quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Ameba ‘comedora de cérebros’: o que levou autoridades do Texas a emitirem alerta



CRÉDITO,SCIENCE PHOTO LIBRARY
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Ameba Naegleria fowleri foi associada a morte de criança nos EUA


A morte de um menino de seis anos vítima de Naegleria fowleri, uma ameba apelidada de "comedora de cérebros" por provocar uma infecção rara e fatal, desencadeou uma investigação e um alerta das autoridades no Estado americano do Texas.


Análises feitas após o caso indicam que a água que abastece Lake Jackson, cidade de pouco mais de 27 mil habitantes onde o menino Josiah McIntyre morava com a família, está contaminada pela ameba.


A descoberta levou o governador texano, Greg Abbott, a emitir neste domingo (27/9) uma declaração de desastre no condado de Brazoria, do qual Lake Jackson faz parte.


Autoridades locais e de cidades próximas também emitiram um alerta para que a população ferva a água antes de consumir, enquanto funcionários trabalham para desinfectar o sistema de abastecimento.


"Peço aos texanos em Lake Jackson que sigam as orientações das autoridades locais e tomem as precauções apropriadas para proteger sua saúde e segurança enquanto trabalhamos para restaurar água encanada segura para a comunidade", disse Abbott.

No fim de semana, autoridades chegaram a emitir uma recomendação para que os residentes de oito cidades no condado não usassem água da torneira para beber ou cozinhar. Essa ordem foi levantada na segunda-feira, mas segue em vigor a orientação de ferver a água antes de consumir.

Água pelo nariz



CRÉDITO,DIVULGAÇÃO/TCEQ
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Equipes da Comissão de Qualidade Ambiental do Texas (TCEQ), a agência ambiental do Estado, estão analisando amostras de água em Lake Jackson


Em entrevista à imprensa local, a mãe de Josiah, Maria Castillo, disse que o filho era um menino ativo e amoroso que adorava beisebol. Ele morreu no último dia 8, vítima de uma doença chamada meningoencefalite amebiana primária (MAP), causada pela Naegleria fowleri.


De acordo com o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, agência de pesquisa em saúde pública ligada ao Departamento de Saúde), a Naegleria fowleri costuma ser encontrada em lagos e rios e pode entrar no corpo pelo nariz.


"A Naegleria fowleri então viaja pelo nariz até o cérebro, onde destrói o tecido cerebral", diz a agência.


Especialistas em saúde ressaltam que não há risco de contaminação ao beber água, mas somente se a água entrar pelo nariz. Segundo autoridades locais, a família de Josiah suspeita que ele tenha sido exposto ao brincar em um chafariz no centro cívico da cidade ou em uma torneira do lado de fora de sua casa.

A pesquisa que descobriu o 'GPS do cérebro' e abriu caminho para entender melhor o Mal de Alzheimer
Quando é seguro comer pão, queijo e outros alimentos mofados


Resultados preliminares de análises feitas por técnicos locais e estaduais e por agentes do CDC, divulgados na última sexta-feira (25/09), revelaram que, de 11 amostras testadas, três tiveram resultado positivo. Uma delas foi coletada em uma torneira na casa da família.


Com a confirmação da presença da ameba na água da cidade, o chafariz que Josiah havia frequentado foi fechado, crianças foram proibidas de brincar com sprinklers, mangueiras ou qualquer brinquedo que possa esguichar água, e a população foi orientada a evitar que água entre no nariz. Os moradores também foram aconselhados a deixar a água correndo por cinco minutos antes do banho.


Brian McGovern, porta-voz da Comissão de Qualidade Ambiental do Texas (TCEQ, na sigla em inglês), a agência ambiental do Estado, disse à BBC News Brasil que seus técnicos continuam trabalhando para desinfectar o sistema de água.


Autoridades locais distribuíram água em caixas à população e, segundo relatos da imprensa local, os moradores da cidade correram aos supermercados para estocar garrafas d'água.

Doença rara e extremamente fatal


De acordo com o CDC, a Naegleria fowleri gosta de água doce de temperatura alta e costuma estar presente em rios e lagos. A infecção costuma ocorrer quando uma pessoa está nadando ou mergulhando em lagos e rios e a água contaminada entra pelo nariz.


Casos de infecção por água da torneira ou em piscinas contaminadas (em que não houve uso apropriado de cloro) são considerados muito raros. Também há casos em que a infecção ocorre após a irrigação do nariz, usada em algumas práticas religiosas, com água contaminada.


O CDC afirma que, apesar de a ocorrência da Naegleria fowleri ser comum em lagos e rios, a infecção de humanos é rara. Mas, uma vez infectada, uma pessoa tem poucas chances de sobrevivência.


De 145 casos registrados nos Estados Unidos entre 1962 e 2018, somente quatro pessoas sobreviveram. Em julho deste ano, um menino de 13 anos morreu após ser infectado na Flórida.


Segundo o CDC, os sintomas iniciais podem ser parecidos com o de meningite bacteriana e incluem dor de cabeça, febre, náuseas e vômito.


"Após o início dos sintomas, a doença progride rapidamente e geralmente causa a morte em cerca de cinco dias", diz o CDC.






Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 29/09/2020
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-54334958

Finlândia testa cães farejadores na detecção da covid-19



Finlândia testa cães farejadores na detecção da covid-19

Finlândia testa cães farejadores na detecção da covid-19

No aeroporto de Helsinque, capital da Finlândia, a batalha contra a covid-19 ganhou aliados de quatro patas: um experimento está usando cães farejadores na detecção do coronavírus.


Passageiros que se voluntariam a participar limpam o pescoço com um pano, que é dado para os animais cheirarem.


Um latido significa que o vírus causador da covid-19 foi encontrado – mas como a técnica ainda não foi alvo de estudos comparativos, os passageiros com "teste positivo" são aconselhados a colher amostras para o exame convencional.

Mas a professora responsável pelo estudo garante que funciona, e que os cães são capazes de identificar o vírus cerca de cinco dias antes dos sintomas aparecerem.




Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 29/09/2020
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-54348646

Coronavírus: as 'senhoras banqueiras' que organizam socorro financeiro a latinos durante pandemia nos EUA



CRÉDITO,ALEJANDRA SOL CASAS
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Hilda Robles comprou seu primeiro carro nos EUA com a ajuda de uma tanda


Quando Hilda Robles lembra dos seus primeiros anos nos Estados Unidos, lágrimas brotam de seus olhos.


Quando ela chegou a San Antonio, no Texas, há cerca de 20 anos, até mesmo tarefas diárias simples como ir ao trabalho ou ao médico eram desafios, porque ela não tinha carro, não sabia inglês e não tinha quase ninguém a quem pedir ajuda.


Abrir uma conta no banco parecia impossível. "Quando entrei em um banco pela primeira vez, disseram que não poderia abrir uma conta porque não tinha número de seguro social", diz ela, em referência ao registro que todo cidadão do país tem junto ao governo americano.

"Alguém me falou sobre um banco onde eu poderia abrir uma conta sem número do seguro social, mas a barreira do idioma me impediu."


Foi então que Robles começou um tanda, um clube de poupança informal popular na América Latina, com contribuições de seus parentes.

Cada membro do clube contribui com uma quantia fixa para um fundo de forma regular e periódica. A soma total vai para um membro a cada rodada, até que todos recebam o pagamento.


Isso significa que os membros recebem de volta o que colocaram no fundo ao longo do plano, mas, ao obtê-lo na forma de uma quantia fixa, o dinheiro pode ser usado para compras, investimentos ou pagamentos de dívidas que de outra forma não poderiam arcar.


Os membros que pegam a quantia mais cedo estão efetivamente recebendo um empréstimo sem juros, enquanto aqueles que o recebem mais tarde no ciclo estão essencialmente sacando parte do dinheiro "economizado".


Com os US$ 5 mil que recebeu de sua tanda, Robles comprou seu primeiro carro. Seus parentes e amigos do clube de poupança conseguiram fazer o pagamento de casas, pagar as mensalidades da universidade e, agora, em meio à pandemia de covid-19, usam esse dinheiro para sobreviver, porque ficaram desempregados ou doentes.



Desde aquele primeiro clube de poupança, há 14 anos, Robles, que hoje tem 49 anos, os administra continuamente, com apenas alguns meses de intervalo entre um e outro.


"Fico muito feliz em ver as pessoas alcançando seus objetivos por causa das tandas, sem ter que se afogar em dívidas de empréstimos. É a prova de que, entre nós, hispânicos, podemos progredir aqui."

Clubes dão acesso a crédito a imigrantes durante a pandemia


Esse antigo mecanismo de poupança tem paralelos em todo o mundo. É geralmente conhecido como poupança rotativa ou associação de crédito.


No México, são popularmente chamados de tandas, mas também são conhecidos por outros nomes em várias partes do mundo. Comunidades de imigrantes continuam essa prática nos Estados Unidos.


À medida que as dificuldades econômicas acompanham a crise de saúde pública causada pela covid-19, para algumas famílias, os métodos tradicionais de poupança fora do sistema bancário se tornaram uma tábua de salvação, especialmente para as comunidades de imigrantes duramente atingidas com pouco acesso às principais fontes de crédito.


Isso tornou-se um assunto cada vez mais urgente em 2020. Mesmo antes da pandemia, os Estados Unidos estavam atrás de outros países ricos no que diz respeito a acesso a crédito.


Cerca de 7% dos americanos com mais de 15 anos não tinham nenhum tipo de conta bancária em 2017, em comparação com menos de 1% dos canadenses e menos de 4% dos britânicos, de acordo com o Banco Mundial.


Um quarto dos adultos americanos, ou seja, mais de 80 milhões de pessoas, eram "desbancarizadas", o que significa que não tinham contas ou que precisavam recorrer a serviços alternativos aos bancos tradicionais para conseguir dinheiro suficiente para cumprir suas obrigações e alcançar suas metas.



CRÉDITO,GETTY IMAGES
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As tandas permitem que seus membros economizem dinheiro e recebam isso de volta como um montante fixo


As famílias com maior probabilidade de se enquadrarem nas duas categorias eram de negros ou hispânicos, sem qualificações universitárias e pobres. Para ter acesso a empréstimos, eles às vezes precisam recorrer a opções de empréstimo não bancárias, como credores informais ou agiotas.


Essas opções podem ser arriscadas, cobrar juros altos e trazer consequências terríveis. Uma tanda pode fornecer uma alternativa mais segura e confiável.


"Esses sistemas são realmente úteis quando temos sistemas bancários com possibilidades finitas", diz Caroline Hossein, professora de negócios e estudos sociais da York University, que estuda estes sistemas em comunidades no Canadá.


"Os bancos têm apenas uma certa quantia de dinheiro, e se você tiver apenas uma certa quantia, você só vai dá-lo para aqueles que são menos arriscados. Portanto, faz todo o sentido que as pessoas se envolvam nesses tipos de ajuda mútua ou sistemas de concentração de dinheiro."

As 'senhoras banqueiras'


Frequentemente, eles são dirigidos por mulheres, a quem Hossein chama de "senhoras banqueiras" da comunidade.


"A banqueira pode ser quem está organizando. Você pode entrar em contato com ela a qualquer hora do dia, pode ser alguém que more na sua vizinhança, então, é fácil chegar até ela. A papelada não é tão traiçoeira quanto seria em um banco formal, e existe uma espécie de ligação, porque são pessoas que se gostam e se conhecem."


Embora tendam a ser "mais uma boia de salvação para pessoas que têm dificuldade de acesso aos bancos, especialmente para obter empréstimos", esses esquemas de poupança também são usados ​​por membros mais estabelecidos de comunidades.


Além do acesso a um fundo de dinheiro, "um benefício principal é a construção de 'laços de confiança mútua' em uma rede de pessoas confiáveis", diz Lee Martin, da Universidade da Califórnia. Tandas são benéficas principalmente para pessoas sem acesso às principais formas de crédito, afirma.


Mas, como eles são usados ​​por comunidades marginalizadas, estudar sua prevalência tem sido difícil, diz Hossein, que participa de uma tanda, conhecida como su-su em sua comunidade afro-caribenha, como parte de sua pesquisa.


"Muitas delas, principalmente em lugares como Canadá, Estados Unidos ou Europa, tendem a ser clandestinas", diz ela.


Muitos temem que o empreendimento seja visto como uma forma de financiamento não respeitável ou até mesmo ilícita. Obviamente, ao contrário de uma conta poupança, eles não geram juros.


No entanto, os economistas acreditam que provavelmente são bastante comuns no Ocidente. Uma pesquisa com proprietários de empresas de vestuário coreano-americanas em Los Angeles, em 2004, descobriu que 77% das famílias participaram de uma versão deste sistema.

Sistema tem benefícios inesperados e riscos


O autocrédito dentro das comunidades pode ter benefícios inesperados. Um sistema semelhante ao de uma tanda entre os imigrantes chineses na Espanha, por exemplo, ajudou os empresários expatriados a superar a crise do euro no final dos anos 2000 e 2010.


A comunidade empresarial chinesa estava "amplamente isolada pelos caprichos do vacilante sistema bancário de varejo do país", informou o Financial Times em 2014.


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Robles diz que já teve que tirar do próprio bolso para pagar a parte de quem não pagou, mas afirma que isso é raro


Na crise de covid-19 de 2020, as famílias que participaram da tanda que Robles está administrando conseguiram pagar suas contas quando seus membros ficaram desempregados ou doentes.


Para a maioria, era a única fonte de dinheiro, diz Robles. Apenas uma das famílias recebeu o benefício do governo, porque não tinham os documentos para pagar o seguro-desemprego.


Como qualquer esquema de investimento, porém, as tandas não são isentas de riscos. Um participante pode deixar de pagar ou pegar sua parte e fugir. Robles diz que isso ocorreu raramente e que teve de completar a diferença do seu próprio bolso.


Como operam com base na confiança, geralmente dentro de uma comunidade profundamente conectada, as consequências sociais das más ações dissuadem casos assim.


Mas, como são administrados de forma privada, há poucos recursos legais contra quem trapaceia. E, ao contrário de colocar dinheiro em uma conta de poupança bancária, não há pagamento de juros.

Esquema enfrenta obstáculos para se popularizar


Será que as tandas podem se popularizar ainda mais?


Uma tentativa do Yahoo Finance de popularizar um aplicativode tanda em 2018 não teve sucesso. O esquema foi encerrado depois de apenas alguns meses devido, ao que parece, à falta de participação.


Existem dois grandes obstáculos, na opinião de Hossein: o estigma associado a uma ferramenta financeira não tradicional usada por minorias étnicas; e a barreira na confiança que deve ser superada para colocar a fé em outras pessoas para lidar com dinheiro.


Mas, com a pandemia de covid-19, a participação nas tandas de uma geração mais jovem de americanos com interesse em compartilhar recursos e tecnologia de forma eficiente, podem tornar o esquema em um método de economia mais comum.


Para Mayra Martinez, de 30 anos, que trabalha com administração universitária em Dallas, no Texas, estar em tandas a ajudou a aprender sobre confiança e a fomentar um senso de obrigação de economizar, o que pode ser difícil para jovens, diz ela.


"Não é como um compromisso consigo mesmo, onde você pode facilmente dizer 'não vou fazer isso este mês porque simplesmente não quero'."


É uma camada adicional de segurança econômica em um mundo que tem sido imprevisível para jovens profissionais, como atesta a experiência de Martinez. Sua irmã e seu cunhado recentemente testaram positivo para covid-19 e não puderam trabalhar. "Ela acabou de receber sua tanda esta semana", disse Martinez.


A tanda em que Martinez está envolvida agora consiste em membros da família de todas as gerações e é administrada por sua mãe.


Ela criaria e administraria uma para ela e seus irmãos e primos quando as gerações mais velhas não mais participassem?


"Eu não me importaria...", diz ela, acrescentando com uma risada: "Mas depende de quais primos".





Autor: Angelica Casas & Boer Deng
Fonte: BBC News
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 30/09/2020
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54349198

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Kururubatrachus: uma rã da Era dos Dinossauros



Reconstituição artística do Kururubatrachus gondwanicus, a nova espécie de rã que revela outro marco temporal na história evolutiva dos anfíbios (Arte: Gabriel Lio)


Uma nova espécie de rã, que viveu há 119 milhões de anos, e foi descoberta nos arredores de Nova Olinda, município no Sul do Ceará, na Bacia do Araripe, abre novas perspectivas para a compreensão da história evolutiva dos anfíbios modernos. Batizada de Kururubatrachus gondwanicus (nome científico que significa “anfíbio cururu de Gondwana”, em alusão ao supercontinente que agrupava boa parte da massa terrestre do planeta na época), ela foi encontrada durante escavações geológicas realizadas por alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no local. O trabalho, realizado em parceria com pesquisadores de instituições de pesquisa da Argentina e do Ceará, resultou na recente publicação de um artigo no Journal of South American Earth Sciences, periódico internacional do grupo Elsevier.

A pequena rã, com cerca de cinco centímetros de comprimento e um esqueleto bastante semelhante ao dos anfíbios de hoje, inclusive ao de espécies que vivem no interior do Nordeste, revela um novo marco temporal na linha evolutiva dos anfíbios. “Anteriormente, os estudos genéticos haviam estimado que anfíbios de características modernas como este teriam se originado há aproximadamente 66 milhões de anos, próximo do final da Era dos Dinossauros, no período geológico conhecido como Cretáceo Superior. Porém, o fóssil descoberto retrocede esta origem em 53 milhões de anos, o que o coloca no Cretáceo Inferior, no tempo Aptiano, em uma descoberta inesperada e que abre questões importantes acerca da evolução das espécies que vivem atualmente”, contextualizou o geólogo Ismar de Souza Carvalho, professor do Departamento de Geologia da UFRJ, que recebe apoio da FAPERJ para a realização de pesquisas por meio do programa Cientista do Nosso Estado.

Na época em que o Kururubatrachus viveu, os dinossauros já existiam e os mares eram habitados por répteis marinhos. As primeiras plantas com flores surgiam no planeta. Foi um momento de mudanças ambientais expressivas, em que se formava o Oceano Atlântico, a América do Sul e a África se separavam, e o clima do planeta se transformava de forma impactante. “O estudo desse fóssil ajuda a ter uma visão mais ampla dos sistemas ecológicos do passado da Terra, nesse momento de mudanças ambientais expressivas. Ele revela detalhes da vida que existiu no antigo continente de Gondwana, que reunia a América do Sul, África, Índia, Madagascar e Austrália, e aponta relações muito mais complexas nos processos de evolução e extinção da vida dos anfíbios”, explicou o geólogo.

Devido às características naturais do ambiente em que vivia o Kururubatrachus – como o carbonato de cálcio presente no lago e o clima quente e seco –, houve uma excepcional conservação do fóssil. “O fóssil está muito bem preservado e é possível observar detalhes do seu conteúdo estomacal, como restos dos insetos e outros pequenos animais ingeridos por ele. A anatomia do esqueleto indica que era uma espécie de rã saltadora, que pertencia ao ramo dos neobatráquios”, contou Souza Carvalho.





Detalhes do esqueleto do fóssil, encontrado em excelente estado de preservação na região de
Nova Olinda, no Ceará (Foto: Divulgação)


Ele acredita que o Kururubatrachus pode ter morrido de forma repentina, em um evento motivado pelas mudanças ambientais da época, já que não há sinais de lesões em seu corpo. “Podemos especular como hipótese da morte a variação brusca da salinidade do lago onde ele estava, pois a região sofria secas severas”, ponderou. O geólogo explicou que a Bacia do Araripe naquele momento era um grande ambiente lacustre isolado no meio do Nordeste do Brasil, às vezes com água mais salina, às vezes mais doce, quando chovia. O clima era quente. “Ali no Araripe tivemos também o registro das primeiras ingressões do Oceano Atlântico, quando os continentes começaram a se afastar. ”

O pesquisador destaca que a descoberta é um novo marco para a Paleontologia brasileira e para o entendimento das transformações dos ecossistemas terrestres ao longo do tempo geológico. “Muita coisa na Paleontologia é contada a partir das informações produzidas no Hemisfério Norte. Agora, com essa descoberta no Brasil, a história evolutiva dos anfíbios nos coloca no cenário científico internacional”, comemora Souza Carvalho.

Participam da pesquisa, além de Souza Carvalho, os pesquisadores da Argentina Federico Agnolin e Fernando E. Novas, do Museu Argentino de Ciências Naturais ‘Bernardino Rivadavia’; Alexis M. Aranciaga Rolando, da Fundação de História Natural ‘Félix de Azara’, na Argentina; José Xavier-Neto, do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Ceará; José Artur Ferreira Gomes Andrade, da Agência Nacional de Mineração; e Francisco Idalécio Freitas, do Geopark Araripe.




Autor: Débora Motta
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 25/09/2020
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4071.2.2


Substâncias com ação anticancerígena são identificadas na própolis vermelha


Pesquisadores isolaram oito novos polifenóis na variedade mais rara de própolis. Dois deles apresentaram, nos testes in vitro, potencial de inibir a proliferação de células tumorais ( foto: acervo do pesquisador)


Encontrada no Brasil apenas em colmeias de uma região de mangue no Estado de Alagoas, a própolis vermelha possui duas substâncias que podem auxiliar no combate ao câncer. Nos testes realizados em laboratório, as moléculas isoladas reduziram consideravelmente a proliferação de células tumorais em linhagens de ovário, mama e glioma.

No estudo, publicado no Journal of Natural Products, além das duas substâncias anticancerígenas, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descreveram outros seis novos polifenóis – substâncias naturais como os flavonoides e os taninos, encontradas em plantas, cereais e também no vinho – com estruturas totalmente inéditas na ciência.

“Das oito substâncias novas e isoladas pela primeira vez da própolis vermelha, duas apresentaram propriedade citotóxica anticancerígena em células de ovário, mama e de glioma. Realizamos os testes in vitro nesses três tipos de câncer por eles serem multirresistentes a diferentes drogas e, portanto, muito difíceis de tratar. Essas células têm um mecanismo, já conhecido, que superexpressa uma proteína responsável pela exclusão de drogas das células, levando à resistência medicamentosa. No entanto, os testes mostraram que as substâncias da própolis vermelha conseguiram contornar esse mecanismo, algo essencial para reduzir os tumores”, diz Roberto Berlinck, professor no Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP) e membro da coordenação do Programa BIOTA-FAPESP .

As descobertas são resultado de estudo coordenado por Berlinck, que integra o Programa BIOTA-FAPESP, e também de Projeto Temático coordenado pelo pesquisador Ronaldo Pilli.

Biblioteca de produtos naturais

De acordo com Berlinck, os polifenóis da própolis vermelha brasileira representam uma nova classe de compostos antiproliferativos do câncer, responsáveis pela inibição de crescimento tumoral e morte celular. “Inclusive, na comparação com testes realizados com um quimioterápico conhecido [doxorrubicina], as substâncias tiveram resultados melhores”, afirma.

É sabido que produtos naturais constituem uma das principais fontes de novas drogas para o tratamento de doenças como o câncer. Por isso, a importância de estudos de bioprospecção, como o realizado com a própolis vermelha, para a detecção de novas substâncias.

Dessa forma, o estudo comprova os efeitos benéficos da própolis. Estudos anteriores já descreveram ação bactericida, antifúngica, anti-inflamatória, imunomoduladora e até mesmo de inibição de crescimento de algumas células de câncer. “As abelhas produzem a própolis para a proteção da colmeia. Portanto, não é por acaso que a resina da própolis tem atividade de proteção contra bactérias e fungos. Isso já havia sido descrito em estudos que usaram a própolis bruta. O que fizemos em nosso estudo foi descobrir as substâncias isoladas e comprovar o efeito anticâncer”, explica Berlinck à Agência FAPESP.

No mundo, existem três variedades de própolis: a verde, a marrom e – a mais rara delas – a vermelha. O Brasil é um dos maiores produtores de própolis no mundo. A variedade vermelha só é encontrada em Alagoas, onde é produzida por abelhas que se alimentam da resina da árvore Dalbergia ecastophyllum – popularmente conhecida como rabo-de-bugio pela cor rubra de sua seiva.

“Pretendemos agora compreender como as abelhas processam essa resina da árvore. Será que elas modificam a resina transformada em própolis, ou simplesmente a utilizam como tal? Nosso objetivo será focar em responder essas questões em nossas próximas investigações”, diz.

Berlinck ressalta, no entanto, que as moléculas descobertas pertencem ao grupo dos polifenóis e, portanto, não são consideradas promissoras para a produção de fármacos. “Infelizmente, os polifenóis se ligam às proteínas de maneira pouco específica, o que não é ideal para um fármaco. Mas talvez seja por esse motivo que a própolis vermelha tenha tantas atividades, justamente por atuar em vários sistemas diferentes”, diz.

O artigo Antiproliferative Flavanoid Dimers Isolated from Brazilian Red Propolis (doi: 10.1021/acs.jnatprod.9b01136), de Thais P. Banzato, Juliana R. Gubiani, Darlon I. Bernardi, Cláudio R. Nogueira, Afif F. Monteiro, Fernanda F. Juliano, Severino M. de Alencar, Ronaldo A. Pilli, Carolina A. de Lima, Giovanna B. Longato, Antonio G. Ferreira, Mary Ann Foglio, João E. de Carvalho, Débora B. Vendramini-Costa e Roberto G. S. Berlinck, pode ser lido em https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acs.jnatprod.9b01136?ref=pdf.




Autor: Maria Fernanda Ziegler
Fonte: Agência FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 25/09/2020
Publicação Original: https://agencia.fapesp.br/substancias-com-acao-anticancerigena-sao-identificadas-na-propolis-vermelha/34211/

Brasileiros começam a desvendar sistema bioluminescente de mosquito norte-americano 28 de setembro de 2020



Pesquisadores da UFSCar isolaram moléculas presentes em larva de inseto que vive nos Montes Apalaches e produz luz azul; descoberta ajuda a entender espécies brasileiras com características similares e pode levar a novas aplicações biotecnológicas larva de mosquito da espécie Orfelia fultoni, que emite luz azul; imagem: Vadim Viviani/UFSCar)

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) isolou pela primeira vez moléculas de um sistema bioluminescente quase desconhecido, presente nas larvas do mosquito Orfelia fultoni. Um dos poucos organismos terrestres a produzir luz azul, o inseto vive em barrancos de riachos nos Montes Apalaches, nos Estados Unidos. Uma parte essencial do seu sistema bioluminescente é uma molécula presente também em dois mosquitos brasileiros descobertos recentemente.

O estudo, apoiado pela FAPESP, foi publicado na Scientific Reports por cinco autores da UFSCar e dois de universidades dos Estados Unidos.

Os sistemas bioluminescentes de insetos, como os vaga-lumes, são normalmente compostos de luciferina – uma molécula de baixo peso molecular – e luciferase, uma enzima que catalisa a oxidação de uma luciferina por oxigênio, produzindo luz. Enquanto alguns sistemas bioluminescentes são bem conhecidos e mesmo usados em aplicações biotecnológicas, alguns ainda não o são. É o caso dos que produzem luz azul, como o da Orfelia fultoni.

“Mostramos as propriedades da luciferase, da luciferina e a localização anatômica delas na larva do inseto. Além disso, conseguimos identificar possíveis proteínas candidatas a luciferase. Ainda não sabemos que tipo de proteína ela é, mas provavelmente uma hexamerina. Nos insetos, as hexamerinas normalmente fornecem aminoácidos, mas têm outras funções, como ligar compostos de baixo de peso molecular, como é o caso da luciferina”, explica Vadim Viviani, professor do Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade (CCTS) da UFSCar, em Sorocaba, e coordenador do estudo.

O trabalho integra o projeto “Bioluminescência de artrópodes”, financiado pela FAPESP. A parceria com os pesquisadores norte-americanos foi proporcionada por um projeto anterior, também apoiado pela Fundação e pela National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, em parceria com a Universidade Vanderbilt.

Além da luciferina e da luciferase, os pesquisadores começaram ainda a caracterização de um complexo presente nos mosquitos da família Keroplatidae, à qual pertence a O. fultonie uma espécie brasileira do gênero Neoditomyia que produz somente a luciferina e, portanto, não emite luz.

Por não produzir luz, a luciferina de O. fultoni e da Neoditomyia brasileira foi nomeada keroplatina. No corpo das larvas desta subfamília, a keroplatina, encontra-se associada a corpúsculos negros que contêm proteínas e provavelmente mitocôndrias, organelas que produzem energia nas células. O grupo ainda não sabe, no entanto, qual o significado biológico da associação da keroplatina com as mitocôndrias.

“É um mistério. Talvez a luciferina esteja relacionada com o metabolismo energético da mitocôndria. À noite, provavelmente na presença de um redutor químico natural, a luciferina é liberada por estes corpúsculos negros e reage com a luciferase circundante para produzir a luz azul. São possibilidades que vamos estudar”, diz Viviani.

Primas brasileiras

Um fator importante para a elucidação do sistema bioluminescente do mosquito norte-americano foi a descoberta, em 2018, de uma larva que vive no Parque Estadual Intervales, em Ribeirão Grande (SP). Apesar de não produzir luz, o animal tem luciferina igual à da O. fultoni (leia mais em: agencia.fapesp.br/28840/).

No estudo atual, os pesquisadores, inclusive, injetaram a luciferase purificada da espécie norte-americana na larva brasileira e esta última produziu luz azul. Como a brasileira não luminescente é mais abundante na natureza do que a do Hemisfério Norte, foi possível obter mais material de estudo para fazer a caracterização da luciferina presente em ambas as espécies (a keroplatina).

Além disso, em 2019, o grupo descobriu e descreveu a Neoceroplatus betaryiensis, em colaboração com Cassius Stevani, professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP). O primeiro inseto sul-americano a produzir luz azul vive numa reserva particular vizinha ao Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), no sul do Estado de São Paulo. A espécie é um parente próximo da Orfelia fultoni norte-americana, mas, diferentemente dela, vive na superfície de troncos caídos em locais úmidos. (leia mais em: agencia.fapesp.br/31485/).

“Mostramos que o sistema bioluminescente desta espécie brasileira é o mesmo da O. fultoni. No entanto, o animal é muito raro de ser encontrado e por isso é difícil conseguir material suficiente para o seu estudo”, conta Viviani.

Agora, o grupo trabalha na clonagem e caracterização molecular da luciferase desse grupo, na determinação da estrutura química da luciferina e da morfologia das lanternas do animal.

“Uma vez que tudo isso esteja determinado, poderemos sintetizar a luciferina e a luciferase em laboratório e então utilizar esses sistemas em diferentes aplicações biotecnológicas, como no estudo de células, que poderão ajudar inclusive a esclarecer doenças humanas”, conclui.

O artigo A new brilliantly blue-emitting luciferin-luciferase system from Orfelia fultoni and Keroplatinae (Diptera) pode ser lido em www.nature.com/articles/s41598-020-66286-1.




Autor: André Julião
Fonte: Agência FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 28/09/2020
Publicação Original: https://agencia.fapesp.br/brasileiros-comecam-a-desvendar-sistema-bioluminescente-de-mosquito-norte-americano/34226/

Herbários brasileiros, das caixas de papelão aos acervos on-line




O herbário da UFRB é um dos 72 com dificuldade para armazenar suas coleções, de acordo com um levantamento com 139 coleções científicas de amostras de plantas, publicado em abril de 2020 na revista Acta Botanica Brasilica. As universidades federais abrigam 40,28% dos herbários brasileiros e as estaduais 19,42%. Outros 10% ficam nos institutos de pesquisa e jardins botânicos, 7,9% em universidades comunitárias e o restante em ONGs e empresas privadas e públicas, de acordo com o levantamento. As maiores coleções estão no Rio de Janeiro: no Jardim Botânico (cerca de 850 mil amostras) e no Museu Nacional (cerca de 600 mil).

Os acervos cujos curadores responderam ao questionário guardam cerca de 6,7 milhões de amostras catalogadas, com local e data de coleta. Entre elas, estão 39 mil espécimes-tipo, que são os primeiros registros de uma espécie descrita e funcionam como uma certidão de nascimento dessas plantas e fungos. Apenas 6,4% desses herbários estão com seus acervos inteiramente digitalizados, com imagens, e acessíveis on-line. Se contar somente os dados das amostras, sem as imagens, o índice sobe para 32%.




Os armários tradicionais, de duas portas, são os mais comuns entre os herbários brasileiros: de acordo com o levantamento, 47,48% das coleções estavam armazenadas nelesLidyanne Aona

Os 216 herbários em funcionamento no país em 2018 reuniam 8,4 milhões de exemplares, número similar ao do herbário do Museu Nacional de História Natural de Paris, o mais antigo e um dos maiores do mundo, com cerca de 8 milhões. As coleções guardam plantas e fungos recolhidos desde o século XVII, que servem como referência para identificar novas espécies e descrever a vegetação de uma região. Os ramos coletados com folhas, frutos e flores são prensados, secos, costurados em cartolinas e catalogados, quando ganham o nome de exsicatas. Os fungos – como os cogumelos e orelhas-de-pau – são secos, guardados em envelopes ou caixas e catalogados. Os muito pequenos podem ser depositados em lâminas de vidro.

“Depois de queimadas como as que ocorrem neste momento no Pantanal e na Amazônia, é possível que encontremos nas exsicatas o único registro de algumas espécies de plantas”, diz Aona, que analisou em seu doutorado, concluído em 2008, amostras do gênero Dichorisandra com 250 anos e identificou uma série de espécies que ainda não haviam sido descritas, das quais 16 já estão publicadas. Segundo ela, as coleções podem ser usadas também para projetar os impactos das mudanças climáticas ou para entender alterações da vegetação em determinada área ao longo do tempo.

“Cada coleção deveria ter seu regimento ou outro documento que a reconhecesse e permitisse ao curador cobrar dos responsáveis pela instituição as condições para cuidar adequadamente do acervo”, observa o botânico André Luís de Gasper, coordenador da Rede Brasileira de Herbários e autor principal do artigo na Acta Botanica Brasilica. Apenas 44% dos herbários que participaram da pesquisa têm alguma forma de reconhecimento oficial e somente 25% dos curadores consideram seu acervo valorizado pela instituição que o abriga.




Funcionários do herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o maior do Brasil, preparam exsicatasCícero Rodrigues

O aperto orçamentário é constante. O artigo indicou que o financiamento de 35% dos acervos vem de projetos de pesquisa e de extensão, que às vezes incluem bolsistas para trabalhar temporariamente nos herbários, desse modo compensando a escassez de mão de obra. Entre os herbários examinados, 27% recebem eventualmente recursos de suas instituições, 24% têm orçamentos anuais e o restante se vale de fontes de recursos não especificadas que financiam projetos de pesquisa e extensão.

Em consequência, alguns herbários guardam suas amostras entre folhas de jornal e não entre cartolina, observa Gasper. Torna-se difícil também comprar armários deslizantes, recomendados para ganhar espaço, com escaninhos, mais caros que os de duas portas. Por isso, enquanto 47,48% dos herbários usam armários tradicionais, apenas 16,54% têm parte de seu acervo em armários deslizantes.

O herbário da Universidade Regional de Blumenau (Furb), do qual Gasper é curador, é um dos 5,7% que utilizam caixas de madeira ou de metal, colocadas em prateleiras. A substituição por armários deslizantes poderia dobrar para 120 mil a capacidade de armazenamento, segundo o biólogo. “A troca teria um custo estimado de R$ 500 mil”, calcula, sem previsão de ter esse recurso.




Exsicata com folhas e frutos de canela do curucutu (Ocotea curucutuensis), coletada em 2003 no parque da serra do Mar e preservada no herbário do Instituto Florestal de São PauloLéo Ramos Chaves

Faltam também recursos para investir em sistemas de proteção contra incêndio: 33 herbários não têm extintores e apenas nove utilizam sensores de fumaça. Em dezembro de 2013, houve um curto-circuito em um interruptor de ar-condicionado do herbário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), hoje com 280 mil amostras. “Felizmente dois técnicos perceberem e apagaram as chamas com pranchas de cartolina. Se demorassem mais cinco ou 10 minutos, teríamos perdido a coleção inteira”, conta seu curador, o botânico Michael Hopkins. Segundo ele, o herbário ainda não tem um sistema antichamas adequado.

A saída para driblar a falta de verba é incluir a compra de armários e outros materiais em projetos de pesquisa que usem os acervos. “Dependemos cada vez mais do apoio extrainstitucional para manter o herbário”, diz Hopkins. Ele comprou armários deslizantes e pretende adquirir lupas e microscópios usando recursos de projetos financiados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e pelo Herbário Virtual da Flora e dos Fungos.


Autor: Sarah Schmidt
Fonte: fapesp
Sítio Online da Publicação: fapesp
Data: 23/09/2020
Publicação Original: https://revistapesquisa.fapesp.br/herbarios-brasileiros-das-caixas-de-papelao-aos-acervos-on-line/

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O fascinante cintilar do primeiro buraco negro a ser captado em imagem



CRÉDITO,EHT COLLABORATION
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Examinando dados antigos, os cientistas podem dizer que a região brilhante do anel está se movendo


Quando os cientistas apresentaram a primeira imagem de um buraco negro no ano passado, o feito foi saudado como um avanço extraordinário.


Agora eles reavaliaram alguns dos dados de imagem que foram adquiridos nos anos anteriores àquele momento histórico.


E isso nos dá algumas novas perspectivas sobre o objeto conhecido como M87*, que tem a massa descomunal de 6,5 bilhões de sóis.


Uma das revelações foi que o brilho do buraco negro oscila com o tempo.


Este é provavelmente o resultado de o M87* fragmentar e consumir a matéria próxima capturada pela atração feroz de sua gravidade.


A matéria, aquecida a bilhões de graus, se contorce e vira através de intensos campos magnéticos. E ao fazer isso, a região de brilho vista no anel de gás que circunda o buraco negro parece oscilar.


"O que vemos é o fluxo de matéria girando e finalmente mergulhando no horizonte de eventos, mas essa matéria, esse fluxo de plasma, de gás, é muito turbulento", explica o Dr. Maciek Wielgus, astrônomo da Universidade Harvard.


"Nós esperamos essa turbulência. Há o que é chamado de instabilidade magneto-rotacional nesta turbulência. E, por essa razão, há alguma estocasticidade (aleatoriedade no comportamento); parece que bolhas de brilho se formam em locais diferentes", disse ele à BBC News.

Observatório virtual


A imagem histórica do M87*, divulgada em abril de 2019, foi capturada pelo Event Horizon Telescope (EHT).


Este é um "observatório virtual". Ele conecta uma série de oito receptores de rádio — do Polo Sul ao Havaí, às Américas e Europa — para imitar a resolução que você obteria com um único telescópio do tamanho da Terra.


Os astrônomos descrevem a resolução alcançada como 42 microssegundo de arco. Para o leigo, trata-se de uma definição de imagem que equivale a "poder assistir a um jogo de bilhar, ou snooker, na Lua, de poder seguir o movimento das bolas", disse o dr. Wielgus.


E é disso que você precisa se quiser uma visão detalhada de um objeto — mesmo um tão grande quanto M87* — que está a 53 milhões de anos-luz (aproximadamente 500 milhões de trilhões de quilômetros) de distância.


O que vimos no ano passado em jornais, sites e reportagens de TV foi um objeto em forma de rosquinha — o disco de acreção, que é um anel de gás superaquecido girando em torno de uma região central escura onde se acredita que fica o buraco negro.


A imagem surgiu a partir de uma única semana de observações conjuntas pelo EHT em rede — seguido por um longo período de processamento e análise de computador.

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Mas, é claro, para se chegar a esse momento, foram necessários muitos anos de preparação, de tentativa e erro, e com menos receptores de rádio do que na configuração EHT final.


E são os dados de todos esses testes, desde 2009, que o dr. Wielgus e seus colegas revisitaram e descreveram em um artigo publicado no The Astrophysical Journal.


O que eles fizeram, em suma, foi reavaliar esse material de arquivo com base em tudo o que aprenderam na produção da imagem final de 2019.




O que é um buraco negro?

Um buraco negro é uma região do espaço onde a matéria colapsou sobre si mesma.
A atração gravitacional é tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar.
Os buracos negros surgem do desaparecimento explosivo de certas estrelas grandes.
Mas alguns são realmente gigantescos e têm bilhões de vezes a massa do nosso sol.
Não se sabe como esses "monstros", que são encontrados no centro das galáxias, foram formados.
Os buracos negros são detectados pela forma como influenciam seu ambiente.





Eles não conseguem nos fornecer imagens completas a partir dos dados antigos, mas, usando modelos, eles conseguem extrair detalhes para confirmar certas características e comportamentos no M87* que provavelmente já estavam presentes naqueles anos anteriores.


"Nenhum dos períodos de dados mais antigos foi tão bom quanto esse [da imagem de 2019]", disse o professor Anton Zensus, diretor do Instituto Max Planck de Radioastronomia, na Alemanha, e diretor-fundador do EHT.



CRÉDITO,ESO
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É preciso ter uma resolução espetacular para ver algo com tantos detalhes, tão longe


"Mas todos eles podem ser examinados, sabendo-se que existe uma estrutura de anel subjacente ali. E então, se você restringiu as condições iniciais para examinar esses dados, então essa estrutura de anel é realmente aparente em todas essas sessões, desde 2009. Portanto, a importância disso é que confirmamos o resultado [de 2019] observando os dados mais antigos."


Reconhecer uma mudança de posição do brilho no disco de acreção do M87* é um dos resultados da pesquisa.


Outro é a simples confirmação da constância do diâmetro desta estrutura de anel e, portanto, do diâmetro do próprio buraco negro — ou mais exatamente de seu horizonte de eventos: a zona dentro da qual a velocidade necessária para escapar da atração da gravidade excede até mesmo a velocidade de luz.


Para o M87*, essa "superfície" tem cerca de 40 bilhões de km de diâmetro. Pense em uma região do espaço com cerca de duas vezes o tamanho de nosso Sistema Solar.

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Outra coisa que esta pesquisa faz é nos dar um vestígio da capacidade futura do EHT.

Com ela, se você rodar muitos anos de dados juntos, deveria ser possível fazer filmes da atividade nas proximidades dos buracos negros.

Mas isso exigirá que mais receptores de rádio sejam incorporados ao EHT e que os períodos de observação sejam estendidos.

No momento, o EHT funciona apenas durante alguns dias por ano no final de março, início de abril, porque esta é a época do ano em que as condições climáticas de observação são normalmente boas em todas as diferentes estações de rádio ao redor do globo.




Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 24/09/2020
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-54280383

Os vírus mortais que desapareceram sem deixar vestígios



CRÉDITO,SCIENCE PHOTO LIBRARY
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Além do Sars, apenas dois outros vírus foram levados à extinção propositalmente: varíola e peste bovina


Era o ano 1002. O rei inglês Etelredo II - não tão carinhosamente lembrado como Etelredo, o Despreparado - estava em guerra. Por mais de um século, os exércitos vikings estavam explorando a terra em busca de um novo lar, sob o comando de líderes com pelos faciais bem tratados e nomes evocativos, como Sueno Barba-Bifurcada.


Até aquele momento, os vikings haviam achado a resistência inglesa tentadoramente fraca. Mas Etelredo decidiu se posicionar. Em 13 de novembro, ele ordenou que todos os dinamarqueses no país fossem presos e mortos.


Centenas morreram, e o incidente entrou para a história como o massacre do Dia de São Brice. O ato brutal de Etelredo provou ser em vão e, posteriormente, a maior parte da Inglaterra foi governada pelo filho do Barba-Bifurcada.


Mas o que foi um dia ruim para ser um viking na Inglaterra foi um presente para os arqueólogos modernos. Mais de mil anos depois, 37 esqueletos - que se acredita pertencerem a algumas das vítimas executadas - foram descobertos no terreno do St. John's College em Oxford. Enterrado com eles, havia um segredo.


Quando os cientistas analisaram o DNA dos restos mortais no início deste ano, eles descobriram que um dos homens tinha sido duplamente infelizes. Ele não foi apenas assassinado com violência - na época, ele sofria de varíola.

E houve outra surpresa. Este não era o vírus da varíola com o qual estamos familiarizados na história recente - o tipo que foi notoriamente levado à extinção na década de 1970 por um programa de vacinação.


Em vez disso, ele pertencia a uma cepa notavelmente diferente, que antes era desconhecida, e que desapareceu silenciosamente há séculos. Parece que a varíola foi erradicada duas vezes.

Como o vírus 'some'?


A esta altura, a história de como novas ameaças virais emergem deve ser familiar - o contato próximo com animais infectados, o vírus saltando entre as espécies, o "paciente zero" que o pega primeiro, os super-disseminadores que o carregam pelo mundo.


Mas o que ocorre no final da existência de um vírus está só agora começando a ganhar interesse. Por que alguns vírus desaparecem? E o que acontece com eles?


À medida que a ameaça representada por essas formas de vida minúsculas e primitivas fica cada vez mais forte, os cientistas estão correndo para descobrir exatamente isso.


Um dos vírus que mais recentemente desapareceram foi o causador da Sars. O mundo tomou conhecimento de sua existência pela primeira vez em 10 de fevereiro de 2003, depois que o escritório de Pequim da Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu um e-mail descrevendo "uma estranha doença contagiosa" que matou 100 pessoas no espaço de uma semana.



CRÉDITO,ALAMY
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Um programa global de vacinação levou a varíola à extinção na natureza, embora o vírus ainda exista em dois laboratórios seguros


Os primeiros casos ocorreram em Guangdong, uma Província costeira no sudeste da China conhecida por seus muitos restaurantes que servem carnes exóticas.


Na época, os mercados locais fervilhavam de guaxinins, texugos, musangs, pombas, coelhos, faisões, veados e cobras, que muitas vezes eram mortos no local, a poucos metros de onde as pessoas comiam. Era comum encontrar animais decapitados e estripados. Mesmo nos primeiros dias da epidemia, era claro como o Sars havia surgido.


Dois anos depois, o vírus infectou pelo menos 8.096 pessoas, 774 das quais morreram. Mas poderia ter sido muito pior.


Como seu parente próximo, o Sars-Cov-2, que causa a covid-19, o Sars tinha muitas das qualidades necessárias para dominar o mundo - era um vírus de RNA, o que significa que era capaz de evoluir rapidamente e se espalhava por meio de gotículas expelidas ao respirar, que são difíceis de evitar.


Na época, muitos especialistas temiam que o vírus pudesse causar uma devastação no mesmo nível da crise do HIV, ou até mesmo a pandemia de gripe de 1918, que infectou um terço da população mundial e matou 50 milhões.


Em vez disso, o Sars desapareceu tão abruptamente quanto chegou. Em janeiro de 2004, havia apenas um punhado de casos - e no final do mês, a última infecção natural suspeita foi anunciada.


Estranhamente, embora "paciente zero" descreva a primeira pessoa conhecida a ser infectada com um vírus, não há rótulo equivalente para a última pessoa a pegá-lo na natureza. Mas isso provavelmente se aplicaria a um homem de 40 anos com o sobrenome de "Liu", da cidade de Guangzhou, no sul do país. Houve outro surto alguns meses depois, quando, acredita-se, o vírus escapou de um laboratório de pesquisa de Pequim - duas vezes.


Então, o que aconteceu?


Resumindo, tivemos sorte. De acordo com Sarah Cobey, epidemiologista da Universidade de Chicago, o vírus da Sars foi levado à extinção por uma combinação de rastreamento de contatos sofisticado e as peculiaridades do próprio vírus.


Quando os pacientes com Sars adoeciam, ficavam muito doentes. O vírus tinha uma taxa de mortalidade incrivelmente alta - quase um em cada cinco pacientes morria - mas isso significava que era relativamente fácil identificar aqueles que estavam infectados e colocá-los em quarentena.


Não houve propagação extra de pessoas sem sintomas e, como bônus, a Sars demorava um tempo relativamente longo para incubar antes de se tornar contagiosa, o que deu aos rastreadores de contato mais tempo para encontrar alguém que pudesse estar infectado antes que pudesse transmiti-lo.



CRÉDITO,REUTERS
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Foi necessário um esforço global de vigilância e medidas de controle para eliminar a Sars


"Mas também os governos e as instituições agiram muito rapidamente", diz Cobey.


O caso de Liu Jianlun, que contraiu o vírus antes de ele ser devidamente identificado, mostra quão diferente a pandemia de Sars poderia ter ocorrido.


O especialista em medicina respiratória de 64 anos foi infectado após tratar um paciente no hospital onde trabalhava na Província de Guangdong. Em 21 de fevereiro de 2003, Jianlun viajou para Hong Kong para comparecer a um casamento e se hospedou em um quarto no nono andar do Metrópole Hotel.


Embora estivesse com febre e leves sintomas respiratórios por cinco dias, ele estava bem o suficiente para fazer alguns passeios turísticos com um parente.


Mas no dia seguinte seus sintomas pioraram, então ele caminhou até um hospital próximo e pediu para ser colocado em isolamento. Na época, ele já havia infectado involuntariamente 23 pessoas, incluindo hóspedes do Canadá, Cingapura e Vietnã, que então carregaram o vírus de volta para seus próprios países, onde novos surtos o espalharam.


No final, a OMS estimou que cerca de 4 mil casos puderam ser rastreados até Jianlun, que também sucumbiu ao vírus. Sem o esforço global para eliminar a Sars e as características do vírus que tornaram isso mais fácil, não há dúvida de que a pandemia poderia ter saído de controle.


Infelizmente, essa situação é extremamente incomum. Além da Sars, apenas dois outros vírus foram levados à extinção propositalmente - a varíola e a peste bovina. "Não é trivial. É realmente muito difícil quando você tem um vírus que está bem adaptado", diz Stanley Perlman, microbiologista da Universidade de Iowa.


A guerra contra esses dois vírus foi vencida com vacinas, que também têm como objetivo eliminar a poliomielite - os casos diminuíram 99% desde os anos 1980 - e possivelmente o sarampo, embora recentemente esses esforços tenham sido prejudicados pela guerra, o movimento antivacina e a covid-19.


Então, o que dizer dos outros vírus que atormentaram a humanidade nos últimos anos? O ebola vai desaparecer? E para onde foi a gripe suína?


Infelizmente, é improvável que alguns vírus sejam extintos, porque não somos o único hospedeiro.


Em humanos, os surtos de ebola acabam o tempo todo. Houve pelo menos 26 em toda a África desde que o vírus foi descoberto em 1976, e esses são apenas os que causaram casos suficientes para serem detectados pelas autoridades de saúde.


Eles tendem a ocorrer quando o vírus passa de um animal - geralmente um morcego - para um humano, que então infecta outros humanos. Enquanto houver morcegos, o ebola talvez sempre esteja conosco, independentemente de haver uma única pessoa infectada em qualquer parte do planeta.



CRÉDITO,PRESS ASSOCIATION
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A vacinação pode ajudar a preparar o sistema imunológico humano para lutar contra os vírus, tornando mais difícil que eles se espalhem


Na Guiné, uma análise de Emma Glennon e colegas da Universidade de Cambridge descobriu que tipos sutilmente diferentes de ebola provavelmente passaram de um animal para uma pessoa aproximadamente 118 vezes diferentes, muitas vezes sem que ninguém percebesse.


Na verdade, a quantidade de variação genética entre as cepas responsáveis ​​por diferentes surtos sugere que esses eventos de "transbordamento" são alarmantemente comuns.


Embora o décimo surto de ebola que assolou a República Democrática do Congo tenha sido declarado oficialmente encerrado em 25 de junho deste ano - e não há evidências de que a cepa que o causou tenha persistido em humanos -, naquele momento outro já havia começado.


O 11º surto está atualmente confinado ao noroeste do país e acredita-se que seja causado por um novo tipo de ebola, que foi adquirido de um animal totalmente independente de todos os outros.

Tarefa quase impossível


As autoridades de saúde locais e a OMS enfrentam vários outros desafios quando se trata de combater o ebola. A falta de financiamento dificultou a vigilância dos casos de ebola, ao passo que a presença de grupos armados nas áreas afetadas está tornando isso inseguro para os profissionais de saúde.


Também há relutância entre alguns em procurar tratamento para o ebola, com as pessoas preferindo permanecer em suas comunidades. Das seis espécies de ebola, há apenas uma vacina para uma delas - o tipo que matou 11 mil pessoas na África Ocidental entre 2013 e 2016.


Mesmo com um esforço hercúleo para erradicar o vírus das populações humanas, ele ainda continuará circulando em seu hospedeiro original - os morcegos.


Isso significa que a única maneira de levar o vírus à extinção é eliminá-lo na natureza, o que é uma tarefa quase impossível.


Da mesma forma, acredita-se que o Mers, que atingiu as manchetes mundiais em 2012 quando surgiu pela primeira vez após infectar humanos a partir de camelos, foi passado para outras pessoas em centenas de ocasiões diferentes.


"A Sars foi embora porque não há outro hospedeiro óbvio", diz Perlman. Acredita-se que a Sars saltou para os humanos por meio de um musang, um mamífero da selva que mora em árvores e é considerado uma iguaria na China.


Perlman aponta que o vírus não pode simplesmente recuar de volta para esta espécie, porque eles não são comumente infectados - o animal que o passou a um humano foi provavelmente um dos poucos que foram infectados e pode ter contraído diretamente de um morcego.


O mesmo não pode ser dito sobre o novo coronavírus, que, mais uma vez, acredita-se que tenha pertencido originalmente a morcegos antes de ter brevemente passado para outro animal - possivelmente pangolins - e eventualmente humanos.


"Com a covid-19, o reservatório agora somos nós", diz Perlman. Na verdade, o Sars-Cov-2 se tornou um vírus tão humano que os cientistas começaram a se perguntar se ele se espalhará ao contrário - dos humanos para a vida selvagem, em uma espécie de "transbordamento reverso". Isso o tornaria ainda mais difícil erradicar.



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A poliomielite foi recentemente anunciada como erradicada na África após um longo programa de vacinação


Isso nos leva a outro cenário possível, que envolve vírus que existem continuamente nas pessoas. Embora possam ficar na nossa espécie para sempre, acontece que linhagens individuais de vírus desaparecem com notável regularidade.


Veja a gripe, da qual existem dois tipos principais.


Em primeiro lugar, há a influenza A, que infecta muitos outros animais, bem como humanos - principalmente pássaros aquáticos, de patos e gansos a animais selvagens raros da Antártica, como o petrel gigante - mas está sempre conosco de uma forma ou de outra. Esse tipo é responsável pela maioria dos casos de gripe sazonal - e também causa pandemias.


Depois, há a influenza B, que infecta apenas humanos e - estranhamente - focas, e nunca causa pandemias.


Durante anos, pensou-se que as cepas de influenza A com as quais vivemos estão em constante evolução para serem mais capazes de nos infectar. Mas as pesquisas científicas mais recentes mostram que esse não é o caso.


Acontece que qualquer pessoa que morreu antes de 1893 nunca terá sido infectada com nenhuma das cepas de influenza A que existem hoje. Isso porque todos os vírus da gripe que existiam em humanos até cerca de 120 anos atrás foram extintos.


A cepa que causou a pandemia de 1918 também desapareceu, assim como a que levou ao surto de gripe aviária em 1957, que matou cerca de 116 mil pessoas nos Estados Unidos, e o tipo de gripe que circulava em 2009, antes do surgimento da gripe suína.


As cepas de gripe estabelecidas tendem a continuar evoluindo por muitos caminhos diferentes - então, a grande maioria será extinta abruptamente. A cada poucas décadas, um novo tipo de gripe irá evoluir para substituí-los, geralmente feito de uma combinação de vírus da gripe antigos e novos, recém-chegados de animais.



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Os vírus detectam erros em seu código genético à medida que se espalham, portanto, em alguns casos, é possível simplesmente esperar que eles desapareçam


"É realmente interessante porque se você estiver focado em qualquer cepa em particular - ou melhor, em qualquer sequência genética particular que está se replicando - há uma taxa de extinção muito, muito alta", diz Cobey. "As cepas estão morrendo a cada dois anos agora. É complicado, mas estamos vendo uma rotatividade muito alta."


Curiosamente, em vez de se adaptar aos humanos ao longo do tempo, parece que o H1N1 - o tipo que causou a pandemia de gripe e a gripe suína de 1918 e agora desapareceu - vinha acumulando mutações silenciosamente que eram inúteis ou até mesmo ativamente prejudiciais à sua própria sobrevivência.


Agora, alguns cientistas estão sugerindo que acelerar esse processo pode nos permitir usar a rápida evolução dos vírus humanos endêmicos a nosso favor.


A ideia já existe há algum tempo como uma forma de nos livrarmos da gripe e resfriados - mas recentemente também foi sugerida como um método de combate à covid-19.

Mutações demais


No centro do plano está a estrutura dos "vírus de RNA" - um grupo que inclui muitos dos patógenos mais intratáveis ​​da humanidade, incluindo HIV, gripe, coronavírus e ebola. Seu material genético é feito de RNA em oposição a DNA, o que significa que quando eles sequestram a máquina de seu hospedeiro para se copiarem, eles não incluem uma etapa de "revisão" em que verificam se há erros.


Isso geralmente é considerado uma coisa ruim para os humanos, porque essas mutações significam que existe uma quantidade extraordinária de diversidade genética entre os vírus de RNA, permitindo que eles evoluam rapidamente - então, quaisquer vacinas ou medicamentos que os visem se tornam obsoletos rapidamente.


"Embora gostemos de pensar nas cepas de gripe como uma sequência unitária, na verdade, o que elas representam é uma série de sequências genéticas diferentes", diz Lipton. No curto prazo, essa peculiaridade torna mais difícil erradicar a gripe, porque nessa série podem estar vírus que nosso sistema imunológico não reconhece e, portanto, são capazes de se infiltrar em nosso corpo sem serem notados.


Mas essa taxa impressionante de mutação é uma faca de dois gumes. Acima de uma certa taxa, as mutações tornam-se prejudiciais, levando a cepas de vírus carregadas de falhas genéticas que impedem sua disseminação. Eventualmente, isso pode levar à sua extinção.


Acelerar a evolução viral artificialmente com drogas que os estimulam a sofrer mutações a uma taxa ainda maior do que o normal pode trazer alguns benefícios.


Primeiro, pode enfraquecer o vírus o suficiente para reduzir a quantidade que circula dentro de cada paciente. Isso pode tornar mais fácil o tratamento em pessoas com doenças graves.


Já existem algumas evidências de que isso pode funcionar - ensaios clínicos nos EUA e no Japão descobriram que o medicamento indutor de mutação "favipiravir" é eficaz contra a cepa de gripe H1N1. A virologista Elena Govorkova, do St. Jude Children's Hospital em Memphis, Tennessee, e sua equipe mostraram que a droga parece tornar o vírus da gripe menos infeccioso.


Em segundo lugar, certas cepas de vírus, como os tipos de covid-19 - dos quais já existem pelo menos seis - podem acumular mutações suficientes que são prejudiciais a si mesmas para que desapareçam por completo. Na Índia, já há evidências de que isso pode estar acontecendo naturalmente.


O vírus está sofrendo mutações em um ritmo vertiginoso e foi sugerido que ele poderia estar se dirigindo em direção a um penhasco evolutivo sozinho.


No entanto, por mais que tentemos, alguns cientistas estão céticos de que algum dia seremos capazes de dizer que qualquer vírus se foi para sempre.


"O termo 'extinto' talvez seja enganoso", diz Ian Lipkin, epidemiologista da Columbia University, em Nova York. "Os vírus podem estar presentes em muitos locais - eles podem se esconder nas pessoas, eles podem se esconder em materiais que são armazenados em freezers, eles podem se esconder na vida selvagem e em animais domésticos - é realmente impossível dizer se um vírus foi extinto."


Ele aponta que os frascos de varíola ainda existem em freezers em pelo menos dois locais - e há um debate em andamento sobre se devemos levá-los à extinção de forma mais definitiva.


Como a maioria dos programas de vacinação terminou na década de 1970, muitos estão preocupados com o fato de que esses raros estoques de varíola podem ter o potencial de desencadear outra grande pandemia global.


Isso sem mencionar a ameaça latente dos vírus sintéticos - em 2017, uma equipe de cientistas canadenses ressuscitou o vírus do "horsepox", um parente próximo da varíola, que poderia ou não estar extinto.


Como acontece com muitos outros vírus, ninguém sabe ao certo se ele morreu, mas os cientistas foram capazes de recriá-lo usando registros de seu código genético e fragmentos de DNA.


Claro, isso não significa que nossos esforços de erradicação sejam inúteis. Na verdade, Cobey pensa agora, mais do que nunca, que devemos nos concentrar em reduzir a quantidade de patógenos humanos.


"Espero que este seja um período em que possamos refletir sobre que tipo de doenças queremos trabalhar para erradicar", diz ela. "Existem muitos patógenos por aí - a maioria das pessoas não reconhece quantos."


Quem sabe, talvez a covid-19 inspire uma nova revolução científica, e o conceito de pegar vários resfriados ou gripes a cada ano se tornará tão estranho quanto ter que se preocupar com a varíola.







Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 23/09/2020
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/revista-54268677

Ministério da Saúde destina cerca de R$ 71 mi para enfrentamento de Covid-19 no Rio Grande do Sul





Recursos podem ser usados em atenção de saúde primária e especializada, em vigilância em saúde, em assistência farmacêutica e em aquisição de suprimentos
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OMinistério da Saúde publicou, nesta sexta-feira (25) no Diário Oficial da União, portaria que destina cerca de R$ 71 milhões para medidas de combate ao Covid-19 no Rio Grande do Sul. A medida já está em vigor.

O recurso será usado no custeio das ações e serviços de saúde para o enfrentamento da emergência de saúde pública e poderá ser aplicado em atenção de saúde primária e especializada, em vigilância em saúde, em assistência farmacêutica, em aquisição de suprimentos, insumos e produtos hospitalares e em definição de protocolos assistenciais específicos.

A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA), o Instituto de Cardiologia - Fundação Universitária de Cardiologia, o Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre, o Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) e o Hospital Espírita de Porto Alegre serão contemplados com a verba.

A transferência de recurso financeiro da portaria está prevista na Medida Provisória nº 976, de 04 de junho de 2020. Cabe ao Fundo Nacional de Saúde adotar as medidas necessárias para a transferência do recurso, segundo o texto publicado pelo Diário Oficial da União.

Cabe ao Fundo Nacional de Saúde adotar as medidas necessárias para a transferência do recurso previsto ao Fundo Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS, em parcela única, mediante autorização encaminhada pela Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES).

Larissa Lima, da Agência Saúde
Atendimento à imprensa
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Categoria
Saúde e Vigilância Sanitária




Autor: Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde
Sítio Online da Publicação: Ministério da Saúde
Data: 25/09/2020
Publicação Original: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-saude-destina-cerca-de-r-71-mi-para-enfrentamento-de-covid-19-no-rio-grande-do-sul

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Ministério da Saúde investe no auxílio à saúde mental no combate à Covid-19



Municípios brasileiros vão receber cerca de R$ 650 milhões para aquisição de medicamentos essenciais para a saúde mental em virtude dos impactos causados pela pandemia da Covid-19.

O Ministério da Saúde destina aos municípios cerca de R$ 650 milhões para aquisição de medicamentos essenciais para a saúde mental em função dos impactos sociais causados pela pandemia do coronavírus. A Portaria GM/MS 2.516, de 21 de setembro de 2020, que dispõe sobre essa ação estratégica do Ministério da Saúde, foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (22), juntamente com seus anexos I e II.

Os valores serão repassados, em parcela única, com base no número de habitantes e no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Os recursos irão financiar a aquisição de medicamentos para saúde mental ofertados no SUS no âmbito do Componente Básico da Assistência Farmacêutica, constantes no Anexo I da Relação Nacional de Medicamentos Essencias - Rename. Atualmente, por intermédio desse componente, são ofertados 22 medicamentos e estão listados no Anexo I da portaria.

Todos os municípios do país serão contemplados com essa estratégia e os valores destinados a cada um constam no Anexo II da portaria: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.516-de-21-de-setembro-de-2020-278695720.

Ministério da Saúde
(61) 3315-3580 / 2351 / 3713




Autor: Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde
Sítio Online da Publicação: Ministério da Saúde
Data: 24/09/2020
Publicação Original: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/47504-ministerio-da-saude-investe-no-auxilio-a-saude-mental-no-combate-a-covid-19

Ministério da Saúde publica nova portaria sobre interrupção da gravidez




Novo documento ajusta normas técnicas para casos de aborto previstos em lei decorrentes de violência sexual

O Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 2.561, nesta quinta-feira (24/09), que dispõe sobre procedimentos de interrupção da gravidez no Sistema Único de Saúde (SUS) em casos previstos em lei decorrentes de violência sexual. A normativa substitui a Portaria nº 2.282, de 27 de agosto de 2020, após a Pasta receber contribuições técnicas de especialistas e da sociedade sobre o assunto.

A normativa mantém a orientação para que médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelo estabelecimento de saúde acolham as vítimas e comuniquem à autoridade policial em casos que houver indícios ou confirmação de violência sexual. A medida é necessária para proteger a paciente, garantir segurança jurídica aos profissionais de saúde, além de contribuir para a investigação policial e a rápida punição dos criminosos.

A recomendação baseia-se na Lei Federal nº 13.718 de 2018, na qual o crime de estupro passou a ser apurado mediante Ação Penal Pública Incondicionada, ou seja, sem depender de prévia manifestação de qualquer pessoa para ser iniciada.

Ministério da Saúde
(61) 3315-3580 / 2351 / 2745



Autor: Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde
Sítio Online da Publicação: Ministério da Saúde
Data: 24/09/2020
Publicação Original: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/47513-ministerio-da-saude-publica-nova-portaria-sobre-interrupcao-da-gravidez

Ministério da Saúde aumenta recursos para fortalecer atendimento em comunidades e favelas




Incentivo financeiro per capita contribui para atuação das equipes de saúde da Atenção Primária em áreas vulneráveis, estimulando o cadastro de pessoas no SUS e a identificação precoce de casos de síndrome gripal.

O Ministério da Saúde está reforçando o enfrentamento à Covid-19 nas comunidades e favelas com o incentivo financeiro federal adicional per capita. O impacto orçamentário inicial aumentou de R$ 14 milhões para R$ 21,3 milhões após mais municípios terem solicitado o auxílio, de acordo com a Portaria n° 2.488, publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (22/09).

O incentivo financeiro federal estimula a atualização do cadastro no Sistema Único de Saúde (SUS), no âmbito da Atenção Primária à Saúde, de pessoas que vivem em áreas em situação de vulnerabilidade. Dessa forma, além de subsidiar com informações para a busca ativa e o monitoramento remoto, a ação fortalece a atuação das equipes de saúde da Atenção Primária nessas localidades. A iniciativa tem caráter excepcional e temporária, considerando o cenário emergencial de saúde pública provocado pela pandemia do coronavírus.

Entre os objetivos, estão:
Custeio das medidas necessárias para que equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Atenção Primária (eAP) tenham dados atualizados da população, facilitando a identificação precoce de casos de síndrome gripal;
Apoio à integração com os Centros Comunitários de Referência para Enfrentamento da Covid-19;
Realização de ações de mobilização social nas comunidades e favelas;
Incentivar a atualização de dados de cadastro de pessoas que vivem em áreas de comunidades e favelas, principalmente as que integram grupos de risco.

A normativa também ampliou de 746 para 2.029 o número de equipes da Saúde da Família e da Atenção Primária que atuam em comunidades e favelas e estão aptas a receber o incentivo federal.

O secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara, destaca que “esse investimento reforça o trabalho das gestões municipais para que ofertem atendimento diferenciado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), garantindo o acesso seguro para quem mais precisa de auxílio. Com o recurso adicional, o acompanhamento de casos dessas comunidades será ampliado”.

Os recursos são transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos municípios e ao Distrito Federal em parcela única e correspondem ao valor per capita de R$ 5,00 para cada pessoa com informação cadastral no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). O programa foi instituído pela Portaria nº 1.444, de 29 de maio de 2020.

Confira os valores do impacto orçamentário do per capita por estado:

UF

N° Municípios

N° Equipes

N° Pop.

Valor

AC

1

7

4.685

R$         23.422,50

AL

6

13

15.885

R$         79.425,00

AM

8

125

428.930

R$    2.144.647,50

AP

3

27

36.518

R$       182.587,50

BA

2

4

3.501

R$         17.505,00

CE

5

138

395.190

R$    1.975.950,00

ES

2

32

33.026

R$       165.127,50

GO

3

12

6.758

R$         33.787,50

MG

10

483

583.856

R$    2.919.277,50

MS

1

3

1.485

R$           7.425,00

PA

4

24

54.192

R$       270.960,00

PB

2

20

33.624

R$       168.120,00

PE

4

40

170.936

R$       854.677,50

PR

3

136

188.955

R$       944.775,00

RJ

7

675

1.859.627

R$    9.298.132,50

RS

4

181

287.427

R$    1.437.135,00

SC

5

53

45.746

R$       228.727,50

SE

1

3

2.790

R$         13.950,00

SP

6

53

111.120

R$       555.600,00

Total

77

2.029

4.264.247

R$  21.321.232,50

POPULAÇÕES ESPECÍFICAS

O Ministério da Saúde também reforçou o atendimento de populações específicas no contexto da pandemia do coronavírus investindo mais de R$ 319 milhões na Atenção Primária do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme Portaria nº 2.405, de 16 de setembro de 2020. O recurso financeiro é destinado a todos os municípios para ampliar os cuidados de indígenas não aldeados, populações dispersas, habitantes do campo, floresta e águas; ribeirinhos, comunidades assentadas; quilombolas; pessoas em situação de rua; povos ciganos; circenses; população privada de liberdade; e adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa.

Com o recurso adicional, o acolhimento, a identificação e os acompanhamentos de casos de síndrome gripal ou da Covid-19 dessas comunidades serão ampliados. O objetivo é apoiar as gestões municipais para que essas populações específicas sejam reconhecidas nos territórios de atuação da Atenção Primária, garantindo o acesso seguro nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Por Marina Pagno
Ministério da Saúde
(61) 3315-3580 / 2351 / 2745







Autor: Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde
Sítio Online da Publicação: Ministério da Saúde
Data: 24/09/2020
Publicação Original: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/47514-ministerio-da-saude-aumenta-recursos-para-fortalecer-atendimento-em-comunidades-e-favelas