quinta-feira, 29 de junho de 2023

Obra investiga relações entre beleza e poder no Brasil

A mais recente pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS, na sigla em inglês) mostra um aumento no número de cirurgias estéticas no mundo em mais de 30% nos últimos anos. O Brasil, que já esteve no topo do ranking, desde 2019 figura em segundo lugar, atrás somente dos Estados Unidos. Estima-se que os dois países tenham juntos o maior número de cirurgiões plásticos, com mais de um terço do total mundial.

Em A Biopolítica da Beleza: cidadania cosmética e capital afetivo no Brasil (Editora Fiocruz/Unifesp), obra lançada nesta quarta (28), Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, Jarrín combina trabalho de campo, pesquisa em arquivo e leituras da cultura popular – inclusive a midiática – , no intuito de examinar como a beleza se tornou um objetivo da saúde nacional e qual seu papel na manutenção das hierarquias de raça, classe e gênero no país.

O resultado de três anos de pesquisa é apresentado em seis capítulos originalmente publicados em língua inglesa, em obra contemplada pelos prêmios Marysa Navarro Book Prize (2018), do Conselho de Estudos Latino-Americanos da Nova Inglaterra (NECLAS, na sigla em inglês) e Michelle Rosaldo Book Prize (menção honrosa - 2019), da Associação por uma Antropologia Feminista (AFA, na sigla em inglês).

A partir de trabalho realizado em hospitais brasileiros, a pesquisa mostra como cirurgiões plásticos e pacientes navegam no sistema público de saúde, transformando a beleza em um direito básico à saúde. O livro reconstitui a história dessa preocupação nacional desde o projeto de embranquecimento da nação, no início do século XX, que estabeleceu a beleza como um índice de “aperfeiçoamento” racial, até o período, que vai dos anos de 1960 aos dias atuais, quando os cirurgiões plásticos ganham o apoio financeiro do Estado brasileiro. É então que ocorre a incorporação da cirurgia estética no Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo Jarrín, a beleza pode ser entendida como um "capital afetivo", que mapeia e intensifica as desigualdades da sociedade. Os pacientes a experimentam como fator central para o pertencimento nacional e para as aspirações de gênero e mobilidade social, e ficam enredados em discursos que comprometem sua capacidade de consentir com os riscos da cirurgia.

A obra, orientada pela ótica conjunta da biopolítica, formulada por Michel Foucault, e da Teoria do Afeto, dos estudos antropológicos e etnográficos, explora não apenas o regime que fez da beleza um projeto nacional desejável, mas também as maneiras sutis em que a beleza é carregada de valor afetivo nas práticas sociais cotidianas - tornando-se assim o terreno sobre o qual as hierarquias de raça, classe e gênero são reproduzidas e contestadas no Brasil.

Na conclusão, Jarrín reflete sobre as dimensões transnacionais da beleza. Se a indústria do embelezamento assume registros regionais e nacionais variados, a depender das histórias e corpos políticos em que emergem, ainda assim, conclui Jarrín na apresentação da obra, “há metodologias e percepções teóricas (...) que nos permitem pensar globalmente na beleza, produzindo certas formas de afeto que transcendem fronteiras e permitem operações biopolíticas transnacionais, ligadas a histórias coloniais e a novas formas de imperialismo".

 

Sobre a autoria

Alvaro (Carmen) Jarrín é professor associado de antropologia no College of the Holy Cross, em Massachusetts, Estados Unidos. Pós-doutorando da Mellon/ACLS, em afiliação com o Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui mestrado e doutorado em Antropologia pela Duke University (2007, 2010) e graduação em Antropologia e Literatura em Inglês - Williams College (2003). Ministra cursos sobre antropologia médica, gênero e sexualidade, self cibernético, desigualdade na América Latina, ativismo queer global e justiça racial.




Autor: Luiza Trindade/Editora Fiocruz 
Fonte: Fiocruz 
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 28/06/2023

Fiocruz assina parceria com universidade angolana

O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Universidade Agostinho Neto (UAN), em Luanda (Angola), assinaram um memorando de entendimento para futuras parcerias em ensino e pesquisa entre as instituições. Representando mais um passo na busca pelo estreitamento de laços com instituições africanas, a parceria tem como objetivo a colaboração mútua nas seguintes áreas: doenças tropicais negligenciadas, com destaque para malária e tuberculose; doenças transmissíveis; arboviroses; resistência antimicrobiana (AMR); HIV; clima e saúde; saúde materna, infantil e reprodutiva; entre outras. A vigência do memorando de entendimento assinado entre as instituições é de cinco anos. 


Anna Cristina Calçada Carvalho (à esq) durante a assinatura do memorando na Universidade Agostinho Neto (foto: Acervo pessoal)  

Participaram da assinatura, realizada em formato virtual na última quinta-feira (22/6), a diretora do IOC/Fiocruz, Tania Araujo-Jorge, e os vice-diretores Luciana Garzoni (Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação) e Ademir Martins (Ensino, Informação e Comunicação). A coordenadora da Cooperação Institucional do Instituto, Anna Cristina Calçada Carvalho, estava presente na reitora da Universidade Agostinho Neto durante a solenidade. 

Pelo lado angolano, participaram o reitor da UAN, Pedro Magalhães; os professores da Faculdade de Medicina da Universidade, Maria Fernanda Dias Afonso Monteiro e Joaquim Vandunem, e o cônsul Geral de Angola no Rio de Janeiro, Mateus de Sá Miranda. 

“Faz parte da política de cooperação institucional reforçar as parcerias técnico-científicas com países do hemisfério sul, sobretudo os de língua portuguesa. O foco do IOC está em contribuir para a formação de recursos humanos nesses lugares. Nós podemos ajudá-los a enfrentar problemas de saúde pública ligados, especialmente, a doenças transmissíveis”, comentou Anna Cristina. 

A coordenadora destacou, também, que todos os Programas de Pós-graduação Stricto sensu do Instituto estão envolvidos na parceria. “A Fiocruz e o IOC têm longa história de colaboração com Angola e Moçambique. Em acordos anteriores firmados para a formação de recursos humanos, mais de cinquenta pessoas foram tituladas mestres ou doutores”, pontuou, adiantando que o próximo passo consiste em elaborar, junto à UAN, um plano de trabalho para dar seguimento à parceria. “Temos agendada para agosto uma reunião com representantes da universidade angolana para tratar do assunto”, completou. 



Autor: Kadu Cayres (IOC/Fiocruz) 
Fonte: Fiocruz 
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 28/06/2023

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Inscrições para o Prêmio Ciência para Todos são prorrogadas até 17 de julho


As inscrições para o Prêmio Ciência para Todos – promovido pela FAPESP em parceria com a Fundação Roberto Marinho por meio do Canal Futura – foram prorrogadas até 17 de julho. A iniciativa visa incentivar o desenvolvimento de atividades científicas em escolas públicas e promover o engajamento de estudantes e da comunidade escolar com a ciência e suas aplicações na educação e na vida.

Podem se inscrever professores e estudantes da rede pública do Estado de São Paulo. Basta o professor manifestar interesse e os demais detalhes referentes ao projeto inscrito devem ser informados de acordo com o calendário do edital.

O Prêmio Ciência para Todos contempla cinco categorias: Anos Finais do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano) do Ensino Regular; Ensino Médio (da 1ª à 3ª série) do Ensino Regular; Ciclo Anos Finais do Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos (EJA); Ciclo do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA); e Ensino Médio (da 1ª à 3ª série) do Ensino Médio Técnico e Profissionalizante.

Nesta segunda edição, a premiação selecionará e destacará projetos de pesquisa, em todas as áreas do conhecimento, que utilizem métodos da ciência para propor soluções de problemas concretos, relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas. Todos os inscritos – professores e estudantes – participarão de jornadas formativas em ambiente digital do Canal Futura, com orientações sobre o desenvolvimento de projetos de pesquisa e produção audiovisual, pelas quais receberão certificação.




Autor: FAPESP
Fonte: FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 28/06/2023

Diário de Bordo acompanha o início dos trabalhos da expedição oceanográfica Amaryllis

O segundo episódio da série jornalística Diário de bordo, publicado hoje (28/06) pela Agência FAPESP, mostra como foi a primeira parada em alto-mar do navio de pesquisa Marion Dufresne, que marcou o início dos trabalhos da expedição científica Amaryllis.

O ponto escolhido fica na costa da Guiana Francesa, a 186 quilômetros do continente. Lá foram coletadas, sob chuva e tempo fechado, as primeiras amostras dos sedimentos marinhos que têm aspecto de lama, com cor cinza chumbo e textura de argila. Uma lama que é preciosa para os paleoclimatólogos participantes da expedição porque é um testemunho de como foi o clima, há dezenas de milhares de anos, nas regiões onde estão estudando.

“Olhamos para os sedimentos marinhos, nas camadas que estão depositadas no Atlântico Equatorial, para reconstituir o que aconteceu no clima do passado. Com base no que aconteceu no clima do passado, em momentos em que a circulação foi mais intensa ou mais fraca, que choveu mais ou menos, em que a biodiversidade amazônica aumentou ou diminuiu, é possível entender as complexas interpelações entre o oceano, o clima e a biota”, diz Cristiano Mazur Chiessi, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) e coordenador brasileiro da expedição.

No total, estão previstas dez paradas, em diferentes estações, das quais duas são na Guiana Francesa, três próximas da foz do rio Amazonas e outras cinco ao largo da costa do Nordeste brasileiro, sendo duas nas imediações do rio Parnaíba, na divisa entre Maranhão e Piauí.



Autor: Elton Alisson, de Caiena (Guiana Francesa) | Agência FAPESP
Fonte: FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 28/06/2023

Agricultura de precisão possibilita obter diferentes vinhos de inverno a partir de uma mesma plantação

Colheitas separadas dentro de um mesmo talhão já proporcionaram vinhos experimentais distintos entre si nas duas vinícolas. Isso porque, a depender das condições do solo e das plantas, as uvas podem ter mais ou menos açúcares, ácidos ou compostos fenólicos. E mesmo a graduação alcoólica do vinho resultante pode variar.

O estudo abre caminho para a criação de produtos diferenciados, com maior valor agregado e características desejáveis, sem que seja necessário abrir novas áreas de plantio. Permite ainda uma melhor gestão da água e de fertilizantes.

O projeto ajuda também a impulsionar os chamados vinhos de inverno, que estão ganhando mercado na última década e são produzidos em regiões onde historicamente não eram fabricadas essas bebidas finas, como São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso e Tocantins.

Com a técnica da dupla poda, desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em vez de colher as uvas no fim do verão (entre janeiro e março), quando há mais chuva e doenças, os produtores fazem a colheita entre junho e agosto. Nesse período, há menos pluviosidade e uma maior amplitude térmica, com dias quentes e noites frias. Ideal para as uvas viníferas.

“Usamos diversas medidas para avaliar a variabilidade que os vinhedos apresentam de forma natural para que, a partir disso, o enólogo possa tirar vantagens de alguma característica em particular do vinho produzido a partir de determinada parte do vinhedo. É o que chamamos de vitivinicultura de precisão”, explica Luís Henrique Bassoi, pesquisador da Embrapa Instrumentação, em São Carlos, e coordenador do projeto.

Além das duas vinícolas paulistas, são parceiros do projeto a Epamig, unidade Uva e Vinho, em Caldas (MG), que desenvolveu a técnica da dupla poda no início dos anos 2000, e a Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (FCA-Unesp), em Botucatu, onde Bassoi é professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola.

“No manejo tradicional, a elevada pluviosidade pode obrigar a uma colheita precoce no verão, sem que as uvas completem todo o seu processo de maturação. Com a dupla poda, deslocamos o período de maturação para o outono e inverno, quando temos na região Sudeste a condição de baixa umidade atmosférica e elevada amplitude térmica, que permite o avanço da maturação”, explana Renata Vieira da Mota, coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Vitivinicultura da Epamig e pesquisadora associada do projeto.

Segundo Mota, as baixas temperaturas noturnas contribuem para o equilíbrio no teor de ácidos e a formação dos compostos fenólicos, responsáveis pela cor e estrutura do vinho. “Dessa forma, conseguimos extrair todo o potencial qualitativo da uva no processo de elaboração do vinho de inverno”, completa.

Diferenças na taça

Na Casa Verrone, propriedade de 35 hectares há 40 anos na família, o vitivinicultor Márcio Verrone cultiva 15 hectares de uvas viníferas e para suco desde 2008. Com o projeto iniciado em 2019, desde 2021 apoiado pela FAPESP, as perspectivas são as melhores possíveis.

“Dentro de uma mesma área foi possível dividir uma parte de alta qualidade e outra com menos. Podemos, por exemplo, usar as uvas da primeira para produzir um vinho especial, até mesmo com um selo de agricultura de precisão ou algo do tipo. Esse vinho pode ainda ser usado num corte [mistura], de forma a elevar o padrão do vinho da outra área. As possibilidades são muitas”, projeta Verrone.

Ricardo Baldo, diretor da Vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto, afirma que já usa o vinho das melhores áreas para cortes com os das outras. Em breve, com o mapeamento de toda a propriedade, espera criar produtos exclusivos, a partir dos frutos dos melhores talhões da vinícola.

“Graças à vitivinicultura de precisão, também podemos gerir melhor o uso da água e de fertilizantes. Sabemos quais áreas precisam de mais, menos ou mesmo nenhum desses recursos, fazendo um uso inteligente deles”, relata.

Na Casa Verrone, as duas partes da mesma área da variedade Syrah, de cerca de 1,1 hectare, foram identificadas a partir do cruzamento de informações sobre umidade e condutividade elétrica aparente do solo, além de medidas nas plantas como porometria (que indica o quanto as folhas estão transpirando), teor de clorofila e índices vegetativos (medidos por sensores carregados pelos próprios pesquisadores, embarcados em um drone ou mesmo em um satélite).

Com os resultados, a área foi dividida entre a que proporcionava um alto e um baixo vigor vegetativo, que é o quanto a planta produz de biomassa, entre outras características bioquímicas.

A enóloga Isabella Magalhães, da Casa Verrone, apresentou à reportagem da Agência FAPESP os dois vinhos experimentais obtidos das áreas de alto e de baixo vigor vegetativo. A chamada microvinificação, numa escala menor do que a industrial, foi feita no Núcleo Tecnológico Uva e Vinho da Epamig, em Caldas (MG).

“Ambos têm uma cor rubi, porém, mais delicada no vinho da área de alto vigor vegetativo e mais intenso no de baixo vigor. Enquanto no primeiro consigo sentir no nariz frutas frescas, podendo levar esse vinho para envelhecer em barrica, no outro tenho um vinho para ser tomado mais jovem, em todo o seu vigor”, compara Magalhães, enquanto degusta os dois produtos.

O projeto conta com os doutorandos Larissa Farinassi e Anderson Pereira, da FCA-Unesp, e os estagiários Victor Nogueira, Gabriel Ferreira, Victor Gambardella e Augusto Sorrigotti, graduandos em engenharia agronômica no Centro Universitário Central Paulista (Unicep), em São Carlos.

Para Bassoi, além da capacitação de mão de obra, o projeto traz inovação ao setor, levando a agricultura de precisão, bastante presente em culturas como café, soja e cana-de-açúcar, para a viticultura, em que ainda é incipiente no Brasil.

“Nossa ideia é trazer um novo parâmetro para os produtores poderem alavancar seus produtos no mercado, que ainda tem muito preconceito com os vinhos nacionais. Temos produtos de alta qualidade”, encerra o pesquisador.





Autor: André Julião, de Itobi (SP) | Agência FAPESP
Fonte: FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 28/06/2023

terça-feira, 27 de junho de 2023

Congresso RedPOP debate diálogo e inclusão

(sábado e domingo). Teremos atrações científicas e artísticas tanto de participantes do evento quanto de instituições parceiras. Para o encerramento do Congresso RedPOP 2023, no domingo (16) e em comemoração pelo Dia Nacional da Ciência, está prevista ainda uma programação de atividades especiais realizadas por instituições de ciência e tecnologia do país inteiro com organização da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e apoio da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio. A programação completa vai estar disponível em breve no site do evento.


Sobre a RedPOP e o Museu da Vida Fiocruz

A RedPop se propõe articular instituições que atuam na divulgação da ciência e da tecnologia na região. Participam dessa iniciativa museus e centros de ciência, museus de história natural, parques ambientais, zoológicos, jardins botânicos, aquários, programas de jornalismo científico, divulgação científica e educação não formal em universidades, ONGs, entre outros.

Criada em 1990, a Rede teve a chancela de Programa de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Hoje, funciona por meio de mecanismos de cooperação regional que facilitam o intercâmbio, o treinamento e o aproveitamento de recursos entre seus membros.

Criado em 1999, o Museu da Vida Fiocruz está localizado no campus Fiocruz Manguinhos e possui vários espaços, como um parque ao ar livre, uma pirâmide, uma tenda de teatro, laboratórios, entre outros espaços. Há ainda atividades desenvolvidas no Castelo da Fiocruz, como exposições e passeios guiados. O Museu parte da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), que é um centro dedicado à preservação da memória da Fundação Oswaldo Cruz e às atividades de divulgação científica, pesquisa, ensino e documentação da história da saúde pública e das ciências biomédicas no Brasil.







Autor: 
COC/Fiocruz 
Fonte: COC/Fiocruz
Sítio Online da Publicação: COC/Fiocruz
Data: 27/06/2023

InfoGripe: Influenza mantém presença elevada no país



novo Boletim InfoGripe, divulgado pela Fiocruz nesta terça-feira (27/6), mostra que após semanas de aumentos de casos nas Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) em boa parte do país, o quadro apresenta alterações com o sinal de queda nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas) em nível nacional. A Sars-Cov-2 (Covid-19) permanece em queda no número de casos na população adulta na maioria dos estados. Já a influenza A - majoritariamente H1N1 - registrou aumento ao longo do mês de maio e manteve presença significativa nas primeira semanas de junho. Nas crianças, o vírus sincicial respiratório (VSR) segue como o principal vírus identificado, sendo responsável pelo cenário atual nesse público e continua apresentando aumento em alguns estados das regiões Norte e Nordeste.

 

Enquanto o Sars-CoV-2 esteve presente em 80% dos casos de SRAG com identificação viral notificados na população a partir de 15 anos no mês de março, esse percentual caiu para 61% em abril e 50% em maio. Já o vírus influenza A, que havia sido identificado em 9% dos positivos em março, subiu para 22% em abril e 33% no mês de maio. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 24, período de 11 a 17 de junho, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 19 de junho.

"Na tendência de longo prazo, seis estados mostram sinal de crescimento de SRAG: Acre, Amapá, Pará, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe. Nos cinco primeiros, o aumento está associado fundamentalmente ao grupo das crianças. Já em Sergipe, é possível observar sinal de crescimento tanto em crianças pequenas quanto em faixas etárias da população adulta, especialmente nas idades mais avançada", informa o pesquisador e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes. Ele ainda explica que a diminuição dos casos das SRAG no país se dá pelos números das regiões do Centro-Sul do país, nos quais os estados apresentam queda ou interrupção do crescimento. Contudo, a situação é diferente para o Norte e o Nordeste, regiões onde há a totalidade dos estados em que os números apresentaram aumento.

Embora o sinal recente seja de estabilização ou queda no público infantil dos estados do Centro-Sul, o pesquisador alerta que o longo período de aumento ainda requer atenção. “Como esses estados passaram por um longo período de aumento semana após semana nos casos de SRAG nas crianças pequenas, a interrupção ou reversão dessa tendência ainda levará um tempo para se refletir em diminuição nos leitos ocupados, já que parte dessas crianças ainda estão hospitalizadas. Além disso, as baixas temperaturas favorecem as infecções respiratórias nesse período do ano, de modo que é importante mantermos os cuidados de ventilação adequada e uso de boas máscaras por parte das pessoas que estão apresentando sintomas gripais e não possuem condições de fazer o repouso recomendado”.

Estados

Entre as capitais, dez apresentam crescimento de SRAG: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Palmas (TO), Porto Velho (RO),  Rio Branco (AC) e Teresina (PI). O sinal está presente sobretudo nas crianças.

Em Belo Horizonte, João Pessoa e Porto Velho, observa-se sinal de crescimento de SRAG também em algumas faixas etárias da população adulta. Em Palmas, o cenário ainda é compatível com oscilação em período de baixa atividade.

Resultados positivos de vírus respiratórios e óbitos

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (17,5%), influenza B (6,6%), vírus sincicial respiratório (40,3%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (22,8%).

Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de: influenza A (24,7%), influenza B (8,4%), vírus sincicial respiratório (9,3%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (51,6%).





Autor: João Pedro Sabadini (Agência Fiocruz de Notícias) 
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 27/06/2023