O físico Miguel Quartin, da UFRJ, apoiado pela FAPERJ desde 2011, explica que o estudo se baseou em bases de dados como o Epicovid, o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep Gripe), e o Painel Coronavírus, a referência nacional que fornece os dados de óbito por região.
Os dados de 89 mil pessoas em 133 cidades satélites são oriundos do estudo Epicovid e trouxeram os resultados dos testes rápidos de modo a se obter a melhor representatividade brasileira. Estes testes permitiram estimar a prevalência média da doença nas mais de 100 cidades, em três etapas do estudo, conduzido entre maio e junho de 2020. Isto permitiu a obtenção de uma boa estimativa do número total de infectados, que é o denominador do IFR. Quartin explica que os primeiros artigos com dados do Epicovid não estimaram o IFR. Nesse sentido, o atual estudo procura cobrir essa lacuna.
Miguel Quartin: de acordo com o físico, o estudo permitiu contornar a difícil questão da subnotificação
de casos que ocorreu no mundo inteiro e, com isso, determinar a real gravidade da covid-19
"O nosso estudo que delineia a razão de fatalidade por infecção permitiu contornar a difícil questão da subnotificação de casos que ocorreu no mundo inteiro e, com isso, determinar a real gravidade da covid-19. No momento atual, as vacinas diminuíram em muito os casos graves e a fatalidade, mas esses ganhos podem ser revertidos se a pandemia perdurar. Conseguimos determinar com precisão qual foi o patamar inicial da fatalidade da doença", diz o físico.
Segundo Quartin, o Epicovid foi crucial para estabelecer a prevalência da doença nas 133 cidades envolvidas, o que contornou o problema da baixa testagem e subnotificação de casos. O Painel Coronavírus tinha o número total de mortes. E embora o Sivep Gripe tenha ficado incompleto no número de mortes a partir de maio de 2020, possuia informações a respeito de datas importantes no quadro da doença: aparição de sintomas, aparição de sintomas graves e subsequente óbito. Isto foi utilizado para se determinar o atraso temporal de 10 dias entre o desenvolvimento de anticorpos e fatalidade subsequente. Vale destacar que o tempo médio entre infecção e fatalidade foi bem maior, de 23 dias. As análises também possibilitaram identificar a idade dos pacientes, permitindo calcular o IFR para diferentes faixas etárias, o que confirmou por exemplo que o IFR dos acima de 70 anos foi 100 vezes maior do que os abaixo dos 30 anos.
Quartin ressalta que um dos pontos fortes do artigo é que evita a questão da subnotificação dos casos, que é a maior incerteza nesse tipo de análise, fazendo uso dos dados do levantamento de soroprevalência aleatório. Com esse levantamento, o grupo chegou a uma taxa de 1,03% que significa que, em média, sobre todas as faixas etárias, aproximadamente 1 em cada 100 pessoas infectadas (sintomáticas ou assintomáticas) vieram a óbito. Com os dados coletados e analisados, ficou atestada a periculosidade da doença na ausência de vacinas ou de tratamentos mais eficazes e reforça mais uma vez a importância da imunização. A taxa identificada é muito maior do que a da gripe, mas menor do que a da febre amarela, sem vacinação, ou da Mers.
Autor: Claudia Jurberg
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 07/10/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4339.2.2
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 07/10/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4339.2.2
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