quinta-feira, 2 de maio de 2024

Estudo inédito usa tecnologia Crispr para ‘editar’ transmissor da Doença de Chagas



Considerada uma doença negligenciada, mas que ainda afeta de seis a sete milhões de pessoas ao ano em todo o mundo, a Doença de Chagas é lembrada todo dia 14 de abril, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019 como Dia Mundial da Doença de Chagas. O objetivo é aumentar a conscientização sobre a doença, dar visibilidade e atenção à enfermidade e aumentar a cobertura diagnóstica, o índice de detecção precoce e o acesso igualitário ao tratamento. Prevalente nas Américas do Sul e Central, a doença está avançando cada vez mais para outros países e continentes.

No Programa de Biologia Celular e do Desenvolvimento do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ICB/UFRJ) a doutora em Biofísica Helena Araujo estuda diversos tipos de insetos, entre eles o Rhodnius prolixus, uma das cerca de 100 espécies de barbeiro vetor do protozoário Tripanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas. Na grande maioria das vezes, a transmissão vetorial ocorre pelo contato das fezes do inseto com a pele da pessoa, enquanto ele pica e se alimenta do sangue. No entanto, de uns anos para cá a transmissão oral aumentou, pela contaminação do açaí pelas fezes do barbeiro, que é atraído pelo fruto da palmeira. “Existe tecnologia disponível para contornar essa contaminação, mas nem todos os beneficiadores da polpa de açaí têm acesso a ela”, explica Helena, que faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular (INCT-EM).

Segundo a pesquisadora, o controle mais usual do barbeiro é por meio de inseticidas, uma alternativa que ao longo dos anos foi levando o inseto a desenvolver resistência. O controle biológico por modificação do genoma do inseto, que vem sendo testado com bons resultados para mosquitos, ainda não está disponível para o barbeiro. Por isso, o INCT-EM vem se dedicando ao estudo de novas ferramentas que possam modificar o barbeiro. Tais ferramentas são necessárias para que se possa produzir insetos incapazes de carregar os parasitas causadores da doença.

O estudo, que tem como primeiro autor Leonardo Lima, aluno de Doutorado, e Mateus Berni, que concluiu seu Pós-Doutorado, ambos bolsistas da FAPERJ supervisionados por Helena Araujo no ICB, também contou com a colaboração de dois grupos de pesquisa americanos, um chefiado por Ethan Bier, do Tata Institute for Genetics and Society, Universidade da Califórnia, em San Diego, que desenvolve tecnologias de Genética Ativa baseadas em Crispr, e outro com Jason Rasgon, do Center for Infectious Disease Dynamics, da Universidade Estadual da Pennsylvania, que desenvolveu a metodologia ReMOT para “delivery” dos elementos Crispr aos ovários de insetos.


Autor: FAPESP 

Fonte: FAPESP 

Sítio Online da Publicação: FAPESP 

Data: 29/04/2024

https://www.faperj.br/?id=534.7.7

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