quarta-feira, 31 de maio de 2023

Apoiada por empresa farmacêutica, terapia poderá regenerar lesões medulares


restante do corpo, e também é por essa via que os sinais sensoriais vindos de todas as partes do corpo chegam até o cérebro. Lesões medulares podem ser traumáticas ou não e provocar desde perda de sensibilidade até paraplegias (impossibilidade de movimentar os membros inferiores) ou tetraplegias (impossibilidade de movimentar do pescoço para baixo), dependendo da região da medula afetada.


A pesquisa desenvolvida por Tatiana contou com apoio da FAPERJ durante a fase do estudo clínico, realizado em meados dos anos 2000, cujo seguro – exigido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) - consumiu praticamente a totalidade dos cerca de R$ 100 mil do auxílio. Os testes foram restritos a um número reduzido de pacientes recém-lesionados (de 24 horas a três dias do acidente) dos hospitais Azevedo Lima, em Niterói, e Souza Aguiar, no Rio, que receberam uma única dose do medicamento. A recuperação da mobilidade pode ser parcial ou total, dependendo do grau da lesão. “Acredito que a farmacêutica tenha se interessado pela cooperação porque um estudo clínico piloto – o maior gargalo nestes casos - já havia sido feito”, explica a pesquisadora.

Tatiana conta que iniciou a carreira trilhando o caminho acadêmico tradicional, com foco na pesquisa básica e publicação de artigos científicos. Ao longo do caminho, cheio de percalços, a bióloga firmou seu propósito de tornar a pesquisa aplicável. “Não foi fácil. Mudei de área várias vezes para manter minha meta. Trilhei um caminho raro na pesquisa – o translacional -, no qual os acontecimentos, às vezes inesperados, foram me levando para diferentes caminhos e me obrigando a lidar com públicos diversos”, explica a pesquisadora que iniciou suas pesquisas estudando proteínas, depois células cultivadas, passando pelos estudos pré-clínicos em animais, os testes clínicos em humanos até despertar o interesse de empresas. “A entrada da Cristália é muito importante porque eles têm acesso a insumos que no ambiente acadêmico não temos”, esclarece Tatiana.


A pesquisadora explica que a polilaminina é uma alternativa ao uso das células-tronco, principalmente pela sua facilidade de manipulação em relação à retirada de células-tronco. “Estamos apenas imitando a natureza, pois a proteína é produzida pelo organismo naturalmente no processo de desenvolvimento do sistema nervoso”, explica Tatiana. Segundo ela, o tratamento com a laminina é uma opção mais barata, fácil e segura e está mais avançado do que a terapia com células-tronco, que possuem maior complexidade pela dificuldade de se prever seu comportamento após a injeção. “No Brasil existem pouquíssimos laboratórios autorizados a produzir células-tronco para uso humano, e eles dificilmente conseguiriam atender à demanda”, avalia a bióloga.





Autor: Paula Guatimosim
Fonte: Faperj 
Sítio Online da Publicação: Faperj 
Data: 25/05/2023
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=314.7.6

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