O desenvolvimento do modelo foi feito em articulação com uma pesquisa para identificar formas de tratamento para a psoríase, doença cutânea não transmissível que tem diversas origens, como efeito colateral de determinados medicamentos, coceira excessiva em determinada região da pele e estresse. "Quando entrevistamos pacientes com psoríase, geralmente a pessoa passou por um estresse muito grave", conta a pesquisadora.
O início da psoríase pode ser incômodo, principalmente como questão estética, já que as escamações começam em partes bastante visíveis como a ponta dos dedos e nas pernas. Já no longo prazo, a doença se torna mais grave e pode se tornar bastante debilitante, pois está relacionada à artrite e também pode afetar o coração. De acordo a doutora em Biologia Humana e Experimental, estima-se que de 0,09% a 11,4% da população brasileira tenha a doença.
Bruna Souza: 'A psoríase não é uma doença comum, mas pode se tornar bastante debilitante
com o passar do tempo' (Foto: Arquivo pessoal)
Para trazer mais evidências sobre a relação entre estresse crônico e a psoríase, Bruna coordenou uma pesquisa em que avaliaram a taxa de produção de hormônios relacionados ao estresse, chamados de catecolaminas, como a adrenalina, com o tamanho da infecção. A explicação encontrada é que esses hormônios têm bastante receptividade nas células, especialmente pelo receptor beta-adrenérgicos. E quando as catecolaminas se ligam a esses receptores há um excesso na produção de outra substância, a interleucina-17. Essa substância é acionada pela inflamação e, quando em excesso, agrava a lesão da psoríase.
Como diversos estudos indicam a dieta mediterrânea como uma das mais saudáveis, em especial pelo uso de azeite de oliva, rico em antioxidantes para contenção de inflamações, essa foi a aposta para o tratamento das lesões. "Foi um desastre. Tivemos o efeito exatamente contrário", revela Bruna. A solução veio de uma substância existente em um medicamento para regular a pressão.
Tanto o uso do azeite de oliva quanto o medicamento foram testados no modelo com pele humana desenvolvido no Laboratório de Reparo Tecidual. "Usamos a pele que seria descartada após cirurgia e estimulamos a inflamação que aconteceria na pele do paciente. E com esse mesmo modelo podemos testar novas drogas para diferentes doenças de pele", diz. Tanto o novo modelo biológico quanto as pesquisas que relacionam estresse crônico e psoríase contaram com financiamento do programa Jovem Cientista do Nosso Estado da FAPERJ.
Autor: Juliana Passos
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 21/10/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4324.2.9
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