O baracitinibe é um inibidor seletivo das enzimas JAK1 e JAK2, que já era usado no tratamento de artrite reumatóide e outras condições inflamatórias. Como a cascata inflamatória desregulada tem um papel importante na fisiopatogenia dos casos graves de Covid-19, esse fármaco despertou interesse por sua ação imunomoduladora e por sua formulação oral.
Dois estudos publicados em revistas de alto impacto mostram benefícios com o uso de baracitinibe, sugerindo que essa medicação pode ser uma nova opção terapêutica contra a doença.
ACTT-2
Publicado na The New England Journal of Medicine, o ACTT-2 foi um estudo multicêntrico internacional, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo que avaliou o uso de baracitinibe e remdesivir vs. remdesivir e placebo no tratamento de casos hospitalizados de covid-19. O processo de randomização foi estratificado de acordo com o local de recrutamento e pela gravidade inicial do quadro clínico.
Todos os participantes também receberam o tratamento padrão de cada centro de recrutamento. Entretanto, outros tratamentos considerados experimentais foram proibidos, o que, na época em que o estudo foi conduzido, incluía glicocorticoides.
O desfecho primário foi tempo para recuperação em 28 dias após a inclusão no estudo, que foi definida como o primeiro dia em que o participante se enquadra nas categorias 1,2 ou 3 na escala de 8 categorias.
COV-BARRIER
O COV-BARRIER é um estudo publicado mais recentemente na The Lancet Respiratory Medicine. Também se trata de um ensaio clínico multicêntrico internacional, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, porém avaliando baracitinibe vs. placebo.
Indivíduos eram elegíveis se tivessem 18 anos ou mais, tinham infecção por SARS-CoV-2 confirmada laboratorialmente com necessidade de internação, tinham evidência de pneumonia ou doença sintomática e pelo menos um marcador inflamatório elevado (PCR, D-dímero, LDH ou ferritina).
Todos os participantes receberam o tratamento padrão local. Diferente do ACTT-2, o uso de dexametasona conforme posologia do estudo RECOVERY, mas doses mais altas só foram permitidas se usadas para outras indicações que não covid-19, como asma ou DPOC. A randomização foi estratificada pela gravidade inicial da doença, idade (< 65 ou ≥ 65 anos), região geográfica e uso ou não de corticoides.
O desfecho primário consistiu no desfecho combinado da proporção de participantes que progrediram para uso de oxigênio de alto fluxo, ventilação não invasiva, ventilação mecânica ou ECMO, ou morte no D28.
Publicado na The New England Journal of Medicine, o ACTT-2 foi um estudo multicêntrico internacional, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo que avaliou o uso de baracitinibe e remdesivir vs. remdesivir e placebo no tratamento de casos hospitalizados de covid-19. O processo de randomização foi estratificado de acordo com o local de recrutamento e pela gravidade inicial do quadro clínico.
Todos os participantes também receberam o tratamento padrão de cada centro de recrutamento. Entretanto, outros tratamentos considerados experimentais foram proibidos, o que, na época em que o estudo foi conduzido, incluía glicocorticoides.
O desfecho primário foi tempo para recuperação em 28 dias após a inclusão no estudo, que foi definida como o primeiro dia em que o participante se enquadra nas categorias 1,2 ou 3 na escala de 8 categorias.
COV-BARRIER
O COV-BARRIER é um estudo publicado mais recentemente na The Lancet Respiratory Medicine. Também se trata de um ensaio clínico multicêntrico internacional, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, porém avaliando baracitinibe vs. placebo.
Indivíduos eram elegíveis se tivessem 18 anos ou mais, tinham infecção por SARS-CoV-2 confirmada laboratorialmente com necessidade de internação, tinham evidência de pneumonia ou doença sintomática e pelo menos um marcador inflamatório elevado (PCR, D-dímero, LDH ou ferritina).
Todos os participantes receberam o tratamento padrão local. Diferente do ACTT-2, o uso de dexametasona conforme posologia do estudo RECOVERY, mas doses mais altas só foram permitidas se usadas para outras indicações que não covid-19, como asma ou DPOC. A randomização foi estratificada pela gravidade inicial da doença, idade (< 65 ou ≥ 65 anos), região geográfica e uso ou não de corticoides.
O desfecho primário consistiu no desfecho combinado da proporção de participantes que progrediram para uso de oxigênio de alto fluxo, ventilação não invasiva, ventilação mecânica ou ECMO, ou morte no D28.
Resultados
Os resultados dos dois estudos estão sumarizados na tabela abaixo.
ACTT-2 | COV-BARRIER | |
Tipo de estudo | Ensaio clínico randomizado duplo-cego e controlado por placebo | Ensaio clínico randomizado duplo-cego e controlado por placebo |
Braços em investigação | Remdesivir + baracitinibe vs. Remdesivir + placebo | Baracitinibe vs. placebo |
Amostra | 1033 indivíduos (515 no grupo de intervenção combinada vs. 518 no grupo controle) | 1525 indivíduos (764 no grupo do baracitinibe vs. 761 no grupo placebo) |
Desfecho primário | Tempo para melhora clínica | Proporção de participantes que progrediram para uso de oxigênio de alto fluxo, ventilação não invasiva, ventilação mecânica ou ECMO, ou morte no D28. |
Resultados do desfecho primário | Mediana de melhora de 1 dia em relação ao grupo placebo para melhora clínica | Sem diferença entre os grupos no desfecho combinado |
Resultados de desfechos secundários | Participantes no grupo de terapia combinada apresentaram menor necessidade de novo uso de oxigênio, menos novo uso de ECMO ou ventilação mecânica e menos chance de progressão para morte ou VM | Mortalidade por todas as causas no D28 foi 38% menor no grupo que recebeu baracitinibe quando comparado com o grupo placebo; mortalidade em 60 dias continuou menor no grupo do baracitinibe |
Houve redução na mortalidade? | Não (estudo não foi desenhado para detectar diferenças em mortalidade) | Sim |
Resultados de segurança | Incidência similar de eventos adversos de graus 3 e 4 entre os grupos; a incidência geral de eventos graves e não graves de novas infecções foi menor no grupo de terapia combinada do que no grupo controle; pacientes que receberam corticoide após a randomização apresentaram maior incidência de novas infecções do que os que não receberam | A incidência de eventos adversos foi semelhante em ambos os grupos, embora numericamente menores no grupo do baracitinibe; a incidência de novas infecções foi semelhante entre os grupos |
Observações | Os resultados foram mais evidentes nos pacientes classificados inicialmente como escala 5 ou 6 | Na análise por subgrupos, baracitinibe apresentou redução de mortalidade nos participantes recebendo oxigênio de alto fluxo ou VNI, nos que não receberam remdesivir e independente do uso de corticoide; o estudo encontrou um NNT = 20 para prevenir uma morte com baracitinibe |
Mensagens práticas
- Baracitinibe mostrou redução de mortalidade por todas as causas em 28 e 60 dias em pacientes com Covid-19 confirmado hospitalizados, principalmente naqueles em uso de oxigenoterapia de alto fluxo ou ventilação não invasiva.
- Em ambos os estudos, o uso de baracitinibe não esteve associado a maior número de infecções e nem de eventos tromboembólicos.
- Baracitinibe está sendo investigado atualmente como um dos braços do estudo RECOVERY. Mais resultados devem ser lançados em relação à eficácia desse medicamento contra a Covid-19.
Autor: Isabel Cristina Melo Mendes
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 14/09/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/baracitinibe-estudos-sugerem-que-medicamento-pode-ser-opcao-terapeutica-contra-covid-19/
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 14/09/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/baracitinibe-estudos-sugerem-que-medicamento-pode-ser-opcao-terapeutica-contra-covid-19/
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