terça-feira, 13 de setembro de 2022

SBPT divulga novo consenso sobre distúrbios do sono

 O sono pode ser acometido por diversos distúrbios respiratórios e o mais prevalente é a apneia obstrutiva do sono (AOS). Estimativas recentes sugerem que quase um bilhão de pessoas possam ter AOS, com cerca de 425 milhões de indivíduos com idade entre 30 e 69 anos sofrendo de AOS moderada a grave em todo o mundo.

A fisiopatologia da AOS é complexa podendo envolver quatro fenótipos principais: comprometimento da anatomia das vias aéreas (estreitamento/colapso), ineficiência dos músculos dilatadores das vias aéreas superiores (VAS), baixo limiar de despertar e o controle ventilatório instável (alto loop gain).

As apneias obstrutivas podem levar à hipóxia intermitente e discreta retenção de CO2, rompendo as respostas autonômicas e hemodinâmicas normais durante o sono. Ocorrendo repetidas vezes durante a noite e sendo acompanhadas pelo aumento da atividade simpática, mediada por quimiorreceptores, aumentam a atividade simpática dos vasos sanguíneos periféricos com consequente vasoconstrição podendo gerar diversas enfermidades. A obesidade é um preditor importante de AOS, sendo a principal causa de estreitamento das VAS. A AOS é mais comum nos homens do que nas mulheres, sendo que nas mulheres a prevalência é maior na pós-menopausa.

Fatores de risco

A AOS está associada, principalmente nas suas formas mais graves, com várias comorbidades cardiovasculares, como, por exemplo, AVC, doença arterial coronariana, HAS e arritmias (notadamente fibrilação atrial); sendo que o tratamento regular com CPAP pode reduzir o risco cardiovascular. Em indivíduos com HAS resistente, a prevalência de AOS pode chegar a cerca de 80%. A constante ativação do sistema nervoso simpático é a provável via responsável por esse aumento dos níveis pressóricos, sendo que a hipóxia intermitente, a pressão negativa intratorácica e o hiperaldosteronismo primário também podem estar envolvidos.

Os principais fatores de risco para AOS são o sexo masculino, a obesidade, a idade avançada e as alterações craniofaciais. Deve-se pesquisar, através da anamnese, a presença de roncos e apneias presenciadas (principalmente nos homens) e sintomas de cansaço, fadiga, cefaleia matinal e insônia (principalmente nas mulheres), além da sonolência diurna excessiva.

Exames pertinentes

Dentre os diversos instrumentos de triagem, podemos salientar o questionário de Berlin, o questionário STOP-Bang, o escore NoSAS, e o questionário GOAL. A polissonografia (PSG) do tipo 1 é considerada o padrão ouro para o diagnóstico e estratificação de gravidade da AOS. Os aparelhos portáteis do tipo 3 são recomendados para o diagnóstico da AOS em indivíduos com alta probabilidade pré-teste para AOS moderada a grave e que não apresentem comorbidades graves e/ou descompensadas.

Pressão positiva

Atualmente, o tratamento com pressão positiva é recomendado para pacientes com IAH ≥ 15 eventos por hora, bem como para aqueles indivíduos com IAH de cinco a 14 eventos por hora e com sintomas de SDE, cognição prejudicada, distúrbio do humor, insônia ou com condições coexistentes, como HAS, doença cardíaca isquêmica ou história de AVC. Apesar de se considerar como uma adesão adequada o uso de CPAP por, pelo menos, quatro horas por noite e, no mínimo, 70% das noites, existe uma relação dose-resposta entre o uso de CPAP e diversos desfechos clínicos.

 Mensagens práticas:

A apneia do sono acomete cerca de 33% da população de São Paulo, sendo uma doença comum e relacionada a diversas alterações cardiovasculares e neuropsíquicas;

Os fenótipos da AOS incluem alterações da via aérea (mais comum), alterações dos músculos da via aérea, baixo limiar de despertar e alterações do centro ventilatório;

O CPAP continua sendo o principal tratamento, associado a perda de peso e mudanças do estilo de vida.





Autor: Guilherme das Posses Bridi
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 12/09/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/sbpt-divulga-novo-consenso-sobre-disturbios-do-sono/

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