segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Existe associação entre a baixa ingesta de soja e um risco maior de diabetes mellitus gestacional?

Um dos maiores desafios para o pré-natalista é o tratamento da diabetes mellitus gestacional (DMG). De acordo com Reginatto (2016), essa doença tem incidência variável no mundo, chegando a 17,8% das gestações, já no Brasil estima-se que ela ocorra entre 2,4 a 7,2% das gestações. Sendo um problema de saúde pública com gastos importantes para o sistema de saúde e com consequências maternas e fetais desfavoráveis. Segundo Hoff (2015), o objetivo principal do tratamento de DMG é melhorar a glicemia das pacientes para diminuir a ocorrência de macrossomia fetal, pré-eclâmpsia e óbito fetal. Por estes motivos, cada vez mais estudos vêm sendo elaborados com o objetivo de sanar dúvidas relativas a esta patologia. A associação entre o consumo de soja e os resultados adversos da gravidez também permanece obscura, e pode estar relacionada a um fator de proteção em relação à diabetes mellitus gestacional.


O objetivo da pesquisa que trago hoje para discussão foi de investigar o consumo de soja de mulheres grávidas no segundo trimestre, e explorar uma possível associação entre a ingestão de soja e o risco de resultados adversos na gravidez, como a diabetes mellitus gestacional.



Metodologia

Foram recrutadas mulheres grávidas entre 13 a 24 semanas de gestação em um hospital no sudoeste da China, de junho a dezembro de 2019. A ingestão alimentar no meio do trimestre foi avaliada por um questionário semiquantitativo de frequência alimentar. As participantes foram divididas em grupo insuficiente (< 40 g/dia) e o grupo controle (≥ 40 g/dia) de acordo com o consumo diário de soja, sendo acompanhados até o parto. Os resultados da gravidez, incluindo diabetes mellitus gestacional (DMG), cesariana e macrossomia foram obtidos para posterior análise.


Um total de 224 participantes foram incluídas neste estudo prospectivo de coorte, dos quais identificaram 36 (16,1%) casos de DMG, e 120 (53,6%) casos de parto cesáreo. Mais da metade (55,8%) das mulheres grávidas consumiram menos soja do que 40 g/dia. A ingestão diária de soja inferior a 40 g foi associada ao aumento do risco de DMG e cesariana, sem ajuste para fatores de confusão, como idade, índice de massa corporal pré-gravidez, paridade, ingestão diária de vegetais, frutas, frutos do mar e nozes. Depois de ajustar para estes fatores, a ingestão diária de soja de menos de 40 g aumentou 2,16 vezes o risco de DMG, mas não com um risco significativamente aumentado de cesariana.
Conclusão

A ingestão insuficiente de soja pode aumentar o risco de DMG, sugerindo que a ingestão adequada de soja pode ter um papel benéfico na prevenção de DMG. Esta é mais uma possibilidade para orientarmos nossas pacientes grávidas durante o pré-natal, com o objetivo de evitar desfechos obstétricos desfavoráveis devido a DMG.






Autor: Letícia Suzano Lelis Bellusci
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 03/01/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/existe-associacao-entre-a-baixa-ingesta-de-soja-e-um-risco-maior-de-diabetes-mellitus-gestacional/

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