Cátia Walter explica que o programa inclui suportes como dispositivos móveis como tablets, IPads, incluindo aplicativos educativos com sistema de imagens e voz, especialmente direcionados para crianças com TEA. Esses aplicativos visam ensinar às crianças a explorar conteúdos de vocabulário e a organizar a fala, até então não funcional ou perdida, a partir da estruturação de sentenças.
O projeto da Faculdade de Educação da Uerj prevê assistência com três distintos terapeutas. O processo inicia-se com a fonoaudiologia. Em seguida a criança é atendida por psicopedagogo e, na etapa seguinte, por uma atendente terapêutica (aluna de psicologia). Todo o processo de estimulação é gravado em vídeos, diários de campo e acompanhado pelos especialistas que debatem cada avanço nas etapas de intervenção da pesquisa.
Do interior paulista, Catia Walter conta que veio para o Rio de Janeiro por conta de uma bolsa Faperj e não mais foi embora. A fonoaudióloga demonstra muita esperança no uso dos dispositivos geradores de fala para incrementar o desenvolvimento e organização da linguagem de crianças com autismo e relata um estudo de caso em atendimento pelos profissionais da Faculdade de Educação da Uerj.
Há nove meses em atendimento, B., um menino de sete anos, diminuiu consideravelmente comportamentos de gritos e puxar as pessoas quando desejava algo. A criança já está na segunda etapa do programa e passou a utilizar o dispositivo de forma independente, desenvolvendo fala funcional e interação comunicativa, que inclui expressões sobre seus desejos e também conversas em família.
B. é a primeira criança a utilizar o programa depois que a professora Cátia Walter voltou dos Estados Unidos. Ela passou sete meses na Universidade Central da Flórida (Bolsa de professor visitante da Capes) acompanhando o trabalho da equipe do professor Oliver Wendt com o uso de novas tecnologias em Comunicação Alternativa e Ampliada. De volta do Brasil, resolveu adaptar a metodologia e avaliar o impacto que poderia ter no desenvolvimento da fala de crianças com TEA no país.
Cátia: troca de experiências com pesquisadores dos EUA sobre o uso de novas tecnologias em Comunicação Alternativa e Ampliada
O programa utilizado denomina-se Vamos Conversar, adaptado do programa SPEAKALL! do professor Wendt, utiliza o aplicativo Snap+Core, um auxiliar eletrônico que usa digitalização do discurso para fornecer um modelo verbal de cartões pictográficos ou de fotos selecionados previamente pelos usuários. Em versões para IPads e computadores, a metodologia prevê o uso de até cinco fotos ou pictogramas que podem ser combinados para criar uma história ou mensagens, seguindo um protocolo já implementados e testados.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurobiológico, caracterizado por prejuízos sociocomunicativos e comportamentais. Uma parcela expressiva da população assim rotulada, não se utiliza ou compreende a fala, tampouco desenvolve, de maneira espontânea, repertórios não verbais de comunicação. Nessa perspectiva, a Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA), compreendida como formas de expressão pode substituir a fala incompreensível, não funcional ou inexistente, e torna-se uma alternativa promissora para aqueles que tem TEA e suas famílias.
Por enquanto, o serviço não está disponível para atendimentos de novas crianças, mas Cátia espera, em breve, poder treinar mais profissionais de saúde, educação e responsáveis pelas crianças com TEA e, assim, auxiliá-las nas interações sociais.
Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter tem apoio da FAPERJ para a realização de suas pesquisas desde 2010, por meio do programa de fomento à pesquisa Cientista do Nosso Estado.
Autor: Claudia Jurberg
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 23/06/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=132.7.1
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 23/06/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=132.7.1
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