quarta-feira, 31 de março de 2021

Demanda por energia limpa ameaça uma das regiões mais ricas e férteis na Amazônia



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O boom de investidores chineses em 2019 e 2020 desencadeou o caos na extração de Pau-de-balsa no Equador


Poucos meses se passaram desde que de repente, como se nada tivesse acontecido, a chamada febre do Pau-de-balsa arrefeceu no Equador. Mas as consequências de dois anos de extração frenética dessa madeira são visíveis e preocupantes.


A demanda disparou porque investidores chineses, incentivados por um subsídio estatal, chegaram com muito dinheiro em busca de toneladas dessa madeira, usada na fabricação de pás para geradores eólicos.


A urgência em conseguir a matéria-prima e a falta de controle do governo equatoriano diante das restrições devido à pandemia contribuíram para desencadear o caos, dentre outros territórios, na província de Pastaza, uma das áreas de maior riqueza natural da Amazônia e onde se concentram dezenas de milhares de hectares desta espécie.


O boom do Pau-de-balsa encheu o bolso de muitos, mas também deixou problemas para trás.


A extração frenética dos últimos meses ameaçou o habitat de animais protegidos, aumentou a extração ilegal, precarizou o trabalho e dividiu as comunidades indígenas, afirmam diferentes fontes consultadas pela BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.


"Foi um desastre", descreve Pablo Balarezo, coordenador de economia florestal da Fundação Pachamama, no Equador.


As comunidades indígenas da região, proprietárias ancestrais de muitos dos hectares onde se extrai o Pau-de-balsa, ativistas e empresários pedem ao Estado que intervenha, regularize mais o setor e o proteja dos anos que alguns temem ser irreversíveis.


O Ministério do Meio Ambiente e Águas do Equador realizou operações para interceptar o deslocamento e a exploração ilegal de Pau-de-balsa, mas várias associações acreditam que o esforço não tem sido suficiente. A BBC News Mundo entrou em contato com o ministério, mas não havia recebido resposta até o momento da publicação desta reportagem.



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A falta de controle do Estado durante a pandemia e o aumento da demanda causaram a febre do Pau-de-balsa ao longo do Rio Pastaza, na Amazônia equatoriana

O que é o Pau-de-balsa e para que é usado


O Pau-de-Balsa é uma árvore que cresce nas florestas tropicais, em uma altitude entre 300 e 1.000 metros.


"Na América do Sul, você o encontra na Cordilheira dos Andes, na Amazônia, no Peru, na Colômbia, na Venezuela e no Panamá. Ao norte, você encontra o Pau-de-Balsa na Costa Rica e também no sul do México", diz Ricardo Ortiz, que se dedica à exportação de Pau-de-Balsa há mais de 25 anos.


Do Pau-de-Balsa se obtém uma madeira leve, e cada árvore oferece um rendimento considerável, uma vez que pode chegar a ter entre 25 e 30 metros de altura. Em geral, ela morre aos 6 ou 7 anos, mas "para tirar o máximo proveito, é derrubada aos 3 ou 4 anos, quando sua madeira atinge a melhor qualidade", explica Balarezo à BBC News Mundo.


A madeira do Pau-de-Balsa é usada principalmente para fabricar pás de geradores de energia eólica.



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O Pau-de-balsa fornece uma matéria-prima leve e forte para a construção de pás de geradores de energia eólica


Ortiz conta que à medida que os países mais ricos buscam fontes renováveis ​​de energia, a demanda por Pau-de-Balsa aumentou no Equador.


"Na última década, ela vem crescendo, mas nada se compara ao que aconteceu nos últimos dois anos, desde que a China entrou com força no mercado. O ano de 2020 foi um frenesi. Ficou fora de controle", afirma ele à BBC News Mundo.

Febre do Pau-de-balsa


Como diz Ortiz, nos últimos anos a China liberou bilhões em subsídios para incentivar a instalação de painéis solares e geradores de energia eólica em todo o país.


Há muitos geradores eólicos a serem fabricados — e, para isso, é necessário muito Pau-de-Balsa.


O Equador é o maior vendedor de Pau-de-Balsa do mundo. Ortiz estima que o país exporte 75% do total dessa madeira para todo o planeta. China, Estados Unidos e Europa são os principais compradores.


"Em 2019 e 2020, eu vi algo sem precedentes nos 25 anos que estou neste negócio. Os chineses vieram com muito dinheiro para comprar todo o Pau-de-Balsa que pudessem. O preço da matéria-prima triplicou. Muita gente pobre que vive nas áreas de maior concentração da espécie ganhou muito dinheiro", relata Ortiz.



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O preço do Pau-de-balsa triplicou durante a febre de extração de 2019 e 2020


O "frenesi" aumentou ainda mais no segundo trimestre de 2020, quando os lockdowns impostos pela pandemia de covid-19 foram relaxados, a China anunciou a redução dos subsídios e os investidores correram mais do que nunca para se apossar da madeira.


O empresário explica que compradores dos Estados Unidos e da Europa adquirem madeira certificada e cumprem com mais rigor os contratos. Os chineses, diz ele, trabalham mais em ondas e operam de forma um pouco "mais desorganizada", o que também contribuiu para a enxurrada de demanda.


A necessidade de Pau-de-Balsa e seus lucros inegáveis ​​atraíram muito mais participantes para o negócio do que as empresas tradicionais que já atuavam nele.


As comunidades indígenas também tiram uma renda, e "as máfias fora do Equador atuam como intermediárias e lavam dinheiro para explorar o Pau-de-Balsa", denuncia Balarezo, da Fundação Pachamama.


Por um pedaço de cerca de um metro e meio dessa madeira, se chegou a pagar entre 10 e 12 dólares.


"Juntou tudo. A demanda, os lucros e a falta de controle do governo devido às restrições da pandemia. Ficou uma bagunça", acrescenta Balarezo.

Um problema ambiental... e social


A extração do Pau-de-Balsa por si só não é um problema grave de desmatamento. Trata-se de uma espécie primária e cresce tão rápido que, onde há uma árvore derrubada, volta a crescer outra que em cerca de quatro anos chega a 20 metros.


A "preocupação", concordam empresários, representantes indígenas e ambientalistas, é quando sai do controle sem fiscalização estatal suficiente.


"Com o boom, o Pau-de-Balsa foi explorado sem a técnica necessária. Se desperdiçou madeira, e por acidente e desconhecimento, foram derrubadas outras árvores que, sim, são críticas", explica Balarezo.


Muitas das áreas de Pau-de-Balsa são habitats de animais protegidos, como onças, tartarugas, várias espécies de pássaros e outros mamíferos.


"O desmatamento sem controle ameaça habitats muito delicados. O ecossistema de Pastaza é um dos mais ricos e conservados do Equador. Estamos brincando com fogo", alerta Balarezo.



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Balarezo afirma que a extração indiscriminada de Pau-de-balsa compromete um dos mais ricos e diversos ecossistemas do Equador


O especialista adverte ainda que as máfias camuflam madeiras nobres de outras árvores em caminhões carregados de Pau-de-Balsa.


"Foi algo que documentei e queria denunciar em fevereiro de 2020, mas eles me viram e me ameaçaram com uma arma no peito. Tive que apagar as fotos. Essa gente é muito perigosa."

'Divisão e decomposição dentro das comunidades indígenas'


A febre do Pau-de-Balsa tem gerado conflitos e divisões entre as comunidades indígenas que povoam a bacia do Rio Pastaza.


O negócio rendeu dinheiro, "e muitas comunidades indígenas muito pobres, donas do território, estão aproveitando isso", diz Ortiz.


Mas o dinheiro "corrompe", e alguns o estão usando "mal", gerando problemas de dependência química, alcoolismo e "decomposição" social.



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À medida que o mundo migra para fontes de energia mais limpas, as áreas que fornecem matéria-prima sofrem com problemas ambientais e sociais


"Muitos jovens indígenas, com o dinheiro do Pau-de-Balsa, vão às cidades gastar em festa. Não é que o capital do extrativismo esteja sendo utilizado com um bom fundo social", afirma Andrés Tapia, da equipe de comunicação da Confederação das Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (Confeniae).


No entanto, não é isso que mais preocupa ele.


"Nossa principal ameaça é a divisão social. Gerou muita polarização entre aqueles que queriam trabalhar por necessidade e os que se opunham ao extrativismo. Muitos se manifestaram contra e proibiram a extração, mas outros, por conta própria, ignoraram esses pronunciamentos", conta Tapia.

Fonte de renda, mas também de precarização


Balarezo e Tapia reconhecem que o boom de Pau-de-Balsa foi uma importante fonte de renda para muitas famílias, mas também admitem que levou à precarização do trabalho.


"Em muitas ocasiões, as negociações são feitas diretamente com as comunidades indígenas, e estas, por não terem alternativas, aceitam condições injustas", relata Balarezo.


"É verdade que pagam a eles pela madeira, mas se você levar em conta todo o esforço de mão de obra, o que eles recebem não é justo. Os intermediários que levam o Pau-de-Balsa para cidades como Guayaquil e Quevedo ficam com a maior parte", acrescenta.



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Setores da comunidade indígena extraem a madeira do Pau-de-balsa, que é transportada por intermediários até as grandes cidades para ser exportada


"Meus trabalhadores são formalizados, mas a extração em massa no oriente pelos indígenas não está regularizada de forma alguma", denuncia Ortiz.


A falta de controle e a penetração de intermediários de cidades grandes em um ano de pandemia também fizeram com que o novo coronavírus se propagasse fatalmente entre as cidades amazônicas, acrescenta Tapia.

Oportunidade econômica, mas se o Estado intervir


Em meio ao que muitos consideram uma crise ambiental e social, as fontes consultadas pela BBC News Mundo concordam que, sendo controlada e administrada pelas autoridades, a exploração de Pau-de-Balsa pode ser uma importante oportunidade econômica.


É verdade que o boom de 2020 já passou, mas por isso mesmo acredita-se que seja o momento ideal para planejar essa atividade.


As principais potências estão buscando obter fontes de energia renováveis ​​e reduzir progressivamente a sua pegada de carbono.



CRÉDITO,FUNDAÇÃO PACHAMAMA
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Com investimento e controle, as fontes consultadas pela BBC News Mundo acreditam que a exportação de Pau-de-balsa é uma grande oportunidade econômica para o país


"Diante de tanta demanda, uma árvore como o Pau-de-Balsa, que se regenera rápido, pode oferecer muita rentabilidade sem comprometer gravemente o meio ambiente", sinaliza Ortiz.


"Se o Estado controlar e a extração de madeira for feita de forma sustentável e amigável, é uma grande oportunidade. Por isso, estamos tentando promover o Pau-de-Balsa amazônico em áreas degradadas e assim diminuir a pressão em territórios que sofreram muito", diz Balarezo.


Ortiz também pede mais investimentos em infraestrutura.


"A Europa e os Estados Unidos vêm comprando há muito tempo, mas não é que se tenha investido muito no país. É verdade que são necessários dezenas de milhões para plantar e construir, mas a rentabilidade poderia ser espetacular", afirma o empresário.





Autor: José Carlos Cueto
Fonte: BBC News Mundo
Sítio Online da Publicação: BBC News
Data: 27/03/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-56359091

Nova imagem revela detalhes de buraco negro 3 milhões de vezes maior que a Terra



CRÉDITO,EHT COLLABORATION
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Imagem mostra luz saindo do buraco negro no centro da galáxia M87


Em 2019, astrônomos surpreenderam o mundo com a primeira imagem de um buraco negro.


Dois anos depois, eles nos revelam o que acontece no campo magnético que cerca esse famoso monstro gravitacional.


O objeto em estudo é o buraco negro gigante, ou supermassivo, localizado no centro da galáxia Messier 87 (M87), na constelação de Virgem, a 55 milhões de anos-luz da Terra.


Este buraco negro é três milhões de vezes maior que o nosso planeta, e tem uma massa de 6,5 ​​bilhões de vezes a do sol.

"O que vemos é uma evidência crucial para entender como os campos magnéticos se comportam em torno dos buracos negros", disse em comunicado Monika Mościbrodzka, pesquisadora do Event Horizon Telescope (EHT, na sigla em inglês), uma colaboração de cerca de 300 cientistas que tornou possível a primeira imagem do buraco.



CRÉDITO,EHT
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Esta foi a primeira imagem da M87; nunca a humanidade havia visto um buraco negro até então

O que mostra a imagem?


O que a imagem mostra é o vórtice de ondas de luz geradas pelo campo magnético ao redor do buraco.


A imagem revela que uma parte significativa da luz em torno do buraco negro está polarizada devido à atração do campo magnético.


Isso significa que uma luz que normalmente viajaria em todas as direções (despolarizada) repentinamente se ordena e vai em apenas uma direção (polarizada) devido a uma força externa.


Nesse caso, a forte gravidade do buraco faz com que seu campo magnético se curve e faça com que as ondas de luz se polarizem, ou seja, oscilem em uma mesma direção ordenada.

Veja a 1ª imagem de um buraco negro da história, um 'monstro' maior que o Sistema Solar


Dessa forma, o campo magnético atua como um poderoso filtro polarizador que nos permite ver o que está acontecendo ao redor do buraco.


Os cientistas do EHT aproveitaram o fenômeno para observar melhor o que está acontecendo naquela área, da mesma forma que óculos escuros ou um filtro polarizado nas janelas de um carro nos permitem muitas vezes enxergar melhor.



CRÉDITO,ESO
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O buraco está no centro da galáxia Messier 87, a 55 milhões de anos-luz da Terra



O que é um buraco negro?

Um buraco negro é uma região do espaço onde a matéria colapsou sobre si mesma
A atração gravitacional é tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar
Os buracos negros surgem do desaparecimento explosivo de certas estrelas grandes
Mas alguns são realmente gigantescos e têm bilhões de vezes a massa do nosso sol.
Os buracos negros são detectados pela forma como influenciam seu entorno



Jatos de luz


As linhas que aparecem na imagem correspondem à luz polarizada no campo magnético do buraco negro. O que vemos são os raios polarizados que conseguem escapar do horizonte e eventos, que é a fronteira onde o buraco engole tudo que chega até ele.


A imagem mostra a intensidade e a direção desses raios descontrolados.


Um buraco negro engole a maior parte da matéria que o atinge, mas algumas partículas conseguem escapar e são lançadas ao espaço a grandes distâncias na forma de jatos.



CRÉDITO,ALMA (ESO/NAOJ/NRAO
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Imagem mostra jatos de luz polarizada escapando do buraco negro


Jatos de energia e matéria na forma de plasma (gás quente) escapando do M87 podem viajar cerca de 5 mil anos-luz de distância, bem além da própria galáxia, de acordo com o EHT.


Graças a esta nova imagem, os especialistas podem estudar pela primeira vez aquela região onde o buraco engole e ejeta a matéria.


"As observações sugerem que os campos magnéticos na borda do buraco negro são fortes o suficiente para puxar o gás quente, fazendo com que ele resista à atração gravitacional", explica Jason Dexter, pesquisador do EHT.


Com a nova imagem, informações ainda estão sendo coletadas para entender o grande monstro gravitacional M87.






Autor: Redação BBC News Mundo
Fonte: BBC News Mundo 
Sítio Online da Publicação: BBC News
Data: 30/03/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-56562919

Editora da Uerj lança e-book gratuito para o ensino da Engenharia sob uma visão humanista

A Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EdUerj) acaba de disponibilizar, de forma gratuita, o e-book “Humanidades, ciências sociais e cidadania em Engenharia: uma introdução à Engenharia com um olhar transdisciplinar”. O livro, que aborda a disciplina sob uma visão humanista, dialogando com as ciências humanas e sociais, é indicado para ser utilizado por professores de matérias como Engenharia na Sociedade, Introdução à Engenharia e Aspectos Humanos na Engenharia, colaborando para a formação do engenheiro-cidadão.



Para o autor José Carlos Vilar Amigo, professor da Faculdade de Engenharia da Uerj, a obra atende à necessidade existente hoje, nos cursos da área, de ampliação do caráter multidisciplinar. “O trabalho foi elaborado com o intuito de suprir uma lacuna, já identificada pelo MEC e a qual eu ratifico, que é a falta de componentes humanistas na formação dos engenheiros, que lhes permitam uma atuação com sensibilidade social e humana”, afirma.


José Carlos Vilar Amigo, autor da obra

Abordando temas como Gestão, Ética, Direito, Liderança, Cidadania, História e Filosofia, o livro consegue provocar reflexões importantes e contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional, incitando o senso crítico e reflexivo, assim como despertando uma visão holística da Engenharia. Além disso, ajuda no aperfeiçoamento das chamadas soft skills – competências como liderança, planejamento, gestão estratégica e aprendizado autônomo.

Na opinião de Amigo, a obra é relevante pois ajuda na reflexão sobre o exercício da carreira. “São abordados temas como a discussão filosófica do valor social da profissão, a importância de se ter uma atitude ética no desempenho das atividades, de se respeitar as normas que, democraticamente, regem a ação social e profissional e o reconhecimento do esforço histórico que a humanidade fez, na conquista dos direitos de cidadania. A ideia é inspirar o aluno a refletir e agir, não como o cidadão que conquista o direito de se dizer engenheiro, mas como o engenheiro que percebe a responsabilidade de cidadão advinda da conquista da sua formação”, ressalta o autor.

Para fazer o download gratuito, acesse o site da EdUerj.



Autor: Diretoria de Comunicação da UERJ
Fonte: UERJ
Sítio Online da Publicação: UERJ
Data: 30/03/2021
Publicação Original: https://www.uerj.br/noticia/editora-da-uerj-lanca-e-book-gratuito-para-o-ensino-da-engenharia-sob-visao-humanista/

segunda-feira, 29 de março de 2021

Plataforma de streaming para professores tem 130 filmes com temas socioambientais


Foto: Divulgação Ecofalante Play / ABr
Plataforma de streaming para professores tem 130 filmes com temas socioambientais


Professores, educadores e instituições de ensino que desejam utilizar o cinema como ferramenta para discutir questões socioambientais contam agora com uma plataforma de streaming totalmente gratuita e exclusiva, chamada Ecofalante Play.

O acervo tem mais de 130 filmes brasileiros e estrangeiros que abordam assuntos como emergência climática, consumo, cidades, energia, conservação, economia, trabalho e saúde. As obras foram selecionadas pela curadoria da Mostra Ecofalante de Cinema, evento com filmes de temática socioambiental que acontece anualmente desde 2012.

Entre os filmes disponibilizados no acervo está Obrigado, Chuva, de Julia Dahr, cineasta eleita pela revista Forbes como uma das 30 personalidades jovens. A cineasta acompanha um pequeno agricultor queniano para registrar os impactos das mudanças climáticas.

Há também Dolores, de Peter Bratt, que retrata Dolores Huerta, líder trabalhista e uma das mais importantes ativistas dos direitos civis da história dos Estados Unidos.

Outro destaque é Martírio, dirigido por Vincent Carelli em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida. O filme, premiado no Festival de Brasília e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, busca as origens do genocídio praticado contra os índios Guarani Kaiowá.

Para utilizar a plataforma, os professores e as instituições de ensino precisam fazer um cadastro disponível na Ecofalante Play.

Após a aprovação do cadastro, será permitido o acesso ao catálogo de filmes e ao agendamento de uma sessão.

Por Elaine Patricia Cruz, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/03/2021




Autor: Elaine Patricia Cruz
Fonte: Agência Brasil
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/03/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/03/27/plataforma-de-streaming-para-professores-tem-130-filmes-com-temas-socioambientais/

Arborização & Desenvolvimento Socioeconômico: Desafios Sustentáveis



Arborização & Desenvolvimento Socioeconômico: Desafios Sustentáveis para o Município de São Miguel do Guamá, Amazônia, Brasil, por Bianca Pires Oliveira, Carina Gondim Pereira, Tiago de Oliveira Mendes e Rodrigo Fraga Garvão
O presente artigo vem por meio de análises referenciais, debater sobre a importância de se implantar projetos voltados à arborização urbana e os benefícios que a mesma realiza na vida da comunidade. Segue como base para as cidades que não possuem planos de recuperação vegetal, ocasionando o desconforto tanto para os civis como para a fauna das zonas urbanas



ARBORIZAÇÃO & DESENVOLVIMENTO SOCIOECONOMICO: DESAFIOS SUSTENTÁVEIS PARA O MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ, AMAZÔNIA, BRASIL

Bianca Pires Oliveira1

Carina Gondim Pereira2

Tiago de OliveiraMendes3

Rodrigo Fraga Garvão4



RESUMO

O presente artigo vem por meio de análises referenciais, debater sobre a importância de se implantar projetos voltados à arborização urbana e os benefícios que a mesma realiza na vida da comunidade. Segue como base para as cidades que não possuem planos de recuperação vegetal, ocasionando o desconforto tanto para os civis como para a fauna das zonas urbanas. Relatando os benefícios e os cuidados para que se desenvolva uma cidade verde. Apresentando planos realizados em algumas cidades do Brasil, onde foram criados projetos voltados à recuperação da vegetação das mesmas. Após uma busca bibliográfica, observou-se que o município de São Miguel do Guamá, localizado no estado do Pará que se encontra as margens do rio Guamá, não possui práticas de arborização. A mesma é conhecida por ser o maior pólo de cerâmica do Norte do Brasil. Uma cidade onde a poluição e os gases liberados durante a queima atingem níveis altíssimos devido às fábricas que se alojaram no município, além da devastação da mata local decorrente das indústrias de cerâmicas, e dos poucos espaços arborizados, como o parque ambiental da cidade. Contribuem no aumento do índice de doenças respiratórias e poluição visual (decorrente da fumaça vinda das chaminés, onde se produz o tijolo e a telha). Mediante a todos esses problemas que a cidade de São Miguel do Guamá enfrenta, o artigo demonstra meios e exemplos para tornar possível a transformação do município, em uma cidade arborizada. Priorizando a melhoria da qualidade de vida da comunidade, o embelezamento urbano,o beneficiamento com a infraestrutura e a contribuindo para a conservação das espécies nativas da região.

Palavras chaves:Arborização urbana; Espécies nativas;São Miguel do Guamá.

ABSTRACT

The present article is based on reference analyzes, discussing the importance of implementing projects aimed at urban afforestation and the benefits that it makes in community life. It follows as a basis for cities that do not have plant recovery plans, causing discomfort for both civilians and wildlife in urban areas. Reporting the benefits and care to develop a green city. Presenting plans realized in some cities of Brazil, where were created projects aimed at the recovery of the same vegetation. After a bibliographical search, it was observed that the municipality of São Miguel do Guamá, located in the state of Pará that is on the banks of the Guamáriver, does not have afforestation practices. It is known for being the largest ceramic pole in the North of Brazil. A city where pollution and the gases released during the firing reach very high levels due to the factories that were housed in the municipality, besides the devastation of the local forest from the ceramic industries, and the few wooded spaces, such as the city’s environmental park. They contribute to the increase in the rate of respiratory diseases and visual pollution (due to the smoke coming from the chimneys, where the brick and the tile are produced). Through all these problems that the city of São Miguel do Guamá faces, the article demonstrates means and examples to make possible the transformation of the municipality into a forested city. Prioritizing the improvement of the quality of life of the community, the urban beautification, the beneficiation with the infrastructure and contributing to the conservation of the native species of the region.

Key words: Urban tree-planting; Native species; São Miguel do Guama.



INTRODUÇÃO:

As árvores sempre foram úteis como matérias-primas para os povos antigos, seja para fazer fogo (aquecer e manter outros animais distantes) ou para tirar alimentos das mesmas. Esses povos apesar de desmatar, tiravam apenas o necessário para sua sobrevivência. Segundo Cortez (2011), em termos de interferência no meio ambiente, sabe-se que em um dado momento da história do homem sobre a terra ele podia ser considerado um elemento natural da mesma maneira que qualquer espécie animal.

Mas já faz muito tempo, o homem vem trocando o meio rural pelo meio urbano tendo assim um grande êxodo rural. As cidades foram crescendo, na maioria das vezes de forma muito rápida e desordenada, sem um planejamento adequado de ocupação, provocando vários problemas que interferem sobremaneira na qualidade de vida do homem que vive na cidade (Pivetta & Silva Filho, 2002).

De acordo com Dubos (1975), existe apenas uma diferença de grau entre o cultivador neolítico desflorestando para obter uma clareira e o homem do ano 2000 que através de explosões atômicas, deslocará montanhas e modificará o curso dos rios obrigando-os a irrigar desertos. É correto afirmar a rapidez com que o homem evoluiu e usufruiu da natureza para se beneficiar. Mas logo obteve consequências por seus atos em relação ao meio ambiente.

Com a Revolução Industrial no século XVIII, o mundo passou a necessitar de mais matéria-prima que o necessário e desencadeou um grande crescimento urbano. Com o passar dos séculos cidades foram sendo criadas junto a um constante crescimento da mesma (muitas das vezes desordenado), e cada vez mais as árvores nos centros urbanos formam deixando de existir. A população passou a migrar para as cidades, desmatando assim, espaços que antes eram totalmente cobertos por árvores, destruindo grande parte da biodiversidade da flora nativa de várias regiões.

As árvores já foram mais presentes na paisagem urbana e com a gradual progressão econômica e populacional, a subtração das mesmas tornou-se indispensável para o desenvolvimento, este é claro, sem planejamento, que resulta hoje na má arborização nos centros, na impermeabilização dos solos e até mesmo na extinção de algumas espécies nativas (CECCHETTO; CHRISTMANN; OLIVEIRA; 2014).

A Amazônia é considerada a maior floresta tropical do mundo, rica pela diversidade na flora e na fauna, e acredita-se que existem milhares de espécies ainda não descobertas e que podem ser extintas antes mesmos de serem conhecidas.

O Paráfaz parte da Amazônia Legal, e é formado por 144 municípios. Esses municípios estão passando por constantes mudanças devido ao crescimento da taxa populacional com o êxodo rural. Mudanças essas significativas são principalmente as indústrias que se instalaram em várias localidades, incluindo as de alimentos, minérios, cerâmicas e hidrelétricas. Isso se torna um problema grandioso quando interligados com as novas moradias estão às disputas por espaços entre a natureza e o homem. Essas disputas podem acarretar problemas sérios á populações devido a poucas áreas verdes presentes nas cidades, além da poluição visual, causada pelas fumaças de chaminés de indústrias, carros, e dos gases poluidores como CO2(dióxido de carbono), S (enxofre) e CH3(metano) se aglomeram na atmosfera causando assim a diminuição da camada de Ozônio (O3), tendo como resultado o aumento da temperatura, a diminuição do oxigênio (O2), deixando o clima mais quente e propicio para as doenças respiratórias como bronquite, asma, rinite, câncer nos pulmões e outros.

Se tratando de arborização, no início do século XX, na capital do estado do Pará,a cidade de Belém, apresentava grandes áreas de manguezais, parque, bosque no centro da cidade, espaços estes que contribuem para o embelezamento, principalmente na época do Círio de Nazaré que a capital recebe milhares de turistas, além de contribuir para a diminuição da poluição e de doenças respiratórias. Mas com o crescimento, áreas da periferia foram povoadas e o grande espaço arbóreo da cidade se tornou pequeno em relação à população que faz moradia no local.

Com o aumento das densidades das populações humanas e sua organizando em comunidades sociais, cada vez mais aperfeiçoadas, estas rapidamente dispuseram de um poder crescente à medida que os seus recursos técnicos se desenvolviam. Tais fatos refletiam em uma maior pressão ao meio ambiente, onde a exploração dos recursos naturais e os diferentes tipos de rejeitos oriundos das diversas atividades transformaram completamente as paisagens originais num processo de contínua degradação (CORTEZ, 2011, p. 30).

ARBORIZAÇÃO E SEUS BENEFÍCIOS

Arborização é algo muito importante para se ter uma boa qualidade de vida, ela propícia um bem-estar tanto mental como social nas cidades, esta faz parte do cenário urbano, tornando a paisagem mais bonita. De acordo com o Manuel de Arborização de Minas Gerais (2011), as árvores são a maior forma de vida existente no planeta, presentes em praticamente todos os continentes. Apresentam alto grau de complexidade e de adaptações às condições do meio, permitindo sua convivência em diversos ambientes, incluindo as cidades.

A arborização colabora de forma significativa para a melhoria do conforto urbano. É elemento de contemplação, fornecedora de flores e frutos atrativos, e centro de configuração paisagística, como ponto de referência para orientação e identificação, possibilitando a proximidade e convivência do homem com a natureza no espaço construído (PORTO; BRASIL, 2013).

As arvores proporcionam sombra, abrigo para os animais pequenos, além de fornecer seus alimentos. Retém o calor causado pelas zonas urbanas, ajuda na diminuição da poeira, ameniza a poluição sonora e contribui para redução de microrganismos patogênicos, ajudando a conservar a limpeza da cidade e a saúde da população. A complexidade da construção de uma cidade arborizada,dificulta no interesse dos serviços públicos, deixando muito a desejar, por isso, muitas cidades ainda não possuem um plano propriamente dito para o plantio e os cuidados complementares de se ter uma árvore.

A arborização constitui elemento de suma importância para a obtenção de níveis satisfatórios de qualidade de vida. No entanto, poucas cidades brasileiras possuem planejamento efetivo para arborização de suas vias públicas (FARIA; MONTEIRO; FISCH 2007 p. 22).

ARBORIZAÇÃO E A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DAS ESPÉCIES NATIVAS

A manutenção das espécies nativas é de suma importância para a preservação das mesmas e contribuem com o sucesso do funcionamento dos projetos de arborização. Segundo Ceccheto (2014), ao se utilizarem as espécies nativas regionais na arborização urbana, a coexistência e sobrevivência dessas espécies em escala local poderiam ser garantidas.

É necessário um estudo de pesquisa específico para determinar as espécies nativas com características próprias de cada região. Integrar a comunidade a esses projetos é uma excelente forma de alcançar resultados positivos. Algumas exigências da vegetação e da região devem ser observadas e levadas em consideração, como o porte, o tipo de copa, a folhagem, o ritmo de crescimento, as flores, os frutos, as raízes, os troncos, a rusticidade, a resistência, os problemas tóxicos, o clima, o solo, a umidade, fatores importantes como largura das calçadas, proximidades de postes, fios elétricos, prédios e outros. Para que a infraestrutura da cidade seja estabelecida de forma harmoniosa com a vegetação.

As espécies nativas possuem diversas predominâncias favoráveis em relação às exóticas, sendo algumas delas: adaptabilidade garantida ao clima e solo; melhor desenvolvimento metabólico; maiores possibilidades de produção de flores e frutos saudáveis; propicia a alimentação para animais também nativos, conservando a fauna local; promulga a proliferação da espécie, evitando a sua extinção; evita o aumento de espécies invasoras exóticas e as doenças e pragas ocasionadas pelas mesmas; além de oferecer os benefícios comuns a todos os gêneros arbóreos (CECCHETTO; CHRISTMANN; OLIVEIRA; 2014).

Além de trazer uma singularidade para a região, valorizando a paisagem construída, tornando-se atrativa para turistas. Pois com espécies nativas é mais fácil a identificação a localidade observada

PLANEJAMENTO DA ARBORIZAÇÃO URBANA

No passado, com o crescimento das cidades brasileiras houve uma diminuição gradativa de espaços arbóreos. Hoje há uma preocupação com a falta desses espaços em grandes centros urbanos e em pequenas cidades, já que as mesmas têm grande importância no bem-estar da população que vive em meio a tanta poluição cotidiana.

É comum constatar-se a diminuição de vegetação natural à medida que se acelera o processo de urbanização, em face dos reflexos das políticas públicas estabelecidas pelas três esferas governamentais (Federal, Estadual e Municipal), afetando o equilíbrio ecológico urbano e contrariando os interesses de bem-estar da população (SCHUCH, 2006).

Primeiro passo para desenvolver um projeto de arborização dentro de um município, é conhecer área em questão, para que assim possa-se cogitar o tipo de espécie (tamanho, comprimento, largura) que podem ser plantadas no local, dando preferência as espécies nativas da região. Para isso, são necessários que contratem profissionais especializados, caso contrário, o que seria um lugar de tranquilidade, beleza, sombra e ventania nos períodos quentes pode vir a se tornar um lugar perigoso, devido a redes elétricas e durante período chuvoso.

A arborização deve ser incorporada à prática de planejamento urbano, levando-se em consideração os benefícios que esta proporciona à cidade e à população que nela habita, considerando, porém, o aspecto vegetativo e físico da árvore, de modo a obter o convívio harmonioso entre está e o meio urbano (PORTO; BRASIL, 2013).

Uma cidade arborizada não é tarefa fácil, exige minuciosamente um bom planejamento urbano. É indispensável uma organização de forma coerente, para que as árvores não se tornem prejudiciais as vias públicas e privadas como em:avenidas, ruas, casas, redes de esgotos, distribuição de água, redes elétricas, prédios, ambientes de lazer e principalmente uma atenção especial para o tipo de espécie da região onde está sendo localizada a cidade em questão. Para que futuramente, não se torne necessário sua remoção. Plantar apenas não soluciona o problema, plantios em locais indevidos podem trazer grandes danos.

A arborização bem planejada é muito importante independentemente do porte da cidade, pois, é muito mais fácil implantar quando se tem um planejamento, caso contrário, passa a ter um caráter de remediação, à medida que tenta se encaixar dentro das condições já existentes e solucionar problemas de toda ordem (PIVETTA; SILVA, 2002).

Desse modo, faz-se necessário levar em consideração alguns eventos que são importantes como: a definição do espaçamento entre as mudas, pois ao serem plantadas elas dependem, entre outros fatores, da largura das ruas e das calçadas. CEMIG (1996) como se pode ver no quadro abaixo:


Quadro: espaçamento recomendado de árvores recomendados


Situação

Espaçamento entre árvores


Ruas e passeios estreitos

7 a 10 metros


Ruas estreitas com passeios largos

7 a 10 metros


Passeios estreitos com ruas largas

10 a 15 metros


Passeios largos e ruas largas

10 a 15 metros


Fonte: CEMIG 1996



Segundo o Manual de Arborização de Minas Gerais, 2011: Para o correto manejo da arborização, é necessária que duas ações sejam adotadas, tanto para árvores existentes como em canteiro, rua, bairro ou cidade inteira: realizar um inventário da arborização existente para que se conheça o patrimônio arbóreo com o qual se está trabalhando e uma avaliação do sistema de manejo da arborização utilizado. Estes diagnósticos deverão indicar:

• Distribuição quantitativa e qualitativa da arborização existente.

• Existência de espaços livres para novos plantios.

• Avaliação das demandas e tecnologias empregadas na manutenção–plantio, poda, supressão, destoca e controle sanitário.

• Avaliação do sistema de manutenção – rotina, programas e resposta às solicitações.

• Avaliação das prioridades de acordo com as necessidades.

• Avaliação do volume e da distribuição do trabalho e dos recursos necessários.

• Avaliação da satisfação da população – tempo de atendimento e qualidade do serviço.



ARBORIZAÇÃO E SEUS PRINCIPAIS PROBLEMAS

A arborização é uma das melhores formas de diminuir os efeitos dos gases poluidores, diminui as altas temperaturas que se concentram nas cidades e embelezam a paisagem do local. Mas, se a mesma não for realizada de forma correta, com os cuidados necessários pode vir a se tornar um problema ao invés de solucioná-lo.

A arborização realizada de forma incorreta pode vir acarretar sérios problemas tanto para a população como para os espaços onde foram alojadas.

Árvores quando plantadas em locais impróprios podem atrapalhar as redes elétricas, esgotos, muros, calçadas, calhas e postes de iluminação, além dos galhos e frutos que podem vir a cair em cima dos pedestres, causando transtornos irremediáveis.

Segundo CABRAL, 2013:

Existem fatores que limitam o desenvolvimento da vegetação no meio urbano como o tipo de solo e o clima, e outros. No processo de urbanização o solo tem sido prejudicado e perde suas características físico químicas devido à pavimentação contínua das áreas urbanas, isso impede a penetração de água, causando outros tipos de problemas como as enchentes comuns aos grandes centros urbanos.

Não é preciso somente ter árvores em uma cidade, é preciso que as mesmas sejam plantadas através de um estudo e planejamento, observando o tipo de solo, as espécies plantadas e as implicações desse plantio para cada local.

RECUPERAÇÃO DE MUNICÍPIOS ATRAVÉS DA ARBORIZAÇÃO

A arborização já vem sendo trabalhada a tempo em algumas cidades do Brasil e do mundo. Algumas dessas cidades que antigamente eram vistas como grandes áreas desmatadas, desflorestadas, mas que hoje, depois da implantação de projetos junto aos órgãos públicos e privados vem se tornando exemplos em reflorestamento e referência em arborização.

Um dos casos que deram certo aconteceu no município de Cubatão, no litoral paulista. Em 2015 passou por uma grande contaminação pelas indústrias do pólo petroquímico. Um grande vazamento aconteceu naquele ano, lançando na atmosfera grandes quantidades de óxidos de enxofre (SO2 e SO3). As indústrias existem desde o governo de Juscelino Kubitschek. Devido a essas redes industriais, a cidade era uma das considerada com mais problemas respiratórios do país.A cidade foi contaminada, ocasionando a chuva ácida, levando o contágio aos civis. Poluíram rios e consequentemente extinguindo os peixes ali existentes, destruindo suas vegetações e em localidades vizinhas, as árvores tinham suas folhas queimadas através da chuva ácida. Graças à implantação do plano de recuperação ambiental feito pelo governo do estado de São Paulo, que se tornou vigente nos anos de 1980, as indústrias foram punidas através de pagamentos de altas multas. Devido se encontrar em meio à exuberante Mata Atlântica, a cidade necessitava urgentemente de ajuda. Com intensas fiscalizações voltadas às fontes de poluição e com o replantio da mata nativa, Cubatão pôde rapidamente se recuperar e hoje é referência para todas as cidades do Brasil e do mundo. A cidade é citada pela Organização das Nações Unidas (ONU), como exemplo de recuperação ambiental.

A chuva ácida é formada a partir de uma grande concentração de poluentes químicos, que são despejados na atmosfera diariamente. Estes poluentes, originados principalmente da queima de combustíveis fósseis, formam nuvens, neblinas e até mesmo neve. Este tipo de chuva pode até mesmo provocar o descontrole de ecossistemas, ao exterminar determinados tipos de animais e vegetais. Poluindo rios e fontes de água, a chuva pode também prejudicar diretamente a saúde do ser humano, causando doenças pulmonares (http://www.suapesquisa.com/chuvaacida/).

O maior exemplo do Estado do Pará é o município de Paragominas, o mesmo foi o primeiro município da Amazônia a deixar a lista de desmatadores, reduzindo em mais de 90% as taxas locais de desmatamento e degradação florestal, passando a ser conhecido como Município Verde, mas isso foi possível graças ao trabalho em equipe (sociedade local e com diversas ações empreendidas por parceiros atuantes no município (prefeitura, sindicatos dos produtores rurais, ONGs, trabalhadores, Ministério Público Federal) dentre outros (Whately; Campanili, 2013).

Pensando em todos os prejuízos que a falta de arborização pode causar nos municípios, na população local e no meio ambiente, este artigo vem mostrar a importância de se implantar uma cidade verde, para que tanto o município seja beneficiado como a população em geral com a implantação do projeto.

Dessa forma introduzimos nossa pesquisa para um município específico São Miguel do Guamá localizado no nordeste do Estado do Pará, com área de unidade territorial de 1.110,175 km2 e população estimada de 56.667 habitantes. O município em questão é o maior polo de cerâmica do Norte do Brasil e enfrenta muitos problemas respiratórios, principalmente no período em que os agricultores queimam seus roçados para a plantação.

Para CORDOVIL (2010) a atividade ceramista em São Miguel do Guamá é constituída por empresas de cerâmica vermelha, cujos produtos fabricados são tijolos (dois furos, seis furos, oito furos e maciços) e telhas (plan, comum e capote). Estas empresas não fabricam cerâmicas artísticas (vasos, e esculturas) nem de acabamento (lajotas e azulejos). As mercadorias fabricadas são voltadas para a construção civil. Essas mercadorias são produzidas a partir do mesmo recurso, 25 que é o minério argila. O uso desse minério varia, pois existe a argila de cor escura, a esbranquiçada, a enferrujada e a vermelha.

São Miguel do Guamá em determinados períodos fica tão poluída que é difícil de ver o céu em determinadas horas do dia. Esse efeito é causado pelos gases que as fábricas liberam durante a queima, já que a maioria das cerâmicas situadas no município fica localizada na entrada ou na saída do mesmo, sem esquecermos a fumaça causada durante a queima de roçados e dos automóveis da cidade e os que passam na BR 010 que corta o município, importante lembrar que é uma das principais rotas Belém-Brasília.

Este artigo vem mostrar através de pesquisas bibliográficas voltadas ao tema arborização e em projetos realizados em municípios que no passado eram conhecidos por serem um dos maiores desmatadores, como exemplo o de Paragominas, que hoje, depois da implantação do projeto município verde, se tornou referência em reflorestamento. Tendo como base esses projetos, e os grandes problemas ambientais e de saúde que o município vem enfrentando pelas indústrias ceramistas, surgiu à necessidade de desenvolver projetos que tornassem o município arborizado. Para que o trabalho seja obtido com êxodo, é necessário a união e o empenho dos órgãos públicos (prefeitura e secretarias) e privados (cerâmicas e indústrias) junto às escolas e a comunidades em geral.

METODOLOGIA:

O presente artigo baseia-se na revisão bibliográfica de artigos que trabalham os assuntos “Arborização Urbana e Município verde, além de pesquisas em artigos sobre a dinâmica do município de São Miguel do Guamá-Pa”, para melhor elaboração do projeto.Avaliando o conhecimento em pesquisas precedentes, analisando e identificando problemas relacionados aos assuntos, conceitos, benefícios sobre os temas, foi possível desenvolver este artigo, para que no município de São Miguel do Guamá consiga desenvolver projetos que beneficie todas as partes envolvidas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos levantamentos de dados obtidos através de pesquisas bibliográficas, e como foi explicado no texto, verificasse como é importante a arborização e seus benefícios junto a um planejamento arbóreo no município que deseja implantar o projeto, pois fica comprovada a necessidade de uma seleção de árvores adequadas para cada localidade, além da escolha correta do local da mesma,pois nem toda planta tem a estrutura correta para ser plantada em qualquer área, por isso, é necessário o envolvimento com arquitetos, engenheiros, paisagistas, órgãos públicos, privados e toda a comunidade em geral, para que dessa forma, o projeto tenha êxodo.

Foram apresentados diversos exemplos, onde mostram os beneficiamentos do reflorestamento voltado às zonas urbanas, trazendo melhoramento de vida, sejam no aspecto visual (já que o local fica mais verde e florido, deixando o ambiente mais agradável); ambiental (contribuindo para a absorção de boa parte da água da chuva, evitando alagamentos e inundações) e ainda contribui para a diminuição de doenças causadas pela poluição (pois absorve os gases liberados durante as queimas), além de liberar o gás oxigênio (O2) tão importante para a nossa respiração. A conservação do ecológico, a junção e valorização do homem junto à natureza.

A cidade de São Miguel do Guamá mostrou-se com diversas problemáticas ambientais, mas a que persiste na degradação ambiental na cidade é através das inúmeras cerâmicas instaladas na região. Após as várias análises, constatou-se uma quantidade enorme de retirada de árvores para servirem de lenha, que são a fonte de energia para os fornos na fabricação dos tijolos e telhas. Portando contribuindo significativamente com a poluição do ar. Jogando na atmosfera grandes quantidades de fumaça.



Tabela: Quantidade dos Produtos Originais da Extração Vegetal do ano 2000 e 2006.


Tabela: Quantidade dos Produtos Originados da Extração Vegetal




Produtos

Quantidade (t)


2000

2006


Carvão Vegetal

1.018

785


Lenha (m3)

199.000

283.964


Madeira em Tora (m3)

2.000

594


Fonte:CORDOVIL (2010) apud IBGE Elaboração: SEPOF / DIEPI / GEDE



Analisando os dados da tabela a cima mostra como a retirada de árvores é significativa, e teve em 2006 a maior produção de lenha no município de São Miguel do Guamá. O motivo da maior retirada dessa matéria prima, a madeira, acontece devido à utilização da mesma nos fornos, como já foi dito anteriormente, serve como fonte de energia. E o reflorestamento para amenizar essa retirada nunca foi feito. Hoje a prática continua acontecendo e causando dados que ficam cada vez mais difíceis de recuperar.

Algumas cerâmicas nos dias de hoje substituiu a lenha por alguns materiais que não precisam danificar o meio ambiente, um exemplo: o caroço de açaí. Por ser uma fruta muito consumida na região, a coleta desse caroço é feita por algumas cerâmicas, e no lugar da lenha o caroço do açaí é jogado nos fornos, alcançando o mesmo objetivo. Isso aconteceu devida a alguns órgãos de fiscalização, que obrigou as mesmas a obter essa prática. Mas esse método ainda é pouco utilizado, menos de 10% das cerâmicas do município praticam esse método. Devido esses processos precisar de um custo maior, não é de interesse dessas fábricas adotar esses meios de produção menos prejudicial a natureza.

Como visto, a arborização urbana é importante sob os aspectos ecológico, histórico, cultural, social, estético e paisagístico (Cecchetto; Christmann; Oliveira; 2014). Mas ainda se percebe a falta de políticas públicas relacionadas com o tema. O município de São Miguel do Guamá ainda não possui uma legislação própria relacionada à arborização, o que deixa claro a necessidade de uma maior proteção e apoio dos órgãos responsáveis. É necessário que as leis correspondentes ao tema em questão aconteçam, punindo aqueles que prejudicam o meio ambiente e cobrando dos demais que não mostram interesse em contribuir para uma cidade mais verde, um país mais lindo e um mundo rico em biodiversidade.

CONCLUSÃO

O presente artigo que tem como base, os resultados encontrados em projetos que foram realizados e que tiveram êxodo na sua implantação graças às parcerias e políticas públicas realizadas junto com governo e órgãos privados.

A análise tem como resultado significativo, a percepção da necessidade de uma implantação de projetos voltados à arborização no município de São Miguel do Guamá-Pa, principalmente pelo fato de que o município em questão apresenta grandes problemas ocasionados pelas indústrias de cerâmicas. Tendo em vista que o município é rico economicamente, tem condições viáveis para os possíveis meios de resgate do meio ambiente da cidade em questão. É necessidades ao estremo! O rio que beira a cidade também sofre grandes prejuízos com a devastação na região.

Os governantes e os responsáveis pelo meio ambiente junto à comunidade tem grandes responsabilidades com o município, já que são eles os responsáveis pela implantação e aprovação dos projetos. Não se deve apenas prevenir os acontecimentos e desastres, mas sim solucionar os problemas já existentes, já que a grande maioria da população urbana também contribuiu para esse desequilíbrio, através da construção de moradias em locais inapropriados e desmatamento de madeira de forma irregular, o que vem acontecendo ainda corriqueiramente.

Dessa forma, além dos projetos junto com a população e órgãos públicos e privados, também é importante destacar o envolvimento da comunidade em geral, destacando projetos que venham a desenvolver o senso crítico e que desperte a comunidade, principalmente as crianças, a preocupação e a importância de espaços arborização dentro do município, formando assim, uma comunidade integrada, preocupada e conscientizada sobre os problemas ocasionados devido à ausência ou a pequena quantidade de árvores na cidade.

Educação ambiental deve ser feita nos centros urbanos e nos seus interiores, buscando sempre a conscientizando do seu público alvo, para que no futuro possamos ter uma cidade mais verde e que venha a se recuperar dos danos causados por vários séculos.



REFERENCIAS:

CABRAL, Pedro I. D. ARBORIZAÇÃO URBANA: Problemas e Benefícios.Revista On-Line IPOG-ESPECIALIZE.Instituto de Pós-Graduação – IPOG,Ipameri-GO, Dezembro de 2013.

CECCHETTO, C. T.; CHRISTMANN, S. S.; OLIVEIRA, T. Dorn de.ARBORIZAÇÃO URBANA: importância e benefícios no planejamento ambiental das cidades. XVI SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO NO MERCOSUL, UNICRUZ, 2014.

CEMIG. Manual de Arborização, 1996

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Manual de arborização. Belo Horizonte: Cemig / Fundação Biodiversitas, 2011. 112 p.

CORDOVIL, GILBER V..Pólo Cerâmico E Dinâmico Territorial Do Desenvolvimento Em São Miguel Do Guamá – Pará. Universidade Federal do Pará Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO). Belém, 2010.

CORTEZ, A. T. C. O LUGAR DO HOMEM NA NATUREZA. Revista do Departamento de Geografia – USP, Volume 22 (2011), p. 29-44.

Disponível em: http://www.suapesquisa.com/chuvaacida/. Acessado em: 14 out. 16.

DUBOS, R. Namorando a terra. Tradução de Maria Cristina Carnevale. São Paulo: Melhoramentos; EDUSP, 1975.

GUISARD, J L. F; MONTEIRO E. A.; FISCH S. T. V..Arborização de vias públicas do município de Jacareí – SP.Rev. SBAU, Piracicaba, v.2, n.4, dez. 2007, p. 20-33.

PIVETTA; kathia F. L.; SILVA Filho; Demóstenes F. da. ARBORIZAÇÃO URBANA – BOLETIM ACADÊMICO–Série Arborização Urbana UNESP/FCAV/FUNEP. Jaboticabal, SP – 2002.

PORTO, L. P. M.; BRASIL, H. M. S. (Organizadores) / MANUAL DE ORIENTAÇÃO TÉCNICA DA ARBORIZAÇÃO URBANA DE BELÉM: guia para planejamento, implantação e manutenção da arborização em logradouros públicos. Belém,

Universidade Federal Rural da Amazônia, 2013.

SCHUCH, M. I. S. ARBORIZAÇÃO URBANA:Uma contribuição à qualidade de vida com uso de geotecnologias. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Santa Maria, RS, 2006.

WHATELY, M.; CAMPANILI, M. PROGRAMA MUNICÍPIOS VERDES:Lições aprendidas e desafios para 2013/2014,Belém, abril de 2013.



1 Graduada em Licenciatura Plena em Ciências Naturais com Habilitação em Química. Universidade do Estado do Pará (UEPA). E-mail: pires.biancaoliveira@gmail.com

2 Graduada em Licenciatura Plena em Ciências Naturais com Habilitação em Química. Universidade do Estado do Pará (UEPA). E-mail: karynna_mdr2012@hotmail.com

3 Graduado em Licenciatura Plena em Ciências Naturais com Habilitação em Química. Universidade do Estado do Pará (UEPA). E-mail: biooliveira2012mendes@gmail.com

4 Mestre em Desenvolvimento e meio ambiente urbano (Universidade da Amazônia) professor da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA



in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/03/2021



Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/03/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/03/29/arborizacao-desenvolvimento-socioeconomico-desafios-sustentaveis-para-o-municipio-de-sao-miguel-do-guama-amazonia-brasil/

Todos os anos, a humanidade despeja o equivalente a seu próprio peso em plásticos nos ecossistemas

Em 2018, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) uniu forças com a Fundação Ellen MacArthur para enfrentar o que os especialistas ambientais chamam de um dos vícios mais perigosos do mundo: o plástico de uso único.

PNUMA

Agora, quase na metade do prazo de sete anos estabelecido no Compromisso Global por uma Nova Economia do Plástico, o PNUMA e seus parceiros observam que, embora tenha havido progresso, o mundo precisa acelerar as ações para conter a poluição por plásticos.

Todos os anos, a humanidade despeja o equivalente a seu próprio peso em plásticos nos ecossistemas. São 300 milhões de toneladas por ano que asfixiam os cursos d’água e os mares, entopem as ruas, prejudicam a vida selvagem e, por fim, causam sérios danos à saúde pública.

Para conter essa maré, o PNUMA e a Fundação Ellen MacArthur pressionaram os tomadores de decisão dos setores público e privado a se comprometerem a cultivar uma economia circular em torno do plástico, uma economia na qual o plástico é feito para durar e ser reutilizado – não simplesmente jogado fora. Isto envolveria novos produtos e modelos de negócios, bem como sistemas aprimorados de reciclagem e compostagem.


Todos os anos, o rastro tóxico do crescimento econômico – poluição e desperdício – resulta na morte prematura de milhões de pessoas ao mesmo tempo em que causa danos incalculáveis ao planeta. Elisa Tonda, PNUMA


Um relatório de progresso publicado no final do ano passado, encontrou uma melhoria demonstrável em um grande número de métricas em 2019:
O número de signatários, incluindo produtores de plásticos, instituições financeiras e governos, aumentou em 25% para quase 500.
Duas áreas registraram progressos significativos: o conteúdo reciclado das embalagens plásticas cresceu 22%, e 81% das empresas e 100% dos signatários do governo se comprometeram a eliminar gradualmente as piores categorias de embalagens plásticas, incluindo PVC e sacolas e canudos de uso único.
56% dos signatários têm ou estão desenvolvendo pilotos para testar modelos de reutilização em suas cadeias de valor.

“Todos os anos, o rastro tóxico da poluição e dos resíduos resulta na morte prematura de milhões de pessoas enquanto causam danos incalculáveis ao planeta”, diz Elisa Tonda, Chefe da Unidade de Consumo e Produção do PNUMA. “O mundo tem feito progressos nos últimos anos na batalha contra a poluição plástica, mas ainda há muito trabalho a ser feito”.

Nos últimos 50 anos, a produção de plástico aumentou mais de 22 vezes e cerca de US$180 bilhões foram investidos em instalações de produção somente na última década. Enquanto isso, a pandemia global da COVID-19 causou um surto de máscaras médicas plásticas, luvas e óculos de proteção, enquanto muitas das políticas destinadas a limitar produtos plásticos de uso único foram revertidas.

Embora o setor privado seja responsável pela maior parte dos signatários do Compromisso Global, os especialistas dizem que uma de suas contribuições mais valiosas é fornecer aos governos uma estrutura para desenvolver padrões para uma economia de plástico circular.

Como disse Tania Bishara, do Ministério do Meio Ambiente do Chile: “Desde sua assinatura, o Compromisso Global nos ajudou a trabalhar em iniciativas para uma transformação de nossa relação com o plástico e a trabalhar com atores do setor privado, sociedade civil, municípios e academia para desenvolver um roteiro de economia circular”.


Mulheres em busca de plásticos para reciclar no lixão de Dandora, Nairobi, Quênia. Foto: Duncan Moore/PNUMA


Combinar instrumentos políticos para alcançar o sucesso

Enquanto a Fundação Ellen MacArthur acompanha o progresso no setor privado, o PNUMA tem apoiado os 20 governos nacionais, subnacionais e municipais que até agora aderiram ao Compromisso Global de desenvolver políticas para limitar a poluição plástica.

“O compromisso tem sido integral ao nível local”, diz Cristina Helena Fabris Pinheiro, uma funcionária municipal de São Paulo, Brasil. Ela reuniu o Conselho Municipal e a Prefeitura para produzir instrumentos, especialmente estruturas legais, sobre a redução e não geração de produtos plásticos de uso único. Isso inclui decretos municipais que proíbem a distribuição de canudos plásticos e utensílios plásticos de uso único por estabelecimentos comerciais.

Em Copenhague, o Compromisso Global está ajudando as autoridades municipais a limitar os produtos plásticos de uso único em grandes eventos esportivos que acontecem na cidade, como a Euro Copa em 2021.

“Estes eventos são organizados por organizações privadas e prestadores de serviços privados. Trabalhar sob uma estrutura como o Compromisso Global para os mesmos objetivos e ter a mesma linguagem é uma grande ajuda”, diz Malene Møhl, da Administração Técnica e Ambiental da cidade.

O relatório 2020 também destaca a Responsabilidade Estendida do Produtor, ou REP, um tipo de abordagem política integrada que está começando a se impor com os governos em todas as escalas. Estas políticas colocam uma responsabilidade compartilhada pelo fim da vida útil dos produtos plásticos sobre os produtores de plástico e outros atores da cadeia de fornecimento, em vez de colocar o fardo sobre o público. A REP adequadamente projetada cria fortes incentivos para que os produtores projetem produtos que possam ser mantidos na economia, em vez de serem descartados, bem como um meio para que possam ser reciclados em novos produtos ou novos usos.

Cerca de um quarto dos signatários governamentais estão desenvolvendo políticas em torno da REP, principalmente na Holanda e no Chile.

“Estamos atualmente trabalhando na aprovação do regulamento de embalagens REP, que está em sua fase final”, diz Bishara, do Chile. Espera-se que o regulamento inclua metas para que os produtores aumentem a taxa de reciclagem de embalagens plásticas domésticas de 4,5% para 45%, bem como a obrigação de cobrir 80% das residências com coleta porta-a-porta das embalagens.

Apenas o início

O relatório de progresso deixa claro que ainda há um longo caminho a percorrer. Ele descobre que a COVID-19 expôs ainda mais os inconvenientes da economia linear. A crescente demanda por embalagens para alimentos e plástico bolha – a maioria não é reciclável – e a inversão de políticas que limitam os produtos plásticos de uso único são um problema contínuo.

O mundo não está no caminho certo para cumprir as metas do Compromisso Global para 2025. O progresso na expansão da reciclabilidade das embalagens plásticas e o fim da necessidade de produtos plásticos de uso único ainda está se movendo muito lentamente, diz o relatório. Além disso, as disparidades nas taxas de progresso entre os signatários são acentuadas.

“Quando se trata de poluição plástica, não há fronteiras”, disse Tonda do PNUMA. “Precisamos de uma abordagem comum do consumo e produção insustentáveis de plástico e da ação transformadora em todos os níveis. As parcerias e o multilateralismo são críticos”.


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/03/2021




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 29/03/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/03/27/todos-os-anos-a-humanidade-despeja-o-equivalente-a-seu-proprio-peso-em-plasticos-nos-ecossistemas/

sábado, 27 de março de 2021

Vacina desenvolvida pela UFMG está entre as três mais avançadas do país, diz ministro da Ciência e Tecnologia



UFMG está na corrida pela vacina brasileira contra a Covid-19 — Foto: UFMG/Divulgação


Uma vacina contra a Covid-19, desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), está entre as três pesquisas citadas pelo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, como as mais avançadas entre os 15 protocolos apoiados pelo governo federal.

A previsão é que os testes clínicos (em humanos) do imunizante do CT-Vacinas aconteçam ainda este ano.

A pesquisa mais avançada teve o protocolo registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta quinta-feira (25). Ela é desenvolvida em Ribeirão Preto (SP), a partir de pesquisa da universidade do governo de São Paulo.

"Três dessas vacinas (15 protocolos) avançaram nos pré-testes e agora elas estão entrando na fase dos testes clínicos. [...] Uma dessas vacinas já tem o protocolo registrado na Anvisa para testes clínicos", disse Pontes, que exibiu nesta sexta-feira (26) uma folha de papel para comprovar o pedido.


A pesquisa da UFMG já concluiu a etapa chamada de “prova de conceito”. Ela consiste em testes feitos em camundongos. O resultado mostrou que o imunizante tem potencial para produzir resposta imune e proteção contra o coronavírus.




Marcos Pontes anuncia outra vacina brasileira: 'Estava nessa expectativa de poder anunciar o mais rápido possível'

Agora, a vacina entra na fase de teste em macacos. O objetivo é identificar a capacidade da resposta imune na produção de anticorpos. A partir destes resultados será possível definir quando os testes em humanos serão feitos.

Além da pesquisa, a UFMG já começou a produzir, com tecnologia nacional, o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), “de acordo com as exigências de preparo de formulação para testes de segurança (toxigenicidade em animais) e fase clínica I e II em humanos”.

Cortes


Mesmo com verbas vindas do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência e Tecnologia para mais de 20 iniciativas de enfrentamento à Covid-19, além do projeto liderado pela UFMG que reúne laboratórios de diagnóstico de 13 outras instituições, a universidade corre o risco de sofrer novos cortes no orçamento.


No início do mês, a previsão era que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa), que está para ser votado no Congresso Nacional, reduzisse em 16,5% a verba da universidade, o que seria R$ 34 milhões a menos para investimentos. Semanas depois, esta estimativa aumentou para 18%, segundo a UFMG.

A proposta da União é um “balde de água fria” nas expectativas da universidade, importante agente no combate à pandemia no país.

“Nós nunca trabalhamos tanto. Quem respondeu à altura a crise da pandemia foram as universidades. Universidades públicas que têm o dever de gerar conhecimento e de devolvê-lo à sociedade. Nós mostramos isso e acho que todos reconhecem a importância da UFMG. Mas estamos muito preocupados com a situação do país”, disse a reitora.


'Versamune', a candidata da Farmacore, USP e PDS


Segundo o governo federal, a pesquisa da Versamune®️-CoV-2FC é coordenada pelo pesquisador Célio Lopes Silva, da FMRP-USP, em parceria com a brasileira Farmacore Biotecnologia e a PDS Biotechnology Corporation, dos Estados Unidos.


A Versamune utiliza a tecnologia da "proteína recombinante", a mesma utilizada, por exemplo, na vacina Novavax. Nesta técnica, pesquisadores cultivam em laboratório réplicas inofensivas da proteína que o novo coronavírus usa para entrar nas células do corpo. Depois de extraída e purificada, a proteína é embalada em nanopartículas do tamanho do vírus. No caso da Versamune, a nanopartícula foi desenvolvida pela PDS Biotech.




Que vacina é essa? Novavax

"Os resultados dos estudos não-clínicos (toxicidade e imunogenicidade) obtidos até o momento demonstram qualidade e competitividade para ser um sucesso nacional e global no controle da Covid-19", informou o Ministério da Ciência, em nota.

"A vacina demonstrou capacidade de ativar todo o sistema imunológico – imunidade humoral, celular e inata, induzir memória imunológica e proteção de longo prazo", completou o governo federal.





Autor: Thais Pimentel, G1 Minas
Fonte: G1 Minas
Sítio Online da Publicação: G1
Data: 27/03/2021
Publicação Original: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2021/03/27/vacina-desenvolvida-pela-ufmg-esta-entre-as-tres-mais-avancadas-do-pais-diz-ministro-da-ciencia-e-tecnologia.ghtml

Financiamento a petróleo, gás e carvão segue em níveis elevados mesmo em meio à crise econômica global, mostra relatório de organizações pelo clima



Financiamento a petróleo, gás e carvão segue em níveis elevados mesmo em meio à crise econômica global, mostra relatório de organizações pelo clima
Os 60 maiores bancos do mundo despejaram US$ 3,8 trilhões em combustíveis fósseis desde o Acordo de Paris

Por Peri Dias, 350.org na América Latina
Passados mais de cinco anos desde a assinatura do Acordo de Paris, os maiores bancos do mundo continuam a financiar massivamente a expansão dos combustíveis fósseis, em um sinal de desconexão alarmante entre o consenso científico global sobre a crise climática e as práticas do mercado financeiro.

É o que revela a 12ª edição do mais abrangente relatório global sobre financiamento de bancos a combustíveis fósseis. Intitulado Banking on Climate Chaos 2021, o documento expande seu foco, este ano, dos 35 para os 60 dos maiores bancos do mundo e revela que, desde 2016, esses bancos injetaram mais de US$ 3,8 trilhões em operações ligadas aos setores de petróleo, gás e carvão.

De autoria das organizações Rainforest Action Network, BankTrack, Rede Ambiental Indígena, Oil Change International, Reclaim Finance e Sierra Club, o estudo e é endossado por mais de 300 organizações de 50 países ao redor do mundo, inclusive a 350.org.
Os piores do mundo

O relatório nomeia os maiores financiadores de combustíveis fósseis em todo o mundo e aponta o JPMorgan Chase como o pior banco de forma geral. Também indica o RBC como o pior do Canadá, o Barclays como o pior do Reino Unido, o BNP Paribas como o pior da União Europeia, o MUFG como o pior no Japão e o Banco da China como o pior em seu país.

Ainda conclui que o financiamento de combustíveis fósseis foi maior em 2020 do que em 2016, uma tendência que se opõe diretamente à meta declarada do Acordo de Paris de reduzir rapidamente as emissões de carbono com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C.

Mesmo em meio a uma recessão econômica induzida por uma pandemia, que resultou em uma redução generalizada do financiamento de combustíveis fósseis de cerca de 9%, os 60 maiores bancos do mundo ainda aumentaram em mais de 10% seu financiamento em 2020 para as 100 empresas mais responsáveis ??pela expansão dos combustíveis fósseis.

Esse comportamento beneficia empresas responsáveis por projetos altamente polêmicos, como o oleoduto de areias betuminosas da Linha 3, nos Estados Unidos, e a expansão do fracking próximo a terras de comunidades indígenas Mapuche, na região da Patagônia argentina.
Bancos dos EUA e da China lideram o retrocesso

As instituições financeiras com sede nos Estados Unidos continuam a ser as maiores impulsionadoras globais de emissões em 2020, com o JPMorgan Chase permanecendo como o pior “banco de fósseis” do mundo. O Chase comprometeu-se recentemente a alinhar suas políticas de crédito ao Acordo de Paris, mas segue com o financiamento irrestrito aos combustíveis fósseis. De 2016 a 2020, as atividades de crédito e subscrição do Chase forneceram quase US$ 317 bilhões para combustíveis fósseis, 33% a mais do que o Citi, o segundo pior “banco fóssil” no período avaliado.

Já os 10 maiores financiadores de carvão desde a adoção do Acordo de Paris são todos chineses. O Banco da China, maior banco do mundo, lidera o ranking, seguido pelo ICBC (Banco Industrial e Comercial da China) e pelo China CITIC Bank. O financiamento geral dos bancos para as 30 maiores empresas de energia a carvão em 2020 caiu 9% em relação a 2019, mas permanece em um nível muito alto de US$ 39 bilhões.

“Diante da perspectiva de uma recessão global, o investimento em infraestrutura de energia a carvão se tornará ainda mais arriscado para os países tomadores de empréstimos e credores. Uma transição global para um futuro de baixo carbono já está em andamento e uma transição completa do carvão é uma oportunidade para um novo paradigma econômico de prosperidade e equidade”, afirma Yossi Cadan, gerente de campanha de finanças globais da 350.org

O relatório também examina os compromissos de política climática dos bancos, apontados como “grosseiramente insuficientes e desalinhados com os objetivos do Acordo de Paris em geral”. Muitas das políticas dos bancos concentram-se na meta distante e mal definida de alcançar “emissões líquidas zero até 2050” ou apenas na restrição de financiamento aos combustíveis fósseis não-convencionais.

Além disso, as políticas bancárias são mais fortes no que diz respeito às restrições para financiamento direto relacionado a projetos, uma frente que representa apenas 5% do financiamento total de combustível fóssil analisado neste relatório.

As organizações responsáveis pelo relatório estão unidas em sua exigência de que o respeito aos direitos indígenas, incluindo o direito à consulta livre, prévia e informada e aos direitos humanos de forma ampla, seja um requisito não-negociável para todas as decisões de financiamento bancário.
Aspas sobre o relatório

Ginger Cassady, diretor executivo da Rainforest Action Network

“A queda sem precedentes no financiamento global para combustíveis fósseis, provocada pela pandemia, oferece aos maiores bancos do mundo um ponto de escolha radical no futuro. Eles podem manter a trajetória descendente de apoio ao setor responsável pela crise climática ou irresponsavelmente retomar os negócios como antes, à medida em que a economia se recupera. Os bancos com sede nos EUA continuam a ser os piores financiadores de combustíveis fósseis, por uma ampla margem. Conforme nos aproximamos da Cúpula do Clima em Glasgow, no fim deste ano, o que está em jogo não poderia ser mais importante. Wall Street deve agir agora para interromper o financiamento da expansão fóssil e se comprometer com um cenário de zero fósseis, de modo a alinhar verdadeiramente suas práticas de financiamento com iniciativas que evitem que o planeta se aqueça mais de 1,5°C” .

Tom Goldtooth, diretor executivo da Rede Ambiental Indígena

“Devemos entender que, ao financiar a expansão do petróleo e do gás, os maiores bancos do mundo têm sangue em suas mãos. Nenhuma quantidade de greenwashing, mercados de carbono, soluções tecnológicas não-comprovadas ou compromissos líquidos zero pode absolver seus crimes contra a humanidade e a Mãe Terra. Terras Indígenas em todo o mundo estão sendo saqueadas, nossos direitos inerentes estão sendo violados e o valor de nossas vidas foi reduzido a nada em face da expansão dos combustíveis fósseis. Pela sacralidade e integridade territorial da Mãe Terra, esses bancos devem ser responsabilizados a cobrir o custo de sua destruição”.

Lucie Pinson, fundadora e diretora executiva da Reclaim Finance

“Esses números mostram o vazio dos compromissos dos bancos, que se multiplicam incessantemente, ao se declararem líquidos ou em consonância com os objetivos climáticos do Acordo de Paris. Um exemplo perfeito encontra-se na França. O ministro das Finanças, Bruno Le Maire, gosta de chamar Paris de capital das finanças verdes, mas esses dados mostram a cidade como a capital da hipocrisia climática em 2020, com quatro bancos inescrupulosos tornando a França o maior patrocinador europeu de petróleo, gás e carvão. O BNP Paribas merece ser apontado como o quarto maior financiador de fósseis do mundo em 2020, tendo canalizado empréstimos multimilionários para gigantes do petróleo como BP e Total. No entanto, está claro que todos os bancos devem substituir suas promessas vazias por políticas realmente significativas que promovam tolerância zero para desenvolvedores de combustíveis fósseis”

Ben Cushing, gerente de campanha de promoção financeira do Sierra Club

“Muitos dos maiores bancos do mundo, incluindo todos os seis principais bancos dos EUA, assumiram compromissos espetaculares nos últimos meses para zerar o impacto climático de seus financiamentos nos próximos 30 anos. Porém, o que mais importa é o que eles estão fazendo agora, e os números não mentem. Esse relatório separa palavras de ações e mostra um quadro alarmante: grandes bancos ao redor do mundo, liderados pelos EUA, estão alimentando o caos climático, ao despejar trilhões de dólares nos combustíveis fósseis que causam essa crise. Os grandes bancos não merecem um tapinha nas costas, se suas promessas para 2050 não forem combinadas com ações significativas em 2021 para cortar o financiamento fóssil”.

Johan Frijns, diretor da BankTrack

À medida que a Cúpula do Clima de Glasgow se aproxima – e Deus nos livre de que a pandemia impeça essa reunião essencial para enfrentarmos uma crise existencial ainda maior, que é a do clima – testemunhamos um banco após outro fazendo promessas solenes de alcançar o “zero líquido até 2050″. Não existe caminho para esse objetivo, que devemos alcançar em uma geração, que não seja lidar com o financiamento bancário para a indústria de combustíveis fósseis aqui e agora. No entanto, muitas promessas atuais carecem exatamente disso: um firme compromisso de começar a romper laços com todas as empresas de carvão, petróleo e gás que planejam continuar suas atividades de destruição climática nos próximos anos”.

Lorne Stockman, analista de pesquisa sênior da Oil Change International

“O relatório serve para dar conta da realidade dos bancos que acreditam que essas metas muito vagas de “zero líquido” são suficientes para conter a crise climática. Nosso futuro vai para onde o dinheiro flui e, até 2020, esses bancos têm investido bilhões para nos aprisionar em um caos climático ainda maior. Os bancos precisam se concentrar na redução da produção de combustíveis fósseis agora, em vez de estabelecer metas distantes e insuficientes no futuro distante. Não podemos seguir adiante com compromissos pela metade”.

Sobre a metodologia

O relatório Banking on Climate Chaos 2021 agrega empréstimos bancários e subscrição de emissões de dívida e ações, de acordo com a metodologia de crédito da liga da Bloomberg (que divide o crédito entre os bancos que conduzem uma transação) para empresas com qualquer atividade de combustível fóssil relatada de acordo com a Bloomberg Finance L.P. e a Lista Global de Saída de Carvão. O crédito da liga atribuído a um banco para uma determinada transação é ajustado por uma aproximação da intensidade do combustível fóssil do tomador ou emissor específico.

As conclusões do rascunho do relatório são compartilhadas com os bancos com antecedência, e eles têm a oportunidade de comentar sobre as avaliações de financiamento e políticas.


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/03/2021




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 26/03/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/03/26/financiamento-a-petroleo-gas-e-carvao-segue-em-niveis-elevados-mesmo-em-meio-a-crise-economica-global/

COVID-19 e empreendimento: como as empreendedoras foram afetadas no período da pandemia? artigo de Carlos Vinícius Marques dos Santos

A grande crise sanitária desencadeada pela Covid-19 tem assolado diversos setores da economia em todo o globo. Em suma, inúmeros estabelecidos vêm sentindo dificuldades para conseguir caminhar neste período conturbado. E de fato, não está sendo fácil. Desde a insegurança fomentada pelo vírus, juntamente com o cenário de instabilidade político-econômica, muitos empresários brasileiros fecharam as suas portas no ano de 2020.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB, 2021), devido a pandemia, muitas atividades econômicas foram paralisadas no ano de 2020 e no primeiro trimestre do ano de 2021, prejudicando, assim, o desempenho da economia nacional. Mesmo com as políticas governamentais visando mitigar os danos, os resultados negativos se mostraram visíveis.

Em meio aos acontecimentos negativos proporcionados pela pandemia, os empresários são acometidos de forma direta no que tange ao setor de vendas, finanças, pessoas e gerenciamento dos seus empreendimentos. Uma observação a ser feita é que alguns ramos não foram afetados de forma significativa, enquanto outros, tiveram que fechar as suas portas por motivos de segurança e dificuldades para lidar com a realidade nociva.

No gráfico de número 1, tem-se alguns segmentos e como eles foram afetados no seu faturamento devido a pandemia, representando a variação de forma percentual. Estes dados foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, metodologicamente, para calcular a variação, a base foi considerada como uma semana normal de atividades dos ramos.

Percebe-se que os segmentos classificados como não essenciais e que necessitam maior contato físico entre as pessoas estão sofrendo mais. Dentre os mais afetados, destacam-se o turismo; a Economia Criativa; as academias; a logística e transporte e a energia. As menos afetadas foram os serviços empresariais; comércio varejista; oficinas e peças; pet shops; indústria de alimentos; saúde e indústria de base tecnológica. É importante ressaltar que mesmo os ramos menos afetados sofrem e muito com os efeitos da crise mundial.

Gráfico 1-Faturamento do segmento em relação a uma semana normal.


Dentre este público de empreendedores, as mulheres foram as mais impactadas. Pois há muito tempo num contexto de desigualdades, a mulher, no que se refere ao mercado de trabalho, sofre descriminação.

Esta descriminação pode ser observada na esfera salarial, pois as mulheres recebem menos em relação aos homens (equivalente a 30% de diferença para menos). Isto, ocupando o mesmo espaço e função. Informações disponibilizadas pelo IBGE. Ademais, as dificuldades enfrentadas pelas mulheres que são mães se agravam, além do mais, quando se refere a tonalidade da sua cor, ou seja, mulheres com coloração de pele mais escura são as mais afetadas.

Uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) no ano de 2019, apresenta que a participação das mulheres tem crescido no mercado de trabalho, sendo uma parcela destas, gerenciando o próprio negócio. Porém, recentemente um estudo divulgado pelo IBGE sinaliza os principais impactos que a pandemia trouxe na vida das mulheres. empreendedoras A princípio: 1,3 milhões deixaram de gerenciar algum negócio; 75% das mulheres envolvidas com algum tipo de negócio sofreram com baixas no faturamento; 34% possuem dívidas nas suas instituições e 51% tiveram que solicitar empréstimos bancários para manter o seu negócio.Ademais, as mulheres dedicam muito tempo nas atividades domésticas, demandando muitas horas em suas vidas.

Mesmo com os grandes desafios que perpassam o empreendedorismo feminino, as mulheres se demonstram capazes de superar esta crise e gerenciar os seus negócios. Além do mais, a maioria delas possuem “trabalhos duplos”, pois cuidam do (s) filho (s) e da casa. Os impactos no que tange às empresas serão difíceis de serem mensurados, todavia, as gestores devem ficar atentas e se prepararem para as mudanças que o mercado com certeza irá sofrer, tanto no atual período quanto na pós pandemia.

Carlos Vinícius Marques dos Santos

Técnico em Alimentos- IF Baiano Campus Santa Inês.

Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Referências

SEBRAE/FGV. O Impacto da pandemia de coronavírus nos Pequenos Negócios – 6ª edição. Disponível em: https://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/impacto-coronavirus-nas-mpe-6aedicao_diretoria-v11.pdf. Acesso em 22 de mar. 2021.

SEBRAE. Como a pandemia impactou os negócios liderados por mulheres. Disponível em:https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/empreendedorismofeminino/artigoempreededorismofeminino/como-a-pandemia-impactou-os-negocios-liderados-por-mulheres,bd514f9e53bd7710VgnVCM100000d701210aRCRD. Acesso em 22 de mar. 2021.

SEBRAE. Participação de mulheres empreendedoras cresce no Brasil. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sc/noticias/participacao-de-mulheres-empreendedoras-cresce-no-brasil,06fd4563d8318710VgnVCM100000d701210aRCRD. Acesso em 21 de mar. 2021.

SISTEMA FIEB. Empreendedorismo | SENAI. Disponível em: http://fieb.org.br/empreendedorismo/. Acesso em 21 mar. 2021.


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/03/2021




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 26/03/2021
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2021/03/26/covid-19-e-empreendimento-como-as-empreendedoras-foram-afetadas-no-periodo-da-pandemia/

quinta-feira, 25 de março de 2021

O poder do toque da pele entre pais e filhos para salvar bebês prematuros



O contato entre a pele dos pais e dos bebês oferece alguns benefícios surpreendentes

Ojoma Ekhomun sabia que o nascimento de seu primeiro filho seria complicado — assim que ela fez os exames pré-natal do sexto mês de gestação, a Nigéria entrou em lockdown.


O que ela não esperava naquela consulta em março de 2020 era estar de volta ao hospital menos de um mês depois, em trabalho de parto, com apenas 31 semanas de gravidez.


Seu filho pesava apenas 700g quando nasceu prematuro por meio de uma cesariana. Ele não estava totalmente desenvolvido e seu peso baixo o tornava extremamente vulnerável. Segundo os médicos, o menino — chamado Akahomhen — foi o menor bebê a ser tratado no Centro Materno-Infantil Amuwo Odofin, em Lagos, para onde foi transferido logo após o nascimento.


Nos dias que se seguiram, o peso de Akahomhen caiu para 600g, e os médicos ficaram preocupados. Cerca de 205 bebês morrem na Nigéria todos os dias como resultado de partos prematuros — o que representa 31% de todas as mortes neonatais no país.


Apesar de ser a maior economia da África, o baixo investimento em infraestrutura de saúde, aliado ao acesso limitado a serviços de maternidade em algumas áreas, faz com que a mortalidade neonatal no país esteja entre as mais altas do mundo. As áreas rurais, em particular, apresentam altas taxas de mortes maternas e de recém-nascidos.


Para sorte do filho de Ekhomun, o Centro Materno-Infantil Amuwo Odofin é um dos mais modernos do país.


Os médicos conseguiram colocar o bebê em uma incubadora — muitas vezes em falta na Nigéria —, e lentamente seu peso começou a aumentar. Mas assim que ele atingiu 1kg — peso ainda considerado crítico para um recém-nascido —, foi tirado de lá.


Os médicos colocaram o bebê em contato com o peito da mãe, com suas peles nuas pressionadas uma contra a outra. Ekhomun o carregou assim para todos os lugares que foi nas semanas seguintes, tirando o filho da posição apenas para amamentar e dormir.



CRÉDITO,AYODELE JOHNSON
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Ojoma Ekhomun usou o método canguru para cuidar do filho prematuro


Lentamente, seu filho começou a ganhar peso, engordando cerca de 30g por dia até pesar 1,8 kg aos dois meses de vida. Inicialmente, ele precisou ser alimentado por meio de uma seringa, mas aos poucos começou a mamar.


Ao longo dos meses seguintes, Ekhomun continuou a carregar o filho aconchegado junto a sua pele, enquanto ele crescia e se tornava um bebê saudável e saltitante.


"Ele fica muito seguro aí", diz a mãe de 26 anos.


"Gosto do calor entre o bebê e eu."


Essa abordagem simples, mas notavelmente eficaz — conhecida como "método canguru" devido à forma como o bebê é carregado na frente da mãe — é considerada uma das melhores alternativas às incubadoras no tratamento de bebês prematuros e de baixo peso.


"Temos cerca de 19 ensaios clínicos randomizados em todo o mundo que mostram uma redução nas mortes", diz Joy Lawn, professora de saúde materna, reprodutiva e infantil da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido.


"A maioria desses estudos focou em bebês que já estão menos doentes. Eles ainda são prematuros, mas não estão muito doentes."


Lawn passou mais de uma década pesquisando os benefícios do método canguru, sobretudo na África. Sua pesquisa sugere que a técnica pode oferecer uma tábua de salvação para bebês prematuros em comunidades rurais e remotas, onde o acesso a incubadoras é limitado.


Mas ela acredita que a abordagem é amplamente subutilizada e também poderia ser benéfica em países mais desenvolvidos para aliviar a pressão sobre unidades de terapia intensiva neonatal sobrecarregadas.


"Não é apenas para ambientes com poucos recursos", diz Lawn.


Bebês prematuros com baixo peso podem enfrentar diversos problemas ao nascer. Sem um estoque de gordura corporal, eles podem ter dificuldade para regular sua própria temperatura e perder calor rapidamente. As incubadoras são usadas para ajudá-los a manter uma temperatura estável.



CRÉDITO,ALAMY
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Os pais podem aplicar o método canguru com resultados semelhantes aos das mães


Ao colocar o bebê em posição vertical no peito da mãe para que suas peles fiquem em contato direto, ele pode compartilhar o calor do corpo dela para manter uma temperatura estável e reduzir drasticamente o risco de hipotermia nos primeiros dias de vida.


Proposto pela primeira vez em 1978 por dois pediatras da maternidade do Hospital San Juan de Dios em Bogotá, na Colômbia, o método canguru foi concebido inicialmente como uma forma de ajudar as enfermarias sobrecarregadas a lidar com o alto número de bebês prematuros.


O hospital fazia o parto de cerca de 11 mil bebês a cada ano, e as taxas de mortalidade eram altas entre esses recém-nascidos.


Em um esforço para diminuir a demanda por incubadoras, os médicos sugeriram que mães de bebês abaixo do peso ao nascer tivessem contato pele a pele contínuo com os filhos.


Os recém-nascidos tratados dessa maneira apresentaram taxas de mortalidade mais baixas, e a equipe também conseguiu se concentrar nos bebês mais gravemente doentes.


Quando os resultados foram publicados em 1983, chamaram imediatamente a atenção internacional e foram amplamente promovidos pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).


Inicialmente, havia preocupações quanto à robustez do estudo devido à forma como os dados de mortalidade foram registrados, mas pesquisas subsequentes em todo o mundo reforçaram os resultados iniciais.


Como foi adotado em diferentes países ao redor do mundo, outros potenciais benefícios foram descobertos. Lawn aponta para uma série de estudos que mostraram melhorias significativas não apenas nas taxas de mortalidade, mas também em doenças posteriores de bebês prematuros.


Em todo o mundo, estima-se que 14,8 milhões de bebês nascem prematuramente a cada ano — o que representa cerca de 11% de todos os nascimentos, e a taxa de nascimentos prematuros parece estar aumentado — pelo menos entre 2000 e 2014, período para o qual há dados globais.


As complicações relacionadas ao parto prematuro também são a principal causa de morte entre crianças, sendo responsáveis por 18% dos óbitos de menores de cinco anos e até 35% das mortes de bebês com menos de 28 dias.


As taxas de nascimentos prematuros variam muito de acordo com a parte do mundo. A Arábia Saudita e Belarus estão entre os países com as taxas mais baixas do mundo, com cerca de 4% de nascimentos prematuros, enquanto Bangladesh e Chipre apresentam taxas de natalidade prematuras de 19,2% e 18,7%, respectivamente.


A maior parte dos partos prematuros — aproximadamente 80% do total— acontece em países de baixa e média renda, sobretudo na África Subsaariana e no Sul da Ásia, onde o acesso a equipamentos de suporte à vida, como incubadoras, é mais limitado.



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As incubadoras podem salvar vidas ajudando a manter bebês prematuros com baixo peso estáveis, mas não estão disponíveis em todas as partes do mundo


Apesar das evidências que respaldam o método canguru e do reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), a técnica ainda luta para obter o status de convencional em algumas áreas.


No estado de Kebbi, no noroeste da Nigéria, a Unicef ​​está trabalhando com parteiras profissionais para ajudar a ensinar mães e parteiras tradicionais a respeito do método canguru.


Em muitas comunidades de difícil acesso, as grávidas contam com parteiras tradicionais para ajudar a dar à luz e cuidar de seus bebês durante o trabalho de parto.


Em geral, são mulheres locais mais velhas que raramente têm treinamento médico, mas costumam ser altamente respeitadas em suas comunidades locais.


Embora o uso de parteiras sem treinamento esteja diminuindo, elas muitas vez são usadas devido à falta de parteiras especializadas.


Na maioria dos casos, elas oferecem cuidados inestimáveis, mas podem ter dificuldade se houver complicações durante o parto sem as ferramentas certas, diz Nyam Musa, parteira da Unicef ​​que lidera a equipe que ajuda a introduzir o método canguru nas comunidades rurais de Kebbi.


Antes de a pandemia de covid-19 interromper seu trabalho, sua unidade costumava visitar vilarejos na região para ajudar mães de bebês abaixo do peso.


Sua equipe oferece aulas para as mães sobre como aplicar o método canguru por conta própria e com a ajuda de familiares.


Eles mostram como prender o bebê com segurança com pedaços de pano para que a criança encoste na pele da mãe e dão dicas de como mantê-los limpos em caso de acidentes.


Mas convencer as parteiras tradicionais a adotar o método canguru envolve a superação de muitas crenças antigas.



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O contato pele a pele pode ajudar a manter os bebês prematuros aquecidos, além de reforçar o vínculo entre mãe e filho


Algumas acreditam que, quando uma mãe ou filho morre, "foi vontade de Deus", explica Musa. Também existe uma mentalidade em muitas comunidades de que as mulheres devem evitar ir ao hospital como símbolo de força e prestígio, diz ela.


Apesar desses desafios, eles descobriram que a maioria está ansiosa para aplicar o método canguru.


"A aceitação é maior do que a rejeição", acrescenta Musa.


A equipe da Unicef ​​usa estudos de caso — exemplos inspiradores de experiências bem-sucedidas anteriores — para orientar as participantes mais céticas.


Mas mesmo em áreas onde há incubadoras disponíveis e centros médicos próximos, suprimentos intermitentes de eletricidade podem deixar o equipamento efetivamente inútil.


O método canguru se torna uma ferramenta importante, mesmo em hospitais urbanos movimentados, diz Linda Ethel Nsahtime-Akondeng, gerente de saúde do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Unicef ​​na Nigéria.


"É barato e pode ser feito em larga escala", afirma.


Isso pode ser essencial para um país com o terceiro maior número de partos prematuros do mundo, atrás apenas da Índia e da China. Estima-se que 803 mil crianças nascem prematuramente na Nigéria a cada ano, colocando uma enorme pressão sobre os centros de saúde.


Oyejoke Oyapero, chefe de pediatria do Centro Materno-Infantil Amuwo Odofin, em Lagos, diz que a técnica ajudou a liberar incubadoras, mas ela acredita que ter o bebê tão perto da mãe oferece muitas outras vantagens.


"O bebê não precisa [de sua] própria energia ou calorias [para se manter aquecido]", diz ela.


"Assim, o bebê destina essas calorias para ganhar peso porque a mãe fornece [o calor do seu próprio corpo]. Algumas [incubadoras] vêm com monitores de apneia (para detectar se o bebê para de respirar). No método canguru, a mãe é o único dispositivo que você precisa."


Mas o método canguru exige compromisso — bebês abaixo do peso requerem contato pele a pele contínuo por pelo menos 18 horas por dia. Para a mãe, isso significa uma pausa de apenas algumas horas.


Antin Ehi, uma mãe de 40 anos, cuja filha nasceu prematuramente em abril, gostou da oportunidade de estar tão perto da filha, que ela chamou de Ehi.


Com a ajuda da equipe do Centro Materno-Infantil em Lagos, Antin Ehi aprendeu a envolver a filha recém-nascida contra o peito com tecido enquanto sua condição se estabilizava.


"Eu nunca tinha ouvido falar disso até que me encontrei nessa situação", diz ela.


"E, honestamente, foi uma ótima experiência. Normalmente, vestia uma camisola e a colocava dentro, contra o meu corpo para sentir o calor. Foi engraçado, mas adorável."


"Ela podia ficar lá o dia todo. Uma vez que você os coloca no seu peito, eles se acalmam. Não se mexem. Apenas se sentem relaxados."



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A falta de equipamentos e o fornecimento de energia instável em algumas partes do mundo podem significar que as incubadoras nem sempre estão disponíveis


Embora a maior parte do método canguru seja focado na mãe, há um crescente corpo de pesquisas que sugere que os pais podem participar do contato pele a pele com os bebês com resultados semelhantes.


Lawn também acredita que o método canguru pode ser útil para ajudar a cuidar de bebês que ainda não se estabilizaram completamente após o nascimento, como aqueles com dificuldades respiratórias ou que sofrem de alguma doença.


Ela e seus colegas estão atualmente conduzindo um estudo em hospitais na Gâmbia para ver se bebês prematuros leve a moderadamente doentes se beneficiam do método canguru.


Em bebês prematuros estáveis com peso inferior a 2 kg, o método canguru reduziu a mortalidade em 36-51%, mas há esperança de que também possa ajudar bebês que não estão bem, ou que possa ser usado até mesmo nas primeiras horas após o nascimento.


Mas a proximidade com a mãe proporcionada pelo método canguru parece trazer ainda outros benefícios para o bebê.


"Reduz as infecções que [o bebê] pode pegar nos hospitais."


"Melhora o crescimento. Melhora a amamentação. Melhora o cérebro [do bebê]", enumera Lawn.


Muitos bebês prematuros têm dificuldade em mamar no início, principalmente porque ainda não desenvolveram o reflexo de sucção ou a capacidade de coordenar a respiração e a deglutição enquanto mamam.


As mães de bebês prematuros também podem não produzir leite suficiente para seus filhos. Isso geralmente significa que esses recém-nascidos acabam sendo alimentados por meio de sondas enquanto estão na incubadora.


Mas foi constatado que o método canguru ajuda bebês com baixo peso ao nascer a começar a mamar mais cedo — até 2,6 dias, de acordo com um estudo de revisão — do que aqueles que estão em incubadoras ou aquecedores para bebês.


Uma característica que tornou a técnica particularmente atraente em regiões ricas e industrializadas é a sensação de empoderamento que oferece às mães ao serem capazes de participar do processo de recuperação de seu bebê prematuro em comparação com os cuidados da incubadora.


O método também demonstrou reforçar o vínculo entre a mãe e o bebê, sobretudo porque evita a separação deles nos primeiros dias após o nascimento.


Bebês que experimentam o método canguru podem até chorar menos e dormir mais serenamente, alguns estudos em pequena escala sugerem. A técnica também tem sido relacionada ao desenvolvimento do cérebro, incluindo atenção e movimentos aprimorados.


Um estudo chegou a sugerir que sentir os batimentos cardíacos da mãe ajuda a sincronizar a respiração do bebê enquanto ele está preso ao seu peito.


No entanto, apesar da crescente base de evidências que apoiam os benefícios do método canguru, sua implementação ao redor do mundo é irregular, mesmo em países desenvolvidos como os Estados Unidos.


Menos de 50% dos recém-nascidos são tratados pelo método canguru em hospitais dos EUA, de acordo com estatísticas reconhecidamente desatualizadas coletadas por pesquisadores em 2002. Mas, de acordo com Lawn, as coisas estão mudando.


"Os governos, provavelmente, que estão investindo mais no método canguru são os escandinavos", diz ela.


"Em toda a Europa e América do Norte, o método canguru está se tornando a prática padrão. Tanto para bebês prematuros estáveis, como também para bebês que estão doentes."


Para a mãe de primeira viagem Ojoma Ekhomun, a técnica permitiu que ela protegesse e cuidasse do filho quando ele estava mais vulnerável. Mesmo agora que ele está fora de perigo e crescendo a cada dia, ela pretende continuar carregando o filho no peito.


"Vou continuar até que [meu] bebê comece a andar", diz ela.

"É muito legal."




Autor: Ayodele Johnson
Fonte: BBC Future
Sítio Online da Publicação: BBC
Data: 24/03/2021
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-56403648