quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Remoção de coral invasor deve ser evitada em períodos de alta liberação de larvas, alerta estudo



Estudo assinado por pesquisadores do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) mostra que o método mais usado para controle do coral-sol (Tubastraea spp.) pode até mesmo ajudar o animal a se propagar se não for feito nos períodos corretos. O coral-sol é originário do oceano Pacífico, foi introduzido acidentalmente na região do Caribe no início dos anos 1940 e, no Brasil, é considerado uma espécie exótica invasora, sendo registrado no país desde o fim dos anos 1980.

Publicado na revista Marine Biology, o trabalho apoiado pela Petrobras, pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e pela FAPESP aponta que, apesar de emitir larvas tipo plânula durante o ano todo, o coral invasor tem picos de liberação relacionados principalmente com o aumento da temperatura e da turbidez da água do mar. A emissão larval pode ocorrer em pouco tempo, como resposta ao estresse da remoção mecânica.

Os pesquisadores apontam que, nesses períodos, não deve ser feito o procedimento, pois as larvas liberadas em grande número podem se dispersar pelo ambiente. O método de remoção manual, que retira as colônias com marreta e talhadeira durante mergulho autônomo, é adotado em algumas unidades de conservação, como consta no Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Coral-Sol (Tubastraea spp.) no Brasil.

“É a estratégia escolhida por algumas instituições brasileiras porque não utiliza produtos químicos e é direcionada exclusivamente ao coral-sol. A recomendação é tentar retirar as colônias íntegras, porque qualquer tecido remanescente tem a capacidade de regeneração”, explica Damián Mizrahi, que realizou a maior parte do trabalho durante pós-doutorado no IO-USP e foi bolsista da FAPESP no Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da USP durante a fase final de redação do artigo.

Segundo os pesquisadores, as colônias podem liberar larvas como resposta ao estresse da remoção, o que foi observado durante o estudo. Por isso, recomendam isolar os corais retirados do substrato natural em recipientes lacrados imediatamente após a remoção mecânica.

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