sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Modelo biológico com pele humana pode facilitar testes dermatológicos

Pesquisadoras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) desenvolveram um modelo biológico para testes dermatológicos em pele humana a partir de uma parceria que permite que o tecido que iria para descarte seja destinado à pesquisa. "Os modelos existentes trabalham com animais, pele artificial ou diretamente com as células. Com esse modelo conseguimos chegar a resultados mais próximos do que ocorre na pele dos pacientes", conta a coordenadora do projeto, Bruna Romana de Souza, que é professora no Instituto de Biologia da universidade. A invenção já foi submetida a um pedido de patente.




O desenvolvimento do modelo foi feito em articulação com uma pesquisa para identificar formas de tratamento para a psoríase, doença cutânea não transmissível que tem diversas origens, como efeito colateral de determinados medicamentos, coceira excessiva em determinada região da pele e estresse. "Quando entrevistamos pacientes com psoríase, geralmente a pessoa passou por um estresse muito grave", conta a pesquisadora.

O início da psoríase pode ser incômodo, principalmente como questão estética, já que as escamações começam em partes bastante visíveis como a ponta dos dedos e nas pernas. Já no longo prazo, a doença se torna mais grave e pode se tornar bastante debilitante, pois está relacionada à artrite e também pode afetar o coração. De acordo a doutora em Biologia Humana e Experimental, estima-se que de 0,09% a 11,4% da população brasileira tenha a doença.


Bruna Souza: 'A psoríase não é uma doença comum, mas pode se tornar bastante debilitante
com o passar do tempo' (Foto: Arquivo pessoal)


Para trazer mais evidências sobre a relação entre estresse crônico e a psoríase, Bruna coordenou uma pesquisa em que avaliaram a taxa de produção de hormônios relacionados ao estresse, chamados de catecolaminas, como a adrenalina, com o tamanho da infecção. A explicação encontrada é que esses hormônios têm bastante receptividade nas células, especialmente pelo receptor beta-adrenérgicos. E quando as catecolaminas se ligam a esses receptores há um excesso na produção de outra substância, a interleucina-17. Essa substância é acionada pela inflamação e, quando em excesso, agrava a lesão da psoríase.

Como diversos estudos indicam a dieta mediterrânea como uma das mais saudáveis, em especial pelo uso de azeite de oliva, rico em antioxidantes para contenção de inflamações, essa foi a aposta para o tratamento das lesões. "Foi um desastre. Tivemos o efeito exatamente contrário", revela Bruna. A solução veio de uma substância existente em um medicamento para regular a pressão.

Tanto o uso do azeite de oliva quanto o medicamento foram testados no modelo com pele humana desenvolvido no Laboratório de Reparo Tecidual. "Usamos a pele que seria descartada após cirurgia e estimulamos a inflamação que aconteceria na pele do paciente. E com esse mesmo modelo podemos testar novas drogas para diferentes doenças de pele", diz. Tanto o novo modelo biológico quanto as pesquisas que relacionam estresse crônico e psoríase contaram com financiamento do programa Jovem Cientista do Nosso Estado da FAPERJ.







Autor: Juliana Passos
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 21/10/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4324.2.9

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