fundamental para as tomadas de decisão, principalmente acerca de áreas de conservação”, ressalta Boeger. Para o pesquisador, o correto nome científico garante a veracidade da informação. Em sua opinião, a FAPERJ foi muito "ousada" em apoiar um projeto dessa monta.
Durante os próximos anos, a microbiologista Marinella Silva Laport enfrentará o desafio de coordenar o levantamento da lista de micro-organismos. Sua equipe é composta de oito colaboradores, que criarão uma rede para cada grupo/chave microbiológica. “Esses organismos estão em todo lugar – água, terra, ar –, por isso sua importância não é mensurável”, alega Marinella. Segundo a pesquisadora, não existe um catálogo de micro-organismos – que incluem arqueas e bactérias - no Brasil, e as informações ficam mais restritas às listas de coleções de cultura e aos trabalhos acadêmicos publicados. “Uma vez isso tudo catalogado, poderá ser base de apoio para o desenvolvimento de substâncias com aplicações em diferentes áreas, como por exemplo, novos medicamentos”.
Ricardo Drechsler: para o biólogo, o catálogo irá apresentar dados mais realistas. Já a microbiologista Marinella Silva Laport irá estudar organismos que estão em todo lugar - água, terra, ar -, e que ela avalia de importância imensurável (Fotos: Arquivos pessoais)
Formada em Biomedicina, mestre e doutora em Microbiologia, Marinella dá o exemplo das pesquisas conduzidas no Laboratório de Bacteriologia Molecular e Marinha do Departamento de Microbiologia Médica, Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre o potencial biotecnológico decorrente das associações entre esponjas marinhas e bactérias. Os estudos demonstram a possibilidade de desenvolvimento de antibióticos, enzimas, entre outros produtos, a partir dessa interação.
“O Reino Fungi é um grupo extremamente diverso, com estimativas de riqueza que chegam a 5 milhões de espécies”, esclarece o pesquisador e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Ricardo Drechsler. Biólogo, mestre em Biologia Vegetal e doutor em Biologia de Fungos, ele garante que existe uma grande lacuna de conhecimento quanto a diversidade/riqueza de fungos que ocorrem no Brasil. “O Catálogo da Vida do Brasil chega para engajar especialistas no objetivo de apresentar dados mais reais sobre a diversidade e ocorrência de espécies da Funga do Brasil. Os fungos habitam os mais variados habitats, desempenhando um papel fundamental na manutenção da vida na Terra, tanto na degradação de matéria orgânica morta (sapróbios) e ciclagem de nutrientes, quanto associados simbioticamente a uma grande variedade de organismos, incluindo plantas, animais, outros fungos, algas e protistas. São também organismos de grande importância econômica, sendo amplamente utilizados nos setores alimentício, medicinal, industrial e agrícola.
“Eles participam desde processos de fermentação (como na produção de pães, queijos e bebidas alcoólicas) até na produção de metabólitos primários (como enzimas e ácidos orgânicos) e secundários (como antibióticos, pigmentos e aromas), biorremediação de solos, como fungicidas e biopesticidas, e como inóculos para micorrização de sementes de cultivos agrícolas, entre muitos outros usos”, explica Dreschsler. Segundo o pesquisador, apesar de sua grande importância, menos de 10% da riqueza estimada para o Reino Fungi é conhecida, o que faz com que esse grupo de seres vivos seja um dos com maior potencial para descoberta de novas espécies nas áreas de taxonomia e bioprospecção. Já o conhecimento dos fósseis, pode revelar formas de adaptação dos seres vivos às mudanças ambientais ao longo dos anos e suas estratégias para enfrentar as alterações climáticas cada vez mais severas.
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 20/04/2023
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=306.7.1
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Data: 20/04/2023
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