quinta-feira, 30 de julho de 2020

O que é o Transtorno de Aprendizagem?


aprendizado
Foto: EBC

Transtornos de Aprendizagem – Alguns são sutis, mas quando não tratados, podem trazer grandes prejuízos no decorrer da vida adulta.

Por Marcela Melo

Embora seja muito falado, ainda existe um grande número de pais que não sabem o que é o Transtorno de Aprendizagem (T.A). E neste momento que ainda estamos vivendo, muitos problemas relacionados aos Transtornos de Aprendizagem acabaram vindo à tona, devido às aulas online e à maior proximidade e observação dos pais em relação aos seus filhos em casa, bem como a dificuldade destas crianças em lidarem com as dificuldades, transtornos e o ambiente virtual.  Por isso, é muito importante que deixemos tudo muito claro!

Transtorno de Aprendizagem x Dificuldade de Aprendizagem

O Transtorno de Aprendizagem (TA) está diretamente relacionado ao desenvolvimento, à aquisição de conhecimento escolar. Trata-se de transtornos de habilidades escolares, ou seja, é a dificuldade de aprender a ler, escrever e dificuldade com a matemática.

Dificuldade de Aprendizagem, podemos dizer que é o Sintoma. É  quando esta criança não está indo bem na escola, ou apresenta quaisquer dificuldades no aprender.

– Neste caso, torna-se necessário entender qual o contexto em que a criança está inserida; ela pode ter uma vulnerabilidade social, pode estar passando por um momento de estresse, por um problema familiar, ou pode até mesmo existir algum problema de visão ou audição. Portanto, a dificuldade de aprendizagem é um sintoma que pode carregar inúmeras causas.”- explica a Pediatra e Neuropsiquiatra infantil, Dra. Gesika Amorim.

O primeiro passo é descobrir se essa dificuldade de aprendizagem é específica do Transtorno de Aprendizagem, ou seja, a dificuldade na leitura, na escrita e na matemática, ou se esse problema na aprendizagem se manifestou por outras causas, familiares, sociais ou de saúde.

E, Quais são os Transtornos de Aprendizagem?

São classificados como Transtornos de Aprendizagem, a Dislexia, a Discalculia, a Disgrafia e a Disortografia.

A especialista, Pediatra e Neuropsiquiatra Infantil, Dra Gesika Amorim, vai nos falar um pouco mais sobre cada um destes transtornos e a importância de um diagnóstico minucioso e preciso.

DISLEXIA

A dislexia é um transtorno que afeta habilidades básicas de leitura e linguagem, fazendo com que as crianças encontrem dificuldade para processar os sons das palavras e associá-los com as letras.

É um transtorno específico de aprendizagem, já que seus sintomas afetam o desempenho acadêmico e não existe nenhuma outra alteração (neurológica, sensorial, cognitiva ou motora) que justifique as dificuldades observadas.

Geralmente, o diagnóstico preciso da dislexia vem em torno dos 7 anos de idade, mas como hoje, as crianças estão sendo alfabetizadas cada vez mais cedo, os sinais também aparecem mais cedo.

Você pode começar a desconfiar de um diagnóstico de dislexia quando:

  • Ela apresenta dificuldade de fala, isto é, ela demora para falar ou não conseguem falar de forma fluente, precisando de tratamento com fonoaudiólogo.

  • Apresenta dificuldade em formar palavras;

  • Leitura lenta, silabada com falta de entendimento do que lê̂;

  • Escrita em espelho com troca de fonemas; entre outros.


A dislexia pode vir acompanhada de disgrafia e nesse caso, a criança tem dificuldade também em fazer a cópia escrita, além de dificuldade de organização, de reconhecer os lados direito e esquerdo incoordenação motora.

Identificando estes sinais no seu filho, leve-o o quanto antes a um Neuropsiquiatra Infantil. Embora a dislexia não tenha cura, o médico te orientará quanto ao tratamento que envolvem estratégias para que ele possa ler e entender.

Curiosidade: Você̂ sabia que Whoopi Goldberg e Steven Spielberg são disléxicos?

DISGRAFIA

A Disgrafia é um transtorno da escrita em que os problemas podem estar relacionados com componente grafo motor, ou seja, o padrão motor da escrita. Ela acontece em crianças com capacidade intelectual normal e afeta a forma das letras, o espaçamento entre as palavras e às vezes, a pressão no traço é forte demais ou muito suave, quase não dando para enxergar. As crianças com disgrafia apresentam também lentidão na hora de escrever, pouca orientação espacial no papel, por exemplo, ela escreve, como dizemos, “subindo morro” e “descendo o morro”,  não respeita a margem,  às vezes não fecha o “o”, não corta o “t”,  não coloca o pingo no “i”, não faz o traçado da letra de forma correta, chegando muitas vezes a ser ilegível.

A criança costuma misturar a letra maiúscula com minúscula, letra de forma com letra cursiva, enfim, ela apresenta uma dificuldade viso-motor; Na hora de copiar ela olha para a lousa e quando vai escrever, ela pula linha, pula palavras, o tamanho das letras pode ser ora muito grande, ora muito pequeno. É uma escrita não uniforme.

Vale dizer que no diagnóstico as alterações tônico posturais da criança, são avaliadas, por exemplo: A maneira que ela pega o lápis e sua postura diante da mesa.

DISORTOGRAFIA

Na Disortografia, os tipos de erros que a criança comete estão relacionados com  a ortografia das palavras. É muito comum que até o 2º ano, as crianças façam essas confusões ortográficas, principalmente entre os sons e as palavras, pois ainda não estão dominados por completo; São erros bem mais sistemáticos, totalmente voltados para a ortografia; por exemplo: O uso do L e do LH, troca o X pelo CH, troca o J pelo G , erra o uso dos “S´s” e “ss”, comete erros na acentuação, ou seja, tudo está relacionado aos erros ortográficos, bem diferente por exemplo da dislexia, onde as alterações da escrita são muito mais inconsistentes e isso só consegue ser diferenciado a partir do 3º ano, quando estas crianças estão com 8 anos, mais ou menos. Quando esses erros persistirem em uma frequência muito grande, aí conseguimos avaliar e fazer o diagnóstico, explica a especialista.

DISCALCULIA

Como a dislexia, que está relacionada aos déficits de aprendizagem, a discalculia também não é uma doença. Ela é uma dificuldade que as algumas crianças têm no aprendizado da Matemática, quando lidam com números.

Efetuar equações, entender os seus princípios e tudo que envolve o trabalho com números. É uma desordem de aprendizagem que tem a ver com a formação dos circuitos neurológicos e não tem relação alguma com QI -Quociente de inteligência.

Ela é uma dificuldade única e exclusivamente relacionada ao cálculo matemático.
A Discalculia não é fácil de diagnosticar, pois requer uma avaliação multidisciplinar com o envolvimento de especialistas nas áreas de psicopedagogia, neuropsicologia e neuropediatria.

A Dra. Gesika chama atenção para que os pais fiquem atentos e busquem:

  • Diagnóstico Correto. Levar a criança ao neuropsiquiatra infantil, verificar se existe algum transtorno de aprendizagem e qual é este transtorno para iniciar ou adequar o tratamento correto;

  • Tratamento Correto. Verificar se a criança tem algum transtorno comportamental associado ou se nenhum diagnóstico de Transtorno de aprendizagem tenha sido feito até o momento, precisa-se verificar se a falta de acompanhamento do transtorno de aprendizagem levou ao desenvolvimento de algum transtorno comportamental, tais como depressão, pânico, ansiedade, baixa autoestima, etc; que precise de diagnóstico para que se comece imediatamente o tratamento.

  • Estratégia. Família, Médico e Escola precisam traçar uma estratégia de tratamento e de acompanhamento escolar dessa criança para que estes problemas não piorem.

Nota: Dra Gesika Amorim é pediatra com ênfase em saúde mental e neurodesenvolvimento infantil. Neuropsiquiatra, pós graduada em psiquiatria, e neurologia clínica.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/07/2020


Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 30/07/2020
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2020/07/30/o-que-e-o-transtorno-de-aprendizagem/

Emergência Climática: Sibéria – calor, fogo e derretimento do gelo

O calor excepcional e prolongado na Sibéria alimentou incêndios devastadores no Ártico. Ao mesmo tempo, foi relatada uma cobertura de gelo marinho que diminuiu rapidamente ao longo da costa do Ártico russo.

As temperaturas na Sibéria  estiveram acima de 5 ° C acima da média de janeiro a junho e em junho até 10 ° C acima da média . Uma temperatura de 38 ° C foi registrada na cidade russa de Verkhoyansk em 20 de junho . As temperaturas em partes da Sibéria na semana que começa em 19 de julho novamente superaram os 30 ° C.

O calor prolongado está relacionado a um vasto sistema de pressão de bloqueio e a um balanço persistente para o norte da corrente de jato, permitindo a entrada de ar quente na região.

No entanto, esse calor extremo teria sido quase impossível sem a influência das mudanças climáticas causadas pelo homem, de  acordo com uma rápida análise de atribuição feita por uma equipe dos principais cientistas climáticos .

“O Ártico está aquecendo duas vezes mais rápido que a média global, impactando populações e ecossistemas locais e com repercussões globais. “O que acontece no Ártico não fica no Ártico. Por causa das teleconexões, os polos influenciam o clima e as condições climáticas em latitudes mais baixas, onde vivem centenas de milhões de pessoas ”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Pelo segundo ano consecutivo , incêndios estão ocorrendo bem dentro do Círculo Polar Ártico. Imagens de satélite mostraram a extensão da superfície de gravação. A frente de incêndio do incêndio no Ártico atualmente mais ativo do norte está agora acima dos 71,6N, a menos de 8 quilômetros do Oceano Ártico.

Suas emissões totais estimadas de carbono desde janeiro são as mais altas no registro de dados de 18 anos do Serviço de Monitoramento de Atmosfera Copernicus, implementado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Alcance (ECMWF), que monitora a atividade de incêndio e a poluição resultante para avaliar seu impacto na atmosfera.

“Todo o verão de 2019 foi incomum em termos de atividade de fogo nas altas latitudes do norte e 2020 até agora parece estar evoluindo de maneira semelhante”, disse o cientista sênior do CAMS Mark Parrington. “Isso sugere que poderemos ver intensa atividade de incêndio no Ártico nas próximas semanas, especialmente porque a temporada de incêndios no Boreal tipicamente atinge o pico em julho e agosto”.

 

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O Serviço Federal Russo de Monitoramento Hidrometeorológico e Ambiental (Roshydromet ) disse que, segundo o monitoramento por satélite), havia 188 pontos de provável incêndio em 22 de julho no território da Sibéria. 

Os incêndios foram particularmente intensos na República da Sakha da Rússia e em Okrug Autônomo de Chukotka, no extremo nordeste da Sibéria, ambos sofrendo condições muito mais quentes do que o habitual nos últimos meses. As autoridades russas também declararam que há um risco extremo de incêndio em toda a Okrug Autônoma de Khanty-Mansiysk – Yugra, que fica no oeste da Sibéria.

O CAMS incorpora observações de incêndios florestais dos instrumentos MODIS nos satélites  Terra  e  Aqua da  NASA em seu Sistema Global de Assimilação de Fogo ( GFAS ) para monitorar incêndios e estimar a poluição que eles emitem. As estimativas de emissões são então combinadas com o sistema de previsão do tempo do ECMWF para prever como a poluição se moverá ao redor do mundo e afetará a composição atmosférica global.

A fumaça do incêndio consiste em uma ampla gama de poluentes, incluindo monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, compostos orgânicos voláteis e partículas sólidas de aerossóis. Os incêndios no Ártico emitiram o equivalente a 56 megatoneladas de dióxido de carbono em junho, contra 53 megatoneladas em junho de 2019. Os níveis de monóxido de carbono no nordeste da Sibéria eram anormalmente altos na região dos incêndios.

Gelo marinho do Ártico

A onda de calor da Sibéria na primavera passada acelerou a retirada de gelo ao longo da costa russa do Ártico, em particular desde o final de junho, levando a uma extensão muito baixa de gelo do mar nos mares Laptev e Barents, de acordo com os produtos operacionais disponíveis nos EUA. Ice Data Center e o Centro Nacional de Gelo dos EUA (NIC). A rota do Mar do Norte parece estar quase aberta.

Por outro lado, as outras áreas dos mares do Ártico parecem estar próximas da média de 1981 a 2010 para esta época do ano. Tais contrastes servem como exemplos proeminentes das maiores variações que ocorrem para a extensão do gelo marinho na escala regional, em comparação com o Oceano Ártico como um todo, de acordo com os produtos da NSIDC / NIC.

Há uma demanda crescente pela extensão do gelo marinho no verão em escalas regionais e com o aumento da resolução espacial é importante diariamente para apoiar a Valores mensais do gelo do Árticonavegação, enquanto as médias mensais e sazonais são mais relevantes em termos climáticos. .

Normalmente, a maior parte do derretimento ocorre entre julho e setembro, quando ocorre a extensão anual mínima do gelo marinho. A menor extensão de gelo marinho registrada foi em setembro de 2012.

Com o aumento da demanda por dados de extensão e espessura do gelo marinho de maior resolução, é necessário melhorar a precisão dos produtos de gelo marinho para torná-los mais adequados para a criação de gráficos de gelo para segurança marítima, bem como o entendimento das mudanças climáticas em escalas regionais .

Todos os conjuntos de dados monitorados pelo programa Global Cryosphere Watch da WMO concordam com a tendência de queda de longo prazo no gelo do Ártico. Acredita-se que isso esteja afetando os padrões climáticos em outras partes do mundo, e pesquisas estão sendo conduzidas para determinar se está levando a um fluxo de jato mais fraco, associado a padrões de bloqueio como os que afetaram a Sibéria este ano. 

O derretimento do gelo e o degelo do permafrost – potencialmente liberando o metano dos gases de efeito estufa – estão causando um grande impacto na infraestrutura e nos ecossistemas de toda a região.

Um novo estudo publicado na Nature Climate Change diz que os ursos polares – um símbolo da mudança climática – podem estar quase extintos até o final do século por causa do encolhimento do gelo do mar.

“Nosso modelo captura tendências demográficas observadas entre 1979 e 2016, mostrando que os limites de impacto de recrutamento e sobrevivência já podem ter sido excedidos em algumas subpopulações. Também sugere que, com altas emissões de gases de efeito estufa, a reprodução e a sobrevivência em declínio acentuado comprometem a persistência de todas, exceto algumas subpopulações de alto nível do Ártico, até 2100 ”, escreveram os autores.

 

Links e informações

O site Global Cryosphere Watch está aqui

Informações do Portal Polar sobre gelo marinho e icebergs

O site do Data Center Nacional de Neve e Gelo está aqui

Os gráficos de séries temporais do NSIDC estão aqui

O site do Serviço de Monitoramento Atmosférico da Copernicus está aqui

 

Fonte: World Meteorological Organization – WMO

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/07/2020


Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/07/2020
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2020/07/30/emergencia-climatica-siberia-calor-fogo-e-derretimento-do-gelo/

Minimal forest loss on Indigenous territories across the Amazon


amazonia


Some of the best-conserved forests in the Amazon have been actively shaped and managed by Indigenous peoples


Amazonian Indigenous territories are crucial for conservation – A new study from the University of Helsinki shows that Indigenous territories represent around 45% of all the remaining wilderness areas in the Amazon, comprising an area of three times the surface of Germany.

University of Helsinki

At a time when the Amazon forests face unprecedented pressures, overcoming divergences and aligning the goals of wilderness defenders and Indigenous peoples is paramount to avoid further environmental degradation.
“In our paper we show that supporting Indigenous peoples’ rights is in the interest of the conservation agenda,” says Dr. Álvaro Fernández-Llamazares from the University of Helsinki. “The future of a substantial proportion of the Amazon’s biodiversity depends largely on coordinated action to support and strengthen Indigenous peoples’ rights across the entire region.”

The authors argue that the convergence of the agendas and priorities of both wilderness-centred conservationists and Indigenous peoples is more important than ever, as some of the government in the region have started to trample over commitments towards globally agreed goals on both the environment and Indigenous peoples’ rights.

“There is no doubt that the Amazon is at a crossroads in its social-ecological history,” adds Dr. Fernández-Llamazares. “Rollbacks on environmental protections and Indigenous Peoples rights across the entire region are opening up vast natural areas to new external pressures.”

All these macroeconomic and political forces are being felt in both wilderness areas and Indigenous Peoples territories. However, disputes on whether conserving wilderness should come at the expense of Indigenous peoples rights undermine potential for collaborative conservation.

Minimal forest loss on Indigenous territories across the Amazon

The study underscores the substantial role of Indigenous territories in buffering against deforestation through advanced geospatial analyses based on available satellite data. These lands account for less than 15% of all the forest loss occurring within the Amazon’s last wilderness frontiers. This is largely evidenced throughout the southern rim of the Amazon, where Indigenous territories represent the only islands of biological and cultural diversity in the larger landscape.

“The concept of wilderness has a contentious history across much of the Global South, as it is based on the assumption that humans have inherently negative impacts on nature,” highlights Prof. Eduardo S. Brondizio, a researcher from Indiana University Bloomington and senior author of the study.

“Yet, the Amazon is a classic example of how long-term interactions between Indigenous peoples and forests can be linked to positive environmental outcomes. We have known for decades that a significant portion of the region’s supposedly pristine forests are in fact cultural forests,” he notes. “Indigenous peoples, and also other traditional communities, show that it is possible to successfully combine forest conservation, management and agroforestry systems.”

In view of this, the authors call for a more socially inclusive notion of wilderness in order to align the agendas and priorities of both wilderness-focused conservationists and Indigenous peoples against a new wave of frontier expansion.

Reference:

Fernández - Llamazares Á, Terraube J, Gavin MC, Pyhälä A, Siani S, Cabeza M, Brondizio ES (2020) Reframing the wilderness concept can bolster collaborative conservation. Trends in Ecology & Evolution 2020. doi: 10.1016/j.tree.2020.06.005

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/07/2020


Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/07/2020
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2020/07/30/minimal-forest-loss-on-indigenous-territories-across-the-amazon/

Territórios indígenas da Amazônia são cruciais para a conservação


rio amazônia

Um novo estudo da Universidade de Helsinque mostra que os territórios indígenas representam cerca de 45% de todas as áreas selvagens remanescentes na Amazônia, compreendendo uma área de três vezes a superfície da Alemanha.

University of Helsinki*

Em um momento em que as florestas amazônicas enfrentam pressões sem precedentes, superar as divergências e alinhar os objetivos dos defensores da natureza e dos povos indígenas é fundamental para evitar maior degradação ambiental.

“Em nosso artigo, mostramos que apoiar os direitos dos povos indígenas é do interesse da agenda de conservação”, diz o Dr. Álvaro Fernández-Llamazares, da Universidade de Helsinque. “O futuro de uma proporção substancial da biodiversidade da Amazônia depende em grande parte de ações coordenadas para apoiar e fortalecer os direitos dos povos indígenas em toda a região.”

Os autores argumentam que a convergência das agendas e prioridades dos conservacionistas e povos indígenas centrados no deserto é mais importante do que nunca, já que alguns governos da região começaram a atropelar os compromissos em relação às metas globalmente acordadas em relação ao meio ambiente e aos povos indígenas. direitos dos povos.

“Não há dúvida de que a Amazônia está em uma encruzilhada em sua história socioecológica”, acrescenta o Dr. Fernández-Llamazares. “Reversões na proteção ambiental e nos direitos dos povos indígenas em toda a região estão abrindo vastas áreas naturais para novas pressões externas”.

Todas essas forças macroeconômicas e políticas estão sendo sentidas nas áreas selvagens e nos territórios dos povos indígenas. No entanto, disputas sobre se a conservação da natureza selvagem deve custar os direitos dos povos indígenas minam o potencial de conservação colaborativa.

Perda mínima de floresta em territórios indígenas na Amazônia

O estudo ressalta o papel substancial dos territórios indígenas na proteção contra o desmatamento por meio de análises geoespaciais avançadas baseadas em dados de satélite disponíveis. Essas terras representam menos de 15% de toda a perda de floresta que ocorre nas últimas fronteiras da região selvagem da Amazônia. Isso é amplamente evidenciado em toda a margem sul da Amazônia, onde os territórios indígenas representam as únicas ilhas de diversidade biológica e cultural na paisagem maior.

“O conceito de região selvagem tem uma história controversa em grande parte do Sul Global, pois se baseia na suposição de que os seres humanos têm impactos inerentemente negativos sobre a natureza”, destaca o professor Eduardo S. Brondizio , pesquisador da Universidade de Bloomington, Indiana, e autor sênior do estudo.

“No entanto, a Amazônia é um exemplo clássico de como as interações de longo prazo entre povos indígenas e florestas podem ser ligadas a resultados ambientais positivos. Sabemos há décadas que uma porção significativa das florestas supostamente intocadas da região são de fato florestas culturais ”, observa ele. “Os povos indígenas, e também outras comunidades tradicionais, mostram que é possível combinar com sucesso os sistemas de conservação, manejo e agrossilvicultura.”

Em vista disso, os autores pedem uma noção mais socialmente inclusiva de região selvagem, a fim de alinhar as agendas e prioridades dos conservacionistas e povos indígenas focados na região selvagem contra uma nova onda de expansão de fronteiras.

Referência:

Fernández-Llamazares Á, Terraube J, Gavin MC, Pyhälä A, Siani S, Cabeza M, Brondizio ES (2020) Reframing the wilderness concept can bolster collaborative conservation. Trends in Ecology & Evolution 2020. doi: 10.1016/j.tree.2020.06.005
https://doi.org/10.1016/j.tree.2020.06.005

 

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/07/2020


Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/07/2020
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2020/07/30/territorios-indigenas-da-amazonia-sao-cruciais-para-a-conservacao/