quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Ondas de calor simultâneas já são sete vezes mais frequentes do que na década de 1980


Ondas de calor simultâneas, em junho de 2021. Imagem WMO

Ondas de calor simultâneas já são sete vezes mais frequentes do que na década de 1980

Os eventos de calor simultâneos também ficaram mais quentes e maiores: sua intensidade aumentou 17% e sua extensão geográfica aumentou 46%

Várias ondas de calor grandes do tamanho da Mongólia ocorreram ao mesmo tempo quase todos os dias durante as estações quentes da década de 2010 em todo o hemisfério norte, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Washington State University*.

Usando dados climáticos de 1979 a 2019, os pesquisadores descobriram que o número de ondas de calor ocorrendo simultaneamente nas latitudes médias e altas do Hemisfério Norte foi sete vezes maior na década de 2010 do que na década de 1980. Em média, houve ondas de calor simultâneas em 143 dias de cada ano da década de 2010 – quase todos os dias dos 153 dias dos meses quentes de maio a setembro.

Os eventos de calor simultâneos também ficaram mais quentes e maiores: sua intensidade aumentou 17% e sua extensão geográfica aumentou 46%.

“Mais de uma onda de calor ocorrendo ao mesmo tempo, muitas vezes tem impactos sociais piores do que um único evento”, disse Cassandra Rogers, pesquisadora de pós-doutorado da WSU e autora principal do estudo no Journal of Climate . “Se certas regiões dependem umas das outras, por exemplo para agricultura ou comércio, e ambas estão passando por estresses ao mesmo tempo, podem não ser capazes de responder a ambos os eventos.”

Ondas de calor podem causar desastres, desde quebras de safra até incêndios florestais. Ondas de calor simultâneas podem multiplicar essas ameaças, apontaram os autores, esgotando a capacidade dos países de fornecer ajuda mútua em crises, como foi visto durante os vários incêndios florestais nos EUA, Canadá e Austrália associados às ondas de calor de 2019 e 2020. Um estudo anterior também descobriu que ondas de calor simultâneas causaram uma queda de cerca de 4% na produção agrícola global.

Este estudo definiu grandes ondas de calor como eventos de alta temperatura que duram três dias ou mais e cobrem pelo menos 1,6 milhões de quilômetros quadrados (cerca de 620.000 milhas quadradas), o que é aproximadamente equivalente ao tamanho da Mongólia ou do Irã.

Os pesquisadores analisaram os dados ERA5 produzidos pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Alcance, que combina grandes quantidades de dados observacionais de estações meteorológicas em terra, boias de água e aeronaves, bem como dados de satélites com modelos de previsão do tempo. O ERA5 fornece estimativas globais completas de dados horários para várias variáveis climáticas a partir de 1979, quando os dados de satélite se tornaram disponíveis, razão pela qual o estudo se concentrou neste período de tempo.

Usando esses dados observacionais, os pesquisadores descobriram que o principal impulsionador das ondas de calor foi o aumento geral da temperatura média global devido à mudança climática. O mundo aqueceu 1 grau Celsius (cerca de 1,8 graus Fahrenheit) no último século, com a grande maioria do aumento, dois terços, ocorrendo desde 1975. Os pesquisadores também descobriram que o aumento da ocorrência de dois padrões de circulação hemisférico tornou áreas específicas mais vulneráveis a ondas de calor simultâneas, incluindo leste da América do Norte, leste e norte da Europa, leste da Ásia e leste da Sibéria.

O estudo adiciona mais evidências para a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar as mudanças climáticas, disseram os pesquisadores, e o aumento contínuo da temperatura significa que o mundo deve se preparar para mais ondas de calor simultâneas.

“Como sociedade, não estamos adaptados aos tipos de eventos climáticos que estamos vivenciando”, disse o coautor Deepti Singh, professor associado da WSU na Escola de Meio Ambiente.

“É importante entender como podemos reduzir nossa vulnerabilidade e adaptar nossos sistemas para serem mais resilientes a este tipo de eventos de calor que têm impactos sociais em cascata.”

Além de Rogers e Singh, os autores do estudo incluem Kai Kornhuber da Columbia University, Sarah Perkins-Kirkpatrick da University of New South Wales na Austrália e Paul Loikith da Portland State University. Esta pesquisa foi apoiada pela National Science Foundation e pelo Australian Research Council.

Referência:

Rogers, C. D., Kornhuber, K., Perkins-Kirkpatrick, S. E., Loikith, P. C., & Singh, D. (2021). Six-fold increase in historical Northern Hemisphere concurrent large heatwaves driven by warming and changing atmospheric circulations, Journal of Climate (published online ahead of print 2021).
Retrieved Dec 16, 2021, DOI: https://doi.org/10.1175/JCLI-D-21-0200.1

Henrique Cortez *, tradução e edição.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 16/12/2021





Autor: Henrique Cortez
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 16/12/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4392.2.2

Jogo ensina de forma didática as etapas de descoberta e desenvolvimento de novos fármacos

Na fronteira do conhecimento, pesquisadores em todo o mundo se dedicam ao desenvolvimento de novos fármacos, princípios ativos que são a base para a produção dos medicamentos. Mas quais são as etapas a serem percorridas para que essas substâncias inovadoras cheguem à população, desde a sua síntese na bancada do laboratório até a produção industrial? Um jogo de tabuleiro desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por uma equipe multidisciplinar ensina, de forma lúdica e didática, todas as etapas desse longo processo. Batizado de Screener (https://screener.com.br), o game foi chancelado pela Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE) para distribuição aos programas de pós-graduação da área (em Farmacologia, Farmácia, Química medicinal-farmacêutica) e inclui um livro sobre o assunto.

“O processo de desenvolvimento de um novo fármaco é longo. Requer em média 11 anos de estudos e investimentos da ordem de dois bilhões de dólares”, contou o professor François Noël, do Programa de Pós-graduação em Farmacologia e Química Medicinal, vinculado ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da universidade. Ele foi o responsável pela produção do conteúdo científico do jogo e vem se dedicando aos seus projetos de pesquisa com apoio da FAPERJ, por meio do programa Cientista do Nosso Estado.



Lançado durante o durante o congresso da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE), no final de novembro, o jogo possibilita compreender todo o processo de introdução de um novo fármaco no mercado, desde a validação de um alvo até o registro do novo medicamento junto à agência reguladora, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “O jogo, desenvolvido em português, vem suprir uma lacuna na formação de recursos humanos para a indústria farmacêutica no Brasil, com uma linguagem leve e bastante conteúdo”, ponderou o farmacologista.


Os coordenadores do projeto, Geraldo Xexéo (esq.) e François Nöel: material didático, elaborado em português, ajudará na formação de recursos humanos em Fármacos


O material foi desenvolvido em parceria com o professor Geraldo Xexéo, coordenador do Laboratório de Ludologia, Engenharia e Simulação, no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Ludes/Coppe/UFRJ), que tem o objetivo de investigar metodologias para o desenvolvimento de jogos e como aplicá-los para ajudar a sociedade. “Foi um trabalho multidisciplinar, que envolveu pesquisadores e alunos de diversos departamentos da UFRJ, ligados à Coppe, ao Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Centro de Ciências da Saúde (CCS) e a Escola de Belas Artes”, disse.

Com diversas cartas ricamente ilustradas, o Screener apresenta como desafio aos jogadores a realização de 29 tarefas divididas em quatro áreas fundamentais no desenvolvimento dos fármacos: Segurança, Farmacocinética, Desenvolvimento Farmacêutico e Eficácia. As cartas possuem código QR, que permitem o acesso a textos explicativos sobre cada atividade, além de um glossário com a descrição de 36 termos técnicos na tela do celular ou no livro que acompanha o jogo. O jogador vitorioso consegue acertar o caminho para registrar o novo fármaco na FDA (Food and Drug Administration, agência federal americana equivalente à brasileira Anvisa).

Para o professor Noël, é necessário ampliar os investimentos na qualificação dos profissionais da área, para criar uma cultura inovadora que permita ao País atrair novos investimentos na indústria farmacêutica. “O jogo é uma forma de motivar nossos pós-graduandos para a inovação científica e tecnológica. É um produto desenvolvido a partir da integração de diversos pesquisadores dentro da universidade e, cada vez mais, é importante aproximar a produção acadêmica do meio empresarial”, concluiu.






Autor: Débora Motta
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 09/12/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4388.2.9

Casa da Ciência reabre para o público com nova exposição

Fechada desde março de 2020, por conta da pandemia, a Casa da Ciência (Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da UFRJ) retoma suas atividades nesta sexta-feira, 17 de dezembro, com a abertura da exposição "Brincadeiras de Criança!", que reúne esculturas em bronze feitas pelo artista plástico Ivan Cruz. A entrada é gratuita, mas será preciso fazer agendamento prévio pela página da Casa no Instagram e apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19, quando for o caso.

Concebida como um evento teste para voltar a receber o público, a mostra estará aberta, inicialmente, apenas nos dias 17 e 18. Na sexta-feira, o horário de visitação vai das 10h às 15h. No sábado, será das 10h às 16h. A ideia é que, a partir de janeiro, os dias e horários de funcionamento aumentem progressivamente.



Para receber o público com segurança, a lotação será de 50 pessoas por hora. Ao fazer o agendamento, o visitante poderá reservar até cinco ingressos. No dia marcado, ele poderá permanecer no espaço por uma hora no máximo. Os organizadores pedem que os interessados cheguem com antecedência de 15 minutos, levem suas garrafinhas de água, e, é claro, usem máscara.

Além de aproveitar o belo jardim do local, uma das atrações da Casa, quem for até lá neste fim de semana poderá visitar, também, a exposição "Alzheimer", que reúne obras de 20 artistas brasileiros sobre o tema. Fotografias, grafites, colagens e pinturas estão entre os trabalhos expostos no grande salão. Essa era a mostra que estava em cartaz quando o espaço foi fechado e que agora voltará a ser visitada. A princípio, as duas exposições continuarão até abril de 2022.

Apesar de suspender o atendimento presencial, a Casa da Ciência manteve o contato com o público, oferecendo atividades virtuais, desde o início da pandemia, por meio de um blog e das redes sociais. Para os profissionais foi promovido um curso de divulgação científica e mídias sociais. Para a garotada, um dos principais alvos da Casa, foram propostos experimentos e desenvolvidas ações, como a que destacou a importância das vacinas, com o intuito de estimular o interesse pela ciência.


Instaladas na área externa da Casa da Ciência, a exposição "Brincadeiras de Criança!" marca a volta das atividades presenciais ao espaço


Independente da atividade, a proposta é sempre valorizar a importância do conhecimento. “O conhecimento possibilita que as pessoas tomem as melhores decisões para as suas vidas. É importante podermos contar com um centro cultural que valorize a ciência e a tecnologia e que, por meio de suas atividades e programação, contribua para que a sociedade possa tomar sempre as melhores decisões”, afirma Ismar de Souza Carvalho, diretor da Casa da Ciência. A instituição, que completou 25 anos em 2020, vem contando com o apoio da Faperj.

Com a reabertura, já estão sendo planejadas as atividades para 2022. Uma delas, com o apoio da Fundação, será uma mostra dedicada à obra da artista plástica Fayga Ostrower. Haverá uma exposição relacionada à física e uma outra, maior, que ainda está sendo negociada. A Casa da Ciência também será cenário para alguns dos eventos em comemoração aos 200 anos da Independência.

Serviço:

Exposições "Brincadeiras de Criança!" e "Alzheimer"
Entrada franca com agendamento prévio.
Agendamento pelo Instagram:

https://www.instagram.com/casadacienciadaufrj/p/CXL8w7pFA66/?utm_medium=share_sheet

Casa da Ciência – Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da UFRJ
Rua Lauro Müller, 3 – Botafogo









Autor: Marcos Patricio
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 16/12/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4394.2.3

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

EVENTO DE LANÇAMENTO da série de webdocumentário

Olá, colegas

O NOSS (Núcleo de Pesquisa em Organizações, Sociedade e Sustentabilidade - EACH/USP) gostaria de convidar a todas e todos para o EVENTO DE LANÇAMENTO da série de webdocumentário “Repensando o Plástico” no dia 15/12, na próxima quarta-feira, às 17h no Canal do Youtube NOSS USP https://youtu.be/XPjh835sxzg

A série documental conta com 3 episódios que foram elaborados a partir de entrevistas com pesquisadores, empreendedores sociais, políticos, catadores e representantes da sociedade civil organizada que traçam um panorama do problema da poluição por plástico no cenário atual e suas perspectivas futuras. A iniciativa se destaca pela importância da discussão do tema, especialmente aos impactos do plástico no meio ambiente.

No Evento de Lançamento teremos um debate com entrevistados e convidados sobre os temas abordando no webdocumentário e após a transmissão ao vivo do primeiro episódio “O plástico no Antropoceno”. Nos dias 16 e 17 de dezembro, também às 17h, os Episódios 2: “Limites da reciclagem” e Episódios 3: “Governança da poluição por plástico”, respectivamente também estarão disponíveis no Canal!

A série documental é fruto de uma parceria entre o NOSS e a Moeté Filmes, e é um dos resultado do projeto intitulado "Repensando a poluição plástica após a pandemia da Covid-19, financiado pelo University Global Partnership Network (UGPN).



Para não perder nada sobre esse super evento, se inscrevam no canal do Youtube NOSS USP e ativem as notificações!



Autor: Lançamento Webdoc Repensando o plástico
Fonte: youtube
Sítio Online da Publicação: NOSS USP
Data: 15/12/2021

Mineração de criptomoedas e o acordo de Paris

Foto: © Michael Wensch/Domínio Público

Mineração de criptomoedas e o acordo de Paris, por Eduardo Henrique Silva Souza e Vivaldo José Breternitz
Apesar de estarem se tornando um pouco mais populares e terem criado milionários da noite para o dia, as criptomoedas ainda têm um longo caminho a percorrer para serem conhecidas e aceitas por grande parte da população.

Enquanto Miami está se tornando uma criptocity, negociando casas em bitcoins, utilizando a tecnologia de blockchain para registrar escrituras de imóveis e até mesmo planejando o pagamento de salários dos funcionários públicos com essa criptomoeda, a China proibiu qualquer tipo de operação com esses ativos no país, alegando o elevado consumo de energia exigido, mas provavelmente também preocupada com a estabilidade de seu sistema financeiro.

Além de falta de conhecimento de grande parte da população, as criptomoedas ainda enfrentam outro obstáculo: a pegada de carbono. Sem considerar outras criptomoedas, apenas a mineração de bitcoins gera tanto CO2 quanto a Irlanda ou a Grécia. Isso acontece em função de a mineração e o processamento das transações com esses ativos exigirem muita computação e, consequentemente, muita energia elétrica.



Após as barreiras lançadas pela China, foi detectado um aumento considerável de mineração de bitcoins na Suécia, o que levou o governo desse país a pedir à União Europeia que proíba essa atividade, alegando que a mineração, apenas no país, consome energia suficiente para abastecer 200 mil residências e que para minerar uma bitcoin se consome energia suficiente para rodar 1,8 milhão de quilômetros em um carro elétrico.

Enquanto se prepara para impor restrições à mineração em seu território, a Suécia pede também que as empresas envolvidas com a mineração de criptomoedas sejam proibidas de se certificarem como negócios sustentáveis. Segundo o governo sueco, se a proibição da mineração não ocorrer, será impossível à União Europeia atingir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris em termos de combate ao aquecimento global.

Eduardo Henrique Silva Souza é Mestrando em Computação Aplicada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e empresário da área.

Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor do Programa de Mestrado Profissional em Computação Aplicada da Universidade Presbiteriana Mackenzie .


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/12/2021





Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 13/12/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/12/13/mineracao-de-criptomoedas-e-o-acordo-de-paris/

Tornados podem ser mais prováveis com o aumento das temperaturas globais

Tornados e mudanças climáticas: o que um mundo em aquecimento significa para tornados mortais e o tipo de tempestades que os geram

Por John Allen*
Professor Associado de Meteorologia, Central Michigan University

O surto de tornado mortal que devastou comunidades de Arkansas a Illinois na noite de 10 a 11 de dezembro de 2021 foi tão incomum em sua duração e força, especialmente em dezembro, que muitas pessoas, incluindo o presidente dos EUA, estão perguntando qual é o papel a mudança climática pode ter afetado – e se tornados se tornarão mais comuns em um mundo em aquecimento.

Ambas as perguntas são mais fáceis de fazer do que de responder, mas a pesquisa está oferecendo novas pistas.

Sou um cientista atmosférico que estuda tempestades convectivas severas como tornados e as influências das mudanças climáticas. Aqui está o que a pesquisa científica mostra até agora.




Os modelos climáticos ainda não podem ver tornados – mas podem reconhecer as condições dos tornados
Para entender como o aumento das temperaturas globais afetará o clima no futuro, os cientistas usam modelos de computador complexos que caracterizam todo o sistema terrestre, desde a energia do Sol fluindo até como o solo responde e tudo mais, ano a ano e estação a estação. Esses modelos resolvem milhões de equações em escala global. Cada cálculo aumenta, exigindo muito mais poder de computação do que um computador desktop pode suportar.

Para projetar como o clima da Terra mudará até o final do século, atualmente temos que usar uma escala ampla. Pense nisso como a função de zoom em uma câmera olhando para uma montanha distante. Você pode ver a floresta, mas as árvores individuais são mais difíceis de distinguir, e uma pinha em uma dessas árvores é muito pequena para ver, mesmo quando você amplia a imagem. Com modelos climáticos, quanto menor o objeto, mais difícil é de ver.

Os tornados e as fortes tempestades que os criam estão muito abaixo da escala típica que os modelos climáticos podem prever.

O que podemos fazer em vez disso é olhar para os ingredientes em grande escala que tornam as condições propícias para a formação de tornados.

Dois ingredientes principais para tempestades severas são (1) energia impulsionada por ar quente e úmido que promove fortes correntes ascendentes e (2) mudança da velocidade e direção do vento , conhecida como cisalhamento do vento , que permite que as tempestades se tornem mais fortes e durem mais. Um terceiro ingrediente, que é mais difícil de identificar, é um gatilho para a formação de tempestades, como um dia muito quente ou talvez uma frente fria. Sem esse ingrediente, nem todo ambiente favorável leva a tempestades ou tornados severos, mas as duas primeiras condições ainda tornam as tempestades severas mais prováveis.

Ao usar esses ingredientes para caracterizar a probabilidade de fortes tempestades e tornados se formando, os modelos climáticos podem nos dizer algo sobre o risco de mudança.

Como as condições de tempestade podem mudar
As projeções do modelo climático para os Estados Unidos sugerem que a probabilidade [1] geral de ingredientes favoráveis para tempestades severas [2] aumentará até o final do século 21 [3]. A principal razão é que o aquecimento das temperaturas, acompanhado pelo aumento da umidade na atmosfera, aumenta o potencial para fortes correntes ascendentes.

O aumento das temperaturas globais está provocando mudanças significativas em estações que tradicionalmente consideramos raramente produzindo clima severo. Aumentos mais fortes no ar úmido quente no outono, inverno e início da primavera significam que haverá mais dias com ambientes favoráveis de tempestades severas – e quando essas tempestades ocorrem, elas têm o potencial de maior intensidade.

O que estudos mostram sobre frequência e intensidade
Em áreas menores, podemos simular tempestades nesses climas futuros, o que nos deixa mais perto de responder se ocorrerão fortes tempestades. Vários estudos[4] têm modelado alterações [5] à frequência de tempestades intensas [6] para entender melhor esta mudança para o meio ambiente.

Já estamos vendo evidências nas últimas décadas de mudanças em direção a condições mais favoráveis para tempestades severas nas estações mais frias, enquanto a probabilidade de formação de tempestades no verão está diminuindo.

Para tornados, as coisas ficam mais complicadas. Mesmo em uma previsão exata para o dia seguinte, não há garantia de que um tornado se formará. Apenas uma pequena fração das tempestades produzidas em um ambiente favorável produzirá um tornado.

Várias simulações exploraram o que aconteceria se um surto de tornado [7] ou uma tempestade produtora de tornado ocorresse em diferentes níveis de aquecimento global. As projeções sugerem que tempestades [8] mais fortes e produtoras de tornados podem ser mais prováveis com o aumento das temperaturas globais, embora se intensifiquem menos do que poderíamos esperar do aumento na energia disponível.

O impacto de 1 grau de aquecimento
Muito do que sabemos sobre como o aquecimento do clima influencia fortes tempestades e tornados é regional, principalmente nos Estados Unidos. Nem todas as regiões ao redor do globo verão mudanças em ambientes de tempestades severas na mesma taxa.

Em um estudo recente [9] , colegas e eu descobrimos que a taxa de aumento em ambientes com fortes tempestades será maior no hemisfério norte e que aumenta mais em latitudes mais altas. Nos Estados Unidos, nossa pesquisa sugere que para cada 1 grau Celsius (1,8 F) que as temperaturas aumentam, um aumento de 14-25% em ambientes favoráveis é provável na primavera, outono e inverno, com o maior aumento no inverno. Isso é impulsionado predominantemente pelo aumento da energia disponível devido às altas temperaturas. Lembre-se de que se trata de ambientes favoráveis, não necessariamente tornados.

O que isso diz sobre os tornados de dezembro?
Para responder se a mudança climática influenciou a probabilidade ou intensidade dos tornados no surto de dezembro de 2021 , continua difícil atribuir qualquer evento único como este às mudanças climáticas. Influências de curto prazo, como o El Niño-Oscilação Sul, também podem complicar o quadro.

Certamente há sinais apontando na direção de um futuro mais tempestuoso, mas como isso se manifesta em tornados é uma área aberta de pesquisa.

Referências:

[1] https://doi.org/10.1073/pnas.1307758110

[2] https://doi.org/10.1175/JCLI-D-14-00382.1

[3] https://doi.org/10.1029/2021EF002277

[4] https://doi.org/10.1007/s10584-014-1320-z

[5] https://doi.org/10.1175/JCLI-D-16-0885.1

[6] https://doi.org/10.1007/s00382-017-4000-7

[7] https://doi.org/10.1175/WAF-D-19-0240.1

[8] https://doi.org/10.1175/JCLI-D-15-0623.1

[9] https://doi.org/10.1029/2021EF002277

Henrique Cortez *, tradução e edição.


* Este artigo foi publicado originalmente no site The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original em inglês: https://theconversation.com/tornadoes-and-climate-change-what-a-warming-world-means-for-deadly-twisters-and-the-type-of-storms-that-spawn-them-173645

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 14/12/2021





Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 14/12/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/12/15/tornados-podem-ser-mais-provaveis-com-o-aumento-das-temperaturas-globais/

7% dos imóveis rurais na Amazônia Legal e Matopiba têm CAR validado

7% dos imóveis rurais na Amazônia Legal e Matopiba têm CAR validado
CAR – Novo relatório do Observatório do Código Florestal aponta limitações na implementação da Lei que atrasam a restauração de cerca de 15 milhões de hectares de vegetação nativa

Às vésperas de completar 10 anos, o Código Florestal Brasileiro anda devagar, após avanços e recuos. Segundo relatório do Observatório do Código Florestal, mais de um terço (36%) da área a ser regularizada não foi cadastrada por seus proprietários rurais no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar). Dos cerca de 6,1 milhões de imóveis inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR), apenas 3,4% foram analisados e tiveram seus dados validados. O relatório mostra também que metade do déficit de Áreas de Preservação Permanente (APP) e 65% do déficit de Reservas Legais (RL) no país estão concentrados em grandes propriedades rurais.



“Apesar do país contar com uma legislação ambiental que permite cumprir metas climáticas e atender aos anseios dos importadores, todos os indicadores sugerem que ela ainda não foi devidamente aplicada. Avançar na implantação do Código Florestal é o nosso maior desafio atualmente”, afirma Roberta del Giudice, secretária executiva do Observatório do Código Florestal. “A não aplicação da lei deixa o Brasil vulnerável a questionamentos ambientais, que só tendem a crescer. O acordo global de florestas, anunciado na COP26, e o projeto da União Europeia de barrar importações contaminadas por desmatamento são apenas dois exemplos da transformação pela qual o comércio internacional está passando”, observa.

Nos 11 estados que compõem a Amazônia Legal e o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), regiões que sofrem intensa pressão de desmatamento e dos importadores de commodities agropecuárias, apenas 7% dos imóveis inscritos passaram por alguma etapa de análise dos órgãos ambientais. Em outros estados, o volume de avaliações vai de patamares entre 10 a 300 cadastros analisados em Alagoas, Maranhão, Goiás, Sergipe, Santa Catarina e Distrito Federal, até 72 mil cadastros avaliados e também validados no Espírito Santo, que é o estado mais avançado nesse processo. Minas Gerais, por outro lado, não possui dados disponíveis sobre a validação do CAR.

A análise e validação dos cadastros, que são autodeclaratórios, é de responsabilidade dos órgãos estaduais, que enfrentam limitações de pessoal e estrutura que comprometem a celeridade do processo, segundo o relatório do OCF. Isso impede a implantação de Programas de Regularização Ambiental (PRA), o instrumento legal que inicia a efetiva adequação de uma propriedade rural ao Código. Apenas 18 estados regulamentaram seus PRAs e, mesmo assim, várias de suas regras são de baixa qualidade técnica, o que inviabiliza sua operação ou leva a processos judiciais devido ao fato de reduzirem a proteção prevista no Código Florestal.

Além do baixo número de inscrições analisadas e validadas, cerca de 30% dos cadastros têm problemas de sobreposição com outras propriedades ou terras públicas. No Pará, por exemplo, foram cancelados mais de 4 mil cadastros em 2020. O estado possui 111.523 cadastros analisados e 1.449 cadastros validados.

Segundo o relatório do OCF, a área em que se aplica o CAR (área cadastrável) para imóveis rurais ocupa mais de 507 milhões de hectares no país. Com a exclusão das sobreposições, estima-se que cerca de 30% do total de 507 milhões de hectares da área rural do país ainda não foram cadastrados. Essas áreas, conhecidas como vazios do CAR, chegam a ocupar mais de 60% da área cadastrável no estado de Roraima e mais de 50% na Bahia. Oito estados têm mais de 40% de vazios do CAR em sua área cadastrável.

O relatório também trouxe a estimativa de déficit de vegetação nativa, ou seja, a área que precisa ser restaurada. São 2,3 milhões de hectares em Áreas de Preservação Permanente (APP) e 12,8 milhões de hectares em Reserva Legal (RL). Os grandes imóveis rurais são responsáveis por cerca de metade do déficit de APP e 65% do déficit de RL no país. São 345,5 mil hectares em imóveis pequenos e 8,2 milhões de hectares de déficit de RL e 1,1 milhão de hectares de déficit de APP em imóveis grandes.
Atraso na validação do CAR compromete fiscalização ambiental

O relatório do OCF aponta também que é baixo o número de ações judiciais relacionadas ao Código Florestal e ao desmatamento, indicando que o atraso na validação do CAR impede que órgãos de comando e controle usem adequadamente essa ferramenta em operações de monitoramento e fiscalização. Segundo o relatório, em 2018, apenas 13% das ações judiciais impetradas no Brasil estavam relacionadas ao meio ambiente, e os dados disponíveis não permitem uma separação entre ações para o combate ao desmatamento e outras. Nesse mesmo ano, em toda a região Norte, onde está localizada a Floresta Amazônica, apenas 6% das ações movidas pelo Ministério Público Estadual versavam sobre questões ambientais. No Pará, estado com maior índice de desmatamento em 2019, apenas 214 processos se relacionavam ao meio ambiente.

Segundo o relatório do OCF, “Esse cenário permissivo do descumprimento do Código Florestal contamina negativamente a sociedade brasileira e desacredita o país internacionalmente, trazendo prejuízos ao desenvolvimento sustentável do Brasil. As perdas decorrentes da não implantação do Código Florestal são econômicas, ambientais e sociais. Elas são diretamente responsáveis pela redução da biodiversidade, pelo desequilíbrio de ecossistemas, pelo desabastecimento hídrico, pelo aumento dos problemas de saúde, pela baixa produtividade agrícola e pela insegurança alimentar.”

De acordo com o mais recente levantamento do Mapbiomas, 78,3% da área de desmatamento no Cerrado – bioma responsável pela maior parte das exportações de commodities agrícolas do país – ocorreu dentro de propriedades privadas.

Sobre o Código Florestal – O Código Florestal brasileiro (Lei 12.651, de 25 de maio de 2012) – é a principal norma para o uso da terra e a conservação de florestas e outras formas de vegetação em terras privadas. Ele exige, por exemplo, que todos os agricultores conservem a vegetação natural de sua posse ou propriedade rural (com percentual de proteção variando entre 80% e 20%), além de proteger matas ciliares e topos de morros. A lei florestal pode ajudar a conservar mais de 162 milhões de hectares de vegetação nativa no Brasil, sequestrando cerca de 100 GtCO2, o que é crucial para que o país possa cumprir o compromisso assumido no âmbito do Acordo de Paris. Vale destacar que a maior parte das reduções nas emissões deveria resultar da contenção do desmatamento ilegal e da restauração de 12 milhões de hectares de florestas, ambas medidas necessárias para o cumprimento do Código Florestal, o que colocaria o setor agropecuário brasileiro na vanguarda da sustentabilidade mundial.

Além de poder levar a uma redução drástica do desmatamento, a implementação do Código Florestal também contribuirá para diminuir a violência no campo e promover a restauração de pouco mais de 15 milhões de hectares (cerca de 150 mil km2) – de déficits de vegetação natural. O Código Florestal tem o potencial de garantir a segurança hídrica e a sustentabilidade da produção agrícola, bem como reduzir os riscos jurídicos e ambientais para investidores, comerciantes e outros atores. Isso trará importantes benefícios sociais, ambientais e econômicos para o agronegócio, setor que responde por 21,4% do PIB brasileiro.

Sobre o Observatório do Código Florestal – O Observatório do Código Florestal foi criado em maio de 2013 para promover o controle social da implantação da Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012 (Código Florestal brasileiro) e garantir integridade ambiental, social e econômica às florestas em áreas privadas. Atualmente a rede é composta de 36 organizações da sociedade civil, que se juntaram pelo objetivo comum de proteção, restauração e uso sustentável das florestas.


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 14/12/2021





Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 14/12/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/12/15/7-dos-imoveis-rurais-na-amazonia-legal-e-matopiba-tem-car-validado/

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Dependência de opioides: um panorama brasileiro

Atualmente no Brasil ainda existe uma grande problemática envolvendo o consumo de opioides pois tanto o paciente reluta em aceitar a terapia quanto o médico tem dificuldades e pré conceitos que os leva a não prescrevê-los.

Existe, de fato, a crise de opioides enfrentada por países desenvolvidos como EUA e Canadá. A prescrição de metadona, por exemplo, cresceu 933% entre 1997 e 2005 nos EUA. O número de morte não intencional causada (overdose) aumentou 127% no período entre 1999 e 2002. Apesar do consumo de opioides nos países da América do Norte estar ultimamente em queda devido às políticas de monitoramento, há restrição na disponibilidade e ao uso de guidelines, entre os anos de 2016 e 2018 eles ainda eram responsáveis por cerca de 60% do consumo total de opioides no mundo. Tal fenômeno observado nessa região não foi replicado para os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil.

Quando comparado ao restante do mundo, a taxa de consumo de opioide na América Central e América do Sul é de aproximadamente 2% – logo, a interpretação da opioidofobia em nosso país deve ser individualizada. Existe, no entanto, um alerta importante a ser feito.

Em um estudo disponibilizado pela American Journal of Public Health, em 2018, que avaliou as prescrições de opioide no Brasil entre 2009 e 2015 mostrou que houve um aumento substancial na prescrição de opioide no país. A codeína é o opioide mais utilizado, sendo responsável por cerca de 98% das prescrições; a oxicodona, apesar de representar menos de 1% desse total, apresentou o maior aumento proporcional (de 0,07 para 0,8 prescrições por 1000 pessoas (RR = 11,39; 95% IC = 11,18 – 11,59) – neste trabalho, levaram em consideração apenas dados sobre codeína, fentanil e derivados (alfentanil e remifentanil) e oxicodona, sendo tais dados obtidos a partir da Anvisa.



Conheça a ampla gama de produtos que englobam dor, cuidados de suporte e oftalmologia da Mundipharma Brasil.

Como prescrever opioides de forma segura?

O opioide é o tratamento padrão-ouro no tratamento de dor oncológica e em outros tipos de dor de moderada a forte intensidade, como algumas dores neuropáticas e musculoesqueléticas. A prescrição precária de opioides em países desenvolvidos ou em desenvolvimento faz com que 75% da população não receba analgesia proporcional a sua dor.

Diante desse cenário, em que a medicação se faz necessária, porém com o uso forma responsável algumas medidas devem ser tomadas. Logo antes de iniciar a terapia com opioide, é fundamental a documentação completa do paciente: avaliação da dor e do seu quadro clínico geral, história psicossocial, condições psiquiátricas, eventual abuso de substâncias ilícitas assim como a assinatura do termo de consentimento informado.

Uma forma de realizar o rastreio de pacientes pertencentes a grupo de risco de adição seria utilizar o Opioid Risk Tool (ORT), que classifica os pacientes de baixo, moderado ou alto risco para abuso de opioides permitindo dessa forma um melhor monitoramento, opção por outra forma de tratamento ou associações de tratamentos (farmacológicos e não farmacológicos). A ORT é uma ferramenta em que se avalia o histórico do paciente e seus familiares em alcoolismo, tabagismo, abuso de drogas (ilícitas ou não), idade, histórico de abusos sexuais, histórico de transtornos mentais e depressão, pontuando diferentemente de acordo com o sexo.

Além disso, a educação continuada capacitando o profissional médico a prescrever a medicação de forma segura, baseada em protocolos, assim como criação de políticas públicas com recomendações cientificas nacionais e mesmo a criação de receita eletrônica seriam outras alternativas para estimular o uso correto dessa medicação.

A informação adequada do contexto do uso de opoide no país deve ser passada adiante. O seu uso abusivo nos países norte-americanos não se assemelha ao momento atual que o Brasil vive e dessa forma, a indicação adequada de sua prescrição deve ser estimulada para que o paciente possa ser beneficiado com essa opção terapêutica, sempre com segurança e baseado em protocolos além do monitoramento adequado.







Autor: Ana Emília Teófilo Salgado
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 14/12/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/dependencia-de-opioides-um-panorama-brasileiro/

Quiz: Cuidados com o recém-nascido e mãe puérpera soropositiva

Uma enfermeira está de plantão em uma maternidade e foi escalada para prestar cuidados de enfermagem a uma puérpera soropositiva e ao seu filho recém-nascido que nasceu através de uma cesariana há uma hora atrás.

A puérpera apresenta-se aflita e ansiosa porque deseja amamentar seu bebê e fala com a enfermeira “sonhei com este momento”.

A enfermeira presta os cuidados pós-parto a mãe e aproveita o momento para educar a mesma sobre os cuidados de saúde com o bebê.

recém-nascido

Quiz

  1. Pensando nos cuidados que uma enfermeira deveria prestar (no hospital e após a alta) a este recém-nascido, qual das alternativas abaixo NÃO seria apropriada para cuidar deste bebê?

 




Autor: Liziane Barros
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 14/12/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/caso-clinico-cuidados-com-o-recem-nascido/

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Empresa júnior apoia produção de cafés especiais no Noroeste Fluminense

Quem degusta um café especial produzido no Noroeste Fluminense pode até não saber, mas a qualidade do produto não está relacionada apenas a aspectos como o solo, o clima e as sementes utilizadas no plantio. O sabor da bebida mistura tudo isso com um outro ingrediente fundamental: o conhecimento. Os cafeicultores da região – de onde vêm 71% do café produzido no estado do Rio de Janeiro – estão buscando capacitação e, para isso, contam com a ajuda de instituições que prestam consultoria técnica. O resultado é a produção de cafés especiais, de melhor qualidade e maior valor agregado.

Um café especial é aquele que atinge 80 ou mais pontos, de um total de 100, segundo a metodologia de avaliação sensorial da Specialty Coffee Association (SCA), reconhecida em vários países. Entre os atributos analisados estão o sabor, a acidez, a doçura, o aroma, o corpo e a ausência de defeitos, entre outros itens. No Brasil, também é adotada a classificação da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), que divide o produto em três categorias a partir de uma escala de qualidade de 0 a 10 pontos: café tradicional, de 4,5 a 5,9 pontos; café superior, de 6 a 7,2 pontos; e café gourmet, a partir de 7,3 pontos.



A AlQualis Jr., empresa júnior do curso superior em Ciência e Tecnologia de Alimentos (CTA), do Campus Bom Jesus do Itabapoana do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF), faz parte dessa cadeia de consultores. Ao lado de instituições como o Sebrae, o Senar e a Cooperativa de Produtores de Café do Noroeste Fluminense (Coopercanol), a AlQualis Jr., criada em 2016, vem contribuindo para levar conhecimento técnico aos agricultores da região.

A empresa, gerida por alunos do curso, foi uma das contempladas pelo edital Programa de Apoio às Empresas Juniores do Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, cujo resultado foi anunciado em outubro passado. Os recursos obtidos estão sendo investidos na ampliação do Laboratório de Qualidade de Café do IFF, fundamental para as atividades desenvolvidas pelos estudantes.

Maria Barbatho: para a presidente da AlQualis, a disseminação de conhecimento técnico está contribuindo diretamente para a produção de cafés de melhor qualidade no interior fluminense


O projeto da AlQualis tem por objetivo, justamente, ampliar o conhecimento técnico dos cafeicultores da região visando a produção de cafés especiais. Tradicional produtor de café, localizado próximo à divisa com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, o Noroeste Fluminense reúne cerca de 1.200 pequenos produtores. São famílias de agricultores que, basicamente, vendem a maior parte da produção, em grãos, para as grandes indústrias de café.“O laboratório foi montado com recursos do edital da FAPERJ, lançado em 2019. Agora, a proposta é ampliar as atividades do laboratório, o que vai permitir a diversificação e o aprimoramento dos serviços oferecidos pela AlQualis para capacitação dos produtores de café”, explica o professor Daniel Coelho Ferreira, orientador dos alunos que atuam na empresa júnior.



“A falta de informação afeta, ainda hoje, uma parte dos agricultores. A região produz cafés de alta qualidade, mas a comunidade não conhece e não consome essas marcas. Os próprios produtores não acreditavam no seu potencial de produção”, explica Maria Barbatho, 21 anos, presidente da AlQualis e aluna do 6º período do curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos.

A empresa júnior, que mantém cooperação técnica com a Emater-Rio e já analisou 30 diferentes amostras de café da região, atualmente atende três clientes. O serviço incluí consultoria agrícola, que avalia aspectos como o terreno para plantio e a fertilização do solo; faz a moagem e a torra; a classificação física e sensorial de cada produto; e cuida da embalagem e da rotulagem.

O trabalho de consultoria técnica realizado pelas instituições, nos últimos anos, vem abrindo novas perspectivas para os produtores locais. É o caso dos proprietários do Sítio Boa Vista, na cidade de Varre-Sai, considerada a capital estadual do café. A família, que há mais de 80 anos planta café, decidiu lançar, em 2021, uma marca própria, o Café Especial Boa Vista.

O projeto está sendo tocado por Saulo José Ladeira de Souza, 22 anos, da quinta geração de produtores da família. Apesar de ter crescido entre os cafezais, Saulo sentiu a necessidade de se profissionalizar. Depois de fazer cinco cursos e buscar apoio das consultorias, ele é um dos clientes atendidos pela AlQualis.

Saulo Ladeira de Souza, do Sítio Boa Vista, inspeciona a área cultivada. Jovem produtor, buscou ajuda de consultores para lançar marca própria de café especial




Autor: Débora Motta
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 09/12/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4392.2.2

Jogo ensina de forma didática as etapas de descoberta e desenvolvimento de novos fármacos

Na fronteira do conhecimento, pesquisadores em todo o mundo se dedicam ao desenvolvimento de novos fármacos, princípios ativos que são a base para a produção dos medicamentos. Mas quais são as etapas a serem percorridas para que essas substâncias inovadoras cheguem à população, desde a sua síntese na bancada do laboratório até a produção industrial? Um jogo de tabuleiro desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por uma equipe multidisciplinar ensina, de forma lúdica e didática, todas as etapas desse longo processo. Batizado de Screener (https://screener.com.br), o game foi chancelado pela Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE) para distribuição aos programas de pós-graduação da área (em Farmacologia, Farmácia, Química medicinal-farmacêutica) e inclui um livro sobre o assunto.

“O processo de desenvolvimento de um novo fármaco é longo. Requer em média 11 anos de estudos e investimentos da ordem de dois bilhões de dólares”, contou o professor François Noël, do Programa de Pós-graduação em Farmacologia e Química Medicinal, vinculado ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da universidade. Ele foi o responsável pela produção do conteúdo científico do jogo e vem se dedicando aos seus projetos de pesquisa com apoio da FAPERJ, por meio do programa Cientista do Nosso Estado.



Lançado durante o durante o congresso da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE), no final de novembro, o jogo possibilita compreender todo o processo de introdução de um novo fármaco no mercado, desde a validação de um alvo até o registro do novo medicamento junto à agência reguladora, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “O jogo, desenvolvido em português, vem suprir uma lacuna na formação de recursos humanos para a indústria farmacêutica no Brasil, com uma linguagem leve e bastante conteúdo”, ponderou o farmacologista.


Os coordenadores do projeto, Geraldo Xexéo (esq.) e François Nöel: material didático, elaborado em português, ajudará na formação de recursos humanos em Fármacos


O material foi desenvolvido em parceria com o professor Geraldo Xexéo, coordenador do Laboratório de Ludologia, Engenharia e Simulação, no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Ludes/Coppe/UFRJ), que tem o objetivo de investigar metodologias para o desenvolvimento de jogos e como aplicá-los para ajudar a sociedade. “Foi um trabalho multidisciplinar, que envolveu pesquisadores e alunos de diversos departamentos da UFRJ, ligados à Coppe, ao Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Centro de Ciências da Saúde (CCS) e a Escola de Belas Artes”, disse.

Com diversas cartas ricamente ilustradas, o Screener apresenta como desafio aos jogadores a realização de 29 tarefas divididas em quatro áreas fundamentais no desenvolvimento dos fármacos: Segurança, Farmacocinética, Desenvolvimento Farmacêutico e Eficácia. As cartas possuem código QR, que permitem o acesso a textos explicativos sobre cada atividade, além de um glossário com a descrição de 36 termos técnicos na tela do celular ou no livro que acompanha o jogo. O jogador vitorioso consegue acertar o caminho para registrar o novo fármaco na FDA (Food and Drug Administration, agência federal americana equivalente à brasileira Anvisa).

Para o professor Noël, é necessário ampliar os investimentos na qualificação dos profissionais da área, para criar uma cultura inovadora que permita ao País atrair novos investimentos na indústria farmacêutica. “O jogo é uma forma de motivar nossos pós-graduandos para a inovação científica e tecnológica. É um produto desenvolvido a partir da integração de diversos pesquisadores dentro da universidade e, cada vez mais, é importante aproximar a produção acadêmica do meio empresarial”, concluiu.







Autor: Débora Motta
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 09/12/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4388.2.9

FAPERJ atualiza sua política de Propriedade Intelectual

As discussões sobre propriedade intelectual têm crescido no Brasil, desde 2004, quando foi aprovada a Lei de Inovação Federal (Lei 10.973). Mas, ainda hoje, o tema gera interpretações diferentes por parte dos entes envolvidos. Para se posicionar de forma clara em relação à questão, a FAPERJ acaba de lançar a sua Política de Propriedade Intelectual. As diretrizes estão reunidas em uma Portaria publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, dia 2 de dezembro.

O objetivo da Política é definir as regras do Direito de Propriedade Intelectual aplicadas às pessoas físicas e jurídicas que recebam algum tipo de auxílio, bolsa ou outra modalidade de fomento oferecida pela Fundação. As criações intelectuais passíveis de proteção abrangem invenções, programas de computador, desenhos industriais, marcas e novas variedades vegetais, entre outras.

O debate acerca do assunto envolve duas questões fundamentais: a titularidade ou cotitularidade da propriedade intelectual das criações e a participação em possíveis ganhos econômicos resultantes da exploração comercial dos desenvolvimentos protegidos apoiados pela FAPERJ.



Ao longo dos últimos anos, a FAPERJ chegou a alterar, por mais de uma vez, as suas diretrizes em relação ao tema. De acordo com um levantamento, que considerou como ponto de partida o ano de 2001, o percentual de participação em ganhos econômicos nunca havia sido definido até 2007. Em 2008, ele foi fixado em 5%, sendo reduzido para 1%, a partir de 2015.

“O Termo de Outorga, assinado por aqueles que recebem recursos da FAPERJ em programas de fomento, fala na destinação de 1% dos resultados econômicos obtidos. Mas, na verdade, nunca ficou muito bem definido o que vinha a ser esse resultado econômico e como ele deveria ser calculado. Na prática, esse percentual nunca foi cobrado e nada foi pago, ou seja, em todos esses anos a FAPERJ nunca recebeu nada”, explica o diretor de Tecnologia da Fundação, Maurício Guedes, que coordenou o grupo de trabalho criado para elaborar a Política da PI.

Ao longo de quatro meses, a equipe fez um minucioso levantamento acerca da legislação relacionada à questão e sobre os procedimentos adotados por agências de fomento com atividades similares às da FAPERJ, incluindo outras fundações estaduais de amparo à pesquisa.

Baseado na legislação em vigor e na finalidade de um órgão de fomento à pesquisa que tem, entre suas missões, a de estimular a inovação tecnológica, a FAPERJ decidiu abrir mão da cotitularidade da propriedade intelectual das criações desenvolvidas por seus parceiros, bem como da participação em possíveis ganhos econômicos.

Segundo o diretor de Tecnologia, a participação do estado ou da FAPERJ como cotitular nos projetos de criação poderia se tornar um obstáculo ao desenvolvimento desses projetos. “Ao abrir mão da titularidade e de possíveis retornos, a FAPERJ está contribuindo para estimular o processo de inovação da economia fluminense”, afirmou Maurício Guedes.

Para o presidente da FAPERJ, Jerson Lima, a questão da propriedade intelectual precisa ser tratada de forma clara. Caso contrário, poderia até mesmo inibir possíveis investimentos nos projetos. “Essas novas diretrizes são uma forma de a FAPERJ se ajustar às leis de inovação e ao Marco Legal federal e estadual no que diz respeito à propriedade intelectual”, afirmou Jerson. “Era preciso aperfeiçoar o tratamento dado a esse assunto. Portanto, é importante não amarrarmos esses projetos a nenhum tipo de retorno. Na verdade, a gente espera, sim, que os investimentos feitos pela Fundação retornem como benefícios para a sociedade e que resultem em mais emprego e aumento de renda”, explicou.

A demanda para elaboração de uma Política de Propriedade Intelectual nasceu nas reuniões do Conselho Superior da FAPERJ e, de certa forma, reflete as preocupações dos diferentes segmentos do setor de ciência, tecnologia e inovação nele representados.

Veja o conteúdo do Manual de Política de Propriedade Intelectual da FAPERJ no endereço abaixo:



Portaria FAPERJ Nº 535 – Publicada no D.O. em 1º/12/2021




Autor: Ascom Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: jornal.usp
Data: 02/12/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4386.2.8

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Genética ajuda a demonstrar colapso populacional de povos indígenas no Brasil após chegada de europeus

A história das ameaças de extermínio dos povos indígenas, que na América Latina permeia o passado e segue de outras formas no presente, também pode ser contada com ajuda das ciências genômicas. As estimativas de um estudo genético inédito sugerem que houve um colapso populacional de indígenas desde o período da invasão europeia à América do Sul. A maior redução aconteceu entre os Tupis (98.99%), seguida dos Andinos (95.6%) e os Jês (83,1%). Os povos da costa do Oceano Pacífico (Chile, Peru, Equador e Colômbia) sofreram redução em torno de 60%.

O estudo se baseou em dados genômicos coletados de 383 nativos de 58 grupos diferentes que habitavam o Brasil (região amazônica, o sul do Brasil e costa brasileira) e outras regiões da América Latina (México, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru – costa do Pacífico), contidos em um banco de dados produzidos pelos pesquisadores da USP e bancos públicos. Um artigo descrevendo a pesquisa, intitulado Population Histories and Genomic Diversity of South American Natives, foi publicado no periódico Oxford Academic Molecular Biology and Evolution no último dia 7. O primeiro autor é o biólogo e pesquisador Marcos Araújo Castro e Silva, orientando da professora Tábita Hunemeier, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, do Instituto de Biociências (IB) da USP.


A maior redução aconteceu entre os Tupis (98.99%), seguida dos Andinos (95.6%) e os Jês (83,1%) – Foto: USP Imagens


Dizimação dos índios brasileiros


Tábita Hunemeier, coordenadora do grupo de pesquisa. Professora/pesquisadora do Instituto de Biociências da USP – Foto: Arquivo pessoal

Analisando a herança genética que esses povos deixaram na população atual, é possível reconstruir a história demográfica dos nativos, diz Tábita. Segundo a pesquisadora, no decorrer do estudo da diversidade genética dos antepassados indígenas, os pesquisadores se surpreendiam com os números que iam sendo compilados com relação ao declínio populacional indígena no Brasil. A violência dos colonizadores, sobretudo na época das expedições bandeirantes, dizimou cerca de 99% dos indígenas da costa brasileira e 83% da região central do País, relata.

A sociedade indígena foi desestabilizada com a chegada dos europeus. Eles tinham um modo de vida que foi totalmente corrompido pelas expedições exploratórias. “Os bandeirantes eram homens extremamente rudes, violentos e ambiciosos. Há relatos de que, nas primeiras décadas do século 17, eles mataram ou escravizaram milhares de indígenas, assassinados em confrontos ou tornados vítimas das péssimas condições de vida, pela fome e pelas doenças inseridas na comunidade pelos colonizadores europeus”, diz ela.

Com relação à população amazônica, a pesquisadora relata que era bem numerosa. Há cerca de mil anos, somente os índios pertencentes ao tronco Tupi (tamoios, guaranis, tupiniquins, tabajaras, entre outros) eram estimados entre um e cinco milhões de pessoas. No Brasil, por volta do ano de 1500, as estimativas baseadas em dados históricos eram de aproximadamente 3 milhões, sendo que um terço desses habitava a costa brasileira. Atualmente, o último censo demográfico brasileiro (2010) notificou um número de 800 mil indígenas em todo o território brasileiro, sobretudo na Amazônia. “Como o censo é de 2010, provavelmente esse número está bem abaixo, talvez próximo da metade”, lamenta a professora.

Nos períodos anteriores à colonização, por não haver relatos escritos, a história do Brasil só pode ser acessada por meio da arqueologia, de relatos etnográficos, da botânica e agora pela genética. “Todos esses conhecimentos integrados trazem uma visão mais completa do que aconteceu naquela época”, diz Tábita.

Demografia: ancestralidade genética



Marcos Araújo Castro e Silva, autor da pesquisa e orientando da professora Tábita Hunemeier – Foto: Arquivo pessoal

Castro explicou ao Jornal da USP como foi possível resgatar as informações demográficas do passado e trazê-las para o presente, ou seja, como usar a genética para estimar essa drástica redução populacional entre os indígenas na América do Sul. Segundo o pesquisador, “por meio do estudo dos dados genômicos de populações nativas contemporâneas é possível inferir a diversidade genética de seus ancestrais a cada geração no passado”, diz.

A metodologia da pesquisa consistiu na identificação de sequências idênticas do genoma entre indivíduos de uma mesma população, que são os chamados segmentos idênticos por descendência, ou seja, são idênticos por terem sido herdados de um ancestral comum. Tais segmentos idênticos aumentam em frequência na população em períodos nos quais o tamanho da população é pequeno (muitos indivíduos descendentes dos mesmos ancestrais), resultando em diminuição da diversidade genética da população, explica Castro.

Segundo Tábita, atualmente a variabilidade genética dos indígenas (que é uma fração da variabilidade genética do passado) tem sido muito pequena. Por meio do estudo dessa variabilidade genética atual é possível quantificar a diversidade genética de uma população em um determinado período, com base no número de sequências idênticas que foram formadas no passado.

Outro conceito importante para entender essa inferência, diz o pesquisador, é a recombinação genética, que é aleatória e reduz o comprimento dessas sequências idênticas entre indivíduos na população em um ritmo previsível ao longo das gerações. Desse modo, a partir do comprimento de um segmento idêntico por descendência é possível deduzir quando ele foi formado no passado. Assim, de acordo com o número de segmentos idênticos por descendência em cada faixa de comprimento, é possível inferir qual seria o tamanho (número de indivíduos) da população no período em que aqueles segmentos foram formados, isto porque em populações menores espera-se que o número de segmentos idênticos formados seja maior e vice-versa.

Como exemplo, Castro explica que segmentos com comprimento de aproximadamente 8.4 cM (centimorgan é uma medida de distância genética) foram formados aproximadamente há 18 gerações (500 anos atrás considerando um tempo de geração de 28 anos), e portanto é possível inferir o tamanho da população nessa época de acordo com o número de segmentos idênticos por descendência com esse comprimento identificados na população, conclui.

Mais informações: hunemeier@gmail.com, com Tábita Hunemeier, e marcosaraujocastro@gmail.com, com Marcos Araújo Castro e Silva








Autor: Ivanir Ferreira
Fonte: jornal.usp
Sítio Online da Publicação: jornal.usp
Data: 09/12/2021
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/genetica-ajuda-a-demonstrar-colapso-populacional-de-povos-indigenas-no-brasil-apos-chegada-de-europeus/

Diarreia do viajante no pós-pandemia: abordagem clínica e probióticos

A Organização Mundial do Turismo calcula que, devido à pandemia de Covid-19, as viagens internacionais registraram uma queda de 700 milhões de turistas no mundo, apenas no ano de 2020. No Brasil, o número de viagens também foi reduzido drasticamente desde o início da Pandemia em março de 2020. Porém, com a crescente imunização da população, vários destinos já estão disponíveis para serem visitados, o que certamente levará a um aumento do trânsito de turistas. É justamente neste momento devemos estar atentos ao retorno dos casos de diarreia do viajante, a qual apresenta uma incidência estimada em 10-40% dependendo do destino. 

Conheça agora

O que é diarreia do viajante? 

É a diarreia (≥3 evacuações de fezes não formadas em 24 horas), acompanhada por, pelo menos, um dos seguintes sintomas: febre, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, tenesmo ou disenteria, que ocorre durante uma viagem ou até 10 dias após o regresso à cidade de origem. Pode ser causada por parasitas, vírus ou bactérias, sendo as últimas as mais frequentes, representando até 80-90% dos casos.  Os patógenos mais prevalentes são Escherichia coli enterotoxigênica e enteroagregativa, seguida por Campylobacter jejuni e Shigella spp. Já a Giardia lamblia, por outro lado, é o principal patógeno protozoário. Os destinos que oferecem maior risco são: Américas do Sul e Central, África, México e Oriente Médio.  

Principais agentes etiológicos da diarreia do Viajante na América Latina e Caribe




Como diagnosticar esta diarreia? 

Em geral, o diagnóstico é fornecido pelo histórico do próprio paciente, que está viajando ou acaba de retornar de algum destino, em geral com baixa condição econômica. Os fatores de maior risco são: falta de saneamento, de água potável ou queda frequente de energia elétrica, interferindo no adequado armazenamento de alimentos. Outros fatores de riscos relatados na literatura e que devem ser observados são: pacientes que já apresentaram diarreia do viajante e jovens até 30 anos. Na maioria dos casos não é necessária a realização de exames, como parasitológico de fezes, coprocultura ou mesmo reação em cadeia da polimerase (PCR). O quadro é autolimitado, e , geralmente, o viajante não procura assistência médica. 

 Classificação de gravidade da diarreia do viajante:

Como tratar a diarreia do viajante? 

O mais importante é a reidratação do paciente. Agentes antimotilidade proporcionam alívio sintomático e poderão ser úteis no tratamento. A loperamida pode ser usada em adultos e crianças, exceto se houver disenteria.  

Nas etiologias bacterianas, os antibióticos são eficazes na redução da duração da diarreia em cerca de um dia.  O tratamento com antibióticos não é recomendado em pacientes com diarreia do viajante leve, mas está indicado nos casos graves. Exemplos de antibióticos a serem prescritos: fluoroquinolonas, azitromicina e  rifaximina. 

Nos casos em que a diarreia já está estabelecida, os probióticos (“organismos vivos que, quando consumidos em quantidades adequadas, trazem benefício a saúde do hospedeiro”) reduzem a duração dos sintomas. Bae realizou metanálise que incluiu onze artigos que teve como objetivo avaliar a eficácia dos probióticos e concluiu que os probióticos mostraram eficácia estatisticamente significativa na prevenção da diarreia do viajante. Estudos demonstraram que o Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®) protege contra esse tipo de diarreia quando comparado ao placebo. O benefício da administração de LGG® é maior em pacientes com história prévia de diarreia do viajante. Essas pesquisas indicaram que colonizar o intestino com LGG® antes e durante a viagem pode reduzir a incidência de diarreia do viajante. Outros trabalhos demonstram ainda que o LGG® atua contra a bactéria E. coli, por meio da redução de toxina Shiga, inibição de adesão, proteção contra lesões de junções firmes e modulação imune.  

Como prevenir a diarreia? 

Escolha adequadamente o que for alimentar, evite alimentos in natura, frutos do mar, beba apenas água mineral engarrafada e use-a para escovar os dentes. Procure lavar as mãos com água e sabão frequentemente ou use álcool gel (≥60% de álcool) se não for possível lavá-las, especialmente após uso de sanitários ou antes de preparar alimentos. Não há vacinas disponíveis para a maioria dos patógenos. 

Estudo no México mostrou que o subsalicilato de bismuto pode reduzir em até 50% o risco de diarreia do viajante. O uso profilático de antibióticos deve ser avaliado com cautela devido ao risco de resistência bacteriana. 

Segundo o CDC, o uso de probióticos, como Lactobacillus GG e Saccharomyces boulardii pode ser avaliado individualmente (em especial nos grupos de risco), mas ainda não está indicado de rotina para todos os viajantes.  




Autor: Larissa Pires Marquite da Silva.
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 10/12/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/diarreia-do-viajante-no-pos-pandemia-abordagem-clinica-e-probioticos/

Hipertensão arterial pulmonar associada à broncodisplasia em RNs prematuros extremos

Sabemos de longa data que a hipertensão arterial pulmonar (HAP) continua sendo um grande desafio na vida dos neonatologistas, principalmente quando essa surge como complicação da broncodisplasia pulmonar (BDP).

Um estudo de coorte-retrospectivo publicado esse ano teve como objetivo determinar a sobrevida e evolução da HAP em recém-nascidos (RN) prematuros extremos com idade gestacional (IG) corrigida maior que 36 semanas.

Metodologia

Para tal estudo, foram selecionados 28 RN prematuros extremos menores que 30 semanas ou peso ao nascer < 1.000 g que evoluíram com HAP acima de 36 semanas de IG. O diagnóstico da HAP foi feito através de ecocardiografia. Os principais desfechos foram sobrevivência, taxa de mortalidade e resolução da HAP.

Todos os pacientes selecionados para esse estudo tinham o diagnóstico de BDP, sendo 82% graves. Onze crianças (39%) evoluíram para óbito durante o acompanhamento, devido à combinação de BDP e HAP em oito crianças, à BDP em duas e à sepse em uma.


As taxas de sobrevivência em 1, 3 e 7 meses a partir de 36 semanas de IG corrigida foram 89%, 70% e 58%, respectivamente. Em 16 dos 17 bebês sobreviventes, a HAP foi resolvida ao longo do tempo, com uma taxa de resolução entre 1 e 2 anos de idade corrigida (IC) de 47% e 79%, respectivamente. Aos 2 anos e meio de IC, a taxa de resolução foi de 94%.

Conclusão

As conclusões desse estudo foram: RN prematuros extremos com HAP e BDP tiveram uma taxa de sobrevivência de 58% aos 6 meses de idade corrigida IC. A pressão supra sistêmica da artéria pulmonar foi associada a um desfecho desfavorável. E RN que sobreviveram além da IC de 6 meses apresentaram excelente sobrevida e resolução da hipertensão arterial pulmonar em quase todos os casos. Ainda são necessários estudos prospectivos de acompanhamento para investigar se a resolução da HAP nesses bebês pode ser melhorada por terapias multimodais, incluindo tratamentos respiratórios, nutricionais e cardiovasculares.





Autor: Larissa Pires Marquite da Silva.
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 10/12/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/hipertensao-arterial-pulmonar-associada-a-broncodisplasia-em-rns-prematuros-extremos/

Escolha de sofia: se faltam leitos, a idade deve ser fator de escolha? Avaliar.

Com o surgimento da pandemia de Covid-19 e com o grande fluxo de pacientes graves com necessidade de tratamento intensivo e acometimento de muitos pacientes idosos, diversos centros hospitalares de todo o mundo ficaram com seus CTIs superlotados e com déficit de leitos disponíveis para todos os pacientes, o que gerou uma grande preocupação com a real e efetiva capacidade de acomodação em situações parecidas. Nesse contexto, não houve outra saída, a não ser definir emergencialmente critérios de escolha de ocupação para esses pacientes nos leitos.

Dentro desses critérios, discussões acerca da idade de cada paciente como fator de corte para a escolha de ocupação do leito foram lançadas. Quem deveria ser escolhido para ocupar o último leito do CTI? Pacientes mais jovens deveriam ser priorizados em relação aos mais velhos nesse cenário assustador? Esta questão tornou-se demasiadamente discriminatória e a conduta em relação a idade permanece sem solução. O que é considerado ético ou não, difere entre diferentes culturas, como por exemplo a permissão em alguns países da escolha do paciente em determinar até onde ir com o seu tratamento e a regularização da realização da eutanásia em pacientes terminais.



Estudo

Os autores de uma carta encaminhada ao Intensive Care Med, em final de novembro de 2021, questionam a ocorrência de limitação de tratamento e pressão sofrida pelos pacientes mais velhos em unidades de tratamento intensivo durante a pandemia por Covid-19. com isso, desenvolveram um estudo com 2.984 pacientes, prospectivo e observacional, abrangendo 35 países do mundo denominado “The Corona Virus disease in Very Elderly Intensive care Patients” (Covid em pacientes muito idosos em unidades de terapia intensiva).

Nesse estudo onde foi analisado a relação de limitações na conduta, definidas como alta ou permanência no leito, entre a idade e o aumento do número de pacientes acometidos, evidenciou-se que essas limitações ocorriam mais em direção aos pacientes mais jovens a medida que a população de pacientes ia aumentando. Além da idade, fatores epidemiológicos como sexo e fatores como fragilidade do paciente e grau de severidade da doença também influenciaram nas limitações de conduta nos pacientes graves que necessitam de tratamento intensivo.

Conclusão

Portanto, apesar de algumas limitações encontradas, concluiu-se que nesse cenário de pandemia, o grande aumento do número de pacientes infectados necessitando de tratamento intensivo em um sistema de saúde extremamente pressionado, exerceu importante papel nas decisões das condutas clínicas na população mais idosa de pacientes internados.





Autor: Gabriela Queiroz
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 10/12/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/escolha-de-sofia-se-faltam-leitos-a-idade-deve-ser-fator-de-escolha/

Atualizações epidemiológicas da Covid-19: a nova variante Ômicron do Sars-CoV-2

A Organização Mundial de Saúde fez declarações sobre o surgimento da variante Ômicron, emitindo um alerta sobre a nova variante do Sars-CoV-2, identificada pela primeira vez na África do Sul.

Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), a variante Ômicron já foi detectada em todos os continentes: EUA, Austrália, Brasil, Canadá, Hong Kong, Israel, Japão, Nigéria, Noruega, Suécia, Reino Unido. Entretanto, o maior número de infecções confirmadas concentra-se na África do Sul.

No Brasil, segundo as Secretarias de Saúde Estaduais, foram confirmados 6 casos da variante Ômicron em brasileiros que fizeram desembarques internacionais.


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Onde surgiu?

Em 26 de novembro, um grupo de cientistas que avalia e monitora regularmente a evolução do Sars-CoV-2, foi convocado para estudar uma nova variante denominada B.1.1.529 do Sars-CoV-2. Esta variante foi notificada pela primeira vez em 24 de novembro de 2021 pela África do Sul, com três picos de casos notificados, tendo o primeiro confirmado por amostra coletada em 9 de novembro de 2021, denominada variante Ômicron pela Organização Mundial de Saúde.

Quais informações temos?

Segundo o grupo consultivo técnico sobre a evolução do vírus Sars-CoV-2 (WHO), as primeiras informações sobre esta variante falam sobre seu elevado potencial para mutações, e o risco aumentado de reinfecção quando comparada às outras variantes classificadas como preocupantes.

Baseado nas primeiras evidências científicas, a variante Ômicron traz diversas mudanças prejudiciais na epidemiologia da Covid-19, e por isso pesquisadores sugeriram que fosse classificada também como uma variante preocupante.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, as variantes de preocupação (VOC), além de atenderem os critérios das variantes de interesse, estão associadas a uma ou mais alterações seguintes:

Aumento da transmissibilidade ou mudança prejudicial na epidemiologia da Covid-19; ou

Aumento da virulência ou variação da apresentação clínica da doença; ou

Diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública ou dos diagnósticos, vacinas e tratamentos disponíveis.

Em relação à transmissibilidade da variante Ômicron, ainda não está claro se é mais transmissível quando comparada à variante Delta, por exemplo. O número de casos confirmados no Sul da África tem aumentado, no entanto, ainda precisam de novos estudos para determinar se o aumento se deve à variante Ômicron ou a outros fatores.

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Quanto aos achados sobre a gravidade da doença, ainda é desconhecido o quadro clínico da infecção pela variante Ômicron e se os sintomas associados são diferentes dos sintomas das outras variantes.

O teste RT-PCR permanece o teste padrão ouro para diagnosticar a infecção pelas diversas variantes do novo coronavírus, incluindo a Ômicron, assim como os tratamentos farmacológicos existentes para Covid-19.

As vacinas desenvolvidas e autorizadas até o momento, possuem eficácia para prevenção dos desfechos clínicos graves, incluindo morte e hospitalizações pela Covid-19.

Segundo a Organização Mundial de Saúde não há informações sobre caso de morte pela variante Ômicron.

O que fazer?

É necessário que todos os países continuem implementando as medidas de prevenção comprovadas para diminuir a circulação do vírus, além de aumentar a vigilância e a capacidade de resposta através de recursos de saúde pública para enfrentar as chances de aumento dos casos por Covid-19.

A vacinação continua sendo eficaz e primordial para combater os casos graves e morte por Covid-19, inclusive para variante Delta, que é responsável por 99% das infecções.

Os órgãos sanitários precisam trabalhar cada vez mais para reduzir as desigualdades entre os países em relação ao acesso dos recursos de saúde nesta pandemia.

Diversos países, assim como a África do Sul, apresentam dificuldades no acesso as vacinas, testes diagnósticos, tratamentos, o que pode influenciar diretamente no aumento de casos e mortes pela Covid-19 à nível global.

Desta forma, cabe aos órgãos públicos garantirem, no mínimo, a distribuição equitativa da vacina para administração em todos os grupos etários vulneráveis da população.

Conclusão

Pesquisadores do grupo consultivo técnico sobre a evolução do vírus Sars-CoV-2 (WHO) e instituições científicas dos diversos países estão realizando investigações para compreender melhor os aspectos desta nova variante e assim que possível relatar novas conclusões.

Ainda há poucas evidências científicas para comprovar a gravidade e o impacto epidemiológico, ao passo que ainda é primordial a continuidade das medidas de proteção como uso da máscara, higiene das mãos, distanciamento social, evitar aglomerações e aumento da imunização da população.




Autor: Brenda Almeida
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 10/12/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/atualizacoes-epidemiologicas-da-covid-19-a-nova-variante-omicron-do-sars-cov-2/

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Decisão do STF proíbe produção, comercialização e consumo de três emagrecedores

O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou, por sete votos a três, a lei que permitia a produção, a comercialização e o consumo de três medicamentos emagrecedores: mazindol, femproporex e anfepramona (ou dietilpropiona).

Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) declarou que não há novos dados que apoiem o uso dessas substâncias como medicamentos emagrecedores.

“São medicações que podem gerar complicações no sistema cardiovascular e dependência psíquica. Há risco tanto para o paciente quanto para o prescritor. No primeiro, pode desencadear crise hipertensiva, enxaqueca, arritmias, edema agudo de pulmão, depressão e quadros psicóticos. Para o prescritor há risco de implicações jurídicas, caso se prove negligência em prescrever tais medicações”, esclareceu a médica Ana Cristina Belsito, chefe do serviço de endocrinologia do Hospital São Vicente de Paulo, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED.



A lei citava ainda o inibidor de apetite sibutramina, também entre os mais consumidos e vendidos comercialmente sob nomes de Reductil, Plenty e Sibutral. Entretanto, como trata-se de um fármaco de classe diferente terá apenas um controle mais rigoroso, pois pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares, segundo a Anvisa.


A substância sibutramina, proibida nos países da União Europeia, além do Canadá, Argentina, Paraguai e México, está liberada no Brasil com restrições. Além do receituário azul, obrigatório desde 2010, para comprá-la, o paciente deve mostrar na farmácia um termo de compromisso, assinado pelo médico e por ele, assumindo os riscos do tratamento.

Estudos clínicos

Em nota divulgada, a agência federal reforçou que nenhum laboratório apresentou estudos clínicos que indicassem alguma relação favorável ao uso da anfepramona, do femproporex e do mazindol desde 2011.

Essas três medicações já haviam sido retiradas do mercado em 2011, e sob protestos de usuários, retornaram a ser comercializadas, em 2017, na forma de manipulação, pois os laboratórios oficiais não queriam investir em insumos que poderiam vir a sair do mercado novamente.


“Ultimamente, já eram medicações com prescrição reduzida por haver outras opções no mercado, mas era uma opção para o tratamento da obesidade, indicada para alguns poucos pacientes”, pontuou a infectologista Ana Cristina Belsito.

Sibutramina

Em 2011, quando foi analisado o trio de drogas anfetamínicas, a Anvisa também reavaliou o antidepressivo sibutramina. Na época, foi concluído que o benefício da substância era maior que o seu risco, desde que utilizada adequadamente e para determinados perfis de pacientes.


Para controlar a sua utilização, foi criada uma receita especial para prescrição e comercialização do produto. Além disso, a agência federal também estabeleceu que a substância não deve ser utilizada por mais de dois anos seguidos.


Uma curiosidade é que a sibutramina é o medicamento emagrecedor com registro válido mais antigo no país, desde março de 1998. Vale ressaltar que esse é o único medicamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a obesidade.


“A sibutramina é uma medicação que tem demonstrado segurança há mais de 25 anos no mercado e de custo acessível e baixo risco, desde que seja obedecido os seus critérios de prescrição. É uma boa medicação para tratar a obesidade. Além disso, hoje existe um termo de responsabilidade para o paciente e prescritor”, ressaltou a chefe do serviço de endocrinologia do Hospital São Vicente de Paulo.


Confira: Dia Mundial da Obesidade: o que não pode passar na abordagem endocrinológica? [podcast]


Orientações aos médicos sobre emagrecedores

É importante ressaltar que antes de indicar qualquer substância para ajudar no tratamento da obesidade, o médico precisa conhecer o paciente e sua história, patologias, checar seus exames recentes e avaliar qual melhor medicação se encaixa com o perfil do paciente. A idade também conta em relação à prescrição da sibutramina, por exemplo.


“Deve ser sempre avaliado o risco cardiovascular e a presença de distúrbios psiquiátricos (ansiedade, depressão ou esquizofrenia e psicoses podem se agravar com a sibutramina), além de desordens gastrointestinais na hora de escolher a medicação”, concluiu a endocrinologista Ana Cristina Belsito....




Autor: Úrsula Neves
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 08/12/2021
Publicação Original: https://pebmed.com.br/decisao-do-stf-proibe-producao-comercializacao-e-consumo-de-tres-emagrecedores/