O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Fiocruz irá realizar, entre os dias 16 e 18 de outubro, a segunda edição do Sanfoka. O projeto busca avançar, instituir e tornar orgânico na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) estudos, pesquisas, atividades escolares e extra-escolares sobre as questões e relações étnico-raciais.
O evento acontecerá na sede da EPSJV com o intuito de visibilizar e potencializar estudos e pesquisas que vêm sendo realizadas na escola, busca também, reivindicar a efetiva implantação das leis 10639/03 e 11.645/08 no Projeto Político Pedagógico da escola e na estrutura curricular e contribuir com a formação continuada dos professores e com a produção do conhecimento teórico-prático, sobretudo com processo de formação dos estudantes da escola.
Sobre o Sankofa
O conceito de Sankofa (Sanko = voltar; fa = buscar, trazer) origina-se de um provérbio tradicional entre os povos de língua Akan da África Ocidental, em Gana, Togo e Costa do Marfim. Em Akan “se wo were fi na wosan kofa a yenki” que pode ser traduzido por “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu”. Como um símbolo Adinkra, Sankofa pode ser representado como um pássaro mítico que voa para frente, tendo a cabeça voltada para trás e carregando no seu bico um ovo, o futuro.
Também se apresenta como um desenho similar ao coração ocidental. Os Ashantes de Gana usam os símbolos Adinkra para representar provérbios ou ideias filosóficas. Sankofa ensinaria a possibilidade de voltar atrás, às nossas raízes, para poder realizar nosso potencial para avançar. Sankofa é, assim, uma realização do eu, individual e coletivo. O que quer que seja que tenha sido perdido, esquecido, renunciado ou privado, pode ser reclamado, reavivado, preservado ou perpetuado. Ele representa os conceitos de auto identidade e redefinição. Simboliza uma compreensão do destino individual e da identidade coletiva do grupo cultural. É parte do conhecimento dos povos africanos, expressando a busca de sabedoria em aprender com o passado para entender o presente e moldar o futuro.
Deste saber africano, Sankofa molda uma visão projetiva aos povos milenares e aqueles desterritorializados pela modernidade colonial do “Ocidente”. Admite a necessidade de recuperar o que foi esquecido ou renegado. Traz aqui, ao primeiro plano, a importância do estudo da história e culturas africanas e afro-americanas, como lições alternativas de conhecimento e vivências para a contemporaneidade. Desvela, assim, desde a experiência africana e diaspórica, uma abertura para a heterogeneidade real do saber humano, para que nós possamos observar o mundo de formas diferentes. Em suma, perceber os nossos problemas de outros modos e com outros saberes. Em tempos de homogeneização, esta é a maior riqueza que um povo pode possuir” (Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana).
Confira a programação do evento:
Dia 16 de outubro:
Manhã (9:30h às 12:30h) / Local: Auditório da EPSJV
Abertura
Mesa 1: “Saberes e práticas na construção do conhecimento afrocentrado"
• Sonia Ribeiro (Secretaria das Mulheres e Políticas Raciais do Município de Santa Maria da Boa vista - Pernambuco)
• Carlos Machado (Professor Mestre em História – São Paulo)
Tarde (14:00h – 17:00h) / Local: Salas de aula da EPSJV
Oficinas
- Mídia Digital e empoderamento negro
- Slam das Meninas
- Yoga do ventre
- Mulheres ao Vento
- Caminhos do Macramê ao filtro dos sonhos
- Grafismo indígena
- Estética negra
- Yoni das Pretas
- Ervas Medicinais
- Abayomi
- Adinkra
- Representatividade negra na infância
- Religiões de matrizes africanas e intolerância no Brasil
- Desabafos sobre Racismos
Noite (18h às 22h)
Oficinas
- Mídia Digital e empoderamento negro
- Slam das Meninas
- Yoga do ventre
- Mulheres ao Vento
- Caminhos do Macramê ao filtro dos sonhos
- Grafismo indígena
- Estética negra
- Yoni das Pretas
- Ervas Medicinais
- Abayomi
- Adinkra
Mesa 2: “Movimento Negro como Educador" (20h30 às 22h)
• Elizabeth Campos (RedeCCAP de Empreendimentos Sociais para o Desenvolvimento Socialmente Justo, Democrático e Sustentável)
• Sonia Ribeiro (Secretaria das Mulheres e Políticas Raciais do Município de Santa Maria da Boa vista - Pernambuco)
Dia 17 de outubro:
Tarde (16h às 19h) / Local: Auditório da EPSJV
Mesa 3: Diálogos Sankofa - “Luta Anti-Racista: A formação de professores e a construção do conhecimento”.
• Claudia Foganholi (UFF)
• Pamela Carvalho (Mestranda em Educação da UFRJ)
• Mariana Truká (Índia do povo Truká, Coordenadora do CRAS-Indígena, e professora)
Dia 18 de outubro:
Manhã (9:30h às 12:30h) / Local: Auditório da EPSJV
Mesa 4: “O papel dos territórios na construção e descolonização dos currículos”
• Mariana Truká (Índia do povo Truká, Coordenadora do CRAS-Indígena, e professora)
• Valter do Carmo Cruz (Professor Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense)
Tarde e Noite Cultural (14h às 22h)
A tarde e noite cultural SANKOFA busca compartilhar e demonstrar conhecimento de alguns dos caminhos que muitos dos nossos grandes nomes da música produziram durante gerações, perpassando ritmos africanos, caribenhos, e latino-africano.
Nossa escolha é pelos gêneros musicais que demarca a intenção de divulgação e reapropriação artística cultural por negros e negras atuantes no intuito de promover a cultura negra através da sua arte!
Receberemos na EPSJV para essa atividade cultural:
A DJ Bieta, o DJ Buiu, Rodrigo Caê (Dj Set); Apresentações Musicais e intervenções e artístico e culturais dos estudantes da escola.
Exposições Permanentes do Sankofa 2018 (8h às 22h)
1- Ancestralidades e Colorismo;
2- Religiões de Matrizes Africanas e Indígenas;
3- Reinos, Impérios e Confederações Africanas antes da Invasão Européia;
4- “Sou eu, sou eu”! Sou eu? Biografias de atletas negras e negros que marcaram o esporte;
5- Museu dos Pretos Novos.
Autor: EPSJV/Fiocruz
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 10/10/2018
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/projeto-sankofa-discute-questoes-e-relacoes-etnico-raciais
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