Rede de pesquisa reúne 40 laboratórios de centros de pesquisa, de primatologia e zoológicos do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso e Amazonas (Fotos: Divulgação) |
O coronavírus encontrado é um betacoronavírus da linhagem A e foi nomeado de Ptajacu-CoV. A identificação aconteceu em três porcos do mato, no Rio de Janeiro, e que apresentaram sintomas como prostração, apatia e intensa desidratação, além de danos pulmonares e renais, que acabaram levando os animais ao óbito. Até o momento, nenhum outro caso desse tipo foi detectado no mundo e também se desconhece riscos para os seres humanos.
Liderados por André Felipe Andrade dos Santos, do Instituto de Biologia da UFRJ, a rede busca estabelecer protocolos de sequenciamento massivo para investigação e monitoramento de vírus circulantes. O pesquisador recebeu recursos para o desenvolvimento do estudo por meio de proposta submetida e aprovada no edital Apoio a Projetos Temáticos no Estado do Rio de Janeiro, lançado pela FAPERJ em agosto de 2021.
Andrade explica que a identificação de vírus, até então, era realizada, principalmente, por meio de cultura celular e da caracterização molecular, teste que depende de aparelhos como PCR e de profissionais capacitados em sequenciamento viral. Mas, segundo ele, muitos vírus não são propagados e nem identificados em cultura celular. Diante desse cenário, a descoberta de novos vírus era limitada.
André Felipe Andrade dos Santos: pesquisador lidera rede que busca estabelecer protocolos de sequenciamento massivo para investigação e monitoramento de vírus circulantes no País |
Mas com o surgimento de técnicas de sequenciamento massivo, conhecidas pela sigla HTS (do inglês, High-Throughput Sequencing), tudo mudou. Os custos de sequenciamento de genoma foram reduzidos de forma impactante e a variedade de análises foi amplificada. Hoje, já é possível sequenciar toda a população viral presente em amostras biológicas como fezes, sangue e saliva de mamíferos.
Rapidez na caracterização da diversidade viral dos reservatórios animais e controle de possíveis surtos de doenças em primatas, roedores e morcegos mantidos em cativeiro ou de vida livre são os principais objetivos que podem, ainda, servir de alerta para a população sobre riscos de doenças em animais serem transmitidas para a sociedade.
Estima-se que entre 60 a 75% de todas as doenças infecciosas emergentes são de origem animal e que a rápida expansão das atividades humanas sobre o meio ambiente tem resultado em maior potencial de troca de agentes infecciosos, por isso a vigilância é necessária e imprescindível.
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 13/04/2023
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=296.7.9
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