Ao lado dos moradores, o projeto envolveu a construção de uma casa de farinha e de maquinário no assentamento Osvaldo Oliveira – classificado como Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), modalidade prevista em portaria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A comunidade produz mais de cinco toneladas de aipim por ano, mas uma parte se perdia por conta da dificuldade de distribuição do produto e da perecibilidade do alimento in natura. “A casa de farinha era um projeto que a comunidade já tinha em mente há muito tempo e com a disciplina oferecida, a equipe de professores, estudantes, assentados projetaram a casa e o maquinário. Agora estamos na fase de ajustes”, conta a professora Camila Rolim Laricchia, responsável pelo projeto e professora do departamento de Engenharia de Produção do campus Macaé da UFRJ. Também fazem parte da coordenação do projeto os professores Rute Costa, do departamento de Nutrição e Maurício Oliveira, do departamento de Engenharia Mecânica, ambos do mesmo campus.
A casa está sendo construída pelos moradores com tijolos ecológicos e a preparação da produção da farinha para venda está sendo acompanhada pela equipe de professoras e estudantes do curso de Nutrição, integrantes do projeto, para que esteja adequada com as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Tanto no assentamento em Macaé, quanto na comunidade quilombola, a proposta é desenvolver Tecnologia Social de baixo custo e que possam ser manuseadas coletivamente.
No assentamento Osvaldo de Oliveira foi preciso encontrar uma maneira de gerar energia diante da ausência de energia elétrica na área destinada à casa de farinha. A solução encontrada foi construir um triturador de aipim movido à pedaladas de bicicleta. Já em Machadinha, a proposta de fazer uma horta comunitária esbarrou na dificuldade do acesso à água. Nesse caso, o primeiro passo foi a construção de um poço artesiano, não só para permitir a irrigação da horta, como para consumo próprio.
Camila Laricchia (centro) discursa em apoio ao assentamento Osvaldo de Oliveira, após 1ª 'farinhada realizada', em 2019; à esq., o professor Maurício Oliveira (esq.) (Foto: Arquivo pessoal)
A energia para irrigação na comunidade quilombola virá de uma bomba movida à energia eólica, já construída pelos estudantes da disciplina, e a instalação acontecerá após o término do isolamento social indicado nos protocolos de segurança por conta da pandemia. Também está em processo de decisão coletiva os alimentos que serão plantados na horta em Machadinha, para que o plantio seja realizado assim que as chuvas de verão abrandarem a terra, momento que será possível preparar o solo para receber as sementes.
Em contato constante com as comunidades, as reuniões antes da pandemia do novo coronavírus eram realizadas presencialmente ora nas comunidades, ora nas instalações da Universidade. Entre uma reunião e outra, os alunos ficavam responsáveis por desenvolver os projetos acordados. Com a chegada do isolamento social, a falta de acesso à internet dificultou as reuniões com a comunidade de Machadinha, mas puderam ser continuadas com moradores do assentamento Osvaldo Oliveira.
A professora Camila Laricchia comenta a importância do financiamento nesse projeto, que aproxima a universidade de comunidades, além de fomentar ensino, extensão e pesquisa. “Esse edital é muito importante para essa área e para o fomento de Tecnologia Social. Se não fosse o edital, a casa de farinha ficaria muito aquém das necessidades da comunidade. E, com os recursos recebidos, também incentivamos o ensino, o aprendizado e o envolvimento dos estudantes, além de aprofundarmos a relação entre comunidade e universidade, pilar da extensão universitária”, finaliza a pesquisadora.
Autor: Juliana Passos
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 25/02/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4164.2.0