quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Rio do Ouro, um patrimônio que insiste em não ser moribundo, artigo de Gervásio Lima



Rio do ouro. Foto: Gervásio Lima


Cantado em versos e prosas, o rio que melhor caracteriza a história de Jacobina e seu codinome ‘Cidade do Ouro’ agoniza, apesar de insistir por existir. O lendário e importante Rio do Ouro, outrora responsável em fornecer energia elétrica e água para consumo para a população que teima em subestimá-lo, timidamente e ferido segue combalido, mas perene.

Local utilizado para passeios, piqueniques, banhos e até utilizado como ‘lavanderia comunitária’, o leito do Rio do Ouro foi fonte também de riqueza de garimpeiros que buscavam o metal precioso que empresta o seu nome. O sofrimento vem de longe, da época quando não se discutia sustentabilidade, preservação, condutas éticas, consciência ambiental e outros temas relacionados. Passaram-se os intendentes, os coronéis e inúmeros mandatos de prefeitos, e o Rio do Ouro sendo o mesmo, desprezado.

Vez ou outra o ‘rei do Parque da Macaqueira’ tenta avisar que não está satisfeito com o tratamento que tem recebido. Em curtos espaços de tempo, considerando o número de acontecimentos, vários transbordamentos aconteceram, provocando destruições e danos materiais.

A falta de cuidado com os principais rios que cortam a cidade (do Ouro e Itapicuru) é um problema visivelmente percebido pela população e tem contribuído para o aumento dos estragos após os temporais. Impedida de percorrer seu curso natural a água tende a procurar outros atalhos e, consequentemente, enchentes provocam os prejuízos já conhecidos.

Há sempre água fluindo no Rio do Ouro, com colorações diferentes em diversos trechos por conta dos inúmeros despejos de esgotos sem tratamento em seu leito. As grandes e bonitas moradias construídas ao longo de sua margem contrastam com a sua realidade e demonstram que poder aquisitivo não é necessariamente sinônimo de consciência e cidadania.

Em meio a um cenário de poluição e degradação cada vez mais preocupante do rio mais querido da população jacobinense, torna-se mais do que necessário evidenciar o alerta e o pedido de engajamento da população para o cuidado com um dos principais patrimônios do município. É incompreensível que um bem natural com o legado histórico que possui o Rio do Ouro não seja respeitado e preservado.

Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/10/2019



Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 31/10/2019
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2019/10/31/rio-do-ouro-um-patrimonio-que-insiste-em-nao-ser-moribundo-artigo-de-gervasio-lima/

Ecocimento, artigo de Roberto Naime

Uma das áreas que mais suscita inovações tecnológicas na direção de melhores resultados na gestão ambiental e na busca de parâmetros de sustentabilidade é a construção civil. Proporcionalmente às grandes e originais iniciativas, muito disseminadas e incentivadas, ocorre grande inviabilização e descarte de novas ideias ou concepções, que se mostram inviáveis.

Site Inovação Tecnológica registra recentemente, matéria denominada “Ecocimento promete casas construídas por bactérias”. Indicando que uma massa pesquisada, produzida pelas bactérias é misturada com areia e cinza de palha de arroz para produzir o ecocimento.

O site registra então que “Engenheiros europeus desenvolveram uma nova tecnologia para fabricar biocimento cuja grande estrela é um tipo comum de bactéria que vive no solo (Sporosarcina pasteurii), que é cultivada em uma mistura de ureia e nutrientes a uma temperatura de 30º C.” Complementam que “Dentro dessa mistura, a bactéria começa a se desenvolver; elas basicamente aumentam de número. A bactéria precisa alcançar, uma certa quantidade a fim de produzir o cimento. Depois de cerca de três horas de fermentação, nossa mistura está pronta para uso,” explica Piero Tiano, líder do projeto Eco-Cement, que segundo informação do site Inovação Tecnológica, é um projeto financiado pela União Européia.

Pelo que se depreende e continua sendo informado pelo site, “antes de poder ser usado para fazer paredes, a mistura produzida pelas bactérias precisa ser misturada com areia, resíduos de cimento industrial reaproveitado e cinzas de casca de arroz, para então virar o ecocimento pronto para ser aplicado sobre os tijolos”. Registros indicam que a mistura se mostrou apropriada na construção de paredes cm tijolos, mas não par a funcionalidade de substituir concreto.

As transformações e processamentos do calcário para fabricação de cimento, são feitas em unidades industriais que exigem temperaturas de 1.400 a 1.500º C. Já o biocimento feito pelas bactérias é produzido a meros 30º C. Isto ocorre, porque é usado um processo biológico para ligar as partículas do cimento. Testes iniciais em pequena escala foram promissores, sendo o ecocimento adequado para a construção de paredes, mas não resistentes para substituir os usos do concreto tradicional.

As altas temperaturas de produção dos agregados tradicionais de cimento, que favorecem a formação de gases incentivadores do efeito estufa, podem ser substituídas por agregados que tenham por base carbonatos de magnésio em vez do tradicional carbonato de cálcio.

John Harrison, de Hobart, na Tasmânia (Austrália), segundo dados informados por comunicação na internet (www.recriarcomvoce.com.br), calcula que seu cimento alternativo, baseado em carbonato de magnésio em lugar de carbonato de cálcio, seja capaz de reduzir o ritmo de alteração climática sem sacrificar o estilo de vida moderno. É uma proposição ambiciosa. Harrison baseado em trabalhos próprios ou de terceiros, indica que o Protocolo de Kyoto errou ao presumir que as árvores eram a única coisa capaz de absorver o carbono presente no ar. Em lugar disso, o plano que ele propõe é substituir o ubíquo cimento Portland por uma substância que ele chama de “ecocimento”.

Esse material a base magnésio, diz, “pode ser mais barato de fabricar do que o cimento Portland, mais durável e além disso seria também capaz de acumular CO2”. O proponente, Harrison manifesta que caso o setor de construção invista nesta nova tecnologia, as cidades e seus subúrbios poderiam se transformar em mecanismos de absorção de dióxido de carbono, tão eficientes quanto a grama e matas naturais, que precedem eventos de urbanização.

A produção de cimento Portland gera um volume imenso de dióxido de carbono. Isso se deve em parte à grande quantidade de energia necessária para elevar as temperaturas dentro dos fornos de cimento aos 1.450°C necessários para processar o carbonato de cálcio. O cimento Portland tem cerca de dois séculos, e foi inventado de forma meio casual pelo operário Joseph Aspdin, que em 1824 obteve uma patente para “um aperfeiçoamento nos modos de produção de pedra artificial”. A mistura deflagra uma complexa reação química que forma cristais de hidrato de silicato de cálcio que endurece a mistura e propicia a execução das paredes.

O cimento Portland é fácil e barato de fabricar e imensamente versátil, se tornando o ingrediente básico tanto do concreto quanto da argamassa, os materiais básicos de construção de todas as cidades do planeta. Se estima que a cada ano, cerca de 2 bilhões de toneladas de cimento Portland sejam produzidas no mundo, um total de cerca de 250 quilos por habitante do planeta, aproximadamente. Para cada tonelada de cimento Portland que é produzida, se estima que cerca de uma tonelada de CO2 é lançada na atmosfera, contribuindo para o incremento do efeito estufa. Desta forma, somente a produção de cimento convencional, contribui com quase 10% das emissões de dióxido de carbono.

O site (www.recriarcomvoce.com.br) registra que os cimentos com base em magnésio foram desenvolvidos inicialmente em 1867, pelo francês Stanislas Sorel, que produziu cimento com uma combinação de óxido de magnésio e cloreto de magnésio. No entanto, as misturas que ele criou não resistiam a uma exposição longa à água sem perder a força. Posteriormente foram desenvolvidos avanços no processamento do cimento à base de magnésio.

Os ecocimentos divulgados do especialista Harrison, com base em carbonato de magnésio, têm estrutura química bastante similar à do cimento Portland, e são muito mais robustos do que o material criado por Sorel. De acordo com Harrison, o material proposto tem diversas vantagens ambientais. Seus fornos de produção exigem temperatura muito mais reduzida.

O carbonato de magnésio se converte facilmente em óxido de magnésio a temperaturas de cerca de 650°C. Isso significa que as emissões de dióxido de carbono que estejam relacionadas com a energia necessária para acionar os fornos são reduzidas a valores muito menores e menos comprometedores do que as exageradas emissões atualmente verificadas.

Ocorre de se evoluir em várias frentes na busca de melhores condições de obtenção de parâmetros de gestão ambiental e índices de sustentabilidade no setor da construção civil. E este fato deve ser bastante saudado por todas as partes interessadas e pela sociedade em geral.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.



in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/10/2019




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 31/10/2019
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2019/10/31/ecocimento-artigo-de-roberto-naime/

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Desmatamento zero? Uma política possível e viável



Desmatamento zero? Uma política possível e viável. Entrevista com Carlos Nobre

IHU

“Desmatamento zero” não é um slogan nem uma utopia. “É uma política concreta e viável. O grande potencial econômico da Amazônia pode ser valorizado dentro de um sistema que, a partir da sua incalculável biodiversidade, deixe a floresta intacta.”

A reportagem é de Lucia Capuzzi, publicada por Avvenire, 27-10-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Palavra de Carlos Nobre, um dos climatologistas mais conhecidos do mundo, Prêmio Nobel da Paz de 2007 pela sua contribuição na elaboração do quarto relatório do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas da ONU.

Nascido em São Paulo, no Brasil, há 67 anos, Nobre é conhecido principalmente pelos seus estudos sobre a possível savanização da Amazônia, ou seja, o risco de que a região se transforme em uma terra semiárida, uma vez ultrapassado o limiar do desmatamento-limite.

No ritmo atual, três quartos da floresta poderiam se tornar savana já em cerca de 30 anos. Por essa razão, segundo o cientista, o Sínodo, ao qual ele foi chamado para fazer uma intervenção, pode contribuir para uma conscientização coletiva sobre a ameaça que pesa sobre a vida humana.

“A função da ciência, porém, não é apenas lançar o alerta: nós, estudiosos, somos chamados a encontrar possíveis alternativas Também nisso a assembleia sinodal pode ser de grande ajuda.”
Eis a entrevista.

Como se poderia desenvolver o “potencial econômico” da Amazônia sem devastá-la?

Mudando radicalmente o modo de empregar os recursos naturais amazônicos. A floresta já perdeu um dos seus 6,2 milhões de quilômetros quadrados, principalmente por causa da agricultura intensiva. A soja, uma das monoculturas mais difundidas, porém, tem uma baixa produtividade. Ou seja, rende pouco em comparação com o grau de destruição provocado. A maior riqueza da Amazônia não é a terra, é sua biodiversidade, a maior do planeta.

Como a biodiversidade pode se tornar um recurso econômico?

A floresta é rica em elementos como o açaí, com elevadas propriedades medicinais, as castanhas, o cacau, o babaçu (usado em cosméticos). A sua produção é compatível com a sobrevivência das árvores e com o respeito pelos direitos dos povos nativos.

Não existe o risco de implementar uma espécie de extrativismo ecológico?

Pelo contrário, eu falo de um novo paradigma. O extrativismo se baseia na exportação de matérias-primas pouco processadas. Isso não só tem impactos devastadores sobre o ambiente e os habitantes que o habitam, mas sequer cria riqueza para estes últimos. A alternativa a esse sistema é a valorização dos recursos amazônicos de um modo ecologicamente sustentável. Ou seja, sem uma exploração intensiva da terra, graças ao uso de tecnologias de vanguarda. Os produtos que eu citei não devem ser vendidos brutos, mas sim processados. Tomo o exemplo do açaí: ele está presente nas bebidas, nos medicamentos, nas maquiagens, além de ser consumido como alimento. Ele gera um negócio de 15 bilhões de dólares: apenas um bilhão retorna à Amazônia.

Como a comunidade internacional pode contribuir para essa virada?

Através do consumo responsável. Se cidadãos-compradores e fundos de investimento exigissem certificados de sustentabilidade de toda a cadeia produtiva das matérias-primas amazônicas, o desmatamento desapareceria em pouco tempo. Ao mesmo tempo, é necessária uma cooperação internacional para favorecer o desenvolvimento científico e tecnológico imprescindível para criar uma nova bioeconomia com desmatamento zero.

Por que o mundo deve se interessar pela Amazônia?

A Amazônia armazena todos os anos entre um e dois bilhões de toneladas de dióxido de carbono, uma contribuição essencial para a contenção do aquecimento global. Se a floresta desaparecesse, 200 bilhões de toneladas de gás acabariam repentinamente na atmosfera. Sem falar da contribuição essencial para a regulamentação das chuvas.


(EcoDebate, 29/10/2019) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]





Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/10/2019
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2019/10/29/desmatamento-zero-uma-politica-possivel-e-viavel/

Operação conjunta fecha garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Apyterewa (PA)

Garimpo ilegal – Agentes da PF, Ibama, PM e MPF encontraram cerca de 1 milhão de metros quadrados sendo explorados por máquinas pesadas e contaminados por mercúrio


Garimpo Pista Dois teve as atividades paralisadas (créditos das imagens: MPF e PF)


Uma área de cerca de um milhão de metros quadrados, dentro da Terra Indígena Apyterewa, estava tomada por garimpeiros ilegais trabalhando com maquinário pesado e material tóxico para retirar ouro. A descoberta foi feita em operação que reuniu agentes da Polícia Federal (PF), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), da Polícia Militar (PM) e do Ministério Público Federal (MPF). A terra indígena do povo Parakanã, entre os municípios de São Félix do Xingu e Altamira, no Pará, é hoje uma das mais invadidas do país.

Conhecido como “Pista Dois”, o garimpo ilegal teve as atividades paralisadas pela operação. Foram encontradas sete pás carregadeiras, um trator e dez conjuntos de motores-bombas, todos instrumentos para escavar o solo da floresta em busca de ouro. Também foram encontradas armas, munição e mercúrio, o produto extremamente tóxico que é usado para separar o ouro nas atividades de mineração ilegal.

O maquinário de grande porte foi inutilizado durante a operação, como prevê a legislação ambiental para equipamentos usados em crimes ambientais, quando a fiscalização não tem meios para apreender e guardar o material. A PF estima que as máquinas encontradas valiam pelo menos R$ 2 milhões, o que indica pessoas de grande poder econômico por trás da operação do garimpo. Os garimpeiros que estavam no local fugiram para a floresta ao verem a aproximação dos agentes públicos e por esse motivo não foram efetuadas prisões, mas foram encontrados documentos que permitem a identificação dos donos do garimpo ilegal.

O MPF acompanhou a operação e agora, com o fechamento do garimpo, o trabalho dos investigadores será para identificar todos os envolvidos no crime e responsabilizá-los perante a Justiça pelos crimes e também pelos danos provocados pela atividade ilegal. Pelas leis brasileiras, responsáveis por crimes ambientais são obrigados a financiar a recuperação da área que degradaram.


Fonte: Ministério Público Federal no Pará

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2019


Autor: EcoDebate
Fonte: Ministério Público Federal no Pará
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/10/2019
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2019/10/29/operacao-conjunta-fecha-garimpo-ilegal-dentro-da-terra-indigena-apyterewa-pa/

Grande Barreira de Corais em rápido declínio

Um estudo de longo prazo da cobertura de corais da Grande Barreira de Corais descobriu declínios entre 40 e 50% dos corais em grupos de ilhas costeiras durante as últimas décadas.

ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies at James Cook University*


O monitoramento regular é crucial para entender como o estado dos recifes de coral está mudando e se nossas medidas de gerenciamento e proteção estão funcionando. Foto por David Wachenfeld, Triggerfish Images.jpg


Cientistas do Centro de Excelência ARC para Estudos de Recifes de Corais da James Cook University (Coral CoE da JCU) dizem que os dados eram tão alarmantes que eles os checaram e checaram novamente.

A principal autora do estudo , Dra. Daniela Ceccarelli, e uma equipe de pesquisadores pesquisaram a cobertura de coral nos recifes dos grupos Palm, Magnetic, Whitsunday e Keppel Island, ao longo da região central e sul da Grande Barreira de Corais, e a compararam com registros históricos.

“Ciclos normais de perturbação e recuperação são naturais, e o recife historicamente tem um bom potencial de recuperação”, disse Ceccarelli.

“Mas os impactos humanos estão aumentando a frequência de distúrbios como o branqueamento de corais, deixando pouco tempo entre os eventos para permitir uma recuperação completa”, disse ela.

“Ficamos chocados quando calculamos as mudanças.”

Os pesquisadores da JCU monitoram as condições e tendências dos recifes costeiros no Parque Marinho da Grande Barreira de Corais (GBRMP) desde o final dos anos 90.

O co-autor Dr. David Williamson, também do Coral CoE da JCU, disse: “Os impactos dos eventos de perturbação individuais foram irregulares. Alguns recifes evitaram os piores efeitos – mas os impactos cumulativos de vários eventos frequentes reduziram a cobertura e a diversidade de corais. ”

Ceccarelli disse que sua última expedição identificou vários fatores que influenciaram a cobertura de corais nos recifes de cada grupo da ilha, mas dois fatores principais se destacaram consistentemente em todos os recifes: estresse de temperatura devido às ondas de calor marinhas e exposição às ondas.

“Havia um limiar claro de estresse térmico acima do qual a cobertura de coral declinava consistentemente. Ficamos surpresos ao descobrir que os corais nesses recifes costeiros parecem ter um limiar de estresse térmico mais baixo do que o relatado anteriormente ”, disse ela.

Williamson disse que o efeito da exposição às ondas era mais complicado.

“Os corais nos lados exteriores expostos da ilha têm uma vantagem”, disse ele. “Isso ocorre porque eles foram bem lavados pelas correntes”.

“Essas informações podem testar ações de gestão que visam manter a biodiversidade natural e processos ecológicos.”

“Se pudermos enfrentar a qualidade da água localmente e as mudanças climáticas em todo o mundo, haverá esperança”, disse Ceccarelli.

Referência:

Ceccarelli D, Evans R, Logan M, Mantel P, Puotinen M, Petus C, Russ G, Williamson D. (2019). Ecological Applications. ‘Long term dynamics and drivers of coral and macroalgal cover on inshore reefs of the Great Barrier Reef Marine Park‘. DOI: https://doi.org/10.1002/eap.2008


* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2019




Autor: Henrique Cortez
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/10/2019
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2019/10/29/grande-barreira-de-corais-em-rapido-declinio/

Pequenas lições de grandeza, artigo Gaudêncio Torquato




Em Seis Propostas para o Próximo Milênio, palestras que pronunciaria durante o ano letivo de 1985-86, na Universidade de Harvard, se a morte súbita não interrompesse sua obra, Ítalo Calvino, o grande escritor italiano nascido em Cuba, tratou de objetos literários que gostaria que a humanidade preservasse na nova era.

Trata-se de uma das mais belas coletâneas de pensamento a respeito da complexidade das estruturas narrativas. Apesar de o foco centrar-se nos valores literários, não há como deixar de projetar seu engenhoso ideário para o campo da vida social e política.

Na trilha das propostas, roguemos que os nossos governantes e políticos tornem-se compromissários do valor da leveza, o primeiro dos seis. Diante da constatação amarga de que o esforço do governo para resgatar nossa economia não tem quase alterado o mapa do desemprego e melhorado a vida da população, nossas preces apelam para que o país seja capaz de iniciar a correção da monstruosidade registrada pelo IBGE: o rendimento total dos 10% mais ricos é superior à soma dos 80% mais pobres; em 2018, o rendimento médio mensal do 1% da classe mais rica do país foi de 27.744 reais, enquanto os 50% mais pobres tiveram rendimento médio de 820 reais, valor 33,8 vezes menor que os mais abastados.

Não se exige a leveza literária dos termos do escritor italiano, mas a leveza de um cotidiano tranquilo, menos inseguro, mais farto na cozinha, prazeroso, menos cáustico. Não dá para postergar. A vida é cada vez mais breve. As coisas precisam ser feitas com urgência. Não esperem os governos pelo último ano das administrações.

Já o segundo valor, a rapidez, preenche as expectativas das ruas, sendo a resposta que o povo quer nesse ciclo de explosão das comunicações. Brasileiros estão cansados de ouvir a lengalenga dos idos dos nossos bisavós, que, por décadas, ouviram a cantilena de políticos: “Vamos construir a Pátria dos nossos filhos”.

Urge reconstruir a Pátria, já, sem delongas. O amanhã é hoje e pede soluções para cidades de todos os tamanhos devastadas pela incúria de más administrações. Lincoln ensinava: “Podeis ludibriar uma parte do povo durante o tempo todo, ou o povo durante algum tempo; mas não podereis ludibriar todo o povo durante todo tempo”.

O Brasil que ressurgiu da eleição de outubro de 2018 espera por exatidão, esse valor tão massacrado nesses tempos de fake-news. Precisamos banir do nosso dicionário o refrão nazista de que uma mentira repetida três vezes torna-se verdade no quarto relato. Precisamos banir perfis inescrupulosos, a mentira, a promessa mirabolante, a hipocrisia do crocodilo que, chorando, atrai a presa para devorar.

Bobbio, outro italiano, em sua obra, chama a atenção para dois fenômenos adversos e estritamente ligados: o poder oculto ou que oculta, isto é, que se esconde, escondendo.

As malhas do poder invisível carecem ser escancaradas. Daí a necessidade de darmos força à visibilidade para se possa acreditar nos governantes e nos representantes do povo. O País não aceita viver sob dois Estados, o visível e o invisível, este operado por estruturas corrompidas, gabinetes secretos, decisões políticas longe dos olhares do público. O “poder mascarado” produz metástases que maltratam a alma da Nação.

Nossa cultura miscigenada abriga valores nobres da vida – o respeito, a lealdade, a fé, o companheirismo, a dignidade, a ética. Há uma vontade plural no país que merece ser respeitada.

Trata-se, assim, de observar e promover a multiplicidade (o quinto valor) dos sujeitos, das vozes, dos olhares sobre a nossa realidade. A pluralidade étnica, social, econômica e cultural do País constitui referência para o planejamento e administração de políticas públicas. Essa visão múltipla sobre o País recomenda a mobilização de todas as classes e categorias profissionais, atribuindo-se a cada uma seus deveres e direitos.

A última lição de Calvino trataria do tema da consistência. Nesse caso, fiquemos com sua intenção de resgatar o valor da responsabilidade nas atitudes e ações, que implica seriedade, densidade, peso. O contraponto é a improvisação, a irresponsabilidade, a tibieza.

O Brasil, ao final de segunda década do novo milênio, precisa resgatar o valor da humanidade, esse que mereceu de Confúcio a máxima: “a humanidade é mais essencial para o povo do que água e fogo. Vi homens perderem sua vida por se entregarem à água ou ao fogo; nunca vi alguém perder a vida por se entregar à humanidade”.

Gaudêncio Torquato, jornalista, é professor titular da USP, consultor político e de comunicação Twitter@gaudtorquato

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2019



Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/10/2019
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2019/10/29/pequenas-licoes-de-grandeza-artigo-gaudencio-torquato/

E se o vazamento fosse de uma central nuclear? artigo de Heitor Scalambrini Costa




Um debate que gera muita polêmica, e que está em evidência no mundo de hoje pós Fukushima, diz respeito ao modo de produzir energia elétrica utilizando o combustível nuclear.

No Brasil este assunto voltou a tona depois da eleição do governo de extrema direita. A ascensão do almirante Bento Júnior como ministro de Minas e Energia, e sua entrevista (jornal Folha de São Paulo em 7/12/2018), mesmo antes de tomar posse, deixou claro a prioridade do governo no incentivo que seria dado a energia nuclear para produção de eletricidade, e para gerar força motriz de submarinos.

As duas usinas nucleares instaladas no Rio de Janeiro (Angra 1 e Angra 2) produziram em 2018, uma irrisível contribuição de 2,5% da energia elétrica gerada no país. Logo, sem nenhuma influência significativa na oferta de energia elétrica.

Angra 3 em construção desde 1984 (iniciada há 35 anos), considerada a obra de infra-estrutura mais “enrolada” do Brasil, sofreu sua primeira interrupção em 1986 por questões econômicas. Retomada em 2010, novamente foi paralisada em 2015. Além da falta de recursos para finalizá-la, a Operação Radioatividade, segundo as investigações realizadas pela polícia federal, envolveu o também almirante Othon Pinheiro da Silva, ex presidente da Eletronuclear, em crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, que acabou levando a sua condenação (43 anos de prisão).

Como prioridade governamental, Angra 3 para ser concluída precisa ainda algo em torno de 3 bilhões de dólares (12 bilhões de reais). Sendo que 70% dos equipamentos e materiais já foram comprados (na mesma época dos equipamentos de Angra 2), e estão armazenados até hoje. Os equipamentos já adquiridos são de um modelo de reator ultrapassado, o mesmo do acidente de Fukushima, um PWR (Pressurized Water Reactor) de 2ª geração.

Todavia, apesar deste histórico de Angra 3, sua conclusão e a construção de uma central com 6 novos reatores no município de Itacuruba-PE, na beira do Rio São Francisco, está prevista para até 2050, com recursos financeiros envolvendo aproximadamente 33 bilhões de dólares (132 bilhões de reais).

Pouco se sabe como se dará estes investimentos, de onde virá os recursospara terminar a construção de Angra 3 e construir 6 novas usinas, quais os modelos de negócios que regerão tais empreendimentos. O que se sabe é que Angra 3 foi incluída no Programa de Parcerias e Investimentos (PPI).

Estas obras faraônicas e megalomaníacas, caso sejam levadas adiante, sem justificativa do ponto de vista econômico, da sustentabilidade e da segurança energética, da questão social, da ética (levando em conta que os resíduos radioativos serão deixados para as gerações futuras); além da questão ambiental, poderão ter reflexos catastróficos para o Nordeste, para os sertanejos.

Esta discussão sobre a instalação de usinas nucleares no país é fundamental, ainda mais nos dias atuais em que um vazamento de óleo cru, de origem “indefinida (?)”, invadiu mais de 25% da costa brasileira. Ficando assim demonstrado neste episódio uma clara conduta de omissão, de incapacidade do governo federal, responsável pela implementação do Plano Nacional de Contingência (existe desde 2013), de definir estratégias para emergências ambientais, de lidar com situações desastrosas (vide também os incêndios na Amazônia).

Claro que a a negligência, a incapacidade e o despreparo do governo diante de desastres/crimes ambientais já ocorridos, tem que ser levados em conta, principalmente quando se anuncia a construção destes verdadeiros “monstros adormecidos”, que são as usinas nucleares, e do potencial de destruição da vida que carregam intrinsecamente, caso ocorra acidentes severos, de vazamento de material radioativo.

Somos contra estas usinas, não só porque o Brasil tem outras opções de produzir energia elétrica, a partir de fontes renováveis de energia, mais barata, menos agressiva ao meio ambiente, e mais segura. Mas também pelo princípio da precaução, da incerteza científica.

A incerteza científica, ao contrário de permitir a atividade potencialmente danosa, impede-a como elemento essencial do princípio da precaução. Tal princípio no direito ambiental é uma construção que leva em conta a razoabilidade e a proporcionalidade, como bem define o da professor Mauricio Mota Universidade Estadual do Rio de Janeiro em seu trabalho intitulado “Princípio da Precaução no Direito Ambiental: uma construção a partir da razoabilidade e da proporcionalidade”. Lembrando também que a própria Constituição da República (em plena desmontagem no atual governo) estabelece em seu artigo 225, caput, que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Ora, vazamento de material radioativo por uma usina nuclear é possível sim, e já aconteceu em passado recente. Não se pode admitir argumentos que tentam minimizar o risco, e mesmo negar que tal risco exista. E existindo o vazamento, caso aconteça, seria devastador, pois é incomparável a qualquer outro tipo de desastre, como queda de avião, rompimento de barragens, etc.

Os elementos radioativos vazados do núcleo do reator contaminariam o ar, a terra, o solo. Nada mais oportuno lembrar que absorção da radiação emitida é acumulativa, aumenta com o tempo pois os radionuclídeos se acumulam no corpo da população exposta. O que acarretaria sérios prejuízos já conhecidos a saúde humana e de todo ser vivo, ao longo de dezenas, centenas e mesmo milhares de anos.

Então diante de tantos fatos, de tantas constatações, de tantas evidências o que leva o governo brasileiro a tantas maledicências, a tantos descalabros, em propor usinas nucleares em nosso país? Talvez por uma simples razão: a de não gostar do povo brasileiro, do povo nordestino.

Em Pernambuco estamos diante de uma proposta de emenda a Constituição Estadual que mudaria o artigo 216, que veda a instalação de usinas nucleares em seu território. A PEC proposta pelo deputado Alberto Feitosa tiraria este impedimento constitucional, caso sua admissibilidade seja aceita pela Comissão de Constituição, Legislação e Justiça, e em seguida iria para votação em plenário. Precisando assim maioria simplificada de votos (49), ou seja, 33 votos para ser aprovada.

Esta insanidade, caso aprovada, seria de triste memória para os legisladores pernambucanos. Portanto é hora da pressão democrática sobre os deputados. Pois como diz o poeta: quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Heitor Scalambrini Costa

Professor aposentado da UFPE.

Graduado em física Unicamp/SP, mestre em Ciências e Tecnologia Nuclear/UFPE,

Doutor em Energética Universidade de Marselha-Comissariado de Energia Atômica/França.



in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2019



Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/10/2019
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2019/10/29/e-se-o-vazamento-fosse-de-uma-central-nuclear-artigo-de-heitor-scalambrini-costa/

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Whitebook: você sabe diagnosticar corretamente a gonorreia?





Essa semana, falamos no Portal PEBMED sobre alternativas de tratamento para gonorreia. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, separamos a melhor conduta na abordagem diagnóstica da doença.


Abordagem diagnóstica na gonorreia

No homem, a partir do material purulento, realiza-se a bacterioscopia com coloração de Gram para identificar diplococos Gram-negativos intracelulares em leucócitos polimorfonucleares, e cultura do gonococo em meio seletivo (Thayer-Martin modificado). O diagnóstico laboratorial de infecção por C. trachomatis e N. gonorrhoeae pode também ser feito por um método de biologia molecular (testes de amplificação de ácidos nucleicos – NAAT ou captura híbrida).

Na mulher, a coloração de Gram a partir de material obtido da endocérvice não apresenta boa sensibilidade. Para o diagnóstico da oftalmia neonatal gonocócica, faz-se o esfregaço de exsudato conjuntival e submete a coloração pelo método de Gram, com elevada acurácia. O uso do corante Giemsa permite o reconhecimento de inclusões intracitoplasmáticas de C. trachomatis; porém, essa técnica é de difícil aplicação na atenção básica. Outras opções incluem imunofluorescência direta para C. trachomatis no RN. O exame microscópico direto não é recomendado para o diagnóstico de infecções no reto ou faringe.

Os NAAT apresentam uma sensibilidade maior quando comparados à cultura, principalmente para amostras do reto e faringe. Entretanto, a especificidade pode ser baixa, sendo necessário o uso de um NAAT suplementar confirmatório.

Diagnóstico diferencial

  • Vaginose bacteriana;
  • Vaginite;
  • Gravidez ectópica (incluindo tubária);
  • Abscesso tubo-ovariano;
  • Endometriose;
  • Endometrite;
  • Cervicite mucopurulenta;
  • Epididimite;
  • Orquite;
  • Torção testicular;
  • Infecção urinária;
  • Faringite;
  • Hepatite;
  • Artrite séptica;
  • Conjuntivite não gonocócica;
  • Endocardite não gonocócica;
  • Meningite não gonocócica;
  • Uretrite não gonocócica;
  • Uretrite por herpes-simples;
  • Artrite reativa;
  • Artrite séptica não gonocócica;
  • Febre reumática;
  • Sífilis;
  • Lúpus eritematoso sistêmico;
  • Meningococcemia;
  • Tenossinovite;
  • Abuso sexual;
  • Tricomoníase;
  • Acanthosis nigricans;
  • Doença de Lyme;
  • Artrite psoriática.


Autor: Vanessa Thees
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 26/10/2019
Publicação Original: https://pebmed.com.br/whitebook-voce-sabe-diagnosticar-corretamente-a-gonorreia/

Câncer de mama masculino: 5 sinais que podem detectar a doença





O Brasil vai somar cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama até o final de 2019, número que corresponde a 25% de todos os diagnósticos da condição registrada no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Apesar do Outubro Rosa ser o mês de conscientização sobre a questão voltada para as mulheres, é muito importante lembrar que um dos grandes mitos da medicina é que o câncer de mama não afeta o sexo masculino.

Das 16.927 pessoas que vieram a óbito em decorrência da doença no Brasil no ano passado, 203 eram homens. Apesar de raro, estimativas nacionais indicam que 1% dos casos de câncer de mama afeta os homens brasileiros.
“Apesar da baixa incidência, esse tipo de câncer apresenta um alto percentual de mortalidade. A cada 100 casos, 1 ocorre no sexo masculino. Nos Estados Unidos, por exemplo, foram registrados 1.910 casos e, na maioria das vezes, o diagnóstico é feito tardiamente com a falta de adesão por parte deles na realização anual da mamografia”, alerta o oncologista Daniel Gimenes, do Centro Paulista de Oncologia (CPO), da Oncoclínicas.

O especialista ressalta ainda que além da falta de informação, há um preconceito em relação a este tipo de incidência. “Apesar de não encararmos dados alarmantes no quesito, é importante que os médicos alertem a população em geral sobre os riscos. O diagnóstico precoce é fundamental para as chances de recuperação dos pacientes”, ressalta Daniel Gimenes.
Sintomas, diagnóstico e tratamento

Nos homens, o diagnóstico da mamografia costuma sair mais rapidamente pelo reduzido tamanho de tecido mamário, facilitando a visualização de um nódulo pelos profissionais especializados.

Em muitos casos, a presença do câncer de mama masculino é um indício sugestivo de que o paciente possa ser portador de uma mutação genética hereditária no gene BRCA, sendo recomendada por especialistas a realização do teste molecular, mesmo que não haja histórico na família.
5 fatores importantes para detectar o câncer de mama masculino

1) Genética: se existir um caso de alguma mulher com câncer de mama na família, as chances do homem desenvolver são um pouco mais elevadas, mas se for relacionado à mutação do BRCA, os riscos aumentam significantemente.

“Por essa razão é recomendável fazer uma pesquisa de mutação para saber se esse homem terá chances de desenvolver a doença. Ademais, existe ainda uma síndrome genética associada ao alto nível de estrogênio, que aumenta o índice de casos de câncer de mama no sexo masculino, principalmente quando já existe a mutação do gene BRCA”, ressalta Daniel Gimenes.

2) Hormônios: o principal motivo pelo qual as mulheres apresentam mais comumente a doença é a alta presença de estrógeno. Os corpos masculinos, normalmente, não produzem muito desses hormônios estimulantes da mama. Como resultado, os seus tecidos mamários permanecem planos e pequenos. Ainda assim, é possível ver meninos e homens com seios médios ou grandes. Geralmente, esses seios são apenas montes de gordura. Mas, às vezes, os homens podem desenvolver tecido real das glândulas mamárias porque tomam certos medicamentos ou apresentam níveis hormonais anormais.

3) “Caroço” (nodulção) no tórax: “Como os homens não têm o costume de realizar exames mamários, é necessário que os médicos se atentem a alguns sintomas suspeitos, como um caroço na área do tórax, que pode ser acompanhado de adenomegalia axilar”, explica o oncologista.

4) Retração na pele: em situações mais graves do câncer de mama masculino é possível também ocorrer uma retração do mamilo, acompanhada ou não de sangue na região. Quando estes sinais são detectados, é imprescindível que o médico aja imediatamente.

5) Cirrose/alcoolismo/obesidade: pacientes com distúrbios do fígado são mais propensos a desenvolver câncer de mama. E, quanto mais velho, maior a possibilidade do surgimento da doença.

“Na maioria das vezes, o homem somente procura ajuda médica quando a neoplasia já está avançada, dificultando o tratamento. Quando mais cedo o câncer é diagnosticado, maiores são as chances de cura. Por isso, uma vez que a mamografia masculina não é recomendada como um exame de rotina, os homens que estão na área de risco de desenvolver um câncer de mama precisam ser ensinados e estimulados a realizarem o autoexame”, esclarece o oncologista Daniel Gimenes.




Autor: Úrsula Neves
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 26/10/2019
Publicação Original: https://pebmed.com.br/cancer-de-mama-masculino-5-sinais-que-podem-detectar-a-doenca/

Quiz: você consegue identificar a alteração na radiografia de crânio?

radiografia de cranio


Lactente, 9 meses, comparece à emergência com queixa de lesão palpável no couro cabeludo. É realizada uma radiografia de crânio AP e perfil. Você consegue identificar a alteração no exame? Responda nosso quiz e teste seus conhecimentos!

Quiz

  1. Lactente, 9 meses, com queixa de lesão palpável no couro cabeludo. Radiografia de crânio AP e perfil, com o seguinte achado. Qual a alteração na radiografia de crânio?
    radiografia de cranio

Autor: Elazir Mota
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 28/10/2019
Publicação Original: https://pebmed.com.br/quiz-voce-consegue-identificar-a-alteracao-na-radiografia-de-cranio/

Sífilis congênita: o que o médico precisa saber



A sífilis congênita (SC) é uma condição devastadora com alta morbimortalidade, incluindo aborto espontâneo, natimorto, baixo peso ao nascer, prematuridade, sequelas neurológicas e óbito neonatal.
Revisão sobre sífilis congênita
Epidemiologia

Mais de 5 milhões de casos de sífilis são diagnosticados a cada ano, principalmente em países de baixa e média renda. Contudo a incidência de sífilis também aumentou recentemente em países de alta renda, incluindo os Estados Unidos. Embora principalmente em homens homossexuais, as taxas também têm aumentado significativamente em mulheres.

Estimativas recentes divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) relatam que, em 2016, havia mais de meio milhão (cerca de 661 mil) de casos de sífilis congênita em todo o mundo, resultando em mais de 200 mil natimortos e óbitos neonatais. Em 2018, os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) relataram que 918 bebês nasceram com sífilis em 2017 nos Estados Unidos. O número aumentou consideravelmente de 362 em 2013 para 918 em 2017, atingindo os níveis mais elevados após 20 anos de redução sustentada. Na Argentina, em 2016, 545 casos de sífilis congênita foram notificados e 212 foram confirmados.

No Brasil, dados do Boletim Epidemiológico de Sífilis publicado em novembro/2018 pelo Ministério da Saúde, indicam aumento no número de casos de sífilis em todo o país e em todos os cenários da infecção. O número de casos de sífilis congênita em menores de um ano de idade foi de 21.188 em 2016, 24.668 em 2017 e 11.971 em 2018 (até 30/06/2018). Já o número de óbitos por sífilis congênita foi de 195 casos em 2016 e 206 em 20176.

A sífilis congênita é a segunda principal causa de óbito fetal evitável em todo o planeta, sendo precedida somente pela malária.
Etiologia /Transmissão

A sífilis congênita é causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria gram negativa e microaerófila do tipo espiroqueta. É transmitida por via transplacentária em qualquer momento durante a gravidez ou no parto, após contato do recém-nascido (RN) com lesões maternas. Não é transmitida pelo leite materno.

A transmissão via transplacentária é a mais frequente e ocorre em qualquer fase da gestação, principalmente no terceiro trimestre, pois o fluxo placentário está mais desenvolvido. Quando a infecção na mãe ocorre nos últimos meses de gestação, a morbimortalidade é menor, decorrente de maior imunocompetência do feto. O risco de transmissão vertical é de 70-100% na sífilis primária, 40% na sífilis latente precoce e 10% na sífilis latente tardia.
Manifestações clínicas

Pode ser classificada em precoce e tardia.

Sífilis congênita precoce

Resulta de infecção ativa e ocorre em crianças com menos de dois anos de idade, principalmente nos primeiros três meses de vida. As principais manifestações clínicas presentes nessa forma de sífilis congênita são:
Prematuridade
Baixo peso ao nascimento
Hepatomegalia, com ou sem esplenomegalia
Rinite serossanguinolenta
Icterícia
Petéquias, púrpuras
Sofrimento respiratório com ou sem pneumonia
Linfadenopatia generalizada – principalmente epitroclear
Lesões cutâneas – Exantema maculopapular, condiloma plano, pênfigo palmoplantar, fissura perioral
Lesões ósseas – Periostite, osteíte, osteocondrite (principalmente em ossos longos e arcos intercostais), pseudoparalisia de Parrot
Lesões oculares – Catarata, glaucoma, coriorretinite em sal e pimenta
Alterações neurológicas – Crises convulsivas, meningoencefalite, hidrocefalia
Alterações laboratoriais – anemia, plaquetopenia, leucocitose ou leucopenia, hiperbilirrubinemia e outras alterações na função hepática
Neurossífilis: pleocitose, hiperproteinorraquia, VDRL positivo no líquido cefalorraquidiano

Sífilis congênita tardia

Ocorre em crianças com dois anos de idade ou mais, havendo malformações ou cicatrizes resultantes da forma precoce. As principais manifestações clínicas presentes na sífilis congênita tardia são:
Úlcera gomosa, tendendo a envolver nariz, septo e palato duro
Alterações ósseas – Tíbia em lâmina de sabre, articulações de Clutton, fronte olímpica, nariz em sela, mandíbula curta, arco palatino elevado
Alterações dentárias – Dentes de Hutchinson (dentes incisivos medianos superiores deformados), molares em amora
Rágades periorais
Ceratite intersticial
Surdez neurossensorial
Dificuldade de aprendizado / Retardo mental
Diagnóstico e tratamento da sífilis congênita

O diagnóstico definitivo da sífilis congênita exige:
Avaliação da história clínico-epidemiológica da mãe (incluindo a adequação ou não do tratamento específico);
Exames laboratoriais: VDRL, hemograma e líquido cefalorraquidiano (LCR);
• VDRL (Veneral Diseases Research Laboratory) – teste não treponêmico.
• Alterações do LCR: VDRL reagente e/ou
– RN a termo: celularidade > 25 leucócitos/mm³; proteínas > 150 mg/dL;
– Prematuro: proteínas > 150 mg/dL;
Exames de imagem: radiografia de ossos longos.

Osteíte: frequentemente descrita como “alterações difusas em comidas por traças da diáfise óssea”.
Metafisite: costuma surgir como bandas lucentes ou densas que podem se alternar dando uma aparência de sanduíche ou de talo de salsão. Sinal de Wimberger: erosões simétricas da tíbia superior, porém também podem existir erosões na metáfise dos outros ossos longos. Calos excessivos nas extremidades dos ossos longos.

A abordagem da sífilis congênita deve seguir o descrito abaixo:

Abordagem da sífilis congênita no neonato, com relação à gestante com sífilis (clique para ampliar e fazer o download)


Adaptado de Sociedade de Pediatria de São Paulo (2016)



Esquema de tratamento da sífilis congênita

– A1: Penicilina G cristalina 50.000 Ui/kg/dose, IV, 12/12h, nos primeiros sete dias de vida. Após sete dias de vida, passar para 8/8h. Duração: 10 dias.
OU
Penicilina G procaína 50.000 Ui/kg/dose, IM, 24/24h. Duração: 10 dias.

– A2: Penicilina G cristalina 50.000 Ui/kg/dose, IV, 12/12h, nos primeiros sete dias de vida. Após sete dias de vida, passar para 8/8h. Duração: 10 dias.

– A3: Penicilina G benzatina, 50.000 Ui/kg, IM, dose única. Seguimento ambulatorial.
Se o seguimento ambulatorial não for possível, o neonato deve ser tratado com o esquema A1.

– C1: Seguimento clínico-laboratorial.
Se o seguimento não for possível, realizar o tratamento com penicilina G benzatina, 50.000 Ui/kg, IM, dose única.
Gestante adequadamente tratada

A gestante é considerada adequadamente tratada quando a terapia foi adequada ao estágio da doença, feita com penicilina e finalizada no mínimo 30 dias antes do parto, tendo sido o parceiro tratado ao mesmo tempo. O tratamento para sífilis materna é considerado inadequado quando: é feito com outro medicamento que não seja a penicilina; é incompleto para o estágio da doença, mesmo tendo sido feito com penicilina; o início ou a finalização do tratamento ocorreu nos 30 dias anteriores ao parto; há ausência de queda ou há aumento dos títulos do VDRL após tratamento adequado; o parceiro não foi tratado, ou foi tratado inadequadamente ou não se tem a informação disponível sobre o seu tratamento.

Sífilis na gravidez: a realidade em um hospital público

Seguimento do neonato tratado
Consultas mensais até o sexto mês de vida;
Consultas bimensais do sexto ao 12° mês de vida;
Consultas semestrais até o 24° mês de vida;
VDRL sérico, com titulação, aos 1, 3, 6, 12, 18 e 24 meses de vida ou interrompendo com 2 VDRL negativos consecutivos;
Se os títulos de VDRL estiverem reduzindo nos primeiros três meses e negativarem entre seis e 18 meses, a criança foi tratada corretamente.
Caso os títulos sorológicos aumentem ou não negativem até os 18 meses, a criança deve ser reinvestigada e tratada novamente.
TPHA ou FTA-Abs após os 18 meses de vida, para confirmação do caso;
Seguimento neurológico, oftalmológico e audiológico semestral por dois anos;
Em casos de LCR alterado: a coleta do LCR deve ser realizada a cada seis meses até sua normalização (celularidade, bioquímica e citologia);
É esperado que o VDRL do LCR seja negativo por volta dos seis meses de vida e que o quimiocitológico seja normal em dois anos.
Alterações persistentes no LCR mostram a necessidade de uma reavaliação clínico-laboratorial completa e retratamento.
Prevenção da sífilis congênita

As estratégias de prevenção , segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo, incluem:

Assistência pré-natal a todas as gestantes – mínimo de seis consultas de pré-natal com atenção integral qualificada;
Realização de teste sorológico VDRL ou RPR na primeira consulta de pré-natal. Repetir no início do terceiro trimestre de gestação e na admissão hospitalar para a realização do parto, com ações direcionadas para busca ativa a partir dos testes reagentes;
Efetuar diagnóstico e tratamento adequados não somente para as gestantes infectadas, mas também para seus parceiros, devendo o caso ser abordado de forma clínico-epidemiológica;
Documentar tantos os resultados da sorologia quanto do tratamento da sífilis (data, droga e dose) tanto da gestante quanto de seu parceiro na carteira da gestante. Orientar a gestante sobre a relevância de se mostrar esse documento quando for admitida para o parto;
Notificar os casos de sífilis congênita, incluindo aborto e natimorto.


Autor: Roberta Esteves Vieira de Castro
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 28/10/2019
Publicação Original: https://pebmed.com.br/sifilis-congenita-o-que-o-medico-precisa-saber/


sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Gonorreia: em busca de alternativas de tratamento





A gonorreia é a segunda doença bacteriana sexualmente transmissível mais prevalente no mundo (em primeiro lugar está a sífilis) e, em 2012, a OMS estimou em 78 milhões os novos casos globais da doença em adultos (entre 16 e 49 anos). Desses casos, acredita-se que 11 milhões tenham sido diagnosticados nas Américas.

Nos últimos anos, a Neisseria gonorrhoeae vem ganhando espaço no meio científico não só pelo aumento assustador de novos casos, mas também pela sua capacidade de se tornar resistente aos antimicrobianos utilizados em seu tratamento desde os anos 70-80, como: sulfas, penicilinas, macrolídeos e quinolonas. O aparecimento de resistência in vitro e in vivo, resultando em falha de tratamento, também com as cefalosporinas de espectro estendido (como ceftriaxona), vem causando preocupação mundial. Dessa forma, a OMS iniciou um plano de contingência de ação global incentivando a pesquisa de alternativas de tratamento para gonorreia.
Alternativas para o tratamento da gonorreia

Esse ano foi publicado na Lancet o estudo G-ToG, um ensaio clínico randomizado de não inferioridade comparando o uso de gentamicina ao de ceftriaxona (ambos associados a 1g de azitromicina) para o tratamento da gonorreia. O estudo G-ToG, que foi feito no Reino Unido, contou com participantes do sexo masculino e feminino (entre 16 e 70 anos) que tinham diagnóstico de gonorreia genital, faríngea e/ou retal não complicadas.

O estudo contou com 720 participantes que foram randomizados (1:1), sendo 362 no braço da ceftriaxona e 358 da gentamicina. Foi realizado o teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT) e cultura de diversos materiais clínicos, a saber: apenas uretra em homens heterossexuais, uretra, faringe e reto em homens que fazem sexo com homens e cérvice, faringe e reto em mulheres. O desfecho primário avaliado foi a quantidade de pacientes que apresentaram teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT) negativo após 14 dias do tratamento.

Ao final, o estudo foi ineficaz em concluir que a gentamicina é não inferior a ceftriaxona e, além disso, a falha de tratamento no braço da gentamicina foi maior nos pacientes com infecção extragenital (faríngea e retal). A taxa de cura nos pacientes que apresentavam apenas infecção genital foi próxima. Dessa forma, a gentamicina não é apropriada como primeira linha de tratamento para gonorreia, mas pode ser considerada uma opção em pacientes alérgicos à ceftriaxona ou que possuam resistência bacteriana isolada a ela e que tenham infecção genital restrita.

É importante ressaltar que os pacientes submetidos ao tratamento com gentamicina relataram mais dor no sítio da injeção, provavelmente pelo maior volume intramuscular aplicado (6 ml para gentamicina contra 2 ml para ceftriaxona) e pelo efeito local anestésico causado pela lidocaína que é utilizada para dissolver a cefalosporina. Além disso, a gentamicina é uma droga potencialmente ototóxica, ainda que a maior parte dos estudos que tenham caracterizado esse efeito adverso tenham considerado cursos prolongados de tratamento. No G-ToG esse achado foi raro e semelhante em ambos os braços considerados.
Estudos no Brasil

No Brasil existem poucos estudos que avaliam a resistência bacteriana da N. gonorrhoeae principalmente pela falta de diagnóstico etiológico da doença, visto que desde 1993 foi implementado o tratamento principalmente através do diagnóstico sindrômico.

No ano de 2016, o Ministério da Saúde, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, realizou estudo de vigilância da resistência in vitro do gonococo – o Projeto Sengono. Participaram da Rede de Monitoramento da Resistência Antimicrobiana do Gonococo 7 diferentes localidades no país e constatou-se resistência emergente e em expansão ao ciprofloxacino, com taxas superiores a 50% em todas as regiões do país. No entanto, as amostras de N. gonorrhoeae apresentaram alta suscetibilidade as cefalosporinas de terceira geração. Dessa forma, ceftriaxona e azitromicina são as medicações preconizadas, hoje, para o tratamento de gonorreia no Brasil.

O diagnóstico etiológico da doença é importante antes de iniciar o tratamento, dessa forma, evitamos a utilização indevida de antimicrobianos. O método atual de escolha para a infecção genital e extragenital em homens e mulheres é o teste de amplificação de ácido nucléico (NAAT), que também diferencia a C. trachomatis, um patógeno frequentemente associado. É um teste que fornece um resultado rápido, tem elevada sensibilidade e pode ser coletado pelo próprio paciente. A desvantagem é que ele não determina a suscetibilidade antimicrobiana. Por isso, quando há suspeita de resistência deve-se solicitar a cultura do material em meio Thayer-Martin.




Autor: Raissa Moraes
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 25/10/2019
Publicação Original: https://pebmed.com.br/gonorreia-em-busca-de-alternativas-de-tratamento/

Radiologia Intervencionista: confira tudo sobre a especialidade médica




A Radiologia Intervencionista é uma especialidade médica que atua realizando procedimentos e intervenções cirúrgicas minimamente invasivas guiadas por imagem.

Os procedimentos normalmente são realizados por via percutânea ou endovascular, por meio de pequenas punções por onde o médico introduz fios, cateteres e drenos até o local desejado a fim de realizar um tratamento especifico em diversas partes do corpo, usando métodos de imagem como raios-x, tomografia computadorizada, ultrassonografia, ressonância magnética para se orientar.

A especialidade é considerada uma das mais novas da medicina e vem evoluindo cada vez mais junto com o surgimento de novas tecnologias relacionadas a métodos de imagem e procedimentos minimamente invasivos.

Em geral, os tratamentos intervencionistas são rápidos e efetivos, podendo ser feitos ambulatorialmente ou com uma taxa de internação curta (24-48h), com eficácia igual ou superior às alternativas cirúrgicas.
Radiologia Intervencionista
Área de atuação e procedimentos realizados

A especialidade tem uma ampla área de atuação, tratando doenças em diversos órgãos e sistemas do corpo humano, desde aneurismas cerebrais e tumores malignos no fígado, até mesmo miomas uterinos.

Alguns exemplos de procedimentos abaixo:

Biópsias percutâneas
Drenagem de coleções
Arteriografias
Angioplastias
Embolização de tumores e hemorragias
TIPS
Drenagem biliar
Nefrostomia percutânea
Gastrostomia percutânea
Tratamento para aneurismas
Dia a dia

A rotina pode ser considerada similar a de um cirurgião, consistindo na realização de consultas e interconsultas hospitalares, visitas a pacientes internados, além da realização de procedimentos. A maior parte desses procedimentos pode ser realizada em caráter ambulatorial.

As intervenções em geral são realizadas em uma sala equipada com tomografia computadorizada e ultrassonografia, no centro cirúrgico ou na hemodinâmica. Atualmente, as salas híbridas estão cada vez mais presentes nos hospitais, preparadas para procedimentos de alta complexidade e equipadas com múltiplos aparelhos de imagem de última geração para guiar as intervenções.

O médico intervencionista também atua em urgências e emergências, tratando principalmente AVCs, hemorragias, embolia pulmonar e isquemias, embora no Brasil ainda exista poucos serviços com intervencionistas de sobreaviso.

Formação

O programa de residência médica em Radiologia Intervencionista tem duração de dois anos e tem como pré-requisito residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem ou Cirurgia Vascular. Após a residência, o profissional estará apto ao título de especialista em Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular pela SOBRICE/AMB.
Mercado

No Brasil, há poucos radiologistas intervencionistas atuando. A grande maioria está presente somente em grandes centros urbanos, como o Rio de Janeiro e São Paulo. Todavia, o mercado encontra-se em ampla ascensão, já que cada vez mais a medicina moderna procura tratamentos minimamente invasivos, rápidos e eficazes para o tratamento dos pacientes. Além disso, o surgimento de novas tecnologias e procedimentos é constante, aumentando ainda mais a demanda por esse tipo de especialista.
Perspectivas futuras

A radiologia intervencionista está ganhado cada vez mais espaço no cenário médico atual, consolidando-se como uma especialidade fundamental em hospitais de média e alta complexidade, integrando uma equipe multidisciplinar com diversas especialidades médicas, como a cirurgia geral, cirurgia vascular, neurocirurgia, oncologia clínica e cirúrgica, urologia, nefrologia e outras.

Dessa forma, espera-se um importante crescimento da especialidade nos próximos anos, juntamente com maior visibilidade e reconhecimento, garantindo aos pacientes tratamentos menos invasivos, com menores tempos de internação e resultados altamente eficazes.




Autor: Igor Biscotto
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 25/10/2019
Publicação Original: https://pebmed.com.br/radiologia-intervencionista-confira-tudo-sobre-a-especialidade-medica/v

Lorcasserina: novo medicamento antiobesidade





Nos últimos anos, muitos medicamentos para o tratamento da obesidade foram suspensos no Brasil assim como em outros países, como exemplo citamos a dexfenfluramina, o rimonabanto, o mazindol e os derivados b-feniletilamínicos (anfepramona e femproporex). Há mais de uma década não houve nenhum lançamento de medicaçao oral antiobesidade nos EUA, até junho de 2012, quando o FDA aprovou a lorcasserina hemihidratada.
Lorcasserina na obesidade

A lorcasserina é um agonista serotoninérgico seletivo dos receptores 5-HT2C localizados em neurônios pró-opiomelanocortina hipotalâmicos. Acredita-se que o agonismo do receptor 5-HT2C reduza a ingestão de alimentos e aumente a saciedade. A droga apresenta alta seletividade para o subtipo de receptor 5-HT2C, com atividade mínima nos subtipos 5-HT2B ou 5-HT 2A. Agentes antiobesidade anteriores, como a dexfenfluramina, foram retirados do mercado por causa de uma associação com doença cardíaca valvular causada provavelmente por agonismo no receptor 5-HT2B.

A lorcasserina foi aprovada pela ANVISA em 2016 na dose de 10 mg duas vezes sendo indicada para tratamento de obesidade (índice de massa corporal ≥30 kg / m²) ou IMC ≥27 kg / m² com pelo menos uma comorbidade associada, como por exemplo, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2 ou dislipidemia. Por questões burocráticas, a lorcasserina somente foi lançada no Brasil em outubro de 2019, com o nome comercial de Belviq®.

Os três principais estudos publicados envolvendo lorcasserina estão resumidos na tabela abaixo:


Retirado de: Diabetes Metab Syndr Obes. 2013;6:209–216.


O estudo BLOSSOM (Fidler et al) incluiu 4.008 indivíduos e o BLOOM (Smith et al) incluiu 3.182 indivíduos. Os critérios de inclusão foram semelhantes: idade entre 18 a 65 anos, IMC de 30 a 45 kg / m² ou 27 a 29,9 kg / m² e pelo menos uma comorbidade, como hipertensão arterial, dislipidemia, doença cardiovascular, tolerância reduzida à glicose ou síndrome de apneia obstrutiva do sono. Os principais critérios de exclusão foram pressão arterial sistólica> 150 mmHg ou pressão arterial diastólica > 95 mmHg, diagnóstico de diabetes tipo 2, depressão ou outras doenças psiquiátricas e uso de medicamentos prescritos para perda de peso nos três meses anteriores aos estudos.

O estudo BLOOM-DM (O’Neil et al) incluiu 604 indivíduos de 18 a 65 anos com IMC de 27 a 45 kg / m², com diagnóstico de diabetes tipo 2 e hemoglobina glicosilada A1c de 7% a 10%. Os principais critérios de exclusão foram: uso de insulina, exenatida ou pramlintida; depressão ou doença psiquiátrica que requerem terapia medicamentosa sob prescrição médica no último ano; história de doença valvar cardíaca; infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral nos seis meses anteriores; angina instável; e uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou noradrenalina.

Os eventos adversos mais comuns desses estudos foram cefaleia, infecções do trato respiratório superior, náusea, tonteira e fadiga. Todos os grupos em uso de lorcasserina demonstram significativa perda de peso em relação ao placebo sem efeitos colaterais cardiovasculares. O estudo BLOOM-DM demonstrou uma redução significativa da glicemia de jejum e de hemoglobina glicosilada (A1c) (p <0,05 para as duas doses de lorcasserina em comparação com o placebo).

No Brasil dispomos de quatro medicações aprovadas para o tratamento da obesidade:

Sibutramina
Orlistate
Liraglutida
E a partir de agora a lorcasserina


Autor: Monica Dias Cabral
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 25/10/2019
Publicação Original: https://pebmed.com.br/lorcasserina-novo-medicamento-antiobesidade/

39° Congresso Brasileiro de Pediatria: Escala de Bristol em Pediatria




ecentemente, o 39° Congresso Brasileiro de Pediatria foi realizado em Porto Alegre (RS). Nas discussões da mesa redonda intitulada “Problemas Comuns em Ambulatório Pediátrico”, coordenada pela Dra. Nilzete Liberato Bresolin (SC), foi citada a relevância do uso da Escala de Bristol para Consistência de Fezes (EBCF). A determinação da consistência das fezes é crucial para o diagnóstico, o monitoramento do tratamento e a realização de pesquisas científicas acerca das doenças intestinais. A utilização de escalas gráficas é extremamente relevante durante esse trabalho.


A Escala de Bristol para Consistência de Fezes (EBCF) foi desenvolvida e validada na cidade de Bristol, Inglaterra, há aproximadamente 20 anos. É composta por figuras que representam sete tipos de fezes associadas a descrições precisas segundo sua forma e sua consistência.

A aplicação da EBCF para determinar a consistência das fezes já é bem estabelecida na prática clínica e também em estudos epidemiológicos e ensaios clínicos envolvendo pacientes adultos. A EBCF modificada para crianças (mBSFS-C) é um instrumento mais recente. A mBSFS-C surgiu com a proposta de reduzir o número de tipos de fezes de sete para cinco e adaptar a linguagem utilizada nas descrições, permitindo que as crianças compreendam totalmente as representações de cada tipo de fezes.

O uso da mBSFS-C foi validado nos Estados Unidos para crianças com idades entre seis a oito anos, quando as descrições são lidas em voz alta, e para as crianças com mais de oito anos de idade, que já leem as descrições sozinhas. Essas duas escalas foram desenvolvidas e validadas em inglês. No entanto, para que seu uso na prática clínica e em pesquisa científica seja viável em países com outros idiomas oficiais, é essencial que se faça uma tradução e adaptação cultural de acordo com normas internacionais. Isso significa que os itens não devem ser apenas traduzidos literalmente, mas também devem ser adaptados culturalmente, preservando a validade do instrumento original. A EBCF foi traduzida e validada para o português do Brasil por Martinez e Azevedo (2012), para ser aplicada em pacientes adultos.

Objetivando traduzir e adaptar culturalmente a mBSFS-C para o português do Brasil e avaliar a reprodutibilidade da versão traduzida, Jozala e colaboradores (2019) realizaram o estudo Brazilian Portuguese translation, cross-cultural adaptation and reproducibility assessment of the modified Bristol Stool Form Scale for children, publicado no Jornal de Pediatria.

Metodologia

A tradução e a adaptação transcultural foram realizadas de acordo com uma metodologia internacionalmente aceita:
Tradução, retradução e aplicação de pré-teste da versão traduzida em 74 crianças para avaliar o nível de entendimento;
Aplicação da versão final da mBSFS-C modificada em português do Brasil para crianças em 64 crianças e 25 profissionais de saúde, que tiveram de correlacionar uma descrição aleatoriamente selecionada da escala traduzida com a ilustração representativa correspondente do tipo de fezes.
Resultados

A versão final da mBSFS-C modificada para crianças em português do Brasil foi comprovadamente reproduzível, pois foi obtida quase uma concordância total (k > 0,8) entre as descrições e ilustrações traduzidas dos tipos de fezes, entre as crianças e o grupo de especialistas. A escala mostrou-se confiável em gerar resultados muito parecidos para os mesmos entrevistados em diferentes momentos e também para diferentes examinadores.
Conclusão

O estudo de Jozala e colaboradores (2019) demonstrou que a mBSFS-C modificada para crianças em português do Brasil é reproduzível, podendo ser aplicada não somente na prática clínica, mas também em pesquisas científicas no país.

Para acesso ao artigo completo e à escala mBSFS-C modificada para crianças em português do Brasil, basta acessar o link.


Recentemente, o 39° Congresso Brasileiro de Pediatria foi realizado em Porto Alegre (RS). Nas discussões da mesa redonda intitulada “Problemas Comuns em Ambulatório Pediátrico”, coordenada pela Dra. Nilzete Liberato Bresolin (SC), foi citada a relevância do uso da Escala de Bristol para Consistência de Fezes (EBCF). A determinação da consistência das fezes é crucial para o diagnóstico, o monitoramento do tratamento e a realização de pesquisas científicas acerca das doenças intestinais. A utilização de escalas gráficas é extremamente relevante durante esse trabalho.


A Escala de Bristol para Consistência de Fezes (EBCF) foi desenvolvida e validada na cidade de Bristol, Inglaterra, há aproximadamente 20 anos. É composta por figuras que representam sete tipos de fezes associadas a descrições precisas segundo sua forma e sua consistência.

A aplicação da EBCF para determinar a consistência das fezes já é bem estabelecida na prática clínica e também em estudos epidemiológicos e ensaios clínicos envolvendo pacientes adultos. A EBCF modificada para crianças (mBSFS-C) é um instrumento mais recente. A mBSFS-C surgiu com a proposta de reduzir o número de tipos de fezes de sete para cinco e adaptar a linguagem utilizada nas descrições, permitindo que as crianças compreendam totalmente as representações de cada tipo de fezes.

O uso da mBSFS-C foi validado nos Estados Unidos para crianças com idades entre seis a oito anos, quando as descrições são lidas em voz alta, e para as crianças com mais de oito anos de idade, que já leem as descrições sozinhas. Essas duas escalas foram desenvolvidas e validadas em inglês. No entanto, para que seu uso na prática clínica e em pesquisa científica seja viável em países com outros idiomas oficiais, é essencial que se faça uma tradução e adaptação cultural de acordo com normas internacionais. Isso significa que os itens não devem ser apenas traduzidos literalmente, mas também devem ser adaptados culturalmente, preservando a validade do instrumento original. A EBCF foi traduzida e validada para o português do Brasil por Martinez e Azevedo (2012), para ser aplicada em pacientes adultos.

Objetivando traduzir e adaptar culturalmente a mBSFS-C para o português do Brasil e avaliar a reprodutibilidade da versão traduzida, Jozala e colaboradores (2019) realizaram o estudo Brazilian Portuguese translation, cross-cultural adaptation and reproducibility assessment of the modified Bristol Stool Form Scale for children, publicado no Jornal de Pediatria.

Metodologia

A tradução e a adaptação transcultural foram realizadas de acordo com uma metodologia internacionalmente aceita:
Tradução, retradução e aplicação de pré-teste da versão traduzida em 74 crianças para avaliar o nível de entendimento;
Aplicação da versão final da mBSFS-C modificada em português do Brasil para crianças em 64 crianças e 25 profissionais de saúde, que tiveram de correlacionar uma descrição aleatoriamente selecionada da escala traduzida com a ilustração representativa correspondente do tipo de fezes.
Resultados

A versão final da mBSFS-C modificada para crianças em português do Brasil foi comprovadamente reproduzível, pois foi obtida quase uma concordância total (k > 0,8) entre as descrições e ilustrações traduzidas dos tipos de fezes, entre as crianças e o grupo de especialistas. A escala mostrou-se confiável em gerar resultados muito parecidos para os mesmos entrevistados em diferentes momentos e também para diferentes examinadores.
Conclusão

O estudo de Jozala e colaboradores (2019) demonstrou que a mBSFS-C modificada para crianças em português do Brasil é reproduzível, podendo ser aplicada não somente na prática clínica, mas também em pesquisas científicas no país.

Para acesso ao artigo completo e à escala mBSFS-C modificada para crianças em português do Brasil, basta acessar o link.


Autor: Pebmed
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 25/10/2019
Publicação Original: https://pebmed.com.br/39-congresso-brasileiro-de-pediatria-escala-de-bristol-em-pediatria/

Webinar - Estimulação Sensório Motora na UTI Neonatal




Autor: Telessaúde UERJ
Fonte: Telessaúde UERJ
Sítio Online da Publicação: Telessaúde UERJ
Data: 25/11/2019
Publicação Original: http://connect.telessaude.uerj.br/system/get-player?urlPath=/eventos/

Curso Tabagismo - Incrições Abertas!






Autor: Telessaude UERJ
Fonte: Telessaude UERJ
Sítio Online da Publicação: Telessaude UERJ
Data: 25/11/2019
Publicação Original: http://www.telessaude.uerj.br/teleeducacao/

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Tabagismo materno no período de amamentação aumenta as chances do bebê se tornar um adulto obeso

Os malefícios do cigarro e da obesidade já são amplamente conhecidos. Mas o que poucos sabem é que o tabagismo das mães durante o período da amamentação, após o término da gravidez, aumenta a probabilidade da criança apresentar obesidade na vida adulta. É o que demonstrou um estudo desenvolvido na Universidade do Estado do Rio Janeiro (Uerj), pela nutricionista Thamara Cherem Peixoto, que cursa o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biociências com apoio da FAPERJ, por meio do programa Bolsa Nota 10. Ela é orientada na pesquisa pela bióloga Patrícia Cristina Lisboa, contemplada, por sua vez, pelo programa Cientista do Nosso Estado, também da Fundação, e conta com co-orientação do professor Egberto Gaspar de Moura, sub-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Uerj.

O estudo foi realizado em um modelo animal, de ratos Wistar – incluindo mães e filhotes –, no Laboratório de Fisiologia Endócrina da Uerj. De acordo com os resultados obtidos com a pesquisa, um dos fatores que explicam essa obesidade é a redução da capacidade termogênica do tecido adiposo marrom dos filhotes. “Vimos que uma disfunção no tecido adiposo marrom dos filhotes, relacionada à redução da atividade simpática do nervo que vai para esse tecido, compromete a atividade termogênica, favorecendo o acúmulo de gordura corporal”, explicou Thamara.

Ela lembrou que o tecido adiposo, além de ser o principal reservatório energético do organismo, é um centro regulador do metabolismo. “Uma das funções do tecido adiposo marrom é a termogênese, que é a regulação da temperatura corporal, relacionada ao gasto diário de energia do indivíduo. Quando reduzida, o metabolismo basal fica mais lento e a tendência é engordar”, detalhou. “Outra alteração que explica a obesidade é a inflamação hipotalâmica e alteração de neuropeptídios importantes na regulação da fome e do gasto de energia”, completou.

Foram realizados, simultaneamente, experimentos para observar os efeitos da exposição direta e indireta à fumaça do cigarro (mães e filhos). A exposição direta simulou a criança lactente no ambiente tabagista, exposta à fumaça. Já a exposição indireta, a criança que mama em uma mãe fumante, absorvendo a nicotina pelo leite materno. “Cada experimento durou cerca de oito meses dentro do biotério e envolveu etapas de acasalamento, gestação (três semanas), lactação (três semanas), programação, que foi o período de submissão dos filhotes à fumaça (26 semanas), além do período dedicado as análises (seis meses)”, contou. No trabalho, a exposição à fumaça correspondeu àquela gerada por fumantes humanos moderados, que consomem em torno de 20 cigarros por dia, sendo que cada cigarro contém 0.73 mg de nicotina.


Os cigarros usados na pesquisa têm uma concentração de nicotina de 0.73 mg cada. Nos testes, a exposição à fumaça correspondeu àquela gerada por fumantes humanos moderados (Foto: Divulgação)


Diante da atual epidemia de obesidade, que atinge tanto a população de países desenvolvidos como de países em desenvolvimento, e dos prejuízos globais causados pelo tabagismo, a pesquisa pode ser um ponto de apoio para a formulação de políticas públicas para conscientizar a população. “Muitas mães param de fumar durante a gestação, mas voltam durante a lactação, sem saber dos riscos que podem causar. Esse é o ponto que queremos mostrar. A exposição ao metabólito da nicotina via leite materno acarreta problemas futuros para os filhos”, alertou.

O estudo, que é o tema da tese de doutorado de Thamara, a ser defendida em agosto de 2020, resultou até o momento na publicação de dois artigos em periódicos científicos internacionais. O primeiro artigo, Neonatal tobacco smoke reduces thermogenesis capacity in brown adipose tissue in adult rats, saiu em janeiro de 2018 no Brazilian Journal of Medical and Biological Research. E o segundo, intitulado Hypothalamic neuropeptides expression and hypothalamic inflammation in adult rats that were exposed to tobacco smoke during breastfeeding: sex-related differences, foi publicado em setembro de 2019 na revista Neuroscience, da International Brain Research Organization (IBRO).



Autor: FAPERJ
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 23/11/2019
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3839.2.0

Cientistas recebem termos de outorga da FAPERJ em evento no Museu do Amanhã

Em cerimônia realizada na manhã do dia 27 de setembro, no auditório do Museu do Amanhã, o presidente da FAPERJ, Jerson Lima Silva, junto com o Secretário Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Leonardo Rodrigues, o governador Wilson Witzel, e a vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Região Sudeste, Lucia Previato, fizeram a entrega de 365 termos de outorga a pesquisadores contemplados em programas apoiados pela Fundação. No total, serão destinados recursos superiores a R$ 55 milhões, distribuídos em bolsas mensais de R$ 3 mil a R$ 2,4 mil, durante 36 meses, a 200 Cientistas do Nosso Estado (CNE) e 158 Jovens Cientistas do Nosso Estado (JCNE), respectivamente, sendo R$ 32,3 milhões em custeio e capital a sete grupos de pesquisadores das Redes de Pesquisa Cooperativa em Nanotecnologia, além de bolsas de treinamento e capacitação técnica e de pós-doutorado.

“Hoje é um grande dia. Este é o começo de um investimento cujo resultado virá, apesar das dificuldades financeiras que o estado enfrenta e a burocracia de se fazer, por exemplo, o registro de uma patente, de se colocar no mercado um produto novo, competitivo”, disse o governador. “Não temos hoje tecnologia para competir com outros países. Enfrentamos um verdadeiro êxodo de cérebros. Nossos pesquisadores sem perspectivas no Brasil vão para países como o Canadá, Alemanha, China, Estados Unidos. Nossa economia precisa se reinventar”, completou Witzel. Ele lastimou que o Brasil continue a ser um produtor de commodities na agricultura em vez de gerar produtos com maior valor agregado. Garantiu que sua equipe de secretários continua buscando oportunidades de microcrédito para oferecer oportunidades e aplacar a crise econômica. Ele recomendou que os jovens percebam as mudanças nas relações de trabalho e emprego, que deverão ser cada vez mais focadas no empreendedorismo.

O governador lamentou que o Brasil tenha se tornado um País de burocratas, e que os cursos de Direito estejam voltados para o litígio, muitas vezes impedindo o desenvolvimento econômico. Disse que apesar de seu governo já ter discutido exaustivamente a desburocratização, os avanços não são visíveis. Ele espera que a reforma tributária contribua para reduzir para padrões internacionais as obrigações tributárias e acessórias, descomplicando o sistema tributário e as administrações privada e pública. Disse que em 2017 o Brasil registrou menos de 50 mil patentes, inferior ao registrado pelo Principado de Mônaco, e longe da China, que registrou 2,5 milhões de patentes. “A pesquisa é fundamental. Quisera eu cumprir o que está a Constituição”, disse Witzel, referindo-se à obrigatoriedade do repasse, garantido por Lei, de 2% da receita líquida do Estado do Rio à FAPERJ. “O resultado virá, apesar das dificuldades. Mas nesse momento não há espaço para aumento das despesas”, disse o governador, alegando que seu governo está priorizando investimentos que gerem receitas, como Pesquisa, Agricultura e Energia.


Fernando Lázaro, ao lado de Lucia Previato, recebe o termo de outorga das mãos de Witzel, na presença de Jerson Lima (Foto: Lécio A. Ramos)


“Hoje é um dia de festa para a Ciência, Tecnologia e a Inovação fluminense. Abrigados nesse espaço do amanhã, celebramos as outorgas de três editais muito importantes para o desenvolvimento científico tecnológico do nosso estado”, disse o presidente da FAPERJ. Jerson Lima esclareceu que o programa Redes de Pesquisa Cooperativa em Nanotecnologia reúne sete redes que congregam 254 pesquisadores e mais de 600 pós-doutorandos e pós-graduandos associados, duas startups e duas empresas e diversos institutos nacionais. A rede receberá o aporte de recursos ao longo de três anos para realizar pesquisas no desenvolvimento de materiais com propriedades superiores aos convencionais, que permitirão impulsionar a economia e a indústria fluminenses. Os outros dois editais, Cientistas do Nosso Estado e Jovens Cientistas do Nosso Estado, premiam pesquisas de excelência desenvolvidas no estado.

“Como assinalado diversas vezes pelo governador, o Estado do Rio precisa recuperar e avançar no seu PIB industrial, e a Ciência e a Inovação são elementos fundamentais para alcançarmos essa meta”, ressaltou Lima. Para ele, o fato de o estado fluminense ser o segundo em maior em produção de conhecimento e inovação científica do País é um patrimônio imensurável, e a missão da FAPERJ é fazer com que esses saberes gerem ciência de excelência e contribuam ativamente para o desenvolvimento sustentável e a recuperação econômica, social e ambiental do estado. Diante da quantidade e diversidade de temas abordados pelas pesquisas contempladas, o presidente da FAPERJ resumiu: “São pesquisas que visam contribuir para soluções dos problemas do Rio de Janeiro, do País e até do mundo”. Para Jerson Lima, por ser um farol, o Rio de Janeiro tem todas as condições de se projetar internacionalmente como estado 4.0 de produção com alta intensidade tecnológica. Ele acredita que com o apoio do governo do estado, que mesmo em recuperação fiscal apostou na C,T&I, da academia e de empreendedores, a FAPERJ está contribuindo para que o País seja cada vez menos dependente de commodities.

Representando os Jovens Cientistas do Nosso Estado, a pesquisadora Claudia Pinto Figueiredo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), recebeu seu termo de outorga pelo projeto “Avaliação do papel da imunidade mediada por células T na doença de Parkinson” das mãos do governador Witzel, e falou em nome dos demais jovens contemplados. Para ela, a entrega dos termos de outorga simboliza uma nova fase da FAPERJ, uma fase de recuperação, após um período de ausência de pagamento de recursos e atrasos no pagamento de bolsas. Para explicar aos não cientistas a importância desses recursos para a pesquisa, Claudia fez uma analogia entre uma residência e um laboratório. “Em ambos os casos é possível manter as atividades com recursos que atendam às despesas correntes, mas, com o desgaste do tempo, são necessários gastos adicionais para reparos estruturais”, comparou. Diante disso, ela reconheceu a importância desse aporte de bolsas para custeio, mas lembrou que nos laboratórios é necessário investimento ainda maior, com aporte dos chamados “Auxílios” para infraestrutura e manutenção. Agradeceu o esforço da FAPERJ para a redução da desigualdade de gênero, ao incluir em seus editais a extensão em um ano do prazo para a avaliação da produtividade científica no caso de cientistas que se tornaram mães.


O pesquisador Mário Fritsch recebe das mãos do secretário Leonardo Rodrigues (à esq.) e do governador Wilson Witzel o termo de outorga, após a aprovação de seu projeto em edital da FAPERJ (Foto: Rogério Santana)


Em seguida, o Secretário Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Leonardo Rodrigues, ressaltou a importância dos recursos da FAPERJ para fazer com que conhecimento gerado em C,T&I saia do papel e se converta em produtos inovadores para o mercado. “Nós estamos virando o jogo, realmente, pois as ideias não estão somente no papel. É o momento em que começamos a sair da pesquisa para desenvolver produtos que realmente vão resultar no desenvolvimento econômico e social para o Estado do Rio de Janeiro”, afirmou. Ao garantir que a pesquisa é importante tanto no meio acadêmico quanto para o cotidiano das pessoas, ressaltou que o Estado avançou nesse quesito, tendo investido R$ 6 milhões nos laboratórios da Rede Faetec, da Fundação de Apoio à Escola Técnica. Com sua experiência de empresário, lembrou que o investimento em ciência é igualmente importante para as empresas. “Nós não estamos fazendo nada diferente a não ser aprender com vocês, pesquisadores”, admitiu Rodrigues.

Sigam em frente

Em seguida, foi a vez do pesquisador Mario Fritsch Toros Neves, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), discursar em nome dos Cientistas do Nosso Estado. Para ele, o número de inscrições para os editais de CNE e JCNE (1.167) está muito aquém do desejável e certamente reflete os tempos difíceis que o País atravessa. Neves parabenizou os pesquisadores que se dispuseram a continuar na carreira acadêmica e estimulou aqueles que não foram contemplados: “Não desistam, vão em frente. Sempre há uma chance de você tropeçar em algo maravilhoso, pois nunca ouvi falar em ninguém que tenha tropeçado em algo enquanto estava sentado”. Neves também destacou o crescimento da participação feminina em todos os cursos Biomédicos; deu o exemplo do curso de Medicina da Uerj, do qual é diretor, onde 70% dos ingressantes do primeiro ano são mulheres, e reconheceu como um passo importante a decisão da FAPERJ em ampliar em um ano o período de avaliação de produtividade no caso de pesquisadoras que tiveram filhos.

Neves disse que verificou os títulos dos trabalhos vencedores e ficou impressionado com a diversidade de temas, áreas e aplicabilidades, e seus diferentes impactos sociais, culturais e científicos a serem alcançados. Diante disso, o pesquisador questionou como será o futuro. “Hoje estamos vivendo a chamada 4ª revolução industrial. Vamos ouvir cada vez mais alguns termos como internet das coisas, sistemas integrados, computação nas nuvens, cenário de simulação, realidade aumentada, big data, entre outros. Muitas profissões não existirão mais em 20 anos e outras desconhecidas aparecerão. Mas algumas delas permanecerão, entre elas o professor e o pesquisador”, disse. Em sua opinião, para acompanhar essas mudanças é necessário dar início à Educação 4.0 como uma nova forma de ensino, e também a Pesquisa 4.0, aproximando-a mais da sociedade, e a sociedade dos pesquisadores. Nesse sentido, Neves considera excelente a recomendação da FAPERJ para que os cientistas realizem palestras ou atividades em escolas públicas durante a vigência do projeto. Ao final, deixou uma mensagem para os colegas pesquisadores: “Em todos os caminhos, encontraremos algumas dificuldades, mas você é que decide se ela será maior do que sua vontade de superá-la”. E voltou-se ao governador e ao secretário de C,T&I, reconhecendo as dificuldades do governo, mas afirmando que os pesquisadores não são o problema, mas parte da solução.

Equipes multidisciplinares


A partir da esq., Fernando Lázaro, Mario Fritsch e Claudia Figueiredo: discursos enfatizaram a importância da FAPERJ no fomento à ciência, tecnologia e inovação no Estado do Rio de Janeiro (Fotos: Lécio A. Ramos)


Em nome dos 254 pesquisadores das sete redes de pesquisa em Nanotecnologia, o físico Fernando Lázaro Freire Junior, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), afirmou que os recursos aplicados em C&T são investimentos indispensáveis para o desenvolvimento e a redução de desigualdades no País, e não gasto. Lembrou que os recentes cortes e suspensões de bolsas por parte de agentes federais, embora em parte revertidos, têm um impacto negativo sobre as expectativas de jovens que estão prestes a entrar no sistema de pós-graduação. Elogiou o fato de a FAPERJ ter assumido o pagamento das bolsas dos medalhistas fluminenses das Olimpíadas Brasileira de Matemática, e agradeceu o apoio do secretário Leonardo Rodrigues nesse sentido, mesmo diante das dificuldades fiscais enfrentadas pelo governo. “Mais do que gerar avanços tecnológicos que nos permitem conhecer a estrutura da matéria, a nanotecnologia é revolucionária porque rompe conceitos antigos e passa a ser um amplo guarda-chuva que pode abrigar diversas equipes e conhecimentos”, afirmou. Para ele, a estrutura de rede de pesquisa é amplamente adequada à nanotecnologia por permitir, naturalmente, a formação de equipes multidisciplinares. Destacou que dos 254 contemplados, nas áreas de saúde, materiais nanoestruturados e nanodispositivos, 110 possuem bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Lázaro lembrou que as redes têm como objetivo a geração de conhecimento básico, a formação de recursos humanos e a geração de produtos e pequenas empresas de base tecnológica (startups), que certamente levarão inovação a diversos setores da sociedade e contribuirão para o desenvolvimento do estado do Rio.

Entre as 25 instituições contempladas na edição 2019 dos editais Cientista do Nosso Estado (CNE) e Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE), as que receberam um maior número de bolsas foram a UFRJ (119); Universidade Federal Fluminense - UFF (48), Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Uerj (42), PUC-Rio (26), Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz (22), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ (11) e Universidade Estadual do Norte Fluminense - Uenf (8), além de outras 19 instituições sediadas no Estado. As grandes áreas do conhecimento que receberam o maior número de bolsas no CNE e JCNE, em ordem decrescente, são: Ciências Biológicas (80), Ciências Exatas e da Terra (60), Ciências Humanas (53), Engenharias (41), Ciências da Saúde (36), Ciências Sociais Aplicadas (27).




Autor: Ascom Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 23/11/2019
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3849.2.7http://www.faperj.br/?id=3849.2.7