil – num protocolo que agora tramita no Congresso para assinatura presidencial – se tornar membro desse grande acelerador onde experimentos únicos podem ser realizados no mundo.  “Durante os experimentos, criamos e aprisionamos átomos de anti-hidrogênio em uma armadilha magnética, dentro de um equipamento conhecido como desacelerador de antiprótons. Trata-se do único equipamento no mundo que pode obter antiprótons, a baixas energias. Os anti-átomos acabam aprisionados próximos de 0,5 kelvin, da ordem de -272.6 celsius”, detalhou Lenz.

Assim, os pesquisadores puderam testar o comportamento dos átomos de anti-hidrogênio em relação à gravidade, dentro desse equipamento. “Eles escaparam majoritariamente para baixo ao se abrir lentamente a armadilha vertical, exatamente como na queda da maçã de Newton”, contou Lenz. “Na Teoria da Relatividade, a interação gravitacional independe da composição dos corpos, se são antimatéria ou matéria. Com nosso experimento, vimos a compatibilidade com a teoria de Einstein”, destacou.

O experimento descrito no artigo foi realizado em meados de 2022 e o projeto, que conta com mais de 50 cientistas internacionais, vem sendo construído desde 2013. A concepção original do experimento foi descrita por Lenz num artigo de 1997, citada na publicação atual. A colaboração ALPHA é liderada por Jeffrey Hangst, da Universidade Aarhus, da Dinamarca, e envolve majoritariamente pesquisadores europeus e norte-americanos. Os outros brasileiros envolvidos são: Daniel Miranda Silveira e Rodrigo Lage Sacramento, também professores da UFRJ; e Álvaro Nunes, pesquisador do Inmetro e pós-doutor pelo grupo de pesquisa da Universidade Aarhus.



Autor: Débora Motta

Fonte: Faperj 

Sítio Online da Publicação: Faperj

Data: 16/11/2023P

Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=446.7.9

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