A rede Corona-Ômica-RJ, para o monitoramento do coronavírus, recebeu mais recursos da FAPERJ e que possibilitam o monitoramento quinzenal no Estado do Rio de Janeiro. O monitoramento identificou, em maio, uma nova possível linhagem, originária da P.1.1.28, na região de Barra Mansa e de Porto Real, na divisa com o Estado de São Paulo, e que só agora foi denominada de P5. Esta linhagem possui, dentre outras, duas mutações na proteína Spike (E484Q e N501T) que podem estar associadas ao escape do sistema imunológico e com transmissibilidade do vírus. A descoberta foi amplamente divulgada pelos noticiários de jornais e emissoras de televisão ao longo da semana.
Os resultados também descrevem a a linhagem descendente da VOC gamma (P.1) que foi denominada de P.1.2. Esta linhagem foi inicialmente encontrada na região norte do Estado e agora já está disseminada em todas as regiões do Estado do Rio e em outros estados. Os dados de monitoramento ainda mostram que a linhagem P.1 continua sendo a mais frequente (78%) no Estado e, a baixa frequência da VOC Alpha (B.1.1.7) e o declínio da P.2, desde novembro do ano passado.
Segundo Ana Tereza Vasconcelos, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), o monitoramento municipal e em tempo real, realizado pelo Rio de Janeiro, é extraordinário para o Brasil, e está dentro das recomendações da Organização Mundial da Saúde que preconiza 18 dias como intervalo ideal entre a divulgação de novos dados. Dos 92 municípios fluminenses, 91 já estão sendo monitorados. De março até junho de 2021,mais de 2.300 amostras já foram sequenciadas e processadas no supercomputador Santos Dumont, do LNCC, instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Apenas o município de Comendador Levi Gasparian ainda não tem amostras coletadas.Os dados são de pacientes com diagnóstico confirmado da infecção pelo SARS-CoV-2 monitorados em centros de referências e hospitais do Estado do Rio de Janeiro. Os relatórios são emitidos a cada 15 dias com os dados atualizados de 380 amostras sequenciadas no período e que, imediatamente, são disponibilizadas no endereço eletrônico http://www.corona-omica.rj.lncc.br/#/.
O material é enviado pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels e pela Unidade de apoio ao diagnóstico da covid(UNADIG) ao Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenado pelo professor Amilcar Tanuri, que faz a extração do material. Em seguida, é sequenciado e analisado no LNCC, em Petrópolis, e os resultados saem em apenas cinco dias.
"Até o momento, o monitoramento não apresentou nenhuma nova cepa em circulação no Estado que cause preocupação relevante para o cenário epidemiológico, mas a vigilância segue investigando as modificações sofridas pelo SARS-CoV-2 e aprofundando os efeitos apresentados", esclarece Cláudia Mello, subsecretária adjunta da Secretaria de Estado de Saúde e idealizadora da pesquisa.
A Rede Corona-Ômica-RJ é integrada por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de laboratórios de diferentes instituições do Estado do Rio de Janeiro, incluindo além do LNCC e da UFRJ, a Secretaria Estadual de Saúde, Secretária Municipal do Rio de Janeiro, pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Fundação Getúlio Vargas (FGV). O projeto tem como foco o monitoramento epidemiológico do vírus SARS-CoV-2 por meio da vigilância genômica, a identificação de mutações e caracterização de novas linhagens. Além disso, atua na identificação e caracterização de fatores genômicos virais e do hospedeiro acometido pela covid-19 associados às manifestações clínicas da doença através da análise integrativa de dados ômicos (genômica viral, exomas e transcritomas humanos), epidemiológicos e metadados.
Autor: Claudia Jurberg
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 24/06/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4250.2.9
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