A monitorização prolongada de eventos cardíacos aumenta a detecção de FA subclínica em pacientes com AIT ou AVCi agudo que apresentam ritmo sinusal. Em contraste, a FA subclínica, se transitória, infrequente e em grande parte assintomática, pode não ser detectada no na monitorização padrão, como Holter de 24 ou 48 horas. Esta questão é discutida em ensaios de pacientes sem um mecanismo identificado para acidente vascular cerebral ou AIT:
No estudo CRYSTAL AF, 441 pacientes com acidente vascular cerebral criptogênico e nenhuma evidência de FA durante pelo menos 24 horas de monitorização com ECG foram aleatoriamente designados para monitorização ambulatorial prolongada com um monitor cardíaco subcutâneo ou a um grupo controle com acompanhamento convencional. Após seis meses, a detecção de FA foi significativamente maior no grupo com monitorização prolongada (8,9%, contra 1,4 por cento no grupo controle, razão de risco [FC] 6,4, IC 95% 1,9-21,7).
No ensaio EMBRACE, 572 pacientes que tiveram um AVCi criptogênico ou AIT (sem FA após monitorização cardíaca de 24 horas) nos últimos seis meses foram aleatoriamente designados para uma monitorização ambulatorial adicional com um “external loop recorder” de 30 dias (grupo de intervenção) ou um monitor Holter de 24 horas (grupo controle). Ao final do estudo, a taxa de detecção de FA foi significativamente maior no grupo intervenção (16,1%, versus 3,2% no grupo controle, IC 95% 8,0-17,6).
O ensaio PER DIEM randomizou 300 pacientes dentro de seis meses após o AVCi e nenhuma FA conhecida (66%). Um grupo com com um monitor cardíaco subcutâneo (colocado por um ano) e outro com “external loop recorder” (usado por quatro semanas). Após 12 meses, a detecção de nova FA com duração superior a dois minutos foi observada em um número maior de pacientes no grupo monitor cardíaco subcutâneo em comparação com o grupo “external loop recorder” (15,3 versus 4,7%, diferença absoluta 10,7%, IC 95% 4,0-17,3%).
Toda essa monitorização pode então reduzir o risco de AVCi recorrente, levando ao uso adequado de anticoagulação a longo prazo? Faltam evidências rigorosas de que a anticoagulação da FA subclínica melhora os resultados para pacientes inicialmente diagnosticados com AVCi criptogênico. Além disso, a duração mínima de tempo (em minutos) dos episódios de FA que aumenta o risco de formação de trombo nos átrios e, assim, aumenta o risco de AVCi cardioembólico não foi firmemente estabelecida.
Embora faltem evidências, alguns autores sugerem terapia anticoagulante para pacientes com diagnóstico inicial de AVCi criptogênico que apresentam FA de qualquer duração detectada no monitoramento de longo prazo.
Autor: Felipe Resende Nobrega
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 06/12/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/monitorizacao-de-longo-prazo-para-fa-subclinica-apos-avci/
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