“Neste trabalho mostramos que as florestas em recuperação pós-seca apresentam níveis de produtividade mais baixos do que os sistemas não perturbados. As dívidas de recuperação variam não só com o grau de intensidade da seca, mas também com o tempo de recuperação da floresta após cada evento”, afirma o pesquisador, que contou com bolsa de pós-doutorado da FAPERJ em colaboração com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Outras fontes de financiamento do artigo vêm do Instituto Serrapilheira, Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Portugal) e o Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Portugal).
Diante das projeções que indicam como consequência do aquecimento global o aumento da intensidade e da frequência das secas em todo o mundo, a recuperação dos danos pode promover uma redução na absorção de carbono pelas florestas. Segundo Machado-Silva, a produtividade de uma floresta é diretamente proporcional à sua capacidade de crescimento e de regeneração. Como as secas mais intensas demandam um período de recuperação mais longo, a absorção de gás carbônico (CO2) da atmosfera pelas plantas para transformá-lo em oxigênio também será mais lenta e dependerá da capacidade de resiliência das diversas áreas da floresta.
Fausto Machado-Silva explica: se a produtividade da floresta diminui, ela perde capacidade de captar o CO2 da atmosfera
O trabalho, orientado pela professora do Departamento de Meteorologia da UFRJ, Renata Libonati, que conta com bolsa de Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, para o desenvolvimento de suas pesquisas, analisou as três maiores secas que incidiram na Amazônia nas últimas duas décadas, ocorridas nos anos de 2005, 2010 e 2015. A proximidade das datas evidencia que esse evento climático extremo, que antes ocorria de forma mais espaçada, agora vem se repetindo a cada cinco anos. O modelo de experimento natural mostrou que o prazo de recuperação da floresta variou de 12 meses para três anos, devido à intensidade maior das secas e do efeito acumulado das secas recorrentes. “Se houver uma sobreposição entre distúrbios de seca e débitos de resiliência, há grande possibilidade de perda de produtividade da Floresta Amazônica, que passará a absorver menos CO2”, afirma o pesquisador.
Segundo o biólogo, o artigo reforça o termo resiliência, pois como a floresta vem sendo impactada cada vez mais por vários fatores, o processo de débito de recuperação fica cada vez maior. “Se a produtividade da floresta diminui, ela perde capacidade de captar o CO2 da atmosfera. Por isso, as projeções futuras indicam que, neste ritmo, a floresta pode deixar realmente de ser um sumidouro de CO2 e passar a ser produtora”, esclarece Machado-Silva. Os resultados do estudo revelam que os ecossistemas em recuperação mostram o sequestro de carbono 13% abaixo dos valores de referência, com base no estado anterior à seca ou em áreas não perturbadas pela seca.
A publicação do resultado da pesquisa, iniciada em 2018, foi mais demorada que o esperado. Casado com a também biogeoquímica Roberta Peixoto, coautora e colega de laboratório no Lasa/UFRJ e no LEMG/UFF, Fausto compartilha os cuidados parentais das filhas Manuela, de quatro anos, e Betina, que completará dois anos em novembro próximo e nasceu, portanto, durante a pesquisa e ficaram sem aulas presenciais devido à pandemia de Covid-19. “Enquanto as mulheres após o parto têm uma pequena extensão de mais quatro meses da bolsa, a Ciência não considera as necessidades dos pais e não concede licença paternidade”, queixa-se o pesquisador.
Autor: Paula Guatimosim
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 14/10/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4334.2.5
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 14/10/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4334.2.5
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