terça-feira, 9 de maio de 2023

Projeto coloca em pauta o samba, patrimônios negros e diáspora africana


Costa Verde fluminense. “Tenho me dedicado a estudos sobre um navio escravagista que naufragou nas proximidades do Quilombo do Bracuí, causando a morte de centenas de pessoas vítimas do tráfico negreiro. Alguns sobreviveram e se refugiaram no quilombo”, resumiu.


A partir da esq., Martha, Nilcemar e Desiree: seja no museu ou na academia, elas propõem reflexão sobre a cultura africana que se dispersou pelo mundo, a memória e a luta antirracista (Fotos: Divulgação)
A coordenadora do Museu do Samba, Nilcemar Nogueira, ressaltou a relevância da publicação, que tem a finalidade de difundir não só a história do samba, mas questões de identidade cultural. “Essa edição especial do Samba em Revista tem uma importância grande porque os temas são extremamente atuais em relação ao direito da memória, num momento em que há reivindicação por novas narrativas, mais inclusivas, já que o processo de construção da historiografia oficial por muito tempo foi uma via de mão única. Temos um ponto em comum que são as consequências da diáspora africana, pois a desigualdade racial e o preconceito assolam o mundo todo. Os museus, como o Museu do Samba, têm um novo papel social. Não se trata apenas de um lugar para o público visitar objetos, mas de um espaço para provocar reflexão e indignação, fazer o público pensar, sair do papel de mero expectador para se tornar agente da transformação social”, pontuou.

Já a museóloga Desirree dos Reis Santos, colaboradora do Museu do Samba, destacou a amplitude da participação de palestrantes, pesquisadores e agentes culturais, detentores de saberes populares, de toda a região conhecida como Atlântico Negro. “O projeto fala sobre essa história que remete a todos esses países envolvidos na escravidão e na diáspora africana, que molda o mundo moderno. A inclusão de detentores de saberes populares reforça o caráter democrático desse debate sobre o racismo e as políticas de reparação em relação à escravidão”, concluiu Desirree.

Assinam os artigos pesquisadores e representantes de diversos museus, universidades e associações dedicados à memória da escravidão e cultura afro no Brasil e no exterior. São eles: Anthony Bogues (Brown University, EUA); Kim D. Butler (Rutgers University, EUA); Vinícius Ferreira Natal (Labhoi/UFF); Hebe Mattos (Labhoi/UFF e Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF); Vanicléia Silva Santos (University of Pennsylvania e Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG); Ana Luzia da Silva Morais (Universidade Federal de São João del-Rei – MG); Desirree dos Reis Santos (Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UniRio e do Museu de Astronomia e Ciências Afins – Mast, e Museu do Samba); Marilda de Souza Francisco (Associação dos Remanescentes do Quilombo de Santa Rita do Bracuí – Arquisabra); Jessika Rezende Souza da Silva (Secretaria de Educação – SEEDUC-RJ); Iohana Brito de Freitas (University of Illinois at Urbana Champaign); Aline Montenegro Magalhães (Museu Paulista da Universidade de São Paulo); Marcia Sant’Anna (Universidade Federal da Bahia); Nilcemar Nogueira (Museu do Samba); Maria de Fátima da Silveira (Centro de Referência e de Estudo Afro do Sul Fluminense); e Martha Abreu (Instituto de História da UFF). O prefácio é de Gegê Leme Joseph, gerente sênior de programas da Coalizão Internacional de Sítios de Consciência.   


Autor: Débora Motta 
Fonte: Faperj 
Sítio Online da Publicação: Faperj 
Data: 27/04/2023
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=309.7.0

Nenhum comentário:

Postar um comentário