terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Especialistas apontam cenário de estabilidade econômica para 2026 e sugerem cautela


Fotomontagem que mostra um punhado de moedas, uma sobre as outras, em cima de um gráfico que retrata o comportamento da economia
Os analistas apostam que o PIB brasileiro deve crescer algo em torno de 2% em 2026 – Arte sobre foto de Marcos Santos/USP Imagens
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O ano de 2026 já está batendo na porta e é hora de pensar no bolso. O que esperar da economia no próximo ano — e o que cada um de nós pode fazer para cuidar melhor do dinheiro? Depois de um 2025 de recuperação moderada, com inflação sob controle e leve avanço no emprego, o grande desafio será manter o crescimento diante de um cenário global incerto — marcado por tensões geopolíticas, desaceleração da China e transição energética acelerada.

O economista Paulo Feldmann, professor do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, faz um balanço do que foi o ano que está terminando. A expectativa do professor de Economia da USP para 2026 é de que seja um ano bem parecido com o atual, com uma taxa baixa de crescimento em função da alta inflação, com estimativa de 4% de inflação ao ano.

Os alimentos continuam impactando o dia a dia da dona de casa, apesar da queda na inflação. A previsão de boa safra para 2026 deve reverter esse quadro. O emprego deve continuar em alta, mas na informalidade sem os direitos trabalhistas necessários. Além disso, 2026 promete um grande desafio para o governo federal, o controle dos altos juros, gerando uma expectativa negativa para investidores estrangeiros.

 
Paulo Feldmann – Foto: FEA-USP

PIB deve crescer

Os analistas apostam que o PIB brasileiro deve crescer algo em torno de 2% em 2026, impulsionado pelo agronegócio, exportações de commodities e investimentos em infraestrutura. Outro ponto de atenção é a política monetária. O Banco Central deve manter juros em níveis baixos, para incentivar o consumo e o crédito, mas qualquer desequilíbrio nas contas públicas pode mudar essa rota.

Na prática, 2026 promete ser um ano de ajustes finos — equilibrar as contas, estimular o investimento e manter o País no rumo da previsibilidade. Em resumo, 2026 pode trazer oportunidades, mas o segredo continua o mesmo — organizar o orçamento, evitar dívidas caras e fazer o dinheiro trabalhar por você.

O professor da FEA-USP destaca que “o Brasil continua tendo um problema sério, que é o de crescimento de voo de galinha, como nós chamamos. O Brasil quando cresce, cresce 3%. Muito diferente dos países asiáticos, por exemplo, que crescem a taxas de 8%, 9%, 10% ao ano. Mas para o País ter esse crescimento maior, precisa de um plano, precisa de uma política industrial, precisa definir o que quer fazer no longo prazo, o que absolutamente não se sabe”, avalia.

Feldmann finaliza com o exemplo do caso da Petrobras e a exploração de petróleo na bacia amazônica. “O Brasil vinha falando que era o grande líder da energia limpa, que ia extinguir o petróleo no médio prazo, que ia usar só fontes renováveis. De repente, tudo muda e o Brasil resolve investigar se há petróleo na Amazônia.”

Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.





Autor: usp
Fonte: usp
Sítio Online da Publicação: usp
Data: 01/12/2025
Publicação Original: https://jornal.usp.br/radio-usp/especialistas-apontam-cenario-de-estabilidade-economica-para-2026-e-sugerem-cautela/

USP e Educação #33: Escolas indígenas

USP e Educação - USP
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USP e Educação #33: Escolas indígenas
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As escolas são espaços fundamentais na formação intelectual e cidadã dos indivíduos. Além disso, as instituições são responsáveis pela proliferação e compartilhamento de hábitos intrínsecos à cultura brasileira. Nesse sentido, as escolas indígenas assumem esse papel, garantindo a manutenção dos valores dos povos tradicionais.

Contudo, a realidade brasileira é muitas vezes nociva a essas instituições. Ao longo da história, as escolas indígenas foram tratadas de forma preconceituosa e prejudicial pelos órgãos responsáveis, colocando em segundo plano os interesses e valores dos povos nativos. Elie Ghanem, professor da Faculdade de Educação da USP, comenta que, em grande parte, a escolarização dos povos tradicionais brasileiros foi civilizatória, visando principalmente à evangelização.

Gostou do assunto? Quer saber mais? Então acesse https://jornal.usp.br/sinopses-boletins/usp-e-educacao/ e fique por dentro!

Boletim USP e Educação

Produção: Produção - Cinderela Caldeira, Isabella Lopes e Breno Marino
Edição: Rádio USP
Você pode sintonizar a Rádio USP SP 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz, pela internet em www.jornal.usp.br ou nos principais agregadores de podcast como Spotify, iTunes e Deezer.





Autor: usp
Fonte: usp
Sítio Online da Publicação: usp
Data: 01/12/2025
Publicação Original: https://jornal.usp.br/podcast/usp-e-educacao-33-escolas-indigenas/

Biogel desenvolvido em parceria com a USP promove cicatrização de feridas graves

Pesquisador da startup In Situ Terapia Celular trabalhando com o biogel - Foto: Divulgação/In Situ

Um biogel terapêutico desenvolvido pela startup In Situ Terapia Celular, em colaboração com a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, apresentou resultados promissores no modelo pré-clínico de feridas de pele graves associadas à anemia falciforme. A anemia falciforme é uma doença hereditária, caracterizada por inflamação crônica e consequente disfunção imunológica e no processo de cicatrização.

A formulação de uso tópico, que está em fase de patenteamento pela startup, contém pequenas partículas chamadas de vesículas extracelulares, que são liberadas por células estromais mesenquimais e atuam como mensageiras biológicas, regulando o sistema imunológico e auxiliando na regeneração de tecidos lesionados.

As avaliações pré-clínicas iniciais em camundongos sadios mostraram que o biogel acelera em cerca de 50% o processo de cicatrização. “A ferida se fecha em metade do tempo do que fecharia sem o uso do biogel”, explica Adriana Oliveira Manfiolli, pesquisadora-sócia da startup, egressa de pós-graduação na USP. A startup conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e está incubada no Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto e no Hospital Albert Einstein.


Para viabilizar o uso clínico do biogel futuramente, será necessário produzir essas vesículas em larga escala, já que inicialmente as células mesenquimais eram cultivadas em sistemas 2D estáticos, em frascos plásticos, um método trabalhoso e de difícil escalonamento. “Essa limitação foi superada com o desenvolvimento, pelo grupo da professora Kelen Malmegrim de Farias, da FCFRP, de um bioprocesso nacional de produção dessas vesículas em biorreator de tanque agitado, livre de componentes de origem animal e compatível com boas práticas de fabricação”, conta Adriana.

Segundo a engenheira química e pesquisadora do grupo da FCFRP, Paula Bruzadelle Vieira, “o biorreator de tanque agitado é um equipamento que se assemelha a um vaso fechado e permite o cultivo controlado de células animais ou microrganismos, com temperatura, pH e oxigenação regulados, de modo a otimizar o crescimento celular e a produção desejada”.


Adriana Manfiolli, CTO (Chief Technology Officer), e Carolina Caliári Oliveira, fundadora e CEO, ambas da In Situ Terapia Celular - Foto: Divulgação/In Situ


A recém-doutora Natália Cristine Dias dos Santos, responsável pelo desenvolvimento do bioprocesso durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia da FCFRP, completa: “Com o biorreator, foi possível cultivar as células em suspensão, reduzindo etapas manuais e garantindo lotes reprodutíveis e estáveis de vesículas”. Os resultados obtidos e apresentados na tese de Natália, desenvolvida em parceria com a In Situ Terapia Celular, estão em análise para publicação na revista Biotechnology and Bioprocess Engineering.

Para a professora Kelen, o potencial terapêutico das células estromais mesenquimais e de suas vesículas extracelulares está “na vanguarda das terapias avançadas” e “tem sido investigado em diversos estudos clínicos para tratamento de doenças inflamatórias, autoimunes e degenerativas”.
Foto: Divulgação/FCFRP

Potencial para uso no SUS


O biogel contendo as vesículas produzidas em escala ampliada foi testado com sucesso em modelo pré-clínico de feridas de pele graves em camundongos Townes, que mimetizam a anemia falciforme humana.


Nos experimentos realizados pelo biomédico Waldir César Ferreira de Oliveira, durante seu doutorado orientado pela professora Kelen também pelo Programa de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia da FCFRP, foram comparados três grupos de camundongos: sem tratamento, tratados com a formulação original e tratados com o biogel contendo vesículas produzidas em escala ampliada. “O último grupo apresentou cicatrização completa das feridas, com menos inflamação e melhor qualidade do novo tecido”, relata Oliveira.

Com a eficácia terapêutica comprovada em modelo pré-clínico, a próxima etapa será liderada pela startup In Situ, com estudos complementares de custo, escalabilidade e viabilidade regulatória do produto. A perspectiva, segundo a professora Kelen, é que a startup disponibilize o biogel, no futuro, como um produto de terapia avançada acessível pelo SUS. “A ciência feita na universidade, quando conectada ao setor produtivo, pode gerar soluções reais para desafios da saúde pública”, conclui a professora Kelen.



Natália Cristine Dias dos Santos e Paula Bruzadelle Vieira no biorreator ; na sequência Waldir César Ferreira de Oliveira, Kelen Malmegrim de Farias, Paula Bruzadelle Vieira e Natália Cristine Dias dos Santos - Foto: Divulgação/FCFRP



A fundadora e CEO da startup, Carolina Caliári Oliveira, também egressa de pós-graduação na USP, destaca o impacto social do produto: “A ciência tem um papel fundamental na melhoria da qualidade de vida. Com inovação, dedicação e colaboração, estamos cada vez mais perto de oferecer um tratamento eficaz para as feridas de pele crônicas”. Além da startup, as pesquisas também tiveram apoio financeiro da Fapesp e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Mais informações podem ser obtidas pelos e-mails kelenfarias@fcfrp.usp.br (Kelen) e adriana@insitu.com.br (Adriana), pelos perfis no Instagram @labterapiacelular e @insitu.terapiacelular, ou pelo site https://www.insitu.com.br

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*Estagiária sob supervisão de Rita Stella e Rose Talamone



Autor: usp
Fonte: usp
Sítio Online da Publicação: usp
Data: 01/12/2025
Publicação Original: https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/biogel-desenvolvido-em-parceria-com-a-usp-promove-cicatrizacao-de-feridas-graves/