Há diferentes graus e intensidade desse espectro chamado de FASD (em inglês, Fetal Alcohol Spectrum Disorders),cujas consequências vão desde alterações mais sutis até o transtorno mais grave congênitos e de neurodesenvolvimento, a SAF.
Estima-se, que no Brasil, 33% das gestantes ingerem alguma dose de álcool na gravidez. Além disso, acredita-se que 120 mil recém-nascidos (RN) anualmente nascem com síndrome alcoólica fetal. Para evitá-la, basta não ingerir qualquer tipo ou quantidade de bebida alcoólica durante a gravidez, ou interromper seu uso imediatamente assim que houver suspeição de gestação. Sabe-se que, em qualquer fase da gestação, o álcool é fator de risco, e não se conhece uma ingestão segura dessa substância.
A recomendação é ingestão zero de álcool, pois mesmo uma baixa quantidade ingerida é capaz de levar a aborto, prematuridade, baixo peso ao nascer e asfixia perinatal.
Devido a alta prevalência mundial (6 a 9 casos por 1000 nascidos vivos), todos os anos a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) faz campanha de alerta sobre os riscos do consumo de álcool na gravidez, com o objetivo de informar a população sobre o tema que permanece desconhecido por muitos.
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Estudos sobre a síndrome alcoólica fetal
Vários estudos já comprovam que o álcool é capaz de atravessar a barreira transplacentária e que a concentração deste no sangue fetal é equivalente à concentração no sangue materno (1 a 2h após ingestão). Porém, o organismo fetal não é capaz de metabolizar essa substância, levando a múltiplas malformações, principalmente no sistema nervoso central, confirmando que o álcool é um agente teratogênico.
A gravidade das manifestações clínicas depende de fatores como: quantidade, frequência, período da exposição fetal e outros fatores individuais maternos, genéticos e ambientais.
Em 2018, o tema ficou ainda mais relevante quando uma revista científica inglesa chamada Cerebral Cortex publicou um artigo chamado: “Prenatal Ethanol Exposure and Neocortical Development: a transgenerational model of FASD” demonstrando, em modelos experimentais, que a exposição pré-natal ao álcool pode gerar modificações epigenéticas específicas por 3 gerações, podendo levar a diminuição do peso cerebral e corporal, defeito na expressão do RNA e desenvolvimento anormal de conexões cerebrais, além de aumentar as chances de ansiedade, depressão e alteração na coordenação motora.
Considerações
Os danos, infelizmente, são irreversíveis e de difícil manejo, que é baseado em reabilitação, educação especial, equipe multidisciplinar e tratamento para controle do déficit de atenção e hiperatividade.
Infelizmente, não há cura para essa doença, por isso a única recomendação é a prevenção.
Autora:
Larissa Pires Marquite da Silva
Graduada em Medicina pela UNIGRANRIO ⦁ Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Geral de Nova Iguaçu ⦁ Título de Especialista em Neonatologia pela Sociedade Brasileira de Pediatria ⦁ Pós-Graduação em Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal pela Faculdade Redentor ⦁ Atualmente é Coordenadora do Serviço de Pediatria da Santa Casa de Barra Mansa ⦁ Tem experiência em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica e Pediatria.
Referências bibliográficas:
ABBOTT, C. W. et al. Prenatal Ethanol Exposure and Neocortical Development: A Transgenerational Model of FASD. Cereb Cortex, v.28, n.8, p.2908-2921, 2018
FLAK, A. L. et al. The association of mild, moderate, and binge prenatal alcohol exposure and child neuropsychological outcomes: a meta-analysis. Alcohol Clin Exp Res, v.38, n.1, p.214-226, 2014
SUNDERMANN, A. C. et al. Week-by-week alcohol consumption in early pregnancy and spontaneous abortion risk: a prospective cohort study. Am J Obstet Gynecol, v.224, n.1, p.97.e1-97.e16, 2021
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. “Fetal alcohol spectrum disorders”. 2018.
NATIONAL INSTITUTE ON ALCOHOL ABUSE AND ALCOHOLISM. Fetal Alcohol Exposure. 2019. Disponível em: https://www.niaaa.nih.gov/sites/default/files/FASD.pdf Acesso em: 14/09/2021
MESQUITA, M. A. Manifestações clínicas e critérios diagnósticos do espectro de desordens fetais alcoólicas. In: SEGRE, C. A. M. (coord). São Paulo: SPSP; 2017
Autor: Larissa Pires Marquite da Silva
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 15/09/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/dia-mundial-da-prevencao-a-sindrome-alcoolica-fetal-o-que-a-exposicao-ao-alcool-na-gravidez-gera/
Estudos sobre a síndrome alcoólica fetal
Vários estudos já comprovam que o álcool é capaz de atravessar a barreira transplacentária e que a concentração deste no sangue fetal é equivalente à concentração no sangue materno (1 a 2h após ingestão). Porém, o organismo fetal não é capaz de metabolizar essa substância, levando a múltiplas malformações, principalmente no sistema nervoso central, confirmando que o álcool é um agente teratogênico.
A gravidade das manifestações clínicas depende de fatores como: quantidade, frequência, período da exposição fetal e outros fatores individuais maternos, genéticos e ambientais.
Em 2018, o tema ficou ainda mais relevante quando uma revista científica inglesa chamada Cerebral Cortex publicou um artigo chamado: “Prenatal Ethanol Exposure and Neocortical Development: a transgenerational model of FASD” demonstrando, em modelos experimentais, que a exposição pré-natal ao álcool pode gerar modificações epigenéticas específicas por 3 gerações, podendo levar a diminuição do peso cerebral e corporal, defeito na expressão do RNA e desenvolvimento anormal de conexões cerebrais, além de aumentar as chances de ansiedade, depressão e alteração na coordenação motora.
Considerações
Os danos, infelizmente, são irreversíveis e de difícil manejo, que é baseado em reabilitação, educação especial, equipe multidisciplinar e tratamento para controle do déficit de atenção e hiperatividade.
Infelizmente, não há cura para essa doença, por isso a única recomendação é a prevenção.
Autora:
Larissa Pires Marquite da Silva
Graduada em Medicina pela UNIGRANRIO ⦁ Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Geral de Nova Iguaçu ⦁ Título de Especialista em Neonatologia pela Sociedade Brasileira de Pediatria ⦁ Pós-Graduação em Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal pela Faculdade Redentor ⦁ Atualmente é Coordenadora do Serviço de Pediatria da Santa Casa de Barra Mansa ⦁ Tem experiência em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica e Pediatria.
Referências bibliográficas:
ABBOTT, C. W. et al. Prenatal Ethanol Exposure and Neocortical Development: A Transgenerational Model of FASD. Cereb Cortex, v.28, n.8, p.2908-2921, 2018
FLAK, A. L. et al. The association of mild, moderate, and binge prenatal alcohol exposure and child neuropsychological outcomes: a meta-analysis. Alcohol Clin Exp Res, v.38, n.1, p.214-226, 2014
SUNDERMANN, A. C. et al. Week-by-week alcohol consumption in early pregnancy and spontaneous abortion risk: a prospective cohort study. Am J Obstet Gynecol, v.224, n.1, p.97.e1-97.e16, 2021
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. “Fetal alcohol spectrum disorders”. 2018.
NATIONAL INSTITUTE ON ALCOHOL ABUSE AND ALCOHOLISM. Fetal Alcohol Exposure. 2019. Disponível em: https://www.niaaa.nih.gov/sites/default/files/FASD.pdf Acesso em: 14/09/2021
MESQUITA, M. A. Manifestações clínicas e critérios diagnósticos do espectro de desordens fetais alcoólicas. In: SEGRE, C. A. M. (coord). São Paulo: SPSP; 2017
Autor: Larissa Pires Marquite da Silva
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 15/09/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/dia-mundial-da-prevencao-a-sindrome-alcoolica-fetal-o-que-a-exposicao-ao-alcool-na-gravidez-gera/
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